Em artigo, jornalista questiona se aquela que é vista como a maior democracia do mundo ainda respeita o direito internacional
Jornal GGN – Por mais que Qasem Soleimani não tenha sido um arauto da paz em vida, seu assassinato em território estrangeiro por um drone comandado a centenas de quilômetros de distância leva a um debate: aquela que é considerada a maior democracia do mundo ainda respeita o direito internacional?
O questionamento foi feito pelo jornalista Jamil Chade, em artigo publicado no jornal El Pais. Além das consequências de uma nova tensão entre Irã e Estados Unidos, o jornalista diz que o ataque “pode servir como o marco da consolidação da lei da selva no cenário internacional”, com consequências que podem ser desastrosas.
“Sem apresentar provas, sem avisar aos aliados, violando a soberania de um outro país e até mesmo comemorando nas redes sociais com símbolos patrióticos, o governo americano sabe que ficaria impune ao realizar o ataque”, pontua o articulista, levantando o ponto que mais preocupa embaixadores e mediadores na ONU.
Não são poucos os países que se recusam a jogar pelas regras, mas o precedente é ainda mais perigoso quando orquestrado por um país que exigiu o cumprimento de regras internacionais por anos e que pensou, criou e pagou pela ONU e seu arcabouço de leis.
Na visão de Chade, o ataque de Trump “abriu as portas para que outros sigam o mesmo caminho”. Não seria uma surpresa ver outros países preferindo a força à diplomacia ou o direito para verem seus interesses atendidos, mas o que houve em Bagdá não foi apenas uma violação de soberania nacional – ao anunciar ataques a locais culturais do Irã, Trump inaugurou o anúncio de crimes de guerra pelas redes sociais em total impunidade.
Além disso, não se vê o mesmo posicionamento de Trump com outros países que possuem ditaduras igualmente sanguinárias, mas que são consideradas aliadas dos norte-americanos.
O posicionamento do presidente dos Estados Unidos em querer desmontar o sistema internacional em detrimento dos interesses do país pode afetar as relações globais como um todo, trazendo ainda mais desafios para um cenário que já se mostra suficientemente complicado.
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