Da BBC News Brasil:
Pastores mobilizaram multidões nas redes sociais com supostas profecias e revelações sobre intervenção militar, ataque aos Poderes e retorno de Bolsonaro à Presidência.
Da BBC News Brasil:
Pastores mobilizaram multidões nas redes sociais com supostas profecias e revelações sobre intervenção militar, ataque aos Poderes e retorno de Bolsonaro à Presidência.
Muitas igrejas evangélicas estabeleceram alianças de vida e morte com o bolsonarismo.
Do ICL Notícias:
Tanto nos Estados Unidos presidido por Trump quanto no Brasil presidido por Bolsonaro, o negacionismo científico e a priorização da economia foram feitos com uma linguagem fortemente religiosa. Supostas justificativas teológicas de grupos fundamentalistas evangélicos dando suporte às escolhas de políticas públicas governamentais. Governos e igrejas que encararam a peste como mal (linguagem religiosa) e não como pandemia (linguagem científica). Igrejas mais afeitas à lógica do mercado econômico do que às ações de solidariedade dos grupos humanitários. O não parar a economia se confundiu com os protestos de não fechar os templos temporariamente para evitar as aglomerações em cidades com alto índice de contágios e mortes.
O trauma na Pandemia do Coronavírus: suas dimensões políticas, sociais, econômicas, ecológicas, culturais e científicas”.[1] Uma análise psíquica que leva em consideração múltiplas e simultâneas dimensões do fenômeno e que utiliza o conceito epistemológico de complexidade. Diante desse quadro, não estaria faltando uma dimensão fundamental?
Nas alegadas múltiplas dimensões do trauma na pandemia do Coronavírus, Joel Birman, psiquiatra e psicoterapeuta, não aprofunda a dimensão religiosa. Quando cita o contexto religioso brasileiro, destaca o bispo Edir Macedo e o pastor Silas Malafaia. Dignos representantes dos defensores do “isolamento vertical seletivo”, conforme convicta pregação do presidente Bolsonaro. Mais do que defensores do “isolamento vertical seletivo”, opositores ferrenhos a qualquer tipo de barreira às práticas econômicas e comerciais. Os pastores neopentecostais “opuseram-se terminantemente ao dispositivo sanitário, ao discurso científico e à defesa da quarentena”.
O que foge ao escopo do trabalho de Birman é que esse comportamento não ficou restrito aos chamados neopentecostais. Foi o comportamento majoritário entre as igrejas evangélicas, bastante comprometidas como base política do Bolsonaro. As chamadas mega igrejas midiáticas não abdicaram aos cultos presenciais nos templos, ainda que disponham de potentes redes de comunicação. Diante da chave-de-leitura sugerida por Birman, esperávamos que religiosos, entre a bolsa e a vida, optassem pela priorização da vida, colocando-se, assim, em parceria com a ciência. Mas não foi isso que ocorreu. De forma pública e escandalosa, sem qualquer constrangimento, reivindicaram direitos na tradição do liberalismo. Assessorados por autodenominados juristas cristãos, discursaram a favor dos direitos individuais e não cogitaram renúncias pessoais em prol do coletivo. Passaram a largo até da cupidez liberal que propugna ganhos pessoais quando agimos para promover interesses coletivos.
É público e notório: muitas igrejas evangélicas no Brasil estabeleceram alianças de vida e morte com o governo Bolsonaro. Flexibilizaram normas sanitárias assim como flexibilizaram a ética da vida. Priorizaram a ética da bolsa e precisaram flexibilizar os princípios do evangelho. O pragmatismo político suplantou as mensagens do amor e cuidado. Para boa parte da sociedade brasileira, as igrejas midiáticas, cada vez mais esteticamente militarizadas, não são compostas por gente ignorante que se deixa manipular por líderes ambiciosos. Existe hoje a percepção que muitas dessas igrejas são compostas por gente que quer dominar, ocupar espaços, num tipo de redenção que se dá pelas vias política, econômica e cultural. Essa percepção já existia de forma vaga, durante o trauma na pandemia do Coranavírus ela se confirmou para muitos. Hoje o conveniente negacionismo da ciência, amanhã, possivelmente, o negacionismo da democracia.
Muitos evangélicos, absolutamente na contramão desse movimento majoritário, descobriram penosamente na pandemia que permanece a fé, mas foi-se a comunidade cristã. Sentiram-se abandonados, tratados como mercadoria, convidados para desafiar a ciência como se isso fosse demonstração de fé. Enfim, o trauma para alguns evangélicos tem a ver com a perda de vínculo religioso, perda da comunhão comunitária, perda do sentido dos cânticos congregacionais, perda absoluta da necessidade do abraço da morte. Uns esbravejam pelas redes sociais e são severamente repreendidos pelos crentes alinhados. Outros preferiram calar e manter o isolamento social em relação a igreja para além da pandemia.
Seja qual for o cenário, a experiência do desamparo é dolorosa. Não sem dor, alguns evangélicos constataram nesta pandemia que determinados líderes religiosos foram capazes de transformar igrejas em laboratórios para testar a controversa tese de imunidade de rebanho. Provaram que a fidelidade ao governo Bolsonaro, a despeito do que creem e pregam, os levaram a protagonizar atos cruéis de gente perversa. Entre tantos outros fatores, o trauma de parcela dos evangélicos no país tem relação com que suas igrejas fizeram ou deixaram de fazer durante a pandemia do Coronavírus.
[1] BIRMAN, Joel. O trauma na pandemia do Coronavírus: suas dimensões políticas, sociais, econômicas, ecológicas, culturais, éticas e científicas. Rio de Janeiro: José Olympio, 2020.
Do Jornal GGN:
Yocheved Lifshitz expõe ao mundo que Hamas dá tratamento humanitário aos sequestrados, enquanto Israel bombardeia civis em Gaza
A imprensa mundial parou nesta terça-feira (24) para ouvir a história de Yocheved Lifshitz. Aos 85 anos, a mulher foi a quarta refém libertada pelo Hamas em meio à guerra contra Israel. Ela deixou o cativeiro ao lado de outro idosa e chamou atenção por estender a mão a um de seus algozes e proferir a palavra “shalom”, que em hebraico significa “paz”. Os jornalistas logo quiseram saber o motivo que levou Yocheved a realizar aquele gesto inusitado.
A coletiva de imprensa em que Yocheved Lifshitz explicou o aperto de mão e revelou detalhes de como é a prisão criada pelo Hamas nos túneis subterrâneos de Gaza abalou o governo de Israel no 18º dia de guerra. Yocheved expôs ao mundo que o Hamas dá tratamento humanitário aos reféns que foram capturados no dia 7 de outubro. Enquanto isso, Israel está bombardeando civis inocentes nas ruas de Gaza, dizimando a população palestina com ataques aéreos ininterruptos que superam todas as últimas cinco guerras de sua história recente.
Na imprensa de Israel, pipocaram análises sobre quão desastrosa foi a coletiva de imprensa com Yocheved. O jornal The Times of Israel chamou a entrevista de “propaganda do Hamas” e culpou até o hospital de Tel Aviv por ter deixado a refém recém libertada falar sem ter sido orientada previamente.
Por outro lado, Rami Khoury, jornalista árabe cristão, disse ao Democracy Now que Yocheved conseguiu desnudar a hipocrisia de Israel e de seus aliados do ocidente. Primeiro porque mostrou o verdadeiro espírito de uma seguidora do judaísmo, uma religião que prega paz, harmonia e compaixão. Khoury disse não acreditar que Yocheved tenha “orquestrado” sua fala com Hamas ou quem quer que seja, mas sim falado do coração, com ética e verdade, sobre as condições da prisão em que foi mantida.
A idosa relatou que os reféns têm recebido água, colchões para dormir, alimentos, medicamentos, visitas médicas a cada 2 ou 3 dias. Os túneis são como “teias de aranha”, úmidos, mas mantidos em boas condições de limpeza. Yocheved pôde observar que tal organização levou algum tempo, o que significa que Hamas já havia planejado o ataque com sequestros com bastante antecedência.
Isso levou a outro ponto alto da entrevista de Yocheved: ela atacou Israel pela inexplicável falha de segurança que permitiu ao Hamas invadir o sul do País e tirar a vida de 1.400 pessoas, e sequestrar outras 220. A idosa relatou que há várias semanas, o povo ao sul de Israel vinha colhendo indícios de que um ataque seria iminente, mas as autoridades não reforçaram a segurança.
Rami Khoury explicou que a região onde kibutzim foram atacados pelo Hamas é mais isolada e, historicamente, é o local onde viveram palestinos que foram massacrados por Israel em décadas passadas. Segundo o jornalista, é uma área nebulosa porque o Hamas considera que é ocupada pelas forças militares de Israel, e não somente por civis.
Na imprensa ocidental, as declarações de Yocheved que ocuparam as manchetes destacavam o “inferno” que foi ter estado presa por mais de duas semanas. Os reféns estão no centro da disputa de narrativas em torno do conflito no Oriente Médio, com Israel e Estados Unidos afirmando que não haverá cessar-fogo contra a população de Gaza enquanto o Hamas não libertar todos os sequestrados.
Segundo autoridades palestinas, Israel já matou mais de 5.000 mil pessoas em Gaza, sendo que mais de 2.000 eram crianças.
Do Portal do José:
24/10/23- CENAS DE BARBARIDADES NO RIO DE JANEIRO. AS LIGAÇÕES QUE O CLÃ BOLSONARO TEM COM O CRIME. SILÊNCIO SOBRE MORTE DE MILICIANO DIZ MUITA COISA. NO PORTAL DE HOJE TEREMOS ALGUMAS REVELAÇÕES. SIGAMOS.
O texto discute como analisar características do tempo presente, desafios humanos, sociais, ambientais, geopolíticos e limites das ideologias
Tempos sombrios!(?)
por Sandro Luiz Bazzanella e Cintia Neves Godoi, no Jornal GGN
É tentador (e também cômodo e reconfortante) no tempo em curso apresentá-lo como um tempo marcado por um lado por paradoxos e contradições. Esta estratégia argumentativa nos permite ato contínuo, argumentar que é neste contexto que se apresentam as melhores oportunidades.
A aceitabilidade deste argumento vincula-se a posicionamento analítico epidérmico, superficial, aligeirado. Ou talvez, em função do benefício da dúvida, pode-se reconhecê-lo como manifestação de certa ideologia do desenvolvimento, que parte do pressuposto de que estamos destinados como espécie humana necessariamente a progredir ad infinitum. Percalços, dificuldades, contradições, paradoxos são apenas manifestações circunstanciais à serem superadas pela capacidade de inovação, de empreendedorismo constantes no estoque de capital humano e social presente em maior ou menor grau nas mais distintas sociedades.
Mas, deparar-se com o argumento de que o tempo em curso apresenta-se sombrio é incômodo. Requer que aceitemos colocar em debate crenças, as verdades da ideologia do desenvolvimento, que conferiram e conferem sentido a existência de indivíduos e sociedades constituídas pela racionalidade moderna, política, jurídica e econômica burguesa, animada pelos ideais de revoluções políticas e, no campo econômico por relações de produção articuladas na constituição da relação entre capital e trabalho fundamental para a eclosão da revolução industrial e do estabelecimento da sociedade de plena produção e consumo vigente até a atualidade. É seguramente incômodo pois requer que se coloque em debate as homilias (discursos de fé) dos economistas, estes sacerdotes do mundo moderno na defesa dos cálculos supostamente “objetivos” e pragmáticos da economia elevada a condição de transcendência.
De fato, um dos movimentos determinantes da modernidade foi ter elevado à economia a centralidade da vida humana. Ou dito de outra forma, ter submetido as mais diversas formas de vida, inclusive a humana a cálculos “racionais” e “pragmáticos” atribuídos ao campo analítico e normativo advindo da economia.
Sob tais pressupostos, a economia (reduzida a “econometria”), que nascera como “economia política” foi elevada a condição de transcendência quase divina (ou quem sabe mais apropriadamente, diabólica). Retirada do uso comum de comunidades e povos, passou a decidir a vida e a morte dos recursos naturais e humanos à disposição do Estado, do Capital, a partir de cálculos de custo e benefício especificamente “econômico” de concentração de capital necessário a sua reprodução. A econometria (economia) elevada à condição de transcendência desconsidera o fato de que a riqueza é socialmente produzida e, como tal seria desejável, senão suficientemente compreensível seu compartilhamento humano e social. A concentração da riqueza socialmente produzida na forma do capital como fim em si mesmo não encontra amparo “racional” entre a diversidade de formas de vida que coabitam este mundo com os seres humanos.
Nesta direção, é interessante observar que a economia que nasce como “economia-política” e, na atualidade é classificada como uma “Ciência Humana”, e por interesses de suporte às demandas do capital transforma-se em econometria.
É por meio do discurso que a econometria e é elevada a condição de transcendência. São características de uma condição transcendente a intocabilidade, a inquestionabilidade, bem como sua dogmaticidade.
O discurso econométrico retira do uso comum o entendimento da dimensão política e, portanto social, pública da economia. O discurso econométrico privatiza a economia. Expropria-lhe sua condição ontológica e política de um bem público determinante no contexto das sociedades modernas.
Diante de tais condições sobre-humanas (transcendência da economia) resta apenas o culto cotidiano, a obediência, a observância dos preceitos morais advogados pelos guardiões de interesses transcendentes. Investidos de poderes pastorais necessários a reprodução de discursos justificam o fato de a economia ter sido retirada do uso comum de localidades, comunidades e povos e, ter sido transferida para especialistas, operadores de uma lógica de mercado que se expressa por meio da manifestação dos humores da economia elevada à transcendência.
Destas reflexões acima decorre a percepção de que nossos tempos são sombrios, pois tudo parece indicar que perdemos a capacidade (considerando a pretensão de que em algum momento a tivemos) de pensar e agir em prol de um mundo humanamente e vitalmente compartilhado.
Esta perda de referencial analítico, compreensivo, humano e vital se manifesta na reprodução de neologismos discursivos que anunciam o “novo”. Novas propostas, novos projetos, novas oportunidades, enfim um novo mundo. Porém, quando analisados mais atentamente apenas revelam a pavorosa precariedade da ideologia do desenvolvimento. Nesta direção, consideremos estes dois neologismos: “neoliberalismo” e “neodesenvolvimentismo”.
Tudo se passa como se na atualidade diante dos desafios humanos, sociais, ambientais, geopolíticos e, dos limites da ideologia do desenvolvimento em apresentar condição compreensiva, bem como respostas suficientemente adequadas a estes desafios, recorra-se a estratégia de ressignificação de corpus de ideias e ideologias historicamente situadas. No entanto, tudo indica que a retomada destas teorias e práticas revestidas pelo prefixo “neo”(novo), para além de situar estratégias consistentes para os desafios atuais, se apresentam como iniciativas “niilistas”, desesperadas, com o intuito de conferir sobrevida a um modelo econômico, político e social, à forma de vida e de mundo insustentável, promotora de violência, da miséria, da morte de milhões em benefícios de minorias privilegiadas.
Nesta perspectiva, o neoliberalismo apresenta-se em fins do século XX como retomada dos preceitos liberais sob novas perspectivas diante dos avanços do Estado de bem-estar social ao longo do século XX, sobretudo no Pós-Segunda Guerra Mundial aos anos 1970 nos países de capitalismo central.
Nos países periféricos e, neste caso o Brasil e grande parte da América Latina, o continente estava amargando golpes militares, perseguições, torturas e embrutecimentos políticos de toda ordem. Sob tais condições, o neoliberalismo chegou de forma mais intensa por volta dos anos 1990. Os resultados das agendas neoliberais se fazem presentes e incômodas, mundo afora. Abandono por parte dos Estados de sua capacidade de planejamento e soberania; atuação do Estado como suporte à concentração da riqueza socialmente produzida; desemprego estrutural; aumento da pobreza; migrações em massa; violência generalizada; perda de sentido existencial e de futuro para parcelas significativas da população mundial; emergência climática dentre outros trágicos desdobramentos da disseminação da agenda neoliberal. O “neo” do liberalismo apresenta-se como estratégia agressiva do capital financeiro global sobre povos e países.
Por sua vez o neodesenvolvimentismo apresenta-se com a pretensão de retomada das estratégias do desenvolvimentismo das décadas de 1950, 1960, em que o Estado assumiu o protagonismo no planejamento e implementação de projetos nacionais de desenvolvimento, procurando articular a burguesia industrial e os trabalhadores em torno de um pacto de desenvolvimento nacional.
No entanto, o neodesenvolvimento abandonou prerrogativas do desenvolvimentismo, entre elas o equilíbrio entre a relação Capital e Trabalho. A desregulamentação das leis trabalhistas é avassaladora. A democracia foi reduzida a processos procedimentais e normativos ditados pelos interesses majoritários do capital que controla o poder legislativo. A participação popular (embora sempre em manifestações por existir e ampliar sua ação) foi higienizada quando em torno das questões e dos debates políticos e econômicos estratégicos e, remetida aos burocratas da política em diálogos com os técnicos do mercado. Tais decisões são posteriormente justificadas em cadeia nacional em linguagem incompreensível a quase totalidade da população.
Tempos sombrios … e que venham os carros elétricos, pois somente estes podem nos livrar dos efeitos da emergência climática. Carros elétricos? Não seriam neoelétricos? Esta “inovação” já havia sido apresentada anteriormente. Mas, para ser elétrico é preciso considerar o uso do lítio dentre outros elementos, que se colocam também como delicados. Sim, toda a produção necessita do que temos de natureza, ou segunda natureza …
Frente as tantas dificuldades e desigualdades, alguns dizem que a melhor saída ainda é a da Avestruz que diante do perigo coloca a cabeça embaixo da areia para não ver nada … No entanto, os que estudam o comportamento de animais apontam que ao colocar a cabeça no chão, o animal escuta melhor a aproximação de um possível inimigo, bem como busca se camuflar e parecer um arbusto.
Assim, pensar estes tempos que se apresentam sombrios exige considerar com seriedade, transparência e compartilhamento de visões de mundo e de possibilidades em relação ao que fazemos, o que necessitamos, e como e o que de fato precisamos mudar.
Sandro Luiz Bazzanella – Professor de Filosofia
Cintia Neves Godoi – Professora de Geografia
ELEIÇÃAO NA ARGENTINA INTERESSA AO BRASIL. MILEI SURGE COMO O SALVADOR DA EXTREMA DIREITA. ELE PODE VENCER mas há um segundo turno ainda no próximo dia 19 de novembro. Criminosos e malucos unidos no Brasil e Argentina são preocupação geral. SIGAMOS.
Sociólogo afirma que a adesão incondicional dos governos a Israel não está sintonizada com as anseios dos povos
247 – Em uma entrevista a concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos expressou suas opiniões sobre o conflito israelo-palestino e a postura europeia de adesão incondicional a Israel. Sousa Santos não hesitou em classificar a situação na Palestina como um "genocídio", atribuindo a responsabilidade a Benjamin Netanyahu, a quem ele rotulou como "um criminoso de guerra". Suas palavras refletem a seriedade da situação humanitária na região, particularmente em Gaza, onde os recentes conflitos resultaram em inúmeras vítimas civis.
O sociólogo também criticou a Comissão Europeia, afirmando que "todos os europeus estão silenciados" e que deram "um cheque em branco" a Israel para reprimir os palestinos. Ele argumentou que a postura europeia reflete um alinhamento automático com as posições dos Estados Unidos, o que, segundo ele, fortalece as forças de extrema-direita na Europa.
Sousa Santos enfatizou que o que está ocorrendo na Europa é "uma sequência linear do que aconteceu na Ucrânia" e que isso é mais um sinal da decadência do Ocidente. Ele observou que o apelo à paz vem quase que exclusivamente do Sul Global, sugerindo um desequilíbrio nas posições globais em relação ao conflito.
O sociólogo destacou a dissonância entre os governos europeus e suas populações, afirmando que "os povos europeus estão contra a guerra na Palestina". Isso sugere um contraste entre as políticas dos governos e as opiniões públicas em relação ao conflito.
Antissemitismo e Controle da Informação – Sousa Santos abordou a complexa questão do antissemitismo, afirmando que "qualquer crítica a Israel é rotulada como antissemitismo" e mencionou ter sido acusado de antissemitismo apesar de seu histórico de apoio ao povo judeu. Ele também destacou a crescente dificuldade do governo israelense em controlar a informação.
O sociólogo enfatizou que a Palestina é uma situação colonial e que Israel é um país colonial, enfatizando a necessidade de reconhecer essa realidade. Ele também mencionou o domínio do grande capital nos meios de comunicação social, sugerindo que o dinheiro exerce uma influência significativa na narrativa do conflito. A entrevista de Boaventura Sousa Santos oferece uma perspectiva crítica e diversificada sobre o conflito israelo-palestino, as respostas europeias e a complexidade da situação. Assista:
Pesquisadora afirma que fake news sobre a guerra, além de prorrogá-la, acabam escondendo o genocício do povo palestino.
GGN. - O hospital batista de de Ahly Arab, em Gaza, foi atacado por um míssel nesta terça-feira (17), deixando mais de 500 mortos, além de centenas de pessoas sob os escombros. Porém, até agora, não se sabe quem foi o autor do disparo: Isral, Hamas ou o grupo Jihad Islâmico.
Isso porque a repercussão internacional sobre o fato, que é um crime de guerra, foi tão negativa que agora os suspeitos passaram a jogar a responsabilidade para o inimigo, confundindo a opinião pública e criando uma disputa de narrativas, como descreve a doutora em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP) e pesquisadora do grupo de estudos sobre conflitos internacionais da PUC-SP, Isabela Agostinelli, convidada do programa TVGGN 20H desta terça-feira.
“O que eu tenho percebido, principalmente a partir desse ataque, é que a guerra se tornou um tanto midiática, uma disputa de narrativas e uma tendência muito grande de nos encontrarmos com fake news ou com fontes não confiáveis. Isso tem alimentado também o desdobrar dessa guerra. Tem sido muito difícil, inclusive nas últimas horas. Primeiro, o próprio porta-voz do governo Netanyahu tinha dito que as forças de Israel tinham acabado de atacar o hospital que servia de base para o Hamas, no norte da Faixa de Gaza, que era a região que eles tinham falado para os palestinos fugirem de lá, seguirem para o sul. A própria ONU e a OMS tinha confirmado que Israel já tinha avisado que iria bombardear aquela região”, observa a pesquisadora.
Posteriormente, o governo israelense negou o ataque, atribuindo-o ao Jihad Islâmico. “Então, a gente também tem uma disputa de narrativas muito complicada, que acaba escondendo o que de fato está acontecendo, que é o genocídio da população civil palestina”, continua Isabela.
A convidada do programa reafirmou, ao longo da entrevista, que a guerra entre Israel e Hamas não é religiosa, mas sim territorial, tendo em vista que a fundação do Estado de Israel, em 1948, deu origem ao movimento político sionista como resposta ao antissemitismo.
Porém, como observa Isabela, a formação desse estado judeu veio pela colonização da Palestina, que foi reduzida à Faixa de Gaza e à Cisjordânia. Os acordos de Oslo, firmados entre 1993 e 2000, até tentaram estabelecer a criação do Estado Palestino, mas fracassaram.
“Muitos judeus ao redor do mundo se consideram antissionistas porque não concordam com a forma pelo qual o Estado de Israel foi criado e se mantém no poder até hoje. É muito importante fazermos essa distinção, até porque os defensores da colonização da Palestina vão sempre dizer que quem critica o Estado de Israel é antissemita. E não tem nada a ver uma coisa com a outra”, conclui a pesquisadora.
Para conferir a entrevista na íntegra, assista ao TVGGN 20H no YouTube:
Do Canal da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita:
A guerra faz parte natural de nosso estágio evolutivo? Ou devemos e podemos ser pacifistas? Qual a posição do espiritismo a respeito?
O documento de 1.333 páginas pede o indiciamento de 61 pessoas, entre elas o ex-presidente e aliados
O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, lido nesta terça-feira (17) pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirma que a invasão das sedes dos três Poderes em 8 de janeiro foi “obra do bolsonarismo“.
“As investigações aqui realizadas, os depoimentos colhidos, os documentos recebidos permitiram que chegássemos a um nome em evidência e a várias conclusões. O nome é Jair Messias Bolsonaro. Como se verá nas páginas que se seguem, a democracia brasileira foi atacada, massas foram manipuladas com discurso de ódio, milicianos digitais foram empregados para disseminar o medo“, diz trecho da introdução do documento.
“O 8 de janeiro é obra do que chamamos de bolsonarismo. Diferentemente do que defendem os bolsonaristas, o 8 de janeiro não foi um movimento espontâneo ou desorganizado. Foi uma mobilização idealizada, planejada e preparada com antecedência“, continua o texto.
“Mas o golpe deve fazer uso controlado da violência. É preciso, sobretudo, que o golpe não pareça golpe. Por isso é importante atacar as instituições, descredibilizar o processo eleitoral, legitimar preventivamente a tomada do poder. É preciso tentar a destruição da democracia ‘tijolo a tijolo’, para que ninguém consiga perceber a erosão gradual“, diz.
O documento de 1.333 pede o indiciamento de 61 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, denunciadas por terem participado de forma direta ou indiretamente dos crimes. O relatório recomenda ainda a criação do Memorial em Homenagem à Democracia, a ser instalado na parte externa do Senado Federal.
O texto lido nesta terça só deve ser votado pela comissão amanhã (18). A oposição ainda deve apresentar nesta terça um “relatório paralelo”. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), também de oposição, também protocolou voto em separado. Contudo, esses documentos só serão votados se o relatório de Eliziane for rejeitado.
Relatório final da CPMI dos atos golpistas propôs o indiciamento de 61 pessoas, entre aliados políticos de Bolsonaro, militares e civis
Jornal GGN. - A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, sugeriu o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Além de Bolsonaro, a congressista também propôs o indiciamento de outras 60 pessoas, entre civis e militares, durante a leitura do relatório final dos trabalhos do colegiado, em sessão na manhã desta terça-feira (17).
O documentou apontou Bolsonaro como autor “intelectual” e “moral” dos atos golpistas, uma vez que ele “instrumentalizou não somente órgãos, instituições e agentes públicos, mas também explorou a vulnerabilidade e a esperança de milhares de pessoas“.
Segundo o parecer, o ex-presidente teria utilizado do aparato estatal para atingir seu objetivo maior: “cupinizar instituições republicanas brasileiras até a sua total podridão, de modo a ascender ao poder, pretensamente perene, de modo autoritário“.
A relatora ainda destacou o papel de pessoas próximas do ex-presidente na trama golpista que culminaram na invasão das sedes dos Poderes e pediu o indiciamento do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres; do ex-ministro da Defesa, general Braga Netto; do ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel, Mauro Cid; do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques.
Também foram enquadrados militares das Forças Armadas, como os ex-comandantes da Marinha, Almir Garnier Santos, e do Exército, Marco Antônio Freire Gomes.
“Jair Bolsonaro e todos os que o cercam sabiam disso [articulações golpistas]. Conheciam os propósitos e as iniciativas. Compreendiam a violência e o alcance das manifestações. Frequentavam os mesmos grupos nas redes sociais. Estimulavam e alimentavam a rebeldia e a insatisfação. Punham deliberadamente mais lenha na fogueira que eles mesmos haviam acendido“.
Na prática, os pedidos de indiciamentos feitos pela relatora são como uma “sugestão” e caberá aos órgãos responsáveis, como o Ministério Público e Advocacia-geral da União (AGU), avaliar a apresentação de denúncias.
O documento também precisa ser aprovado pelo colegiado, em votação que ocorrerá amanhã (18). A oposição ainda deve apresentar nesta terça um “relatório paralelo”. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), também de oposição, também protocolou voto em separado. Contudo, esses documentos só serão votados se o relatório de Eliziane for rejeitado.
O parecer da senadora sugere indiciamentos por 26 delitos diferentes, sendo a maioria enquadrado por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e de golpe de Estado.
São indiciados pela relatora no documento:
Confira o relatório na íntegra (aqui).
Os ataques, denunciados pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos, ocorreram na cidade de Khan Yunis
GGN. - A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou nesta terça-feira (17) que a força aérea do exército de ocupação israelense continuou a atacar o sul da Faixa de Gaza, exatamente para onde estão se dirigindo os refugiados que escapam das incursões anteriores de Tel Aviv.
Os ataques, denunciados pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), ocorreram na cidade de Khan Yunis, apesar do próprio governo israelense ter ordenado o deslocamento de civis para aquela parte do enclave palestino, onde chegaram mais de 600 mil pessoas nos últimos dias.
Nesta terça-feira, o canal Al Jazeera divulgou que mais de 70 pessoas já morreram por conta dos ataques aéreos de Israel ao sul de Gaza. Leia mais aqui.
Ainda segundo a Al Jazeera, uma comissão da ONU está colhendo provas de crimes contra a humanidade praticados por Israel e o Hamas. Entre os crimes está justamente o deslocamento forçado de civis palestinos pelo enclave, sem a garantia de segurança e dignidade para os refugiados da guerra. Leia mais aqui.
Segundo a UNRWA, o problema mais grave neste momento é a falta de água e alertou que “as pessoas começarão a morrer sem ela”.
A UNRWA especifica que a última central de dessalinização de água do mar que funcionava em Gaza deixou de funcionar, o que aumenta o risco de desidratação e doenças porque os palestinos começam a beber água imprópria para o consumo humano.
Por sua vez, o diretor do escritório da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed al Mandhari, garantiu que a ajuda humanitária da ONU está pronta no Egito há mais de 72 horas, aguardando autorização de Israel para chegar à Faixa de Gaza.
De acordo com al Mandhari há pedidos repetitivos de “acesso da ajuda humanitária à Faixa de Gaza através da passagem de fronteira de Rafah, vindo do Egito”. Em Gaza, a “verdadeira catástrofe”, alertou Al Mandhari, está para ocorrer uma vez que os seus abastecimentos de água, eletricidade e combustível terão fim em menos de 24 horas.
O representante do Programa Alimentar Mundial da ONU, Abeer Etefa, também apelou para um “acesso desimpedido e um corredor seguro para abastecimentos humanitários urgentemente necessários” em Gaza. Etefa afirmou que “ouvimos do Egito que a situação de segurança não permite a movimentação dos comboios”.
As organizações humanitárias internacionais continuam a acumular no Egito abastecimentos essenciais para a população da Faixa de Gaza enquanto aguardam que as autoridades egípcias autorizem a abertura da passagem fronteiriça de Rafah, a única que permite o acesso ao território palestino não controlado por Israel.
O compasso da espera pela ajuda humanitária na Faixa de Gaza piora no momento em que Israel se prepara para iniciar uma ofensiva terrestre, para a qual, embora a data não tenha sido fixada, parece cada vez mais iminente.
Alguns sinais demonstram isso. O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, ordenou a preparação de 2 mil soldados e várias unidades com capacidade para um rápido destacamento no Oriente Médio, informou o Pentágono nesta segunda-feira (16).
Além disso, Austin aprovou a prorrogação da permanência na área do grupo de ataque do porta-aviões Gerald R. Ford, dentro da sexta frota operacional das forças navais dos EUA.
Com informações da TeleSur, Público e assessoria de comunicação da UNRWA
Do Portal do José:
17/10/23 HOJE É UM DIA HISTÓRICO PARA A REPÚBLICA. NÃO É TODO DIA QUE VEMOS INDICIAMENTOS DE TANTOS GRAÚDOS AO MESMO TEMPO. VAMOS AGORA cobrar da PGR que exerça o seu papel. Cadeia para todos é o que o Brasil espera. Sigamos.
Do Canal Galães Feios:
Há evidências que os evangélicos já viajavam à Israel por meio de agências de turismo desde a década de 1970.A agência de turismo Viagens Bíblicas enviava caravanas a Israel nos idos de 1974. Mas quem começou de fato com o turismo evangélico Brasil-Israel em larga escala foi o Pastor Caio Fábio nos anos 1980.O que começou com alguns fiéis de sua igreja, cresceu ao ponto de termos excursões de 500 a 600 pessoas anos depois, o que faz o governo de Israel apoiar esse tipo de turismo, que podem fazer de seus participantes propagandistas da sua causa imperialista. Helder Maldonado comenta.
Do Portal do José:
15/10/23 - NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA NOS DÃO CONTA QUE A OPINIÃO PÚBLICA NO MUNDO ESTÁ COMEÇANDO A VER O CONFLITO ENTRE ISRAEL E HAMAS COM OLHOS MAIS CRÍTICOS. AQUI, CANAIS PROGRESSISTAS AVANÇAM NAS REDES. SIGAMOS.
Do Canal Reflexões Quote:
Conheça um pouco da psicologia de Carl Jung. Neste vídeo, mergulhe na mente do renomado psicólogo suíço e descubra como suas teorias sobre o inconsciente, os arquétipos e a individuação podem transformar sua compreensão do eu e do mundo.
Do Portal do José:
Absurdos: O Hamas agora serve a Bolsonaro e seus cúmplices: terror e oportunismo político de hipócritas contra a sanidade!12/10/23 - A DIREITA DE FATO É UM CASO PARA SER ESTUDADO NO BRASIL. Mas os extremistas bolsonaristas merecem um estudo psiquiátrico. Enquanto isso, no Oriente Médio cenas aterradoras começam a entrar nas previsões de cenários dantescos. Sigamos.
Do Portal do José:
Do Canal do Pastor Caio Fábio:
Em uma ação inesperada, o Hamas, grupo extremista que controla a Faixa de Gaza, atacou em Israel em diversas frentes no sábado (7). Em um ataque terrorista por terra, por mar e pelo ar, integrantes do grupo mataram e sequestraram civis e soldados israelenses. Em reação, Israel declarou guerra e bombardeou Gaza. Nesta segunda, bloqueou ainda o acesso a água, comida e luz na região. Ao todo, cerca de 1.200 pessoas morreram desde o início do conflito, segundo autoridades dos dois lados.
Do Portal do José:
10/10/23 - MUITA COISA ACONTECE NO MUNDO. O BRASIL TEM MUITAS CONEXÕES COM O CONFLITO NO ORIENTE MÉDIO. É fundamental termos o entendimento amplo do que está ocorrendo no mundo. Sigamos.
As condições ambientais são variáveis, mas as ações coletivas da humanidade aumentaram os extremos. E extremos matam pessoas.
do Observatório da DesInformação
(Des)Informação e catástrofes ambientais: quantas vidas valem uma mentira?
por Ewerton Ortiz Machado
O desequilíbrio ambiental custa milhares de vidas que são levadas por episódios de secas extremas, inundações intensas, vendavais, desmoronamentos, marés atípicas, temperaturas acima e abaixo do normal, entre outros. Milhões de reais são gastos para remediar as consequências. Neste exato momento, os estados e municípios da Região Amazônica estão enfrentando secas sem precedentes, lugares em que, normalmente, chove o ano inteiro! Uma das principais reservas hídricas do planeta sofrendo com milhares de pessoas em risco pela falta de água e falta de alimento devido à mortandade de peixes. No outro extremo do Brasil, temos alertas de inundações catastróficas derivadas de ciclones tropicais cada vez mais intensos e frequentes. Esses eventos não são distantes, são notícias das últimas semanas ou que estão acontecendo neste exato momento.
Eventos climáticos catastróficos sempre existiram em nosso planeta, a questão reside na frequência e intensidade. Quanto mais exploramos o planeta de forma predatória, mais os sistemas ecológicos perdem a capacidade de se reorganizarem e compensarem os danos. Desta forma, entendemos que as condições ambientais são variáveis, mas as ações coletivas da humanidade aumentaram os extremos. E extremos matam pessoas.
Vamos voltar rapidamente no tempo. As primeiras discussões sobre os riscos do aquecimento global são anteriores a 1900. Entre as décadas de 1960 e 1970, o entendimento dos riscos e consequências do aquecimento global e do efeito estufa já estava plenamente desenvolvido, com um marco no Primeiro Dia da Terra em 1970, forte movimento ambiental que alcançou uma influência relevante na época. Mas não foi o suficiente para mudarmos nossas ações como humanidade, resistimos coletivamente. Nas décadas seguintes, cientistas e ambientalistas avaliaram os cenários, os dados e melhoraram a compreensão e dimensão dos problemas “futuros”. Somente em 1994 ocorreria a primeira Conferência Mundial do Clima (COP), em Berlim, que discutiria medidas efetivas para frear nossa catastrófica presença no planeta. E apenas nos anos 2010 em diante, o discurso de que estamos em risco começou a ser efetivamente aceito e incluído nas decisões. Nesse meio tempo, muitos cientistas tentaram colocar alertas, muitas pessoas lutaram e morreram se empenhando por melhorias locais e globais. Observem que estamos, há pelo menos 40 anos, vendo literalmente o planeta queimar e pouco foi realizado efetivamente. Por quê?
Sustentamos a negação ao aquecimento global até o momento em que isso não era mais dúvida. A mesma história se repetiu em relação ao entendimento das mudanças climáticas, até que elas se tornaram uma amarga realidade. Hoje estamos em um novo paradigma, com os termos catástrofes climáticas e catástrofes ambientais sendo refutados a despeito dos desastres semanais nos noticiários. Nós entramos em um novo patamar, estamos falando hoje em colapso global. Me pergunto se vamos nos preocupar com o colapso quando for tarde demais. Quantas vidas custam a aceitação?
Três fatores alimentam esse cenário:
Primeiro fator: a informação não chega honestamente a todos. Como a disseminação de informações está ligada a esses problemas ambientais? Mais de 40 anos após entender o aquecimento global efeito estufa, ações foram feitas para colocar em dúvida a validade dos estudos. É como se um profissional qualificado dissesse que a fiação da sua casa pode iniciar um incêndio e precisa ser trocada, mas você ouve o vizinho dizendo que ele só quer tirar seu dinheiro. É uma dúvida válida, mas não o suficiente para você parar de se preocupar com o incêndio. Na questão ambiental, surgiram diversas forças desqualificando os alertas, e isso criou dúvidas o suficiente para que nada fosse efetivamente feito.
Segundo fator: há um interesse em manter as coisas como estão, no sentido de padrões econômicos e de manutenção de grupos detentores do poder econômico e político. Para os grandes conglomerados financeiros, reduzir a extração dos recursos naturais, frear as atividades danosas e ao ambiente e reduzir o consumo significa um impacto financeiro que não estão dispostos a abrir mão.
Terceiro fator: a inatividade de todos os humanos como coletivo. Vários discursos e termos foram utilizados para alimentar esta inação, ainda que criados de forma bem-intencionada. Conceitos como recursos renováveis não se alinham com a ideia de que nosso planeta é um só e limitado. Sustentabilidade exige que exista uma segurança, uma certeza de que as coisas estarão no mesmo estado atual no futuro, o que é irreal. E então, esses conceitos são deturpados e criam efeitos sistemáticos de amenização do problema real, como por exemplo “greenwashing”, criando publicidade de empresas “verdes” só no marketing, usando a ideia de sustentabilidade para gerar mais lucro sem mudar efetivamente suas ações.
Gostando ou não, o futuro tem uma previsão concreta. A conta já chegou, e o pagamento é em vidas humanas.
Para colaborar com essa questão, entre outras, surgiu o Observatório da Desinformação. O Observatório pode ser acessado pelo link: https://observatoriodadesinformacao.org/
Ewerton Ortiz Machado – Biólogo, doutor em Zoologia, professor e pesquisador da Universidade Federal do Acre
O Observatório da Desinformação é uma iniciativa para combater a desinformação no Brasil de forma articulada, dando visibilidade às frentes de reflexão, formação e extensão ligadas ao Letramento Midiático e Informacional e ao Diálogo Intercultural no âmbito dos Direitos Humanos.