Sergio Moro recebeu R$ 3,5 milhões da mesma consultoria que atendeu a Odebrecht. O caso Alvarez & Marçal é nebuloso e ainda há muita coisa inexplicada.
Sergio Moro recebeu R$ 3,5 milhões da mesma consultoria que atendeu a Odebrecht. O caso Alvarez & Marçal é nebuloso e ainda há muita coisa inexplicada.
Do Portal do José:
Bolsonaro, Guedes e Generais tem mais de um milhão de amigos...fora do Brasil. Nem todo aposentado fica triste com a Petrobras! Empresa produz muita riqueza! Mas para quem? Sigamos.
Temos motivos para nos preocupar com conflitos militares? Que jogo é esse? Democracia, direitos humanos, liberdade, paz ou interesses ocultos? Existem humanistas comprometidos com a humanidade nessa história?
Do Portal do José:
"Vamos quebrar todos os seus dentes"! Foi o aviso de Putin aos países que se movimentam para ameaçar a Rússia. Faltam 246 dias para o Brasil e o MUNDO se livrarem de Bolsonaro. Já temos muitas tensões no Brasil e ainda temos que estar atentos aos problemas que acontecem do outro lado do mundo?
Temos motivos para nos preocupar com conflitos militares?
Que jogo é esse?
Democracia, direitos humanos, liberdade, paz ou interesses ocultos?
Existem humanistas comprometidos com a humanidade nessa história?
A antiga URSS foi uma união de países que após a Revolução de 1917 foi se formando e consolidando. Muitos países que hoje tem total independência já fizeram parte da área de influência russa como foi o caso da Polônia que embora não fizesse parte da URSS, ara um país que pertenceu ao bloco formado pelo Pacto de Varsóvia, uma aliança militar e estratégica. Após a dissolução da URSS, o neoliberalismo tentou se implementar de forma radical e acelerada naquela região. Isso provocou uma experiência de empobrecimento acelerado na região. Putin emerge nesse contexto como um líder que busca restaurar o poder político, militar e econômico russo.
A Rússia é um gigantesco país. Sua história é marcada por conflitos, guerras e perdas de milhões de vidas humanas. alguém acha que é fácil subjugar esse povo?
Que estratégias as nações e blocos econômicos estão realizando nesse momento?
Qual o real interesse dos EUA na região?
Bolsonaro tem alguma importância nessa tensão?
Vamos analisar nesse papo de hoje!
Sigamos.
O artigo é polêmico. Nele, Márcio Chaer, do Consultor Jurídico, atribuí à cobertura da Lava Jato parte das explicações para a grande mídia ter perdido 68% dos leitores em 4 anos. No artigo, ele admite a existência de outros fatores. Mas a cobertura da Lava Jato foi o grande divisor de águas.
Esqueça-se a responsabilidade social e política da mídia, o compromisso com fatos e valores democráticos, e fixemo-nos apenas no vetor negócios.
Quando as redes sociais ganharam fôlego e a Internet colocou em xeque o modelo de negócios da mídia, houve duas estratégias de grupos de mídia. Os grandes jornais, de alcance nacional ou internacional – como Financial Times, The Guardian, The New York Times – investiram pesadamente na qualidade do conteúdo e nas assinaturas digitais, como forma de compensar a queda do faturamento publicitário.
O Roberto Marinho australiano, Rupert Murdoch, enveredou por outros caminhos. Buscou recursos no mercado internacional, então com ampla liquidez, saiu comprando jornais em vários países, criou uma rede social – que não deu certo – e fez sua grande aposta em um canal de TV paga, buscando o público de ultradireita.
O canal, Fox News, tornou-se a emissora mais assistida pelos americanos. Além disso, Murdoch entendeu o poder de disseminação de notícias nas redes sociais, sem nenhum critério jornalístico, e passou a trabalhar a Fox como se fosse um grande perfil de rede social. A emissora criava notícias falsas, ataques virulentos contra adversários, e, depois, contava com as redes sociais para sua disseminação.
Na época, os grupos de mídia nacionais viviam dois problemas. O primeiro, o rescaldo da grande crise de 1999. Depois de uma década gloriosa, a de 1990, tomaram vultosos empréstimos em dólares para ampliar a capacidade. O avanço das redes sociais abortou o crescimento da mídia tradicional. E a maxidesvalorização cambial aumentou significativamente seu passivo.
O segundo problema foi o afastamento da velha geração de proprietários, Otávio Frias de Oliveira, da Folha, Roberto Marinho, nas Organizações Globo e Rui Mesquita, no Estadão. Assumiram os postos herdeiros sem segurança e sem sensibilidade maior para o seu negócio.
Sem rumo, acabaram sendo influenciados por Roberto Civita, o cappo da Editora Abril, que trouxe dos Estados Unidos o modelo Murdoch.
O desastre ocorreu ali. A mídia passou a emular o jogo de Fakenews e de discurso de ódio próprio das redes sociais. Abriu mão do diferencial de qualidade. Embarcou na ilusão de que substituiriam os partidos políticos, ganhando força política para comandar o país e impedir o avanço da concorrência – veículos internacionais mas, principalmente, os novos gigantes que surgiam, como Google e Facebook.
O resultado disso tudo foi a vitória de Pirro da Lava Jato. Por algum tempo, a mídia julgou-se vitoriosa, invencível, podendo moldar o país à custa de suas manchetes. O sonho acabou com o impeachment de Dilma. Entra Michel Temer, esgota-se a bandeira da Lava Jato, há uma destruição institucional do país que leva até Bolsonaro.
De lá para cá, há uma decadência irreversível dos jornais. Não conseguiram desenvolver um produto alternativo aos blogs e redes sociais. Perderam a noção das grandes reportagens, dos grandes perfis. Os jornalões, hoje em dia, são uma sucessão de colunas distribuindo notas curtas, caça-likes, sem capacidade de contextualizar, aprofundar os temas, diferenciar-se da rapidez da Internet.
Entra-se agora no ano mais importante de nossas vidas, aquele no qual se irá definir o destino do Brasil como nação. Em uma ponta, Bolsonaro em processo acelerado de destruição das instituições e do Estado. Na outra, Lula, pretendendo montar um arco de alianças conciliador.
E a mídia, como fica? Os colunistas de maior visibilidade tentam escapar da polarização indecente dos últimos anos – que pretendia colocar Bolsonaro e Lula como faces de uma mesma moeda. Por outro lado, a Globonews tenta ressuscitar o fantasma da morte de Celso Daniel – um factoide desmontado pela própria Polícia Civil de São Paulo. Atacando as duas pontas, pretendem recriar o mito de El Cid, o Campeador – o soberano espanhol que, morto, foi colocado em um cavalo para iludir os inimigos de que ainda vivia e comandava.
Em nenhum momento se busca separar as notícias das interpretações, do opinionismo embolorado dos editoriais. Seria uma enorme oportunidade de algum veículo sair à frente, como a Folhas com a campanha das diretas.
Mas falta nos veículos a audácia dos antigos comandantes de redação.
Para Marcia Tiburi, "Bolsonaro e Olavo foram um par místico. Juntos, eles compunham uma espécie de 'duplo corpo do rei' "
Por Marcia Tiburi, Professora de Filosofia, escritora, artista visual
Uma catarse coletiva tomou conta do país nos últimos dias com o falecimento de um personagem fundamental no processo de fascistização nacional, o mentor intelectual do atual presidente da República.
Em 1o. de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro exibiu um exemplar de um livro de Olavo de Carvalho sobre a mesa em seu discurso de posse. “Tudo o que você precisa saber para não ser um idiota” (Record, 2013) estava junto à Memórias da Segunda Guerra de W. Churchill, à Constituição e à Bíblia, o que prova, apesar de todos os problemas ético-cognitivos de que Bolsonaro possa ser acusado, que ele sempre soube do poder que tem um livro. Seu desdém a tais objetos da cultura é menos inveja e mais estratégia de uma inescrupulosa guerra cultural anti-cultura.
Aparato de mistificação ou simples merchandising editorial, fato é que o livro de Olavo de Carvalho marcava de maneira ritual, algo mais do que o tom ideológico e delirante assumido pelo governo. Era o triunfo do “mito” junto com o “mistificador” o que surgia para o Brasil inteiro ver no pior estilo da política na era do espetáculo. Agora, com a morte de Olavo, visto como “guru”, muitos se perguntam que destino terá Bolsonaro, na posição de seu discípulo. Essas categorias, contudo, não definem o teor mais profundo dessa relação.
Bolsonaro e Olavo foram um par místico. Juntos, eles compunham uma espécie de “duplo corpo do rei”, ou de Titã platônico do extremismo de direita. A veleidade intelectual nunca foi uma questão de Bolsonaro, ao contrário. Mas sem o “verniz” intelectual, providenciado por Olavo, a “elite” econômica não teria aceito tão bem a presença chinelona de Bolsonaro.
Na verdade, Olavo não servia muito como “verniz”, no sentido de melhorar a imagem do seu parceiro ideial. Ele cumpria bem melhor o papel da efígie, uma espécie de duplo, um Golem na posição de “autoridade intelectual” para um governo autoritário. Olavo era a efígie bolsonarista sempre em cena e, como Bolsonaro, ativamente falante. Difícil separar o ventríloquo do boneco. Se a esquerda, intelectuais e militância, desprezava Olavo, vendo nele um facínora delirante e absolutamente desqualificado, a direita e a extrema-direita viam nele o intelectual público necessário. Tão necessário como Jair Bolsonaro para o projeto neoliberal de Guedes, ele mesmo um rico imoral não carismático.
Não se deve deixar de lado que a unidade entre Bolsonaro e Olavo não foi de modo algum “intelectual”, senão pela via negationis (pela falta da própria coisa), mas uma unidade baseada na mistificação. Bolsonaro é o mistificador político, onde Olavo foi o mistificador ideológico. Juntos são uma bomba proto-teológica que chegou ao poder amparada evidentemente por todos os espertos capitalistas, crentes ou não, que perceberam sua potência.
A colaboração do falecido nessa unidade mística é gigantesca. A manutenção da hegemonia cultural da extrema-direita pelo culto da ignorância, da enganação, da desinformação, não seria possível sem o simulacro de erudição praticado por Olavo. Discutir a profunda dissociação de sua consciência é assunto para um outro momento. Agora basta ver que ele usava a cultura para destruir a cultura, a linguagem para destruir a linguagem, assim como tantos usam hoje a política para destruir a política.
Se o fascismo é um jogo de linguagem, Olavo foi dos seus mais expressivos estrategistas, cujo método conduziria à morte da linguagem, através da destruição da lógica que dá base ao pensamento humano em nome de vencer um debate sem precisar ter razão. É provável que Olavo de Carvalho nem quisesse simplesmente vencer um debate, mas que desejasse aniquilar a própria chance de existir um debate pela destruição completa da linguagem.
O caso de Olavo não era o de uma burrice simples, mas de uma oligofrenia próxima a de Bolsonaro, temperada pela terminologia de quem havia lido alguma coisa que, bem utilizado, até poderia ser interessante.
Críticos do fascismo de cem anos atrás analisavam a burrice dos fascistas, e nos ajudam hoje a entender que a burrice é um sintoma que passa a ter validade de estratégia nos momentos em que a política é jogada como farsa.
A morte de Olavo não deve enfraquecer muito Bolsonaro, até porque certamente aparecerá um substituto em breve para ocupar o espaço, talvez diáfano, da efígie. Não sabemos até que ponto, as massas bolsonaristas se interessavam por Olavo. Certo é que ele servia como professor para jovens identificados com o mestre por veleidades intelectuais comuns. O desejo de ser um intelectual é uma constante entre homens jovens de classe média ou alta que herdam as veleidades de poder da própria classe. É esse desejo que move os adeptos dos discursos de ódio nas redes, o de fazer parte de uma classe intelectual pela via do antissistema. Além de um prazer mórbido, o discurso de ódio é um capital cultural e social poderoso. Quem odeia não se sente imbecil.
Olavo encantava aqueles que se auto-compreenderam como “elite” e que odiavam a esquerda e, sobretudo, o PT. Junto a Bolsonaro, ele era o foco de adoração que as massas manipuladas dedicam ao líder autoritário e cruel, numa atitude típica de adulação entre personalidades fascistas. A adulação das massas é sempre levada ao limite no fascismo em um jogo sadomasoquista que não nos cabe analisar agora.
Resta saber se seguidores e discípulos terão a mesma competência que Olavo tinha para arrebanhar ingênuos, bem como vaidosos para o seu projeto de destruição das subjetividades submetidas ao grande guia.
Certamente surgirão novos proto-intelectuais de direita e extrema-direita mais ou menos envernizados que buscarão um lugar no céu neoliberal onde, para sorte do planeta, crescem os quasares. Os candidatos a Olavo terão que falar sem nenhum vergonha, como ele fazia ao praticar a sua retórica do grotesco. O consultório dos coaches de direita que despontam no mundo psi terão muitos clientes em busca de liberação das tensões e inibições de homens tímidos e loucos para aparecer como intelectuais.
Infelizmente, tudo isso é ainda mais complicado e será muito, mas muitíssimo mais complicado, superar a destruição da linguagem (da cultura e da política) no Brasil que, esperamos, possa renascer dos escombros em 2023 através do voto.
Sigamos tentando entender esse fenômeno se quisermos nos livrar do sistema político autoritário, ele mesmo um sistema de pensamento delirante, que governa o país.
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Em dado momento de 2021, Bolsonaro usou documentos sigilosos para embasar uma teoria conspiratória maluca sobre fraude nas urnas eletrônicas. Hoje, ele deveria prestar um depoimento a respeito. Fugiu.
Do Portal do José:
Faltam 247 dias para Bolsonaro começar a pensar numa nova ocupação! Alguém o contrataria para exercer alguma atividade no mundo privado?
O que acontecerá com seus seguidores que percebem a cada dia que são influenciados por um covarde falastrão?
O que acontecerá com as pessoas que tem sua vida piorada em todos os planos?
O que acontecerá com o Brasil depois que tudo isso passar?
Bolsonaro pensa que é um imperador e que tudo pode fazer ou mandar. Seus dias de loucura estão chegando ao fim na administração do país. Pagamos para um louco irresponsável figurar como governante, enquanto somos assaltados pelas quadrilhas que estão fazendo o que conseguem para nos lesar.
Bolsonaro, nesse delírio, acha que pode não respeitar decisões judiciais.
Como aras explicará isso? e Arthur Lira? E todos os bandidos que se locupletam no país? Como os meios de comunicação tratarão do tema?
Bolsonaro não está imune para sempre. Em breve será descartado. Para a nação, melhor seria se ocorresse sua saída antes das eleições. Mas isso está distante ainda. Sigamos.
Atuação de ex-juiz na Alvarez & Marsal serviu como garantia para investidores comprarem empreiteiras afetadas pela Lava-Jato
Tatiane Correiatatiane.correia@gmail.com
GGN. - A remuneração do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro enquanto atuou na consultoria norte-americana Alvarez & Marsal foi um dos temas da TV GGN 20 horas desta quarta-feira (26/01).
O programa conduzido pelo jornalista Luis Nassif também contou com as participações do jornalista Marcelo Auler, do vereador e ex-senador Eduardo Suplicy (PT) e do economista Paulo Nogueira Batista Junior.
Sobre os dados de covid-19, o Ministério da Saúde não tinha divulgado as informações brasileiras até a abertura do programa. No mundo, a média de casos em sete dias chegou a 2,831 milhões, alta de 10,9% em sete dias e de 22,1% em 14 dias. Dos 20 países com maior crescimento, 16 estão na Europa.
Sobre os ganhos do ex-juiz e atual presidenciável Sergio Moro (Podemos), Nassif lembra as declarações do ex-ministro em suas redes sociais. “Ele fala no Twitter ‘é uma mentira que a Odebrecht está me pagando (…)’ Nunca ninguém disse que a Odebrecht que pagou”
“Ele (Moro) desmente algo que não foi dito para parecer que aquilo que foi dito é desmentível”, diz Nassif. “O que está todo mundo dizendo é o seguinte: ‘você está sendo remunerado pela empresa que foi contratada para recuperar a Odebrecht’. Esse é o ponto”.
Neste caso, Nassif lembra que o que Moro ganhou foi um cargo na empresa em questão, a consultoria norte-americana Alvarez & Marsal. “Um cargo similar ao que o contratou, paga entre US$ 300 mil e US$ 500 mil por ano, o que equivale a um salário de R$ 150 mil a R$ 220 mil por mês”.
Contudo, o ponto central envolve a criação de uma sociedade de propósito específico para aplicação – uma empresa que você monta na Bolsa de Valores para captar dinheiro sem dizer onde você vai aplicar. O chamado cheque em branco do mercado.
“O que essa Alvarez & Marsal vai oferecer para a clientela dela: a compra dos ativos bons das empreiteiras brasileiras quebradas pelo Sergio Moro”, diz Nassif. “Eles separam as empreiteiras na parte boa e na parte ruim. A parte boa é uma que você pode salvar das multas, das condenações impostas pelo Sergio Moro. Dessa parte boa, essa Alvarez monta esse fundo dela e vai adquirir a parte boa”.
“Aí pagam os controladores, que pegam o dinheiro e vão tentar quitar as dívidas deles com o governo, essas dívidas impostas pelo Sergio Moro”, lembra Nassif.
Uma operação como essa é bastante complexa, e exige que o investidor tenha a certeza de que não serão dados passos em falso. “Essa é a razão de terem contratado Sergio Moro para os EUA, porque ele não tem competência para outro tipo de trabalho mais sofisticado”, diz Nassif.
“Então você fala ‘quem trabalhou com a gente nesse período foi o Sergio Moro, que é um juiz que quebrou todas essas empreiteiras’. E daí se explica porque Alvarez & Marsal resolveu bater bumbo com a contratação do Sergio Moro”, diz Nassif, ressaltando que a presença de Moro seria uma espécie de garantia (o chamado sponsor) para a segurança da operação.
“As empreiteiras, em questão de três, quatro semanas, elas já começaram a procurar fundos de investimento para esse trabalho de capitalização. E essa empresa sai na frente”, diz Nassif.
“Essa empresa (Alvarez & Marsal) ganhou até agora R$ 65 milhões com a recuperação, com esse trabalho de recuperação das empreiteiras. Isso não é nada pra ela”, diz Nassif. “Toda jogada consiste em ela entrar, conhecer e depois montar a operação para a compra dessa empresa”.
Nassif lembra que todo o processo ocorreu graças à articulação do Departamento de Justiça junto aos Ministérios Públicos dos diversos países.
“O Departamento de Justiça monta toda a orientação para os Ministérios Públicos, e sugere a esses Ministérios Públicos indicar grandes escritórios de advocacias americanos, ligados ao Departamento de Justiça pela chamada ‘porta giratória’ – onde membros do Departamento de Justiça que saem, vão trabalhar nesses escritórios, e depois voltam…”
Assim, essa operação foi a maneira que Moro encontrou para montar algo que permite o controle sobre as empresas, fazer negócios, e abrir uma ‘porta giratória’ para procuradores e juízes nacionais.
“Você, caro procurador que um dia acreditou na Lava Jato, que brigou nas listas do Ministério Público em defesa do Dallagnol; você, juiz que achou que com o Moro agora iria haver um novo protagonismo para o Judiciário, saibam: vocês foram usados”.
“Eu já fiz um desafio aqui: (Moro) venha a público e mostre o contracheque”, diz Marcelo Auler. “Aceita participar de uma coletiva em que as pessoas possam perguntar o que quiserem (…) Ele não quer ser presidente da República, ou ele vai ficar caladinho?”
O economista Paulo Nogueira Batista Junior conversa com Nassif e Auler a respeito da ida do Brasil à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que foi muito celebrada pelo governo Bolsonaro.
“O que aconteceu foi apenas o início, a um anúncio por parte da OCDE que está disposta a iniciar conversas, e a verificar se o Brasil se adapta ou não aos inúmeros requisitos que a OCDE estabelece”, diz Paulo Nogueira Batista Junior, lembrando que o pedido inicial de ingresso à organização foi feito durante o governo Temer, em 2017, e esse processo ainda vai levar alguns anos.
“No meu entender, é um presente de grego. É como se você adquirisse um ‘prestígio’ de estar em um clube de ricos, mas em troca você abre mão de uma série de possibilidades de política econômica”, diz Paulo Nogueira.
“É uma fria, não vale a pena para o Brasil no meu entender buscar esse objetivo, mas o viralatismo nacional é tal que uma notícia de que a OCDE aceita começar a conversar é recebida como se fosse uma vitória da diplomacia brasileira – é mais um sintoma da falta de noção das camadas dirigentes brasileiras sobre o que é um processo de desenvolvimento nacional”, ressalta o economista.
A OCDE foi criada em 1961 à imagem e semelhança dos países desenvolvidos, que ditam as regras e, segundo o economista, os emergentes que integram o grupo “são coadjuvantes em um processo que já está consolidado”.
Na prática, os países que integram a OCDE colocam em prática a agenda neoliberal, o que leva à limitação de uma série de políticas governamentais. “Na verdade, você perde espaço de política econômica em troca do prestígio de participar de um clube (…)”.
O vereador e ex-senador Eduardo Suplicy conversa com Nassif e Auler a respeito da renda básica, que caminha para se tornar um grande instrumento global de combate à pobreza.
Depois de ler um trecho de um livro escrito pelo Papa Francisco, chamado “Vamos Sonhar Juntos”, onde o pontífice aborda a questão da renda básica, Suplicy explica que conversou com o ex-presidente Lula Sobre a divergência entre Bolsa Família e a renda básica.
“Na ocasião, eu disse a ele que vou apoiá-lo para ser candidato a presidente. Eu perguntei e ele afirmou que vai colocar a regulamentação em prática da 10835/2004, sancionada por ele dia 08 de janeiro de 2004, aprovada por todos os partidos em novembro de 2003 na Câmara (…)”
A lei citada pelo ex-senador institui a renda básica de cidadania, “que se constituirá no direito de todos os brasileiros residentes no País e estrangeiros residentes há pelo menos 5 (cinco) anos no Brasil, não importando sua condição socioeconômica, receberem, anualmente, um benefício monetário”
O ato citado pelo ex-senador Suplicy foi sancionado pelo ex-presidente Lula, e pode ser lido clicando aqui
Acompanhe mais do debate sobre a entrada do Brasil na OCDE e sobre o programa de renda básica universal na íntegra da TV GGN 20 horas.
Clique aqui e confira!
Advogados que analisaram a decisão do desembargador Joao Pedro Gebran Neto – em relação a um pedido de habeas corpus questionando a isenção da Juíza Federal Substituta Gabriela Hardt – identificaram os seguintes problemas:
1. A decisão examina questão que sequer era objeto do hc (incompetência);
2. A decisão alega ter ocorrido preclusão em questão de nulidade absoluta, não sujeita à preclusão. Faz vistas grossas para o decidido pelo Supremo Tribunal Federal quando reconhece a suspeição do Sergio Moro pela mesma via do habeas corpus;
3. Afirma a necessidade de procuração em ação constitucional em que sabidamente é inexigível, até mesmo pelo fato de que não exigência de legitimidade ad processum na referida ação (inexistência de pressuposto processual exigindo capacidade postulatória e representação adequada);
4. Trata da necessidade de se usar o instituto da exceção de suspeição, mesmo sabendo-se que a exceção deve se dar na resposta à acusação e as notícias da suspeição apenas vieram há pouquíssimo tempo;
5. Fala da necessidade de através da exceção de suspeição colher manifestação do juiz em primeiro grau. A suspeição é peça processual cuja competência é diretamente do tribunal. Não existe contraditório entre juiz imputado de suspeição e excipiente ou impetrante. De toda sorte, se desejasse ouvir o juiz, poderia perfeitamente fazê-lo mediante o recurso previsto no HC para que a autoridade preste informações;
6. Manipula o instituto da preclusão ao criar artificialmente a confusão entre a notícia de que o procurador Athayde poderia estar manipulando acordo de colaboração (veiculada em sítio) e as informações obtidas via spoofing.
7. O não conhecimento do hc serve para não adentrar no mérito e é uma chicana processual. Invenção de critérios para não examinar o hc e com isso, obrigar a defesa a recorrer (agravo regimental) para somente então poder recorrer ao STJ.
Bolsonaro não quer ouvir nem deixar ouvir a verdade que poderia libertar o povo
Em nome desse sentimento de “apaga o que ele fez” depois de morto, nosso país deu nome de assassinos a praças e logradouros, porque a distorção do sentido “religioso” precisava ser sobreposta ao repúdio pelas atitudes do indivíduo enquanto encarnado, e a religião soube manusear esta condução com maestria quando lhe interessou fazê-lo.
Sigo estudando a vida, suas simplicidades cativantes e as complexas teias de sabedoria mundana que os que se julgam sábios estão a tecer.
Como observadora, tento não envolver as emoções no rol das análises e muitas vezes deixo apenas um pitaco irônico. Mas hoje sinto desejo de ir além da ironia e refletir no ponto da conduta religiosista de muitos espíritas progressistas, pois aqueles considerados “hegemônicos” já são religiosos.
Abrimos então o caso já explicando que não fazemos perseguição da religião, mas ao contrário, buscamos entender a influência dessa energia histórica e de poder em nossas vidas comuns de seres sociais. Pois acreditamos que o sentimento religioso em muitos casos é grande empecilho para a evolução espiritual, haja vista a quantidade de dores que estes nichos já promoveram na história humana.
Mas estas trilhas também são vistas como condutoras de salvação, e não diremos o contrário, porque a liberdade e o respeito afetuoso são fundamentais para o convívio entre tantas diferenças. Por que então a reflexão sobre o religiosismo do espírita progressista?
Justamente pela crítica fácil que este faz ao espírita “hegemônico”, “chiquista”, “divaldista”, “febiano”, que por sua vez se tornaram conhecidos pela alienação do conteúdo kardeciano na vivência do espiritismo.
Assim, foi comum encontrar textos escritos por espíritas progressistas em fortes críticas àqueles que despejavam antipatia pelo espírito Olavo de Carvalho, agora falecido, da mesma maneira que o faziam quando aquele estava encarnado.
Ou seja, pode criticar espírito encarnado. Desencarnado, não! Os que louvavam a indesejada por ter livrado o globo da presença de Carvalho, afetavam em cheio aqueles a quem analisamos como religiosistas, pois o espírita instruído por Kardec sabe que a morte não é senão um véu que se estende entre o mundo material e a erraticidade, na qual o espírito segue vivendo.
Se é verdade que autorizamos a guerra verbal contra encarnados, mas logo “obrigamos” o outro a perdoar o “inimigo” desencarnado no meio dessa guerra, há algo pouco explicado, pouco compreendido ou menos ainda vivenciado neste contexto.
Em nome desse sentimento de “apaga o que ele fez” depois de morto, nosso país deu nome de assassinos a praças e logradouros, porque a distorção do sentido “religioso” precisava ser sobreposta ao repúdio pelas atitudes do indivíduo enquanto encarnado, e a religião soube manusear esta condução com maestria quando lhe interessou fazê-lo.
Aos espíritas progressistas mais uma vez a observação do dia pelo exacerbado moralismo.
A evolução é política, por isso mesmo, tenho deixado estes véus do “religiosamente correto” espalhados ao longo do caminho, na busca da verdade sob as orientações de Kardec e outros espíritos sérios, que nos ajudam a cansar de repetir padrões em busca de aceitação, aprovação e inclusão em grupos.
O grupão cósmico parece bem instigante, e nele a verdade das almas ajuda no aprimoramento muito mais do que essa hipocrisia terrena de falar baixinho apenas para que o público não escute, pois sabemos que as ondas vibratórias não mentem.
Obrigado pelo material de então, seguir estudando a vida tem sido uma maneira interessante de estar aqui.
Internet é caminho que nos liga pelo mundo das ondas e suas armadilhas estão à beira das passagens, nem sempre tão ocultas, porém de muitas maneiras subestimadas. A mais perigosa de todas para o meu olhar de ponderação é a criação e manutenção de dependências relacionais neste espaço de exercícios de poder pelo controle e determinação de quem é ou não digno de existir.
A criação de guetos e bolhas ultrapassa a ideia original de conservador e progressista, direita e esquerda, e consegue gerar em todos os territórios citados políticas de massificação comportamental virtual.
Há tempo tenho levado a sério os cuidados com o que separa quem sou e aquilo que produzo como conteúdo intelectual, político, literário, do afã de mando coercitivo que impera em muitos grupos.
Outro elemento que não pode passar despercebido é o fato de por ser mulher, ter a obrigação de agradar a certos homens – coisa essa daquele tipo não verbalizado, mas imposto na prática.
Assim sendo, relato mais uma experiência do tipo “péssima” com um destes grupos espíritas progressistas dispersos pela rede, quando um administrador quis me obrigar a mudar o título de um texto porque não concordou com ele.
O título: Onde Olavo e Kardec se esbarram.
A pressa em ser do “bem”, da “justiça social” e da “democracia”, assanhou de tal modo estas individualidades que começaram a brigar com o texto pelo título, mostrando insipiente (mas perdoável) desenvoltura literária, associada ao afã de “desconstruir” quem ousou desagradar, principalmente se tratando de uma mulher. No final das contas, tudo não passaria de mal entendido por falta de leitura e boa interpretação de texto, se eu como autora não desafiasse o postulado do logos espírita progressista dialogando com os tais.
Depois de relevar muitas acusações ao texto, fui obrigada a ler uma frase xeque-mate do administrador: mudar o título! Pois segundo sua interpretação do meu diálogo eu havia posto com a intenção de criar desconforto no grupo.
Respira devagar e pensa: de acordo com ele eu escrevi um texto para um único grupo sair da zona de conforto.
Como espírita progressista me sinto na obrigação de relatar esta indecência e reafirmar que não basta se dizer progressista para de fato mostrar que é.
Maus leitores tentando convencer uma mulher que escreve de que ela não sabe escrever, agredindo com autoritarismo de efeito um texto que não soube interpretar, e ainda exigindo que mude o título porque Olavo e Kardec não podem ficar lado a lado na mesma linha de uma escrita.
Olavo, Kardec, Jesus, Deus e até Lúcifer podem ficar lado a lado em qualquer trabalho de cunho literário que se sustente, e esse hábito antigo de fazer o sinal da cruz diante daquilo que não gostamos como gesto de desprezo, por certo só nos leva a confrontar nossas relações com o espiritismo religiosista que empurramos sob falácias filosóficas e políticas.
O caminho largo do aprendizado não foi fechado, mas as minhas relações não acatam a parte da intromissão naquilo que escrevo, por essa razão e somente por ela, saí do grupo.
Mas fica aqui o alerta para os grupos que se autodenominam espíritas progressistas mantendo na essência forte apelo à condução de seguidores encabrestados: a essência do progresso é o livre pensamento! O crescimento coletivo passa pelo crivo esperançoso das vitórias individuais sobre os vícios de mando, seja à direita ou esquerda, no conservadorismo ou no progressismo.
Questionemos.
O sociólogo Boaventura de Sousa Santos explica o que está acontecendo ao redor da Ucrânia e os movimentos dos principais atores na crise
Por Boaventura de Sousa Santos
Os exigentes desafios que o mundo enfrenta neste momento – da crise climática à pandemia, do agravamento da Guerra Fria ao perigo de uma confrontação nuclear, do aumento das violações dos direitos humanos ao crescimento exponencial do número de refugiados e de pessoas com fome – exigem mais do que nunca uma intervenção ativa do ONU, cujo mandato inclui a manutenção da paz e da segurança colectivas e a defesa e promoção dos direitos humanos. Entre muitas áreas de intervenção em que a ONU pode intervir, uma das mais importantes é a da paz e segurança, e diz respeito concretamente ao agravamento da Guerra Fria. Iniciada por Donald Trump e prosseguida com entusiasmo por Joe Biden, está em curso uma nova Guerra Fria que tem aparentemente dois alvos, a China e a Rússia, e duas frentes, Taiwan e Ucrânia.
Parece insensato que uma potência em declínio, como são os EUA, se envolva numa confrontação em duas frentes simultaneamente. Além disso, ao contrário do que se passou com a Guerra Fria anterior, visando a União Soviética, a China é uma potência de grande poder económico e um importante credor da dívida pública dos EUA. Está a ponto de ultrapassar os EUA como a maior economia mundial e, segundo a National Science Foundation dos EUA, teve pela primeira vez em 2018 uma produção científica superior à dos EUA. Acresce que a lógica aconselharia os EUA a ter a Rússia como aliada e não como inimiga, não só para a separar da China, como para acautelar as necessidades energéticas e geoestratégicas da sua aliada histórica, a Europa. A mesma lógica aconselharia a UE a ter presente as relações históricas e económicas da Europa central com a Rússia (até à Ostpolitik de Willy Brandt).
É particularmente preocupante que os neocons (os políticos e estrategas ultra-conservadores que desde o ataque às Torres Gémeas em 2001 dominam a política externa dos EUA) acirrem simultaneamente as hostilidades com a Rússia e apelem para que os EUA se preparem para uma guerra com a China no final da década, uma guerra quente de tipo novo (a guerra com os meios da inteligência artificial). O poder midiático internacional dos neocons é impressionante. Tal como aconteceu em 2003 com os preparativos da invasão do Iraque, assistimos a uma unanimidade alarmante dos comentaristas de política externa no mundo ocidental. De repente, a China, que até agora era um parceiro comercial importante e confiável, passa a ser uma ditadura que viola massivamente os direitos humanos e uma potência malévola que quer controlar o mundo, desígnios que têm de ser neutralizados a todo o custo.
Por sua vez, a Rússia, até agora um parceiro estratégico (caso do acordo nuclear com o Irã), é agora um país governado por um presidente autoritário e agressivo, Vladimir Putin, que quer invadir a democrática Ucrânia. Para a defender, os EUA ajudarão militarmente e, para isso, a Ucrânia deve juntar-se à OTAN. Esta narrativa, apesar de ser falsa, é reproduzida sem contraditório no Washington Post e no New York Times, é depois ampliada pela Reuters e Associated Press e secundada pelos briefings das embaixadas dos EUA. Os comentaristas ocidentais apenas a regurgitam acriticamente. Perante isto, é urgente que se faça ouvir e sentir a intervenção da ONU para travar a escalada de uma terceira guerra mundial.
A ONU tem informação abundante que lhe permite contrariar esta narrativa e intervir ativamente para neutralizar o seu potencial destrutivo. A Ucrânia é um país etnolinguisticamente dividido entre um ocidente predominantemente ucraniano e um oriente predominantemente russo. Ao longo da década de 2000, as eleições e os inquéritos de opinião revelaram a oposição entre um ocidente pró-União Europeia e pró-OTAN, por um lado, e um oriente pró-Rússia, por outro. Em termos de recursos energéticos, a Ucrânia depende em 72% do gás natural da Rússia, tal como acontece com outros países europeus (a Alemanha depende em 39%), o que dá uma ideia do poder de negociação da Rússia neste domínio. Desde o fim da União Soviética, os EUA vem tentando retirar a Ucrânia da órbita da Rússia e integrá-la na órbita do mundo ocidental e, de fato, transformá-la num bastião pró-norteamericano na fronteira da Rússia. Esta estratégia tem tido pilares: integrar a Ucrânia militarmente na OTAN (aprovada na Cúpula de Bucareste de 2008, tal como a Geórgia, outro país com fronteira com a Rússia) e economicamente na União Europeia.
A revolução laranja, ou melhor, o golpe de 22 de Fevereiro de 2014, fortemente apoiado pelos EUA, foi o pretexto para acelerar a estratégia ocidental. Teve a sua causa imediata na recusa do presidente Yanukóvytch em assinar um acordo de integração económica com a UE que deixava de fora a Rússia. Seguiram-se protestos, muita agitação social e uma repressão governamental brutal que levaram a mais de 60 mortes (sabe-se hoje que havia grupos fascistas fortemente armados entre os manifestantes). Em 22 de fevereiro, o presidente foi obrigado a sair do país. A “promoção da democracia” conduzida pelos EUA tinha dado resultado: a “revolução laranja” iniciava a sua política anti-russa. A Rússia tinha avisado que a integração da Ucrânia à OTAN e sua integração exclusiva na União Europeia constituía uma “ameaça direta” à Rússia. Nos meses seguintes, a Rússia ocupou a Crimeia onde já tinha uma importante base militar.
Em 2014 e 2015 celebraram-se os protocolos de Minsk com a intermediação da Rússia, França e Alemanha. Reconhecia-se a especificidade etnolinguística da região do rio Don (Donbas) (maioritariamente de língua russa) e previa-se o estabelecimento, a cargo da Ucrânia e segundo a lei ucraniana, de um sistema de autogoverno para a região (que abrange áreas dos distritos de Donetsk e Luhansk). Estes protocolos nunca foram cumpridos pela Ucrânia. A tensão voltou agora a aumentar com a suposta intenção da Rússia de invadir a Ucrânia. E é mesmo provável que o faça (certamente limitada à Ucrânia oriental etnicamente russa) se a OTAN, os EUA e a EU continuarem sua política de hostilização.
Perante tudo isto, é de perguntar se quem tem vindo a criar perturbação nesta região do mundo é a Rússia ou os EUA. Todos nos recordamos da crise dos mísseis de 1962, quando a União Soviética se propôs instalar mísseis em Cuba. A reação norte-americana foi terminante; tratava-se de uma ameaça directa à soberania dos EUA e em nenhum caso se aceitariam tais armas na sua fronteira. Chegou a soar o alarme de uma guerra nuclear. Foi esta reação muito diferente da reação actual da Rússia perante a perspectiva de a Ucrânia vir a integrar a OTAN?
Em 2017, foi tornado público o relato da reunião entre o Secretário de Estado norte americano James Baker e Mikhail Gorbachev realizada em 9 de fevereiro de 1990. Nessa reunião foi acordado que se a Rússia facilitasse a reunificação da Alemanha, a OTAN “não se expandiria um centímetro para leste”. Apesar disso e de extinto o Pacto de Varsóvia, nove anos depois a Polônia, Hungria e República Checa juntavam-se à OTAN. E nenhum comentarista se lembra que em 2000, quando chegou ao poder, Vladimir Putin manifestou publicamente o desejo de a Rússia vir a integrar a OTAN e também para a Rússia “não ficar isolada na Europa”. Tanto o acordo de 1990 como o pedido de 2000 os pedidos foram recusados.
Em face disto, a ONU sabe que a Rússia não é a única potência agressiva no conflito atual, e que bastaria que os acordos de Minsk fossem cumpridos pela Ucrânia para a hostilidade cessar. Porque é que a Ucrânia não pode permanecer um país neutro como a Finlândia, a Áustria ou a Suécia? Se houver guerra nesta região, o teatro de guerra será a Europa, e não os EUA. A mesma Europa que há pouco mais de 70 anos se ergueu de um inferno de duas guerras mundiais que levaram a cerca de 100 milhões de mortes. Se a ONU quer ser a voz da paz e da segurança que consta do seu mandato, tem de assumir uma posição muito mais ativa e mais independente da dos países envolvidos. Tem de averiguar in situ o que se passa nos territórios onde as grandes potências se digladiam e se preparam para guerras de hegemonia em que provavelmente serão os aliados menores a sofrer as consequências e a pagar com vidas (Taiwan ou Ucrânia) – as chamadas proxy wars—mesmo se a política agressiva do “regime change” visa a Rússia e a China, eventualmente com resultados semelhantes aos que teve no Iraque, na Líbia ou no Afeganistão.
O mundo precisa ouvir vozes autorizadas que não repitam o script imposto pelos rivais. A mais autorizada de todas é a da ONU.
A direita alegórica perde sua referência maior. Tolos, pensam que pensavam. As lutas pelo "legado" ideológico se aprofundarão e as divisões serão expostas ao extremo. Extremistas agem extremamente.
"Em muitas eleições pela América Latina impressiona o discurso de que os candidatos de esquerda querem a implementação do comunismo. O comunismo funciona assim, como um fantasma utilizado de modo eficaz para enganar os eleitores pobres. É uma aberração o que o mercado econômico e as elites empresariais e financeiras conseguem fazer."
Do Portal do José:
Faltam 252 dias para nos livrarmos da insanidade em forma de governo. Será o primeiro turno das eleições de 22. Em muitas eleições pela América Latina impressiona o discurso de que os candidatos de esquerda querem a implementação do comunismo. O comunismo funciona assim, como um fantasma utilizado de modo eficaz para enganar os eleitores pobres. É uma aberração o que o mercado econômico e as elites empresariais e financeiras conseguem fazer. Usam a ideologia criada para a libertação das classes mais pobres contra as mesmas. O comunismo é um modelo ainda no campo da utopia e dos sonhos onde a igualdade entre os homens seria a concretização de um mundo perfeito. Tão perfeito que o Estado deixaria de existir. O homem não precisaria de nenhuma estrutura que o escravizasse ou que o explorasse.
Num mundo onde todos são educados e sabem respeitar as diferenças de cada um, onde não existem mais conflitos entre os humanos, o Estado é uma entidade sem sentido.
No programa de hoje tentarei explicar alguns pontos que identificam a ideologia comunista e socialista. Elas aparecem na humanidade muito antes do que pensam a maioria das pessoas. Não foi Karl Marx ou Engels que inventaram ambas ideologias. As experiências sociais de uma vida em comunidade, antecedem em séculos a esses pensadores.
Explicar as complexas formulações sobre o comunismo e socialismo não é uma tarefa fácil.
Dizer que o comunismo prevê o "controle dos meios de produção sob o poder da classe operária" , chega a ser um enigma indecifrável para a maioria dos mortais brasileiros. Essa formulação explica o aspecto econômico mas não chega perto de seu objetivo principal: a de apresentar um modelo de sociedade onde a economia funciona apenas como um meio do ser humano ser mais humano. Uma sociedade que se organize economicamente para poder proporcionar aos cidadãos de sua nação uma condição de vida digna para que possam alcançar a felicidade plena.
Os líderes de movimentos religiosos que se espalharam pelo mundo (Jesus, Maomé, Buda e etc), eram em sua essência, comunistas! Nenhuma religião era eminentemente materialista. Todas exaltam a divindade, a solidariedade, compaixão, caridade, extinção da sede e da fome.
Desse modo, podemos afirmar que eram comunistas. Não haverá contestação com alguma credibilidade que consiga contestar esses fatos. O poder econômico em todos os cantos do mundo conseguiu difundir através de membros desses movimentos, uma leitura diferente dos textos sagrados. Era necessário convencer ao povo que seu destino era o de ser pobre e que a riqueza não era um mal. essa estratégia foi bem sucedida através dos tempos e hoje assistimos a imensas camadas pobres se amoldarem a um discurso que justifica a sua própria miséria.
As religiões criaram espaços para divergências e doutrinação a favos das classes dominantes. Criaram templos, igrejas, sinagogas e demais espaços estruturados hierarquicamente. Papas, sacerdotes, bispos, padres, rabinos, etc, todos voltados a materialização de estruturas políticas associadas ao poder. Toda essa gama de poderes econômicos e políticos não poderiam aceitar e conviver com movimentos libertários e contestadores das injustiças e iniquidades.
Todos foram e são combatidos até os dias de hoje.
Não entrarei em detalhes doutrinários em nosso papo de hoje. Falarei a grosso modo o que são esses pensamentos filosóficos e seus impactos em nossa realidade. Sigamos.