quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Neonazistas e supremacistas brancos racistas de extrema-direita violenta apoiaram ataques de Bolsonaro a urnas eletrônicas

 

Vídeo do Blog da Cidadania, citando O Globo:

Abin detectou que grupos neonazistas se acumpliciaram com movimentos bolsonaristas de contestação dos resultados das eleições de 2022



Bob Fernandes, em vídeo: O Exército que foi cúmplice de Bolsonaro está mal na foto. Michelle assume o “Mijoias” e Ricardo “boiada” Salles é réu por contrabando

 

Do Canal do analista político Bob Fernandes:




Novo BRICS explode a ordem internacional, por José Luís Fiori, Professor Emérito da UFRJ

 

BRICS poderá se transformar num grupo de poder com capacidade de estreitar cada vez mais o horizonte da dominação euro-americana do mundo


Divulgação

Novo BRICS explode a ordem internacional

por José Luís Fiori


A importância histórica da ampliação dos BRICS

Entrevista concedida a Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena no site Tutaméiareproduzida pelo Jornal GGN:

De forma muito curta e direta: a incorporação dos seis novos membros do BRICS – Arábia Saudita, Irã, Argentina, Egito, Emirados Árabes e Etiópia – significa uma verdadeira “explosão sistêmica” da ordem internacional construída e controlada pelos europeus e seus descendentes diretos há pelos menos três séculos. Mas seus efeitos e consequências mais importantes não serão imediatos, e irão se manifestando na forma de ondas sucessivas, e cada vez mais fortes.

Exatamente porque o BRICS não é uma organização militar do tipo OTAN, nem é uma organização econômica do tipo União Europeia. Nasceu como um de ponto de encontro – quase informal – e um espaço de convergência geopolítica e econômica, entre países situados fora do núcleo central das grandes potencias tradicionais, concentradas sobre o eixo do Atlântico Norte. Países que não são atrasados, nem, subdesenvolvidos, nem dependentes e que já são, ou se propõem ser grandes potências econômicas e políticas dentro de seus respectivos tabuleiros regionais. Na verdade, o próprio grupo original do BRICS já inclui três das cinco economias mais ricas do mundo, tomando em conta o seu “poder de paridade de compras”.

Chamá-los de “sul global’ me parece ser uma forma anódina e geográfica apenas, de renomear os antigos países do “terceiro mundo”, na sua maioria ex-colônias europeias. Os números estão sendo amplamente divulgados e todos já sabem que depois da incorporação dos seis novos sócios o grupo do BRICS terá mais de 40% da população mundial e cerca de 40% do PIB mundial, o que por si só já fala da importância deste grupo e de sua ampliação decidida na reunião de Joanesburgo.

Agora bem, apesar de que o BRICS tenha tido até hoje uma postura muito mais propositiva do que contestaria, não há dúvida que nos anos recentes, devido a belicosidade crescente entre os Estados Unidos e a China, e devido sobretudo à guerra no território da Ucrânia entre os países da OTAN e a Rússia, o BRICS acabou sofrendo uma mudança de natureza, tornando-se uma organização de resistência, sobretudo, com relação às estruturas e instituições econômicas e financeiras utilizadas pelos EUA e seus aliados europeus e asiáticos, que operam como verdadeiras armas de guerra nos momentos de intensificação da competição e de acirramento dos conflitos entre esses países reunidos no G7 e os demais países que eles agora chamam de “sul global”, apesar da incorreção geográfica da expressão uma vez que seu principal inimigo neste momento, a Rússia, encontra-se ao norte de quase todos os países do G7.

Seja como for uma coisa é certa, depois de Joanesburgo, o BRICS já é um ponto de referência incontornável dentro do sistema internacional, e dependendo da reação dos Estados Unidos e dos europeus, poderá se transformar nos próximos anos, num grupo de poder com capacidade de estreitar cada vez mais o horizonte da dominação euro-americana do mundo.

Uma nova organização comercial?

Não há dúvida que a partir de 2024 o BRICS+ estará reunindo alguns dos países detentores das maiores reservas de petróleo e gás do mundo, além de incluir alguns dos seus maiores produtores de grãos e alimentos. Para não falar dos recursos minerais estratégicos que se concentram nesses mesmos países, associados às velhas tecnologias nucleares e às novas tecnologia associadas à computação quântica, à inteligência artificial e a robótica. Mas não creio na possibilidade de que nasça daí nenhuma nova organização comercial, até porque seria rebarbativo com relação à OPEP, no caso do petróleo e do gás.

Não creio que seja este o objetivo do grupo, nem creio que seja necessário para que possam exercer de outras maneiras o seu poder de influenciar os mercados globais destes produtos. Mas sim creio que o maior poder e o maio golpe econômico desferido contra os interesses americanos e do G7 virá por outro lado, e atingirá em cheio o poder monetário e financeiro do dólar e dos Estados Unidos.

De fato, a reunião de Joanesburgo não criou uma nova moeda nem discutiu abertamente a criação dessa moeda. Mas de forma discreta antecipou a substituição do dólar nas transações energéticas entre os países-membros do grupo e desses países com todas as suas “zonas de influência”. E este talvez seja o maior golpe desferido até hoje contra a hegemonia do dólar, desde os Acordos de Bretton Woods, em 1944, e desde o grande acordo firmado entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita, logo depois da Segunda Guerra Mundial, quando ficou estabelecida e garantida a intermediação do dólar, em todas as grandes operações do mercado mundial do petróleo.

Ação militar

Acho que o Brics nunca se tornará uma organização militar, nem jamais foi ou será este seu objetivo. Do ponto de vista militar, a aliança estratégica da Rússia com a China, que se consolidou nos dois últimos anos, já é por si mesma um contraponto ao poder miliar dos EUA e da Europa. E não creio que China ou Rússia queiram ter qualquer tipo de compromisso com seus novos parceiros, do ponto de vista de sua defesa mútua, como a Rússia tem, por exemplo, com a Bielorrusia.

Uma derrota importante para os Estados Unidos

Por conta disso tem aumentado a cada dia que passa as pressões e promessas do Departamento de Estado, exatamente em cima do Brasil, da Índia, e da África do Sul, três membros fundadores do BRICS. Aliás, deste ponto de vista, tem sido patética a peregrinação recorrente dos senhores Anthony Blinken e John Sullivan, e da onipresente senhora Victoria Nuland, tentando convencer – sem muito sucesso – os governos africanos, latino-americanos, ou mesmo asiáticos a apoiarem as sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos contra a Rússia, por conta da guerra na Ucrânia.

Um sinal inequívoco de perda de liderança que se repetiu agora mesmo no caso do golpe militar do Niger, ocasião em que nem os Estados Unidos nem os europeus conseguiram, até agora pelo menos, convencer algumas de sus ex-colônias africanas a invadirem o Niger, ou seja convence-los a fazer a mesma coisa que atribuem e criticam na Rússia, com relação à Ucrânia.

Lula perdeu com essa ampliação?

Não há nada que sugira que Lula e o Brasil tenham perdido poder ou influência com a ampliação do BRICS, nem tampouco que ele tenha feito algo com que estivesse em desacordo submetendo-se à China ou a quem quer que seja. Pelo contrário, minha impressão é que ele conseguiu recuperar pelo menos em parte o que o Brasil perdeu e se submeteu durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Uma coisa completamente diferente é compreender que o Lula sozinho não tem como transformar o Brasil do dia para a noite numa potência equivalente à China, ou mesmo à Índia, do ponto de via econômico e tecnológico, ou mesmo à Rússia, do ponto de vista militar. Estes países lutaram muitos anos para chegarem a ser potências com capacidade de projeção de sua influência a escala global. O que esta reunião deixou claro é que o Brasil precisará ainda de tempo para chegar onde eles chegaram.

Os demais dão sinais inequívocos de que respeitam o presidente brasileiro e sua liderança ética e carismática mundial, mas isto não muda do dia para a noite a visão que o mundo construiu do Brasil ao ver sua elite política e econômica entregar o seu o seu país e o Estado brasileiro (como está se vendo agora) nas mãos de uma quadrilha de pequenos escroques e ladrões de carteira. E ainda mais, ao saber agora da participação que tiveram membros destacados das Forças Armadas brasileiras em toda a corrupção, e em todas as tratativas golpistas de um presidente que veio das suas próprias fileiras.

O que a imprensa corporativa não consegue entender é que o Brasil saiu da reunião de Joanesburgo do tamanho que tem hoje no mundo, o tamanho com que ficou depois de seis anos de destruição do seu Estado e de sua política externa, corrigido até onde foi possível, e até agora, pelo trabalho incessante da política externa brasileira e pela liderança mundial conquistada pelo presidente Lula.

Os novos integrantes do bloco são “ditaduras”?

Esta separação e polarização entre países democráticos e autoritários foi uma ideia da política externa do governo Biden que não teve maior repercussão internacional. Basta olhar para as duas reuniões que Joe Biden organizou com o objetivo de mobilizar a opinião pública mundial e que foram um absoluto fracasso. Mas o mais importante aqui não é isto, é apenas que o BRICS nunca se propôs a ser um grupo de países democráticos, nem muito menos um grupo missionário pregador da fé na democracia. Trata-se de um grupo pragmático e que tem por princípio a ideia chinesa do respeito absoluto pela autonomia política e cultural de cada um de seus membros e dos seus povos.

Paralelo entre os BRICS e o movimento dos países não alinhados

São propostas e organizações que nasceram em momentos geopolíticos muito diferentes. O Movimento dos Não Alinhados nasceu à sombra da Guerra Fria e da polarização mundial entre o mundo socialista e os países capitalistas ocidentais. Foi um enfrentamento e uma bipolarização com forte conotação ideológica e dimensão global. Já o BRICS nasceu em um mundo que se fragmenta cada vez mais e que é cada vez mais intolerante com relação a todo e qualquer tipo de polarização do sistema mundial.

E agora está se expandindo no espaço aberto justamente pela perda de liderança de liderança dos europeus e dos norte-americanos, sobretudo depois do fracasso de sua tentativa de universalizar suas sanções econômicas contra a Rússia. Afinal, alinharam-se com os Estados Unidos e a OTAN um grupo de apenas 30 ou 40 países, uma minoria dentro do sistema das Nações Unidas. O objetivo das sanções era isolar e enfraquecer economicamente a Rússia, mas acabou isolando o G7 e enfraquecendo a economia europeia, que já foi ultrapassada em poder de compra pela própria Rússia, apesar de que este país esteja sob o mais intenso ataque econômico jamais desfechado contra qualquer outro país do mundo, em qualquer tempo da história.

Impacto sobre a guerra na Ucrânia

Eu acho que a ordem dos fatores é inversa. A simples invasão e resistência russa dentro do território da Ucrânia, frente à mobilização e intervenção direta dos Estados Unidos e de todos os países sócios da OTAN, já rompeu com a “ordem mundial” estabelecida pelos Estados Unidos e seus aliados depois do fim da Guerra Fria.

Além disso, a guerra na Ucrânia acelerou a formação de uma aliança estratégica entre a Rússia e a China, que deu alguns passos diplomáticos gigantescos à sombra da própria guerra, na direção do estreitamento de suas relações econômicas e estratégicas e do alargamento de sua influência sobre o Oriente Médio e a África. Incluindo esta expansão recente e bem-sucedida do BRICS.

As próprias sociedades europeias estão começando a se dar conta e reagir frente ao fato de que os Estados Unidos estão se comportando cada vez mais na defensiva, e atuando de forma completamente reativa, frente à inciativa militar russa, e frente à iniciativa econômica chinesa. Neste sentido, já se pode mesmo dizer que a guerra na Ucrânia apressou o declínio da hegemonia cultural dos valores europeus, e vem encolhendo significativamente o poder do império militar global dos Estados Unidos.

O lugar da Argentina no BRICS

Considero a entrada da Argentina no BRICS uma vitória diplomática do Brasil, e um passo extremamente importante na construção de uma “zona de co-prosperidade” na Bacia do Prata. Uma decisão e um passo cujos efeitos, entretanto, deverão se dar ao longo do tempo, não de forma imediata. Mas não há como enganar-se: este estreitamento da aliança entre o Brasil e a Argentina, como prognosticou o geopolítico americano Nicholas Spykmen, já em1944, será visto hoje como já foi no passado como uma “linha vermelha” para os interesses dos EUA e de sua rede de apoios dentro do continente.

E muito mais ainda, neste caso, em que este estreitamente ocorre dentro de uma organização liderada economicamente pela China, e que conta ainda com a participação do grande “demônio do ocidente” neste momento, que é a Rússia. Desse ponto de vista, é necessário olhar com cuidado para o futuro imediato, porque se as próximas eleições presidenciais argentinas não forem vencidas pelas forças de extrema direita contrárias à participação da Argentina no BRICS, não é impossível que a Argentina entre na linha tiro das chamadas “guerras híbridas” que vão mudando governos e regimes ao redor do mundo que são considerados inimigos ou obstáculo para o projeto de poder global euro-americano

Uma nova liderança global?

Tudo indica que a China não se propõe a substituir os Estados Unidos e seus aliados europeus como centro hegemônico do sistema mundial, pelo menos na primeira metade do século XXI. Nem tampouco a Rússia tem possibilidade de alcançar este objetivo. Mesmo assim, a aliança entre a força militar russa e o extraordinário sucesso tecnológico e econômico da China deve ter um impacto “exemplar” sobre o resto do mundo. Muito mais agora em que a China assumiu de forma explicita e declara a liderança de um projeto “desenvolvimentista global” (ocupada pelos EUA depois da Segunda Guerra Mundial), propondo a construção de um “mundo inclusivo” e de soma positiva entre todos os povos do universo, sem exclusão do Atlântico Norte.

Como se pode observar na própria estratégia de expansão do BRICS, já agora trazendo para dentro da organização representantes de todas as grandes civilizações que dominaram o mundo até o século XVII, e que depois disto foram deslocadas, derrotadas ou submetidas pela expansão vitoriosa do colonialismo europeu, que na segunda metade do século XX foi substituído pelo império militar e financeiro global dos Estados Unidos. Como já dissemos, esse império está se enfrentando com seus limites, estes limites estão aumentando, mas isto não significa automaticamente que a China vá substituir de imediato esta posição de liderança global.

José Luís Fiori é professor Emérito da UFRJ. Autor, entre outros livros, de O mito de Babel e a disputa do poder global (Vozes).

Texto estabelecido a partir de entrevista concedida a Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena no site Tutaméia.

Do Jornal O Globo: Abin apontou participação de grupos neonazistas e de supremacistas brancos em movimentos golpistas durante eleições

 

De O Globo:

Órgão de inteligência afirmou que as comunidades usavam 'narrativas de deslegitimação' das instituições para 'avançar teses extremistas violentas' e 'fomentar movimentos de insurreição armada'
Por — Brasília

Material de grupo neonazista e supremacista apreendido em operação da Polícia Civil do RS feita em parceria com a Abin


A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) detectou que grupos identificados com bandeiras neonazistas e de supremacistas brancos em aplicativos de mensagens tentaram se associar a movimentos de contestação, sem provas, dos resultados das eleições de 2022. Segundo a Abin, cinco comunidades do Telegram reuniu cerca de 2.800 membros para fomentar "narrativas de deslegitimação" das instituições.

Os documentos da agência de inteligência do governo foram elaborados em 25 de novembro e 1º de dezembro de 2022 e foram encaminhados à Polícia Federal e à Polícia Civil do Rio Grande do Sul — que, em junho deste ano, realizou operação para combater discursos de ódio difundidos no grupo. Na ocasião, três pessoas foram presas e quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Porto Alegre, Canoas, Nova Santa Rita e Novo Hamburgo.

— Eles (grupos nas redes sociais) guardam relação com várias destas células extremistas, inclusive com os materiais e folders que apreendemos — afirmou Tatiana Bastos, delegada titular da Polícia de Combate à Intolerância de Porto Alegre.

A Abin aponta que as células neonazistas e extremistas tiveram um aumento de engajamento após a eleição presidencial. “Até o pleito eleitoral de 2022, não se identificava histórico de envolvimento sistemático de grupos supremacistas e neonazistas com pautas políticas ou manifestações. Apesar disso, em monitoramento de grupos virtuais utilizados para disseminação de conteúdo supremacista na conjuntura eleitoral, observou-se aumento da interação e da visualização”, diz trecho do relatório.

  • Os grupos, segundo a Abin, foram utilizados para indicar suspeitas infundadas de fraudes nas urnas, divulgar bloqueios em rodovias federais e disseminar panfletos sobre a "luta contra comunistas".

"Alguns grupos neonazistas demonstram interesse em associar narrativas supremacistas a movimentos de contestação dos resultados eleitorais e adotam discursos que dialogam com pautas de outros movimentos para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos", diz o relatório.

Um dos grupos identificados pela Abin, com o nome de “Resistência Sulista 1 Divisão", foi criado no Telegram em 3 de outubro de 2022, mas as primeiras publicações só se deram em 30 de outubro de 2022 — no dia do segundo turno das eleições. No canal, foi postado um vídeo que ensina técnicas de como fabricar armas de fogo por meio de impressoras 3D. "Esse é um canal com vários diagramas de armas 3D, baixem, imprimam e passem para frente", diz a publicação.

Outro canal identificado é o "Sul Independente Milícia", que, segunda o órgão, "difunde imagens com estética e teor associados ao neonazismo aceleracionista — vertente do neonazismo que defende a necessidade de atos de violência por atores isolados ou pequenas células como forma de acelerar o colapso da sociedade".

Em 31 de outubro de 2022, foi criado outro grupo no Telegram, o "Soldati Della Luce"(Soldados da Luz), que se autodescreve como "milícia digital". O canal é repleto de referências racistas e diz em sua descrição que foi criado para defender a raça branca, criticando a criação do Ministério da Igualdade Racial no governo Lula.


Os oficiais da Abin também identificaram que os grupos eram usados para discutir ataques a autoridades públicas. Em uma das mensagens interceptadas, um dos integrantes pedia uma lista de "possíveis alvos com nome e endereço completos". Em suas conclusões, a agência afirma ver articulação de extremistas no período pós-eleição como uma estratégia para arregimentar novos membros e "promover ações violentas contra autoridades".

"Além de sinalizar tendência de radicalização, demonstram interesse em associar narrativas supremacistas a movimentos de contestação dos resultados eleitorais e adotam discursos que dialogam com pautas de outros grupos para recrutar novos adeptos e promover ações violentas contra autoridades, instituições e agrupamentos antagônicos", diz o documento.

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Jeferson Miola: Como Brizola na Campanha da Legalidade, é preciso deter o golpismo militar hoje

 

O apagamento/deturpação/revisionismo da memória e da verdade histórica é uma técnica de dominação da classe dominante

Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola

Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola (Foto: Reprodução/Twitter/Lula)

Segue o artigo de Jeferson Miola:

Avante brasileiros de pé / Unidos pela liberdade

Marchemos todos juntos com a bandeira / Que prega a lealdade

Protesta contra o tirano / Recusa a traição

Que um povo só é bem grande / Se for livre sua Nação”

Hino da Legalidade, letra de Lara de Lemos e Demósthenes Gonzalez e música de Paulo César Pereio [áudio aqui e letra completa ao final do texto].

O apagamento da memória e da verdade histórica é uma técnica de dominação da classe dominante.

Não se trata de esquecimento involuntário ou perda de memória, mas de uma escolha deliberada das oligarquias hegemônicas e sua mídia para impor uma versão farsesca e alienada da história.

Com o apagamento histórico, a elite invisibiliza as grandes lutas democráticas, as revoltas e resistências populares e a mística da luta por democracia, justiça e igualdade.

A história falsificada também permite à elite esconder o papel nefasto desempenhado pelos setores dominantes e suas Forças Armadas nas grandes tragédias de golpes e rupturas institucionais.

Assim como a impunidade concedida a perpetradores de crimes contra o Estado de Direito e a democracia, o apagamento da história encoraja setores golpistas e conspiradores a repetirem, a cada conjuntura propícia, seus intentos fascistas e antidemocráticos.

Não é por acaso, portanto, que neste 25 de agosto que lembra os 62 anos da Campanha da Legalidade [1961] não tenha sido publicada nenhuma nota em nenhum veículo de comunicação do país a respeito daquele acontecimento épico.

A partir do Palácio Piratini, sede do governo do Rio Grande do Sul, Brizola liderou a resistência civil e armada contra a tentativa dos militares de impedir a posse constitucional do vice-presidente Jango na Presidência da República depois da renúncia de Jânio Quadros.

Com a reação popular, os militares recuaram e condicionaram a posse de Jango à adoção do Parlamentarismo, o que foi aceito e extinto por plebiscito popular dois anos depois.

O mesmo apagamento histórico da Campanha da Legalidade também aconteceu na véspera, 24 de agosto, que marcou os 69 anos de suicídio de Getúlio Vargas, em cuja Carta Testamento ele denunciou que os poderosos, por meio das Forças Armadas, “Não querem que o povo seja independente”.

Os 69 anos daquela efeméride trágica também não tiveram direito a um único registro sequer em toda mídia.

Os dois acontecimentos históricos, apesar de suas características e cronologias específicas, tiveram em comum o protagonismo das cúpulas fardadas nas tentativas de golpe contra a soberania popular.

Tanto o suicídio de Getúlio como a Campanha da Legalidade foram respostas à conspiração militar que teve como desfecho exitoso o golpe militar de 31 de março de 1964.

O fim da ditadura em 1985 não representou o fim do protagonismo indevido das Forças Armadas na política nacional. Os militares continuam, ainda hoje, no centro dos ataques e ameaças à democracia; são um fator permanente de instabilidade e tensão.

A partir da segunda década deste século, os militares retomaram abertamente o ativismo político. A “presença oculta” deles já vinha desde os movimentos de desestabilização de 2013, quando presumivelmente integrantes da família militar portavam cartazes pedindo “intervenção militar”.

Em 29 de novembro de 2014 lançaram na AMAN [Academia Militar das Agulhas Negras] a candidatura de Bolsonaro, que viria a encabeçar a chapa militar para a eleição de 2018.

À continuação, os generais conspiradores Sérgio Etchegoyen e Eduardo Villas Bôas agiram como Pinochet fez com Allende, traíram a presidente Dilma, que os nomeara para o comando do Exército, e participaram da trama golpista com o usurpador Temer para derrubá-la.

Em 2018 o Alto Comando do Exército obrigou o STF a manter a prisão ilegal do presidente Lula para retirá-lo da eleição e abrir caminho para a vitória da chapa militar no contexto de uma eleição fraudada com a eliminação do principal competidor e virtual vencedor.

Depois da derrota da chapa militar Bolsonaro/Braga Netto na eleição de 2022, as cúpulas fardadas prepararam o golpe e organizaram contingentes de extremistas e terroristas para atentarem contra a democracia, os poderes de Estado e as instituições da República.

Com destemor e a entrega da própria vida, Getúlio Vargas e Leonel Brizola lutaram sem tréguas para salvar a democracia ameaçada pelos intentos golpistas dos militares.

Em respeito à memória do gesto dramático de Getúlio e da célebre Campanha da Legalidade do Brizola, a sociedade brasileira precisa se insurgir ao acordão em andamento para livrar a responsabilidade de altos oficiais e das cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.

Anistia outra vez não! Será um erro gravíssimo. A impunidade dos fardados é uma porta aberta para a repetição de novos ataques para a destruição da democracia.

Esta é a mais favorável conjuntura para o Congresso, governo Lula, instituições e sociedade civil enfrentarem a questão militar de modo eficaz e corajoso. Desperdiçar esta oportunidade histórica significa assumir um risco que poderá ser fatal à democracia.

*** ***

Hino da Legalidade

Letra: Lara de Lemos e Demósthenes Gonzalez

Música: Paulo César Pereio

Avante brasileiros de pé

Unidos pela liberdade

Marchemos todos juntos com a bandeira

Que prega a lealdade

Avante brasileiros de pé

Unidos pela liberdade

Marchemos todos juntos com a bandeira

Que prega a lealdade

Protesta contra o tirano

Recusa a traição

Que um povo só é bem grande

Se for livre sua Nação

Avante brasileiros de pé

Unidos pela liberdade

Marchemos todos juntos com a bandeira

Que prega a lealdade

Portal do José: Uma segunda-feira quente! Generais agora aparentemente contra Bolsonaro: "capitão ladrão é indefensável!" O caso Zanin acende o alerta sobre critérios de nomeação

 

Do Portal do José

SEGUNDA COMEÇA COM notícias que vem da Caserna. Bolsonaro ainda pode ser considerado honesto por alguém nos quarteis? Furtar é um crime previsto no código Penal Militar (Art 240). Mesmo aquilo que chamamos de FURTO DE USO também é crime no CPM. Não adianta devolver. Isto posto, quem viria a público para defender um ex capitão ladrão? Sumiram todos! Mas nós não esquecemos. Zanin foi um erro de Lula ou é apenas um sintoma de que a democracia ainda precisa ser mais exercitada pelos setores de esquerda? debates sempre podem elucidar questões e evitar problemas. Sigamos.




Lula condecora padre Julio Lancellotti com medalha da Ordem do Ministério da Justiça

 

Homenagem é concedida a personalidades que tenham prestado serviços notáveis ao Ministério da Justiça ou órgãos vinculados à pasta

Lula e padre Julio Lancellotti

Lula e padre Julio Lancellotti (Foto: Ricardo Stuckert / Divulgação)

247O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condecorou o padre Julio Lancellotti com a medalha Grã-Cruz da Ordem do Mérito do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ao longo da carreira na Igreja Católica e na defesa dos direitos humanos, o padre já recebeu uma série de prêmios e reconhecimentos.

A medalha é concedida a pessoas que tenham prestado serviços notáveis ao Ministério da Justiça ou órgãos vinculados à pasta.  A medida foi publicada por meio de decreto na edição do Diário Oficial da União desta terça-feira (29).

Conhecido pelo trabalho em defesa dos direitos humanos e das pessoas em situação de rua, padre Julio Lancellotti é o atual coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, no bairro da Mooca, local que obteve expressiva votação em Jair Bolsonaro. E foi um extremista que ameaçou o religioso durante o final de semana, deixando um bilhete na paróquia com mensagens de ódio. A polícia investiga o caso.


quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Portal do José: ESCÂNDALO! Aras flagrado em contato com empresários golpistas de Bolsonaro! PF atrás de Renan, o filho 04.

 

Do Portal do José:

24/08/23 - AS FILAS ESTÃO CRESCENDO. HOJE A POLÍCIA FEDERAL FOI ATRÁS DE JAIR RENAN. O FILHO ENJEITADO DE BOLSONARO COMEÇA A SOFRER AS CONSEQUÊNCIAS DE SER MEMBRO DO CLÃ CRIMINOSO. INACREDITÁVEL! LADRÃO QUER AS JOIAS DE VOLTA! SIGAMOS.



Agusto Aras tentou barrar inquérito após mensagens do empresário Meyer Nigri, ligado a Bolsonaro e divulgador das fake news golpistas deste

 

Do UOL:

O Procurador-Geral da República Augusto Aras foi acionado pelo empresário Meyer Nigri, da construtora Tecnisa, na investigação envolvendo o encaminhamento de conteúdos golpistas, conta o colunista Aguirre Talento



Portal do José: Mais uma vez diante da exposição de indícios de abusos e de crimes, Bolsonaro é "internado"... Moraes, contudo, explode estratégia da ORCRIM da extrema direita... E a "grande mídia" diante da inocência declarada pelo TRF-1 de Dilma Rousseff, vítima de um golpimpeachment midiático-elitista-militar-parlamentar?

 

Do Portal do José:




A hipocrisia golpista jurídico-parlamentar-militar sobre as inexistentes pedaladas, o crime que não houve mas foi o pretextos para derrubar Dilma Rousseff abrindo caminho para o fascismo bolsonarista antecipado por Temer, por Luís Nassif

 

Do Jornal GGN:

Não é preciso detalhar o mundo de negócios escusos que se seguiu ao impeachment, a eleição de um alucinado defensor da tortura (Bolsonaro).

A hipocrisia sobre as pedaladas, o crime que não houve, por Luís Nassif







Não é preciso detalhar o mundo de negócios escusos que se seguiu ao impeachment, a eleição de um alucinado defensor da tortura.

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Kennedy Alencar cobra autocrítica dos jornalistas que apoiaram o golpe de estado de 2016 que derrubaram uma presidente honesta e puseram Temer que abriu caminho aos caos fascistóide de Bolsonaro

 Jornalista se manifestou após a decisão do TRF-1 sobre a farsa das "pedaladas fiscais"

Jornalista Kennedy Alencar

Jornalista Kennedy Alencar (Foto: Editora 247)

247 – O jornalista Kennedy Alencar cobrou autocrítica dos jornalistas que ajudaram a propagar a farsa das "pedaladas fiscais" e contribuíram para o golpe de estado de 2016, contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Confira e saiba mais:

TRF-1 mantém decisão que isenta Dilma, Mantega e Luciano Coutinho das “pedaladas fiscais” e exclui Ação de Improbidade Administrativa

A Corte do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) manteve na tarde de hoje (21/08) a sentença que excluiu a Ação de Improbidade Administrativa que investigava as supostas “pedaladas fiscais” atribuídas a ex-presidenta da República, Dilma Rousseff, ao ex-Ministro da Fazenda, Guido Mantega, e ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Desta forma, os desembargadores e desembargadoras rejeitaram a apelação do Ministério Público Federal. 

A decisão aplicou ao caso a recente interpretação dada pelo STF à Lei de Improbidade Administrativa (LIA), passando a exigir a comprovação de responsabilidade subjetiva para a tipificação dos atos de improbidade administrativa, sendo necessário nos artigos 9º, 10 e 11 da LIA a presença do elemento subjetivo dolo. “A Justiça Federal se mostrou atenta à regularidade dos repasses realizados aos bancos, que tiveram como objetivo impulsionar e recuperar a economia nacional. A decisão reconhece a ausência de dolo na atuação dos gestores públicos, chancelando, em linhas gerais, o recente posicionamento do Supremo quanto à necessidade de se comprovar a presença do elemento subjetivo para que ocorra a responsabilização por meio da Lei de Improbidade Administrativa”, explica o advogado Angelo Ferraro do escritório Ferraro, Rocha e Novaes Advogados e que representa o ex-ministro Guido Mantega.

Ainda de acordo com os advogados Miguel Novaes e Sthefani Rocha, que também representam o ex-ministro Guido Mantega, “a sentença se divide em dois fundamentos: o primeiro consiste na impossibilidade de se atribuir improbidade administrativa a Dilma Rousseff e Guido Mantega em relação a atos praticados no decorrer de seus respectivos mandatos e, em segundo lugar, aponta a inexistência de dolo nas ações investigadas na Ação de Improbidade”.

Histórico 

A Ação de Improbidade Administrativa foi apresentada pelo Ministério Público Federal, em dezembro de 2018, em razão da prática daquilo que classificou como suposta “maquiagem das estatísticas fiscais com evidente propósito de melhorar a percepção da performance governamental e ocultar uma crise fiscal e econômica iminente”.

As defesas da ex-presidenta Dilma, de Guido Mantega e Luciano Coutinho pediram a prescrição da Ação de Improbidade Administrativa pois o MPF ajuizou em sequência a Ação Penal nº 1000404-87.2019.4.01.3400, que tratava “das ilicitudes cometidas no contexto das assim chamadas ‘pedaladas fiscais’, praticadas por agentes públicos do alto escalão do Governo Federal nos últimos anos do primeiro mandato da Presidente Dilma Rousseff, especialmente no exercício de 2014”. Isto é, o mesmo escopo da Ação de Improbidade nos termos da jurisprudência do STJ e do TRF-1.

O consumismo põe em risco a vida na Terra, por Leonardo Boff

 

O consumismo se caracteriza pela aquisição de bens e serviços supérfluos, não necessários para a vida, em vista do ganho econômico.


O consumismo põe em risco a vida na Terra

por Leonardo Boff

Considerando a história humana constatamos que a fome foi,por séculos, um problema permanente.  Por não termos, à diferença dos animais, nenhum órgão especializado que garantisse nossa subsistência,logo no início surgiu a urgência de buscar o necessário para matar a fome,seja extraindo o alimento diretamente da natureza,seja conquistando-o pelo trabalho. A grande virada se deu por volta de 10 mil anos atrás com a introdução da agricultura de irrigação. Ao longo dos grandes rios do Oriente Médio,do Egito,da Índia e da China começou-se a usar a irrigação para produzir mais produtos a par de domesticar animais como a galinha, o porco, a ovelha e a cabra. Produziu-se o excedente que eliminava a fome. Simultaneamente, é preciso dizer, surgiu a guerra, pois os exércitos levavam comida suficiente para enfrentar o inimigo, como por exemplo, entre os impérios mesopotâmicos e o  Egito, as potências políticas da época.

Tudo mudou com o advento da era industrial nos séculos XVII e XVIII em diante até os dias de hoje. Começou a produção em massa com a possibilidade de atender as demandas humanas. Ocorre que esse desenvolvimento técnico-científico se operou no quadro do capitalismo. Nele desde seu início se estabeleceu a divisão entre o proprietário, possuidor de terras e meios de produção e o trabalhador apenas detentor de sua força de trabalho.Essa cisão foi ao longo do tempo se exacerbando a ponto de nos dias atuais os donos das riquezas naturais e tecnológicas controlarem o sistema econômico globalizado com imensa desvantagem para os assalariados, deixando milhões e milhões sem acesso aos bens fundamentais da vida.

Essa situação se agravou com a assim chamada “Grande Transformação” pela qual uma economia de mercado se transformou numa sociedade só de mercado.Tudo virou mercadoria desde órgãos humanos, saberes, a verdade, a notícia etc.

A lógica capitalista é de fazer lucro com tudo, mediante a exploração ilimitada dos bens e serviços da natureza, através de uma feroz competição entre todos os que estão do mercado, supostamente livre e uma acumulação individual ou corporativa que compete com o estado na gestão da coisa pública.

A produção procura obviamente atender demandas humanas de alimentação e subsistência, desde que tal processo seja lucrativo. A própria produção é levada ao mercado e ganha seu preço no jogo da concorrência, sem o cuidado para com os recursos naturais e a contaminação do meio ambiente (considerada uma externalidade a ser resolvida pelo estado). Como se trata de gerar riqueza ilimitada começou-se produzir produtos não necessários para a vida mas importantes para fazer dinheiro.

Assim junto com o consumo necessário, surgiu o consumismo. O consumismo se caracteriza pela aquisição de bens e serviços supérfluos, não necessários para a vida, em vista do ganho econômico.  Grande parte da produção se destina na produção de tais supérfluos gestando o consumismo principalmente das classes ricas mas também da própria sociedade. Para estimulá-lo usa-se a propaganda, as imagens falantes, os quadros sedutores, as músicas, os youtubes, os filmes bem orientados, para levar às pessoas a consumirem tal e tal produto. Não interessam os cidadãos nem seu nível de consciência, menos ainda seus problemas existenciais. Interessa que sejam consumidores.

O fato é que se criou a cultura do capital. Grande parte dos produtos (tv,carros,eletrodomésticos,roupas, tênis e infinitos outros itens) caem sob a obsolecência, feitos para durar por determinado tempo,obrigando o consumidor a substituí-los, comprar e consumir.

Praticamente todos somos reféns da cultura do capital,obrigando-nos a trocar de tempos em tempos os produtos,ou porque ficaram obsoletos como um computador ou pela absolecência geral. Sabemos da  força intrínseca de uma cultura que nos entra por todos os poros e naturaliza o estilo de vida. Como é difícil e longo o processo de sua superação por outra. É a cultura consumista  que continuamente renova e prolonga a perpetuidade do capitalismo.

Entretanto,nos últimos anos nos temos confrontado com os limites da Terra. Um planeta limitado não tolera um consumismo ilimitado. Já agora necessitamos de mais de uma Terra para atender o consumo de 8 bilhões de pessoas e o consumismo de fausto e de luxo das classes opulentas.

Demo-nos conta do assim chamado Dia da Sobrecarga da Terra (em inglês The Earth Overshoot Day). Cada ano os organismos que estudam a sustentabilidade do planeta, nos oferecem os dados. Neste no de 2023 foi identificado no dia 2 de agosto. Isto significa que neste dia, os bens e serviços naturais, essenciais e renováveis para a nossa existência, conheceram o fundo do poço. Logicamente, as árvores, o ar, os solos e as águas estão ai. Mas todos eles cada vez mais minguados, poluídos e  insustentáveis.

A Terra,um Super Ente sistêmico e vivo, ao não nos dar o que lhe exigimos, responde com mais aquecimento,com mais eventos extremos,com mais dizimação da biodiversidade e mais vírus danosos e até letais. A relação toda se define na articulação entre biocapacidade e a pegada ecológica. A biocapacidade significa a capacidade da natureza de ter resiliência e de se auto-regenerar.A pegada ecológica nos indica o quanto de biocapacidade aquenta aquela região ou país. Quanto mais complexa é a região, com cidades, população e indústrias tanto mais recursos naturais demanda.

Nesse momento,tão grave quanto o aumento do aquecimento global, é a rápida Sobrecarga da Terra. Nosso estilo de vida está esgotando o estoque de bens e serviços necessários para a vida, Urge mudar nosso estilo de consumo sendo sóbrio, solidário e autolimitado.XI Jinping propôs para toda a China o ideal de uma “sociedade suficientemente abastecida”. Devemos aprender a viver com o suficiente e o decente, diminuir o consumo de energia e buscar meios de transporte alternativos e menos poluentes.

Se não fizermos este acordo entre todos, nossa existência nesse planeta será miserável e até impossível.

Leonardo Boff é filósofo e ecoteólogo. Autor, entre outros livros, de Francisco de Assis: ternura e vigor (Vozes). Escreveu também: Sustentabilidade: o que é e o que não é, Vozes 2012.