"Tenho para mim que muito da dramática realidade social que estamos vivenciando decorre de um sórdido “trabalho”, sistemático e permanente, da grande imprensa no sentido de despolitizar o cidadão brasileiro." - Jurista Afrânio da Silva Jardim
William Bonner e Renata Vasconcellos no Jornal Nacional da Globo: eles dão a sua contribuição. Foto: Divulgação/Twitter
Tenho para mim que muito da dramática realidade social que estamos vivenciando decorre de um sórdido “trabalho”, sistemático e permanente, da grande imprensa no sentido de despolitizar o cidadão brasileiro.
A mídia empresarial criou, na opinião pública, a falsa crença de que a política é “coisa” perversa e que todos os políticos são corruptos ou incompetentes.
Parece que parte do Poder Judiciário e parte do Ministério Público também restaram “seduzidos” por esta falácia …
Ministério Púbico e Poder Judiciário estão criminalizando a política, fingindo desconhecer que era lícito o financiamento empresarial das campanhas políticas. Quaisquer atividades legislativas ou administrativas que vieram a beneficiar determinado segmento empresarial, eles tipificam como crime de corrupção passiva, sem um nexo de causalidade mais próximo e bem definido com a doações anteriores.
A Política e o Direito operam em patamares morais distintos. O Direito não se confunde com a moral. O Direito há de estar positivado nas normas jurídicas, enquanto a moral está na mente das pessoas.
A má-fé é patente, pois estas empresas de comunicação sabem muito bem que não há país no mundo sem governo e não há governo sem política. Não há como liderar sequer um grupo social sem negociar com apoiadores e adversários. Tudo em sociedade é regido pela política !!!
O resultado desta desinformação é gritante. As pessoas se mostram contraditórias, pois não têm condições de compreender corretamente os acontecimentos econômicos, políticos, jurídicos e sociais.
Tudo isso cria, na população, uma postura de total alienação ideológica, um falso moralismo e um nacionalismo exacerbado, campos ideais para a fertilização do fascismo. O fundamentalismo religioso também é um grande auxiliar do obscurantismo.
Não é por outro motivo que o novo governo – de extrema direita – já está atacando a educação formal, mormente aquele conhecimento produzido na academia, nas universidades. Estes são um importante campo de resistência ao fascismo.
O futuro presidente do Brasil bem representa estas posturas totalitárias e conservadoras. Seu grupo político faz política dizendo que não são políticos ou vão governar sem fazer política, como se isso fosse possível. Eles são um contradição em si mesmo … Fazem política ao dizer que não são políticos, ao dizer que não fazem política …
O grupo político do tosco capitão é truculento e é composto de pessoas intolerantes, despreparadas. Isto agradou aos seus eleitores, que apreciam a ignorância e soluções simplistas para problemas complexos. Continuam com os velhos e desgastados bordões: defesa da família e de falsos valores religiosos, combate à corrupção e ao comunismo (que sequer sabem o seu real significado) !!!
São moralistas hipócritas (cadê o motorista-assessor Queiroz?) e agem em desacordo com os princípios cristãos. Seriam cristãos pregando o contrário do que pregou Jesus de Nazareth.
Não pode existir a menor dúvida de que Jesus não votaria em um candidato que disse ser favorável à tortura de seres humanos e do extermínio de seus adversários ideológicos. Jesus estaria gritando “ele não” !!!
O momento é perigoso e estamos correndo algum risco de cairmos no obscurantismo e em alguma espécie de “terror social”, com perseguição e extermínio de minorias.
Desta forma, temos de, incessantemente, criar uma espécie de “corrente de esclarecimento” à população menos informada.
Precisamos criar, também, uma estrutura mínima que permita que troquemos informações e receba denúncias de violações a nossos direitos para dar publicidade a eles.
Por derradeiro, acho que temos de alertar, a todos e permanentemente, sobre o perigo do fascismo em nosso meio social. Enfim, DEMOCRACIA NELES !!!.
Importante notar que a legítima defesa exclui a ilicitude de reações necessárias e urgentes. Dispõe o Código Penal: “Artigo 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”
Dentro do nosso ordenamento jurídico, vamos resistir em todas esferas. Os melhores valores, cunhados por um lento e doloroso processo civilizatório, não podem sucumbir diante de um obscurantismo cultural e de truculências fascistas. Resistir, é preciso !!!
.x.x.x.x.x.
Afranio Silva Jardim, professor associado de Processual Penal da Uerj.
"Quanto ao estado policial (autoritário e repressivo), se implantará sem lançamento oficial. Será gradativo, com cada medida sendo naturalizada pela opinião pública, minimizada pelo Supremo, como, aliás, têm sido a regra desde a campanha do impeachment."
Na descrição da jornalista Elizabeth Drew, lotada em Washington, Donald Trump é “um presidente dos Estados Unidos que desdenha a opinião de especialistas, é impulsivo, mentiroso, não muito inteligente, perturbado, desinformado, indeciso, incompetente, destemperado, corrupto e um negociador pobre (conforme) ficou irrefutavelmente claro nos últimos dias”.
No entanto, imaginava-se que seria domado pelo “sistema”, as instituições que integram a maior democracia do planeta, que suas extravagâncias não mexeriam com a economia e os mercados.
Ledo engano!
Fato 1 - a interferência na Defesa
No dia 19 de dezembro, pelo Twitter, Trump informou que o EIIL (Estado Islâmico do Iraque e da Siria) havia sido derrotado e os Estados Unidos retirariam suas tropas da Síria. Anunciou também a retirada de metade das tropas do Afeganistão, no meio de negociações com os talibãs.
Não consultou países e grupos aliados, não informou previamente as lideranças republicanas no Congresso. Consultas prévias são essenciais para corrigir caminhos, levantar consequências e montar estratégias de implementação.
Estrategicamente, a medida foi considerada um desastre diplomático e estratégico. Os curdos foram deixados à mercê da Turquia e o poder na Síria se consolidou nas mãos de Bashar al-Assad, aliado da Rússia e do Irã. Não por coincidência, as duas únicas personalidades a saudar a medida por Recep Tayyip Erdoğan, da Turquia, e Vladimir Putin, da Rússia.
As reações foram imediatas. No Senado, houve o protesto da senadora Lindsey Graham, em geral aliada de Trump. O Secretário de Defesa James Mattis, tido como única barreira aos impulsos de Trump, pediu demissão. Na lista de queixas, um diagnóstico arrasador dos desastres que uma diplomacia sem rumo pode provocar. Trump demonstrou confusão para identificar aliados e adversários, passou aos aliados sinais fortes que não poderiam confiar no apoio americano, esgarçou as alianças com a OTAN (Organização do Tratado do Atlêncito Norte).
A saída de Mattis provocou reações imediatas no Partido Republicano, conforme alerta do líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, que viu o governo Trump despido de qualquer barreira de proteção contra suas bolsonarices.
Fato 2 - o muro separando o México
Trump fez campanha defendendo a construção de um muro separando os EUA do México, para impedir a imigração ilegal. A proposta tornou-se impopular para o público. Em reunião televisionada na Casa Branca, os democratas jogaram uma casca de banana e Trump escorregou direto: para não abrir mão da rude franqueza sem-noção, declarou que ficaria “orgulhoso” de paralisar o governo, caso o Congresso não liberasse parte das verbas para a construção do muro.
Pouco antes do Natal, foram suspensos os salários de centenas de milhares de trabalhadores federais.
Fato 3 - a disputa com o FED
Junto com a paralisação da administração, veio o humor de que Trump planejava demitir Jerome Powell, presidente do FED. O desconforto do mercado obrigou o Secretário do Tesouro Steven Mnuchin a uma desmentido público.
Até então, o mercado acreditava que Trump latia, mas não mordia.
Fator 4 - as disputas com a China
A radicalização da guerra comercial contra a China, ameaçando a globalização e as cadeias de suprimentos globais, especialmente no setor de tecnologia, espalhou o pânico, radicalizando os receios de ampliação da crise global.
Segundo Nouriel Roubini - o economista que previu o crash de 2008 - hoje em dia o mercado enxerga Trump como o Dr. Strangelove, o personagem do filme de Stanley Kubrick.
Conclusão
Nos processos democráticos, há dois momentos distintos. Um, o das eleições, nas quais o eleitor se manifesta. A outra, no exercício do poder, restrito ao que o próprio Trump chama de “sistema”: o Congresso, a Suprema Corte, o sistema de Defesa, o Departamento de Estado, o mercado e a grande mídia sendo a síntese dos julgamentos de imagem que acompanham toda gestão.
Ou seja, as redes sociais ajudam a construir imagens junto ao povão; mas no exercício do poder valem as regras de conduta aceitas pelo “sistema”.
Peça 2 - as trumpices de Bolsonaro
Se Steve Bannon não assessorou pessoalmente Jair Bolsonaro, nas últimas campanhas, estamos diante de um milagre superior aos feitos de João de Deus. Não apenas o uso das redes sociais, a geração de fakenews, mas as denúncias contra supostas manipulações na apuração, a criminalização dos adversários, o estímulo à violência, a disseminação do preconceito por gays, imigrantes, “vermelhos”, e um fanatismo religioso de talibã.
Os riscos do estilo Trump para uma democracia madura, como os Estados Unidos, servem de alerta a qualquer setor racional do sistema de poder brasileiro. E, em relação, ao “sistema”, há diferenças essenciais entre os Estados Unidos de Donald Trump e o Brasil e Jair Bolsonaro.
Há dois momentos na política: nas eleições, manifesta-se o povo; no governo, manifesta-se o “sistema”.
No caso brasileiro atual, há um enorme fator de desequilíbrio no “sistema”: o poder militar que emergiu com a falência do poder civil e que tem se constituído, até agora, no eixo mais racional da troupe Bolsonaro.
O STF (Supremo Tribunal Federal) perdeu a capacidade de mediação. No momento em que o presidente Dias Toffoli trouxe um militar como assessor, formalizou definitivamente a irrelevância do STF, como defensor da Constituição e agente de mediação.
O Congresso poderá ser subjugado pelo estado policial que está a caminho, comandado pelo futuro Ministro da Justiça Sérgio Moro.
O empenho com que a própria Procuradoria Geral da República vazou delações contra Renan Calheiros, candidato a presidente do Senado, e o papel solícito do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro em relação ao motorista dos Bolsonaro, são indícios do envolvimento político do ministério público.
Peça 3 - A volta dos porões
Há um enigma no ar, que é o papel a ser desempenhado pelos porões.
O documentário anônimo sobre o atentado a Jair Bolsonaro é perturbador. Nele, são identificadas pessoas que gravitam no entorno de Adélio durante a primeira tentativa e a segunda, logo depois. Em alguns momentos, parece até que montam uma barreira no meio do povo, para facilitar a aproximação de Adélio. E, quando ocorrer o atentado, correm a montar um cordão de proteção para impedir o linchamento do autor.
São indícios, mas que merecem atenção, assim como a pressa no deputado-delegado Francesquini em impedir entrevistas, ou a prontidão de quatro advogados assistindo Adélio logo após o atentado. E, mesmo, seu isolamento total depois do atentado.
É difícil que o atentado não tenha ocorrido. Não seria possível cooptar médicos da Santa Casa de Juiz de Fora e dos hospitais Albert Einstein e Sirio Libanês. Mas a hipótese de ter sido um conluio, e não a ação individual de um desvairado, não deve ser descartada. Havia dois desfechos possíveis no atentado: um ferimento superficial ou um ferimento fatal. Em qualquer hipótese, o bolsonarismo sairia vencedor, com Jair ou sem Jair. Aliás, é só conferir a desenvoltura com o que o candidato a vice-presidente, general Hamilton Mourão, assumiu as rédeas da campanha.
É difícil que Mourão tenha participado de um jogo desses. Mas, e se fosse um grupo dos porões, que enxergasse no atentado a possibilidade de um presidente militar puro-sangue?
Os ataques terroristas
Seja o que for, há muito mais coisas no ar do que aviões de carreira. Já é antiga a insistência em encontrar células terroristas no Brasil, como álibi para a implantação de uma intervenção maior nas instituições.
A primeira tentativa foi o do então Ministro Alexandre de Moraes, armando um banzé em torno do episódios do grupo radical de Facebook - um bando de malucos, mas sem nenhum indício de que estariam planejando ações concretas.
Depois, a criação indiscriminada de operações nos estados com as forças nacionais, a indicação de um general da reserva, radical, para comandar o GSI (Gabinete de Segurança Interna), o decreto estendendo o conceito de segurança nacional para todos os cantos.
Agora, surge essa história da ameaça terrorista, e do manifesto pirado divulgado por um portal de Brasília, de autoria de um suposto grupo terrorista de ativistas da natureza, anunciando ações terroristas contra o governo Bolsonaro.
Não se tenha dúvidas de que as sementes que começaram a ser plantadas no início do governo Temer, para abrir espaço para uma intervenção militar, continuam sendo fartamente regadas. Não há nenhum álibi mais efetivo do que ameaças terroristas.
O polianismo
Tem-se o primeiro caso da história republicana, de governo religioso, com todos os riscos já conhecidos nesse embricamento do fundamentalismo religioso com o Estado. Há ameaças de formação de um estado policialesco. O futuro presidente cria problemas diplomáticos graves por motivos religiosos e ameaça liquidar com os inimigos. O clima de macartismo espalha-se por todo o país.
Mas, para o diáfano Ministro Luís Roberto Barroso, do STF, todos esses sintomas constituem “a nova ordem que procura nascer e reflete a imensa demanda que se desenvolveu na sociedade brasileira por integridade, idealismo e patriotismo. Estamos procurando mudar paradigmas inaceitáveis e empurrar a história na direção certa”.
Afinal, como diz o Ministro Ernesto Ataujo, das Relações Exteriores, amigo de fé e de esperança. “No Brasil (pelo menos), o nacionalismo tornou-se o veículo da fé, a fé tornou-se a catalisadora do nacionalismo, e ambos desencadearam uma estimulante onda de liberdade e de novas possibilidades. Deus está de volta, e a nação está de volta: uma nação com Deus; Deus através da nação."
Peça 4 - os próximos passos
Os episódios recentes reforçam o cenário dos últimos Xadrezes.
1. O poder de fato está com o general Augusto Heleno, que tem ascendência sobre Bolsonaro e família, e sobre o eixo militar do governo.
2. A família Bolsonaro continuará ativista do fundamentalismo religioso do governo. E será cada vez mais fator de turbulências. Nem o episódio do motorista ajudou a refrear a ânsia de protagonismo da família. A eventual queda de Bolsonaro significaria a ascensão do general Hamilton Mourão. Por isso mesmo, a hipótese mais provável será, no próximo escândalo de vulto, o afastamento dos filhos do centro de poder. Sem os filhos, Bolsonaro se tornaria apenas a imagem do seu governo.
3. Também aumentarão os embates entre o núcleo Bolsonaro - liderado por Augusto Heleno - e o vice-presidente Mourão, que é um verborrágico incontrolável. Até agora Mourão não desceu do palanque do clube militar.
Um desenho mais claro do governo se terá a partir dos próximos dias, quando forem anunciadas as metas de cada ministério. Aí será possível avaliar a compatibilidade entre o plano de infraestrutura - aparentemente bem desenhado - e as limitações das políticas restritivas a serem implementadas por Paulo Guedes.
Quanto ao estado policial, se implantará sem lançamento oficial. Será gradativo, com cada medida sendo naturalizada pela opinião pública, minimizada pelo Supremo, como, aliás, têm sido a regra desde a campanha do impeachment.
Ao terminar de assistir “A Facada no Mito” quero dizer que ficou abalada a minha convicção inicial de que era impossível o atentado a Bolsonaro ter sido uma armação
A partir de uma matéria originalmente publicada na Rede Brasil Atual cai no canal do YouTube “True or Not” que foi criado apenas para divulgar o documentário anônimo “A Facada no Mito”. A primeira impressão é de que assistiria a um vídeo amador mal feito e que não mereceria qualquer credibilidade. Vamos dizer que há meia verdade na minha primeira impressão.
O documentário é de fato amador, provavelmente feito por pessoas sem formação em audiovisual ou jornalismo. Não é narrado. É baseado em imagens do dia do atentado a Bolsonaro, acompanhado de música e textos que questionam o que de fato aconteceu.
A questão é que mesmo sendo totalmente amador, o vídeo conduz quem assiste a uma série de dúvidas sobre o tal atentado e merece ser tratado como um novo objeto nas investigações acerca do que ocorreu naquele 6 de setembro.
Sua tese central é de que o atentado foi uma grande armação. Muita gente já achava isso naqueles dias. E o jornalista que escreve nunca deu bola para essa suspeita, entre outras coisas, porque fabricar um atentado envolvendo hospitais não me parece algo possível.
Ainda acho a hipótese muito improvável, mas ao terminar de assistir “A Facada no Mito” quero dizer que minha convicção inicial ficou abalada. E que a partir de agora considero importante que a sociedade tenha respondida uma série de questões realizadas pelo documentário.
Porque entre outras coisas, o vídeo mostra cenas de uma primeira tentativa de ataque de Adélio Bispo que teria sido assistida por vários dos seguranças de Bolsonaro. E que teria ocorrido após uma contagem regressiva de um deles com os dedos de uma das mãos que começa cheia, com cinco dedos e vai diminuindo um a um até chegar no zero. Momento em que Adélio parte para o ataque.
Essas pessoas que estão o tempo todo próximas a Adélio são marcadas em atos suspeitos no vídeo e parecem de fato terem agido em conjunto com ele. No momento da segunda tentativa de agressão, que foi a que teria ferido Bolsonaro, são elas que prendem Adélio e a protegem de ser agredido e morto ali no local da ação.
Além de mostrar um a um esses supostos envolvidos, o vídeo também aponta contradições em relação ao ferimento e à faca que foi apontada como a usada. E defende a tese de que o instrumento utilizado não seria o apresentado, mas sim um “folding Knife”, uma faca dobrável. E que por isso não há sangue no ferimento, já que a facada não teria ocorrido.
Os argumentos e as cenas apresentadas por incrível que possa parecer fazem muito sentido. Mas não explicam algo fundamental, se o evento foi produzido com tanta gente envolvida por que até agora a armação não veio à tona?
De qualquer maneira, há uma outra questão que o documentário chama atenção e que não havia sido tratada com importância devida.
No dia do atentado um fotógrafo do jornal Tribuna de Juiz de Fora, Felipe Couri, estava produzindo imagens. No exato momento em que Bolsonaro é atacado ele teve sua atenção desviada e não conseguiu fazer a foto que provavelmente o levaria a ganhar prêmios de jornalismo, mas mesmo assim foi retirado do local por um segurança de Bolsonaro de forma agressiva.
O jornal Tribuna de Juiz de Fora registrou o fato da seguinte forma:
É imprescindível que a Polícia Federal responda as questões apresentadas no vídeo. E que as pessoas citadas como parte da ação de Adélio Bispo venham a público dizer o que ocorreu naqueles minutos entre o primeiro ataque, o segundo ataque e a prisão do esfaqueador.
Sem essas respostas, o atentado a Bolsonaro entra para o rol daqueles eventos em que a gente nunca sabe direito se ocorreu da forma como se diz.
O autoritarismo e o elitismo dos poderosos não toleraram discursos e práticas de valorização da pessoa humana e das minorias.... A mesma mentalidade persecutória e elitista matou Jesus, encarcerou e depois estimulou a execução de Gandhi, assassinou Martin Luther King e Chico Mendes.... Mas eles ajudaram a mudar o mundo.... pela resistência à opressão.... Façamos nossa parte a partir de seus exemplos... Assistam o vídeo abaixo do pastor progressista Henrique Vieira e boas reflexões... Carlos Antonio Fragoso Guimarães
Os discursos e as posições de Bolsonaro são incompatíveis com os ensinamentos de Jesus. Com integridade e coragem, é preciso ter posição. Falas que estimulam o ódio não tem base no Evangelho. Vamos refletir! (Mídia Ninja)
7 ONGs apoiadas pela sociedade civil dos EUA assinam a declaração publicada em Nova York na tarde desta quinta-feira, 27/12, em português e em inglês. Foto: Defend Democracy in Brazil
Em apoio à Democracia, aos Direitos Humanos e ao Meio Ambiente no Brasil
Enquanto o Brasil se prepara para a posse de Jair Bolsonaro como presidente, nós, as organizações abaixo-assinadas, desejamos expressar nossa profunda preocupação com as posições sustentadas pelo presidente eleito, que representam uma séria ameaça à democracia, aos direitos humanos e ao meio ambiente.
Desejamos também reafirmar nosso apoio aos corajosos indivíduos e grupos no Brasil que lutam para defender os direitos e liberdades constitucionalmente protegidos em um ambiente cada vez mais desafiador.
O presidente eleito Jair Bolsonaro tem frequentemente assumido posições que estão fundamentalmente em desacordo com os valores democráticos.
Durante a campanha presidencial, ele afirmou que, se perdesse, não aceitaria os resultados das eleições.
Ele defendeu avidamente a brutal ditadura militar do Brasil (1964-1985) e argumentou que o erro do regime foi não ter matado mais pessoas.
Pouco antes do segundo turno das eleições presidenciais em outubro, ele prometeu expurgar o Brasil de ativistas de esquerda, através de exílio forçado ou prisão.
No final de outubro, ele se referiu a membros de movimentos de base como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), entre outros, como “terroristas”, gerando preocupações de que a polêmica lei de antiterrorismo doBrasil será usada para criminalizar ativistas sociais.
Perturbadoramente, dois líderes do MST foram assassinados por homens armados e encapuzados em 8 de dezembro.
Muitos temem que a retórica de ódio e ameaças de Bolsonaro esteja tornando o Brasil – que já é líder mundial em assassinatos de defensores da terra e do meio ambiente – em um lugar muito mais perigoso para ativistas.
O discurso de ódio de Bolsonaro teve como alvo numerosos grupos com lutas de longa data contra a opressão e a discriminação.
Ele afirmou que os quilombolas não estão aptos para procriação.
Ele afirmou também que se um de seus filhos fosse gay, ele preferiria que eles morressem em um acidente e que nenhum de seus filhos iria querer uma namorada negra, uma vez que são muito bem educados.
Ele fez comentários profundamente ofensivos sobre as mulheres, dizendo que ele fracassou como homem quando teve uma filha e dizendo a uma legisladora que ela não merecia ser estuprada por ele.
Ele se referiu aos migrantes como “a escória da humanidade” e se opôs a uma lei que concede direitos básicos aos imigrantes.
Para além desses abomináveis ataques verbais, estamos particularmente preocupados com uma série de propostas políticas de Bolsonaro que, se implementadas, podem infligir danos de longo alcance e duradouros às comunidades brasileiras e ao meio ambiente.
Bolsonaro ameaçou cortar salvaguardas ambientais nas áreas de proteção da Amazônia, ao mesmo tempo em que aboliria os direitos constitucionais sobre territórios indígenas, a fim de permitir a expansão de atividades destrutivas de agronegócio, extração de madeira e mineração.
Esses planos inevitavelmente provocariam danos ambientais profundos e irreversíveis, destruindo comunidades e culturas indígenas e desencadeando violentos conflitos por terra.
Também é esperado que eles possam prejudicar significativamente os esforços globais para combater a mudança climática.
Em resposta aos crescentes níveis de crimes violentos, Bolsonaro manifestou apoio às execuções extrajudiciais cometidas pela polícia em bairros pobres, os quais já experenciam desproporcionalmente as mais altas taxas de homicídios historicamente registradas no país.
Ele afirmou que, se um policial “mata 10, 15 ou 20 [suspeitos] com 10 ou 30 balas cada, ele precisa ganhar uma medalha e não ser processado”.
Afirmou ainda que criminosos não têm “direitos humanos” e indicou que expandirá a militarização em todo o Brasil para combater o crime.
Na frente institucional, Bolsonaro anunciou que sua administração eliminará o Ministério do Trabalho e o Ministério dos Direitos Humanos.
Esses planos geram temores de que o futuro governo tentará minar os esforços para proteger os direitos dos trabalhadores e outros direitos humanos.
Estamos alarmados com essas e outras posições preocupantes adotadas por Bolsonaro e seus aliados mais próximos, e iremos acompanhar de perto as ações do futuro governo nos próximos meses.
Nós nos pronunciaremos contra a retórica de ódio e atos de violência, intimidação ou perseguição contra as comunidades e os defensores da sociedade civil, os quais Bolsonaro classificou como “inimigos” ou “terroristas”.
Nós vamos expor os facilitadores internacionais da agenda destrutiva de Bolsonaro.
E vamos apoiar àqueles no Brasil que se opõem ao autoritarismo e continuam a defender a democracia e os direitos básicos de todos os habitantes do país.
Amazon Watch
AFL-CIO
Friends of the Earth USA
Center for International Policy
Grassroots International
The Brazil Studies Association (BRASA)
Women’s International League for Peace and FreedomWashington Office on Latin America
Center for Economic and Policy Research
Latin America Working Group Education Fund
The National Network for Democracy in Brazil
Global Witness
Due Process of Law Foundation
Center for International Environmental Law (CIEL)
Brazilians for Democracy and Social Justice in Washington, DC Just Associates (JASS)
International Labor Rights Forum (ILRF)
Coalition of Black Trade Unionists
Foundation Earth
Defend Democracy in Brazil Committee – New York
Village Rights International
Friends of the MST (US)
Code Pink
Stand
The Oakland Institute
Retail, Wholesale and Department Store Union
Cultural Survival
Global Justice Ecology Project
United Steelworkers (USW)
National Family Farm Coalition
Environmental Justice League of Rhode Island (EJLRI)
GreenRoots
Grassroots Global Justice Alliance
Sunflower Alliance
Farmworker Association of Florida
Rainforest Action Network
Renewable Freedom Foundation
Iowa Citizens for Community Improvement Conference of Major Superiors of Men
"O Brasil tornou-se um território de experimentação neoliberal e o campo progressista terá de unir para tentar conter os enormes retrocessos que se desenham no horizonte. Esta é a avaliação do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, um dos mais lúcidos, ativos e influentes intelectuais em atividade."
O Brasil tornou-se um território de experimentação neoliberal e o campo progressista terá de unir para tentar conter os enormes retrocessos que se desenham no horizonte. Esta é a avaliação do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, um dos mais lúcidos, ativos e influentes intelectuais em atividade.
O acadêmico foi o convidado do Direto da Redação de CartaCapital, que sempre às quintas-feiras recebe convidados para debater temas da atualidade. Sousa Santos passou por São Paulo, após um périplo de quase um mês por outras cidades brasileiras, para lançar um novo livro, “Na oficina do sociólogo artesão”, editado pela Cortez.
“No Brasil, nesse momento, é difícil que a gente se deixe de surpreender”, afirmou o sociólogo a respeito da eleição de Jair Bolsonaro. Sousa Santos não acredita, porém, que o atual ciclo, de ascensão da extrema-direita, esteja concluído. Ele cita os protestos dos “coletes amarelos” contra o governo do francês Emmanuel Macron, “eleito sob grandes expectativas”, mas que atravessa uma fase de baixíssima popularidade.
Sobre a possibilidade de formação de uma frente progressista no Brasil, a reunir as principais forças de oposição, ele não vê alternativa. “Seria ótima uma união das esquerdas brasileiros, para começo de conversa”.
Para tanto, seria preciso retomar o trabalho de base e o diálogo com as classes populares. “Houve a ilusão de que as conquistas do campo progressista seriam irreversíveis”.