Não são do Centrão os partidos mais perigosos, pois o Centrão é venal, mas dialogável, são, sim, os partidos ilegais (como o insidioso partido militar).
É a direita golpista a inimiga principal da democracia
por Francisco Celso Calmon, no Jornal GGN
A contradição política antagônica que viceja é entre o golpismo e o Estado democrático de direito.
Não são do Centrão os partidos mais perigosos, pois o Centrão é venal, mas dialogável, são, sim, os partidos ilegais.
Os partidos atentatórios à democracia social são três.
Partido dos Militares Golpistas – PMG, Partido da Imprensa Golpista – PIG e o Partido do Banco Central – PBC.
O bolsonarismo sofreu uma derrota, mas a guerra continua. Está se reorganizando, tem estratégia, e vai atentar muito contra o governo Lula e o Estado de direito.
Democracia para esses partidos é como um espantalho. Usam politicamente quando convém aos seus interesses, porém, não são ideologicamente democratas.
Quanto menos protagonismos aos militares, melhor para a democracia. As forças armadas não são polícia, nem corpo de bombeiros, nem guarda de defesa civil, tem funções precípuas constitucionais e devem obedecer à risca a Lei Maior.
Militares golpistas, terroristas e torturadores devem ser julgados pelo Judiciário civil. Admitir a possibilidade de serem julgados pelo Superior Tribunal Militar – STM, é admitir um poder paralelo dos militares, é fortalecer o PMG.
Seus crimes foram contra o Estado democrático e os direitos humanos; os delitos cometidos, segundo o código penal militar, no caso, podem ser agravantes e não os crimes principais.
O STM foi desfigurado durante a ditadura, julgou a nós civis que a combatemos, virou entulho da ditadura.
O PIG, responsável por todos os atentados golpistas ao longo da história do país, sem qualquer vezo democrata, é orientado pela matriz ideológica do capitalismo, é inimigo do Estado de Bem-estar social, e ainda no preâmbulo do governo Lula já está em oposição, especialmente no campo econômico.
É constrangedor até para quem assisti o esforço para falar asneiras dos profissionais da Globo News na seara econômica, na tentativa vã de defender a “independência” do Banco Central e os juros escorchantes.
Como profissionais do ponto eletrônico, sem liberdade de opinião, obedecem como capachos a orientação da empresa comprometida com os interesses do capital parasitário.
Perdem a dignidade profissional e mantêm os polpudos salários.
Se fizer um levantamento das opiniões e vaticínios de Miriam Leitão e do Sandeberg nestes últimos 20 anos, constatar-se-á os tiros n’águas de suas análises. Com o Gerson Camarotti e Valdo Cruz é ainda pior, risível, nem os termos econômicos dominam.
O PBC era um anseio antigo do mercado. O Banco foi criado na ditadura pelo gal. Castelo Branco, foi ganhando corpo quando Meirelles assumiu o BACEN com status de ministro e com autonomia operacional. O segundo passo foi em 2021, sob a égide do bolsonarismo nazifascista, com a Lei Complementar 179/21 de 24 de fevereiro de 2021.
Art. 1º. O Banco Central do Brasil tem por objetivo fundamental assegurar a estabilidade de preços. Parágrafo único. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental, o Banco Central do Brasil também tem por objetivos zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.
Na gestão de Campos Neto os resultados favoreceram ao capital financeiro e não ao desenvolvimento nacional, como reza este parágrafo primeiro.
A moeda está a serviço do país ou dos rentistas?
O câmbio deve estar regulado para possibilitar exportações sem encarecer as importações necessárias ao desenvolvimento do Brasil.
Qual o método? Disputar com o mercado o valor do dólar ou ter bandas, inferior e superior, que manterão o equilíbrio, e no intervalo entre elas ficar a disputa com o mercado.
Art. 11. O Presidente do Banco Central do Brasil deverá apresentar, no Senado Federal, em arguição pública, no primeiro e no segundo semestres de cada ano, relatório de inflação e relatório de estabilidade financeira, explicando as decisões tomadas no semestre anterior.
Os senadores deveriam marcar o quanto antes essa arguição pública a que a lei se refere.
Art. 8º Em até 90 (noventa) dias após a entrada em vigor desta Lei Complementar, deverão ser nomeados o Presidente e 8 (oito) Diretores do Banco Central do Brasil, cujos mandatos atenderão à seguinte escala, dispensando-se nova aprovação pelo Senado Federal para os indicados que, na ocasião, já estejam no exercício do cargo:
I – o Presidente e 2 (dois) Diretores terão mandatos até o dia 31 de dezembro de 2024
II – 2 (dois) Diretores terão mandatos até o dia 31 de dezembro de 2023;
III – 2 (dois) Diretores terão mandatos até o dia 28 de fevereiro de 2023;
IV – 2 (dois) Diretores terão mandatos até o dia 31 de dezembro de 2021.
Qual a lógica que informa essa escala?
Neste ano de 2023 seis diretores serão trocados; dois já deveriam ter sido, dois na próxima semana, e os demais no último dia do corrente ano, salvo o presidente e mais dois que encerrarão seus mandatos no final do próximo ano.
Essa escala deve ter sido feita com algum objetivo não transparente, pois não segue a boa recomendação da teoria de desenvolvimento organizacional.
Esses partidos ilegais mas reais, são golpistas por natureza e devem ser enfrentados diuturnamente no campo político-ideológico e comunicacional.
Os partidos legais e os movimentos sociais deveriam estabelecer uma estratégia comum de enfrentamento à direita golpista, inimiga estrutural da democracia.
À exceção da presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, os demais presidentes dos partidos de esquerda estão murchos, bem como os movimentos sindicais e sociais.
A retórica comum de que só o povo nas ruas garante a pauta progressista do governo Lula, não saiu ainda do uatizap.
Às ruas, povo de luta!
Francisco Celso Calmon, coordenador do canal pororoca e ex-coordenador nacional da Rede Brasil – Memória, Verdade e Justiça