Que tipo de ardência interior leva alguém a tocar fogo em si mesmo como forma de protesto político?
O desarrumado cognitivo que as fake news geram?
As falsas noções de história trazidas pelas tentativas de revisionismo?
O fundamentalismo classista/religiosista?
A incapacidade de lidar com a perda em um processo democrático?
A retirada de sentido existencial embutida na perspectiva fascista?
Segue o texto integral de Ana Cláudia Laurindo, cientista social, publicado no Repórter Nordeste:
A conta de Bolsonaro segue matando
Na sequência de protestos contra o STF e o ministro chamado de Xandão, um homem ateou fogo no próprio corpo no último dia 31, em Brasília. Saído de Botucatu, interior paulista, com o intuito de colocar em si a chama do que entendia como manifestação, e acabou lhe devorando a vida corporal, tornou-se vítima da ilusão golpista que afeta milhares, e nos desperta questionamentos.
Que tipo de ardência interior leva alguém a tocar fogo em si mesmo como forma de protesto político?
O desarrumado cognitivo que as fake news geram?
As falsas noções de história trazidas pelas tentativas de revisionismo?
O fundamentalismo classista/religiosista?
A incapacidade de lidar com a perda em um processo democrático?
A retirada de sentido existencial embutida na perspectiva fascista?
Muito antes de enveredar pelas explicações meramente psicológicas, as lentes da análise precisam considerar o alimento massivo da ideologia bolsonarista, que ainda que seja negada em sua etimologia por esperançosos linguistas, se mostra forte ponto de coalizão de anti-valores com capacidade de mobilizar pessoas.
Um homem jovem, padrão de modelo bolsonarista infligiu a si mesmo as ardências das chamas, mas não o fez de qualquer modo.
Ao ato que julgamos insano, agregou suas interpretações de ditaduras e justiçamentos, anexando nomes plenos de simbologias para ambos os lados das forças que oprimiam seu psiquismo, por interpretar o ministro Alexandre de Moraes como o ditador brasileiro.
Sua maneira de afirmar a crença em dor suicida é um alerta para aqueles que ainda desejam acreditar que o mal desse tempo acabou.
Enquanto a justiça brasileira seguir frouxa com o líder nazi-fascista modelo século XXI, por considerá-lo ex-presidente, a insanidade inflamada não encontrará leito para repousar.
Por enquanto seguem as perguntas.
Mas estamos aguardando respostas.
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