terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

A conta fascista de Bolsonaro segue matando. Por Ana Cláudia Laurindo

 

Que tipo de ardência interior leva alguém a tocar fogo em si mesmo como forma de protesto político?

O desarrumado cognitivo que as fake news geram?

As falsas noções de história trazidas pelas tentativas de revisionismo?

O fundamentalismo classista/religiosista?

A incapacidade de lidar com a perda em um processo democrático?

A retirada de sentido existencial embutida na perspectiva fascista?


Segue o texto integral de Ana Cláudia Laurindo, cientista social, publicado no Repórter Nordeste:

A conta de Bolsonaro segue matando

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto.

Na sequência de protestos contra o STF e o ministro chamado de Xandão, um homem ateou fogo no próprio corpo no último dia 31, em Brasília. Saído de Botucatu, interior paulista, com o intuito de colocar em si a chama do que entendia como manifestação, e acabou lhe devorando a vida corporal, tornou-se vítima da ilusão golpista que afeta milhares, e nos desperta questionamentos.

Que tipo de ardência interior leva alguém a tocar fogo em si mesmo como forma de protesto político?

O desarrumado cognitivo que as fake news geram?

As falsas noções de história trazidas pelas tentativas de revisionismo?

O fundamentalismo classista/religiosista?

A incapacidade de lidar com a perda em um processo democrático?

A retirada de sentido existencial embutida na perspectiva fascista?

Muito antes de enveredar pelas explicações meramente psicológicas, as lentes da análise precisam considerar o alimento massivo da ideologia bolsonarista, que ainda que seja negada em sua etimologia por esperançosos linguistas, se mostra forte ponto de coalizão de anti-valores com capacidade de mobilizar pessoas.

Um homem jovem, padrão de modelo bolsonarista infligiu a si mesmo as ardências das chamas, mas não o fez de qualquer modo.

Ao ato que julgamos insano, agregou suas interpretações de ditaduras e justiçamentos, anexando nomes plenos de simbologias para ambos os lados das forças que oprimiam seu psiquismo, por interpretar o ministro Alexandre de Moraes como o ditador brasileiro.

Sua maneira de afirmar a crença em dor suicida é um alerta para aqueles que ainda desejam acreditar que o mal desse tempo acabou.

Enquanto a justiça brasileira seguir frouxa com o líder nazi-fascista modelo século XXI, por considerá-lo ex-presidente, a insanidade inflamada não encontrará leito para repousar.

Por enquanto seguem as perguntas.

Mas estamos aguardando respostas.

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