sábado, 11 de maio de 2024

Como age a extrema-direita golpista: Bolsonaristas espalham mentiras criminosas!💢Tragédia une país e Lula envia bilhões💢Resumo Da Semana pelo canal Mídia Ninja

 

Do Canal Mìdia Ninja:




Portal do José: ABADÃO INACREDITÁVEL! BOLSONARO: ENCHENTE? "O PROBLEMA SÃO OS GAYS"! GLOBO HOSTILIZADA: E AGORA?

 

Do Portal do José:

11/05/24 - EM MEIO A MAIOR TRAGÉGIA CLIMÁTICA QUE ATINGIU O POVO GAÚCHO, Bolsonaro exerce sua liderança perante a extrema direita no Brasil para pedir apoio aos gaúchos? Não. Ele anda mais preocupado em atacar gays. Essa situação acende novos alertas sobre o que estamos combatendo no Brasil. Profissionais da Globo estão sendo hostilizados durante cobertura jornalística. Estão preocupados? Não. Tudo está devidamente dentro de suas previsões. Sigamos.



Reinaldo Azevedo: Os crimes da extrema-direita contra o povo gaúcho continuam

 

Da Rádio BandNews FM:




Portal do José: CRIMIN0S0S BOLSONARISTAS EXP0ST0S! BOLSONARO: O DESGOVERNO AMBIENTAL ATINGIU GAÚCHOS! HORA DE QUESTIONAR E DENUNCIAR

 

Do Portal do José:

10/05/24 - NADA ACONTECE POR ACASO QUANDO SE TEM AÇÕES HUMANAS NO COMANDO. POR AÇÃO OU OMISSÃO MUITAS COISAS PODEM ACONTECER. Bolsonaro foi um genocida concretamente pelo que fez e deixou de fazer durante o período mais dramático na saúde pública no Brasil. Mas também no meio ambiente, como negacionista clássico, deixou de tomar providências para minimizar problemas relacionados às alterações do clima. Será que o povo gaúcho que já foi afetado pelo negacionismo na saúde irá suportar mais esse desdobramento de uma tragédia que tem elementos de negacionismo envolvidos? Sigamos.



quinta-feira, 9 de maio de 2024

Leonardo Sakamoto, no UOL: Fake news sobre o Rio Grande do Sul tentam evitar que reação de Lula seja bem avaliada

 Do UOL:

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto fala das fake news sobre a atuação do Estado no Rio Grande do Sul.




Rio Grande do Sul debaixo d’água: O problema não está nas nuvens, mas na ação humana e sua ânsia por lucro imediato. Artigo de Felipe Costa

 

Não é de hoje que os empresários e os governantes gaúchos cometem barbeiragens grosseiras e desrespeitam a legislação ambiental.



RS debaixo d’água: O problema não está nas nuvens, está na anarquia dos mercados e na omissão dos governantes.

Por Felipe A. P. L. Costa [*] (publicado no Jornal GGN)

APRESENTAÇÃO. – Nos últimos dias, a começar em 27/4, várias regiões do estado do Rio Grande do Sul foram assoladas por chuvas torrenciais. Em alguns municípios, a precipitação foi tão acima da média que o volume que caiu em 3-7 dias foi o equivalente ao esperado para um trimestre ou mesmo para um semestre inteiro. 

O quadro é desolador. Muita gente perdeu tudo. Boa parte dessa gente vai tentar reconstruir o que perdeu, mas muito o farão em outro bairro ou em outra cidade. O ritmo de crescimento da população gaúcha, entre os mais baixos do país, deverá cair ainda mais. O estado corre o risco de produzir a maior onda interna de refugiados do clima desde o início do século. 

A desorientação e as sucessivas trapalhadas do governo estadual são em boa medida fruto do desmanche dos serviços públicos. Em escala menor, o problema se reproduz em um sem número de municípios gaúchos. Meses atrás, o próprio prefeito de Porto Alegre estava a defender a derrubada do muro de contenção que hoje protege uma parte da cidade contra o avanço das águas do lago Guaíba (dito também rio). A ideia partiu de grupos empresariais que querem ocupar o terreno a troco de ‘modernizar’ o precário sistema de proteção que existe hoje (ver, e.g., aqui e aqui). 

A rigor, o RS é um dos estados mais atrasados na área ambiental. O problema vem de longe e envolve vários setores – e.g., caça de animais nativos, uso extensivo de agrotóxicos, destruição das áreas de preservação permanente, escassez de unidades de conservação e falta de proteção para hábitats-chave, a começar pelo campo limpo. A situação se agravou muito nos últimos anos. O atual governador, por exemplo, tudo fez para acabar com os últimos freios impostos pela legislação ambiental (e.g., aqui). 

A situação se tornou tão precária que hoje os próprios empreendedores estão autorizados a agir como licenciadores – algo do tipo eu mesmo me autorizo a provocar um incêndio ou a erguer uma edificação às margens de um rio. Uma gambiarra como essa não pode dar certo em lugar nenhum do planeta. 

A situação calamitosa enfrentada pelos gaúchos tem as 20 impressões digitais do governador. Diante de tudo isso, o sujeito agora se posta diante das câmaras para pedir doações financeiras aos brasileiros (aqui). Está a mimetizar o comportamento parasitário e oportunista de gente que vive a explorar a boa-fé alheia em redes sociais. Se não sabe o que fazer, a não ser despejar perdigotos em microfones e desfilar travestido de trabalhador salva-vidas, ele deveria renunciar ao cargo. O governador tem a voz empostada e, como é um dos queridinhos da impressa limpinha, ele agora bem que poderia sobreviver como galã de novelas. Ia tirar o emprego de alguns canastrões por aí, mas faria menos mal aos gaúchos.

*

1.

A Terra é um objeto astronômico suficientemente grande a ponto de ter a sua forma esculpida pela gravidade [1]. Além de esférico, o globo terrestre é massivo o suficiente a ponto de reter em torno de si um oceano gasoso. A esse oceano – uma estrutura bastante heterogênea e dinâmica – damos o nome de atmosfera. A Lua, por exemplo, é esférica, mas não é suficientemente massiva a ponto de reter em torno de si uma atmosfera [2].

2.

A idade do Universo, a julgar pelo modelo adotado pela maioria dos astrônomos [3], é estimada hoje em 1,375 (± 0,13) × 1010 anos. Em números redondos: 13,8 bilhões de anos ou 13,8 Ga (1 Ga – lê-se um giga-ano – equivale a 1 bilhão ou 1 × 109 anos). O nosso sistema planetário (dito Sistema Solar) surgiu bem depois [4]. A idade da Terra, especificamente, é estimada hoje em 4,55 (± 0,07) × 109 anos. Em números redondos: 4,6 Ga.

3.

Ao longo desses 4,6 Ga, a composição da atmosfera terrestre mudou radicalmente, e em mais de uma ocasião. Com base no estudo dessas mudanças, geólogos e climatologistas argumentam que o planeta tem hoje uma atmosfera (dita de terceira geração) cuja composição se firmou há uns 400 milhões de anos (Ma).

4.

99% das moléculas presentes em amostras de ar seco são moléculas de nitrogênio (78%) ou oxigênio (21%). O 1% restante inclui moléculas de argônio (0,9%) e dióxido de carbono (CO2) (0,04%), além de outros gases, como metano e ozônio, presentes em percentuais ainda mais baixos. (Estamos a falar de amostras obtidas em baixas altitudes.)

5.

Um marco na história da climatologia foi o reconhecimento (mais ou menos generalizado entre os estudiosos) de que o CO2 tem um papel decisivo na dinâmica atmosférica, apesar da relativa escassez, notadamente no que diz respeito ao equilíbrio térmico do planeta [5]. Essa mudança conceitual se firmou em meados do século 20 [6].

6.

Ora, se o CO2 é assim tão decisivo, mesmo estando presente em uma concentração tão baixa, podemos presumir que qualquer alteração nos valores, por menor que seja (para mais ou para menos), poderá vir a ter consequências expressivas no comportamento da atmosfera. A pergunta que aqui se impõe é: há evidências de que a concentração de CO2 está passando por mudanças? A resposta é duplamente preocupante. Primeiro, porque é uma resposta conhecida há muitos anos; segundo, porque é uma resposta afirmativa – sim, há sólidas evidências de que a concentração está a mudar.

7.

A presença de CO2 na atmosfera é monitorada de perto desde 1957. As medições são diárias – sete dias por semana, 12 meses por ano, ano após ano. Os resultados não poderiam ser mais óbvios: a concentração está a aumentar de modo previsível e ininterrupto – dia após dia, mês após mês, ano após ano –, desde o primeiro ano.

8.

Em março de 1957, no início da série histórica, a concentração CO2 era de 315,7 ppm (lê-se: partes por milhão) [7]. Em março de 2015, o valor ultrapassou a marca de 400 ppm (401,51); tendo chegado agora, em março de 2024, a incríveis 425,38 ppm. Veja: a diferença entre 1957 e 2024 equivale a um aumento de 35%. O mais preocupante, no entanto, é o fato de que esse aumento demorou apenas 67 anos (1957-2024), um piscar de olhos diante do intervalo transcorrido desde a formação da atmosfera atual.

9.

De onde vem toda essa fumaça? A rigor, a maior parte da sujeira que é injetada diariamente na atmosfera tem a ver com o uso de máquinas e motores de combustão interna, uma inovação tecnológica cujos primórdios recuam ao século 18 (ou antes) [8]. O surgimento dessas máquinas deu origem a um grande e vigoroso mercado. Um mercado cujas demandas ao longo dos últimos 250 anos elevaram a queima de combustíveis fósseis (e.g., carvão mineral, gás e petróleo) a níveis estratosféricos. E esta é a raiz da crise que enfrentamos hoje: a queima de combustíveis fósseis implica na liberação de grandes quantidades de CO2.

10.

Até o início do século 20, atividades relacionadas ao uso da terra (e.g., desflorestamento e a criação de grandes rebanhos) eram os principais responsáveis pela emissão de carbono de origem antropogênica (CAntro). A balança só começou a pender para o lado dos combustíveis fósseis a partir da década de 1920. (O que de modo algum significou que as emissões oriundas do uso da terra se tornaram desprezíveis.)

11.

Entre 2012 e 2021, as emissões de CAntro em escala planetária chegaram a um valor anual médio de 10,8 Gt (1 Gt – lê-se gigatonelada – equivale a 1 bilhão ou 1 × 109 toneladas). Desse total, 1,2 Gt veio do uso da terra e 9,6 Gt vieram da queima de combustíveis fósseis [9]. (Em números redondos: 11 Gt, o equivalente a ~40,33 Gt de CO2.)

12.

No quesito queima de combustíveis fósseis, a lista dos maiores emissores é encabeçada pela China. A média anual dos chineses correspondente hoje a quase três vezes a média do segundo colocado (Estados Unidos). Em seguida aparecem a União Europeia, a Índia e o resto do mundo. No quesito uso da terra, o Brasil assumiu a liderança mundial. (Em seguida aparecem a Indonésia e o Congo [RD].) É uma notícia vergonhosa. Mas que tem muito a ver com a anarquia econômica e a corrupção política que assumiram o comando do país após a derrubada do governo Dilma. (É bom não esquecer que toda aquela encenação que levou ao golpe foi catalisada pelos limpinhos do PSDB, sob o patrocínio entusiasmado de sonegadores, latifundiários e rentistas, além, claro, de contar com o ‘apoio crítico’ da nossa imprensa limpinha, aquela turma que se julga acima da lei e dos fatos, tipo Folha e Globo.)

13.

O que acontece com as 11 Gt de CAntro que são injetadas na atmosfera todos os anos? Em poucas palavras, nós podemos dizer que elas se somam a um fundo ainda maior de moléculas que estão a fluir constantemente entre os oceanos, o solo e a biosfera. A biota de terra firme, por exemplo, fixa 109 Gt de carbono a cada ano (~400 Gt de CO2), ao mesmo tempo em que libera (via respiração) 107 Gt (~392 Gt de CO2). No caso específico das terras cultivadas, os valores são 14 Gt e 12 Gt, respectivamente. Trocas semelhantes ocorrem entre a atmosfera e os oceanos, com um pequeno saldo líquido em favor destes últimos.

14.

Se levássemos em conta apenas os fluxos naturais, a contabilidade global estaria mais ou menos equilibrada, visto que a absorção líquida em favor da biosfera e dos oceanos é compensada pela entrada de novas moléculas vindas do interior do planeta (e.g., via erupções vulcânicas). Ocorre que o volume das emissões de CAntro é gigantesco, a ponto de afastar os estoques e os fluxos naturais de uma condição, digamos, de equilíbrio. O saldo líquido dessa situação é duplamente preocupante: a concentração de CO2 está a aumentar, não só na atmosfera, mas também nos oceanos. (No que segue, vamos continuar tratando apenas do que se passa na atmosfera.)

15.

Afinal, por que o aumento na concentração de CO2 na atmosfera seria um problema tão grave e preocupante? Em termos bastante objetivos, eu diria o seguinte: porque esse aumento é mais do que suficiente para mudar o comportamento da atmosfera, especificamente o tempo de retenção da radiação calorífica trazida pela luz solar. Estou a me referir aqui a uma dinâmica que poderia ser grosseiramente esboçada da seguinte maneira: de toda a radiação luminosa que atinge o planeta, cerca de 30% são imediatamente refletidos de volta para o espaço, outros 20% são absorvidos por elementos da atmosfera (sobretudo moléculas de H2O) e os 50% restantes alcançam a superfície (1/4 atinge a terra firme e 3/4, os oceanos). Dos 50% que atingem a superfície, uma parte é absorvida e outra é refletida de volta para a atmosfera. A maior parte da radiação refletida pela superfície é absorvida pela atmosfera ou é refletida de volta para a superfície; nessas idas e vindas, pequenas frações de radiação vão aos poucos sendo perdidas para o espaço. O efeito líquido desse ziguezague é o aquecimento do planeta.

16.

A temperatura do ar em um dado local, em um dado instante, expressa a quantidade de radiação que está retida momentaneamente. Quanto maior o tempo de retenção, mais elevada será a temperatura. O contrário também é verdadeiro – quanto menor o tempo de retenção, mais baixa será a temperatura. A quantidade de radiação retida depende de dois fatores: (i) a quantidade que chega com os raios solares (insolação); e (ii) o tempo de retenção local. No primeiro caso, a quantidade de radiação que atinge a superfície varia de modo cíclico e previsível, a depender de três variáveis: (i) latitude – a insolação é mínima nos polos, atingindo o máximo nas proximidades do equador terrestre; (ii) estação do ano – a insolação é mínima no inverno, atingindo o máximo no verão; e (iii) hora do dia – a insolação atinge o máximo por volta de meio-dia ou um pouco depois (12h00-13h00), mas é nula durante a noite. O tempo de retenção depende da quantidade de colisões que ocorrem localmente. O número de colisões, por sua vez, depende da concentração de partículas no ar. Assim, quanto mais partículas, mais colisões ocorrerão e mais tempo o calor ficará retido antes de escapar para o espaço. Mais uma vez, o saldo líquido desse ziguezague será a elevação da temperatura local [10].

17.

Até meados do século 20, pouca gente imaginava que as atividades humanas fossem capazes de alterar a composição da atmosfera. Um dos primeiros a levar a sério esse problema foi o químico sueco Svante Arrhenius (1859-1927), laureado com um Nobel em 1903 (não por esse motivo). Tendo como ponto de partida as ideias do matemático e físico francês Jean Baptiste Fourier (1768-1830), para quem a superfície do planeta estaria a ser aquecida pela atmosfera, a exemplo do que se passa dentro de uma estufa, Arrhenius investigou o que ocorreria se a concentração de CO2 seguisse aumentando. De acordo com dele, se a concentração dobrasse em relação ao nível pré-industrial (até meados do século 18, digamos), a temperatura média global subiria em até 4,5 ºC.

18.

Até a primeira metade do século 20, a maioria dos estudiosos insistia em dizer que o papel do CO2 nessa equação não era relevante. A situação começou a mudar em 1956, quando o físico canadense Gilbert Plass (1921-2004) publicou os resultados de suas pesquisas sobre a capacidade de absorção das substâncias presentes na atmosfera. De acordo com ele, embora sejam transparentes à luz solar incidente (radiação de ondas curtas), as moléculas de CO2 têm uma elevada capacidade de reter a radiação de ondas longas que é refletida de volta pela superfície do planeta. A importância relativa do CO2 é muito maior do que poderíamos supor levando em conta apenas a sua abundância. A conclusão não poderia ser mais preocupante: quanto maior a concentração de CO2, mais intenso será o efeito estufa exercido pela atmosfera.

19.

Nada do que foi dito até aqui em termos de ciência pura ou básica envolve qualquer tipo de revelação de última hora, como o leitor talvez já tenha percebido. A rigor, nós estamos a falar de coisas que são conhecidas há décadas ou mesmo há séculos. É o caso, por exemplo, do conhecimento científico que há por trás do efeito estufa. Ou mesmo daquilo que hoje nós sabemos a respeito do aquecimento global. Há coisas que são conhecidas há milhares de anos, como é o caso da forma esférica do planeta.

20.

Considere agora o que está a ocorrer no Rio Grande do Sul, cuja população está a conviver com chuvas excepcionalmente volumosas desde o dia 27/4. Lembrando: o RS é o 9° estado em dimensões territoriais (281.707 km2, ou 3,3% do território brasileiro), o 6° em população residente (10.880.506, ou 5,4% da população brasileira) e o 3° em número de municípios (497, ou 8,9% do total de municípios brasileiros). Para contextualizar melhor a excepcionalidade da crise que estamos a viver, caberia caracterizar certos elementos do clima do estado. Tomando Porto Alegre como referência, o clima do RS poderia ser resumido da seguinte maneira: (i) O trimestre mais quente do ano é DJF (dezembro-fevereiro) e o mais frio, JJA (junho-agosto); e (ii) O trimestre mais chuvoso é JAS (julho-setembro) e o mais seco, FMA (fevereiro-abril). De acordo com padrões históricos, estaríamos agora a sair da estação seca.

21.

O desarranjo climático ora em curso – não só aqui, mas em todo o planeta – está a redefinir os padrões históricos, notadamente o comportamento da precipitação. Sobre a situação de momento no RS, reproduzo a seguir um trecho de uma nota publicada no sítio do Inmet (aqui), em 2/5 (ênfase minha): “Grande parte do Rio Grande do Sul segue sendo atingido por chuvas persistentes e volumosas desde o dia 27 de abril. Em algumas regiões, especialmente na ampla faixa central dos vales, planalto, encosta da serra e metropolitana, os volumes de chuva chegaram a passar dos 300 milímetros (mm) em menos de uma semana. No município de Bento Gonçalves, por exemplo, os volumes chegaram a 543,4 mm. Desde o dia 29 de abril, quando a chuva volumosa ficou estacionária sobre o Rio Grande do Sul, os volumes ficaram entre 200 mm e 300 mm em diversas áreas. Na capital do estado, Porto Alegre, o volume chegou a 258,6 mm em apenas três dias. Esse valor corresponde a mais de dois meses de chuva, quando comparado a Normal Climatológica dos meses de abril (114,4 mm) e de maio (112,8 mm). As estações do Inmet que mais registraram chuva de 26 de abril até as 9h desta quinta (2), foram: Soledade (488,6 mm); Santa Maria (484,8 mm) e Canela (460 mm). A estação meteorológica convencional de Santa Maria teve recorde de chuva em 24h, com acumulado de 213,6 mm, no dia 1º de maio. Essa foi a maior chuva registrada no município, em 112 anos de observação, superando o volume anterior de 182,3 mm, ocorrido em 23/6/1944. Em apenas três dias, o volume de chuva na cidade chegou a 470,7 mm, valor que corresponde três meses de chuva, conforme a média climatológica.”

22.

Não é de hoje que os empresários e os governantes gaúchos cometem barbeiragens grosseiras e desrespeitam a legislação ambiental. Uma barbeiragem antiga é o fato de que o RS é o único estado da federação onde a caça esportiva de animais selvagens tem amparo legal. Muita gente já tratou do assunto. Eu mesmo escrevi sobre isso no livro Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas (2003; 2ª ed., 2014). Reproduzo a seguir um trecho (adaptado): 

“Sai ano, entra ano, e a temporada de caça é anunciada pela imprensa em tom de gestão ambiental exemplar. Algo do tipo: ‘os gaúchos caçam porque planejam, controlam e protegem’. Isso, no entanto, não corresponde à realidade. Basta dizer o seguinte: em termos de proteção ambiental, o Rio Grande do Sul é um dos estados mais atrasados do país. Senão, vejamos: 

(i) Com apenas 0,55% de sua área territorial protegida por reservas e parques federais e estaduais, o estado ocupa apenas a vigésima primeira posição no ranking verde do Brasil (26 estados mais o Distrito Federal), sendo o último colocado entre os estados das regiões Sul e Sudeste. 

(ii) Nos últimos 20 anos, enquanto outros estados trataram de aumentar em número e tamanho as suas reservas e parques, os governantes gaúchos pouco ou nada fizeram para criar e implantar novas unidades de conservação. E a julgar pelo tamanho de uma das últimas delas – a Reserva Biológica da Mata Paludosa, criada em outubro de 1998, com apenas 113 ha e ainda assim divididos em duas parcelas –, o assunto não parece despertar tanto interesse assim. (Os governantes gaúchos, é bom que se diga, poderiam argumentar que algumas medidas positivas foram adotadas nos últimos anos, incluindo o aparente desmantelamento da equipe de caçadores, travestidos de guardas, que agiam no Parque Estadual do Turvo e a implantação – finalmente – do Parque de Itapuã, com quase 30 anos de atraso desde a sua criação formal.) 

(iii) O Rio Grande do Sul é campeão nacional (seguido de perto por Minas Gerais e Bahia) em número de unidades de conservação fantasmas – leia-se: reservas e parques que não existem, embora apareçam em listas oficiais e, assim, de um jeito ou outro, contribuam para elevar artificialmente os índices de proteção. Os parques estaduais do Ibitiriá e do Podocarpus, por exemplo, são fantasmas, ainda que apareçam em listas publicadas pelo Ibama e pelo IBGE. (iv) O campo limpo, um dos três biomas terrestres que ocorrem em terras brasileiras e que abrange principalmente o Rio Grande do Sul [11], está virtualmente desprotegido e corre o risco de desaparecer do território gaúcho. Em certas áreas do sudoeste do estado, por exemplo, a vegetação original já desapareceu por completo e em seu lugar prosperam os campos de areia. A única unidade de conservação que existe naquela região, a Reserva Biológica de Ibirapuitã (Alegrete) é pequena (351 ha) e está malcuidada.”

23.

Negócios, mentiras e pilhagens andam juntos com bastante frequência. No caso dos grandes negócios, parece haver uma lei: só prosperam – principalmente em países onde a acumulação de capital é recente – os empreendimentos que estão ancorados em atividades sujas e irregulares. Um exemplo óbvio é a mineração, um pesadelo que começou a tomar conta da capitania de Minas Gerais já no início do século 18. Outro exemplo, este ainda a pleno vapor e bem mais amplo e degradante, é o chamado agronegócio – leia-se: grandes empreendimentos agrícolas voltados basicamente para a exportação. Ao contrário do MST (e.g., aqui e aqui), por exemplo, o agronegócio não coloca comida na mesa do brasileiro. De resto, ao lado da degradação ambiental que promovem (e.g., destruição de florestas ribeirinhas e consumo excessivo de água, fertilizantes e agrotóxicos), boa parte dos empresários do agronegócio vive a sonhar com trabalho escravo e sonegação fiscal. Não foi por outro motivo que eles ocuparam a linha de frente da turba que levou adiante o golpe contra o governo Dilma. O RS está tomado pela cultura da soja e a cultura da soja é quase sempre uma chaga. Cito: “Veja o caso da soja, uma leguminosa de pequeno porte, aparentemente frágil, mas cuja cultura é poderosa o suficiente para eleger prefeitos, deputados e até governadores – além de grilar terras e dizimar qualquer trecho de vegetação nativa que encontre pela frente” [12].

24.

Após todos esses anos de trabalho duro, incluindo o trabalho de monitorar a concentração de CO2, o que a ciência afinal tem a dizer sobre a crise climática? Entre as principais conclusões, ouso dizer que uma delas não poderia ser mais direta e preocupante: o aquecimento global (leia-se: a crescente intensificação do efeito estufa) é fruto de uma atmosfera cada dia mais cheia de partículas, cada dia mais suja. Resta saber se os governantes e as agências internacionais terão disposição e força política para enfrentar o problema. Não é e não será uma luta fácil. Afinal, quando o assunto é a emissão de CAntro, do outro lado do ringue estão as companhias petrolíferas (e.g., Shell, Exxon, BP e Petrobras), as companhias produtoras de eletricidade (e.g., a maior parte da eletricidade produzida no mundo vem da queima de carvão mineral) e o agronegócio (e.g., sojicultores e a indústria da carne).

25.

Mais do que uma falha da sociedade, a degradação da natureza e a perda de serviços ecológicos são imposições do mercado. A perda de serviços em larga escala – serviços que são fornecidos espontânea e gratuitamente pelos sistemas ecológicos (e.g., retenção do solo, infiltração da água, polinização de culturas e controle de pragas) – só irá acentuar o problema. Em outras palavras, crise climática promove a desigualdade social, faz aumentar o número de desabrigados, aumenta o número de gente com fome. Em resumo, crise climática é sinônimo de mais sofrimento. Ao contrário do que alguns imaginam, porém, esse quadro degradante não é exatamente fruto da maldade humana. Não é uma questão meramente individual. Outros níveis devem ser considerados em nossa análise. Além do comportamento individual, por exemplo, devemos olhar para o que se passa em níveis mais altos de organização – os grupos sociais ou, no caso da economia capitalista, as empresas e, sobretudo, as grandes corporações transnacionais (e.g., Nestlé, Coca-Cola e Ambev). São estas últimas que mais corroem o planeta. E fazem isso como se estivessem a participar de uma corrida sem fim: correm atrás de lucros e dividendos, mas também parecem correr visando apenas e tão somente continuar correndo. Pois assim é o mundo dos negócios. 

Nessa corrida maluca, medidas espontâneas e isoladas contra a crise climática têm chances reduzidas de prosperar. Por quê? Porque logo serão superadas ou suprimidas. Considere o seguinte exemplo: em um contexto competitivo, se a corporação A decide reduzir a sua voracidade, correrá o sério risco de ser atropelada pela corporação B. Cada empresa, isoladamente, é forçada a continuar escalando o seu comportamento predatório. Esse é um bom resumo do que tem sido a história da economia da anarquia (dita economia do livre mercado). Foi a anarquia econômica que nos trouxe para perto do abismo. O crescimento econômico tem de parar. A produção de quinquilharias inúteis e descartáveis tem de ser inibida. Só um modelo racional e democrático de governança mundial será capaz de frear a degradação. Sem isso, as corporações seguirão a alimentar mercados que elas próprias criam. Incluindo aí os mercados de quinquilharias que visam satisfazer os devaneios de uma parcela cada vez mais infantilizada da população mundial.

*

NOTAS.

[*] Este artigo contém material extraído e adaptado do livro A força do conhecimento & outros ensaios: Um convite à ciência (no prelo). Outros trechos da obra já foram anteriormente divulgados – e.g., Livros, lentes & afinsRevolução Agrícola, a mãe de todas as revoluçõesO que é cultural, afinal?Quem quer ser um cientista?Algumas notas sobre o método científicoAs origens da políticaPodemos aprender com os nossos erros; e Ciência, tecnologia, negócios. Sobre a campanha Pacotes Mistos Completos (por meio da qual é possível adquirir, sem despesas postais, os quatro livros anteriores do autor), ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para adquirir os quatro volumes ou algum volume específico ou para mais informações, faça contato com o autor pelo endereço felipeaplcosta@gmail.com. Para conhecer outros artigos ou obter amostras dos livros anteriores, ver aqui.

[1] Ver o artigo ‘Por que a Terra é esférica?’.

[2] Ver o artigo: ‘A Lua não é oca, não é feita de queijo nem tem um lado escuro’.

[3] Ver o artigo ‘Do Big Bang ao Fanerozoico: breve caracterização de tempos remotos’.

[4] Ver o artigo ‘Alguns planetas vizinhos e a tempestade vermelha que começou em 1879’.

[5] Ver o livro A curva de Keeling e outros processos invisíveis que afetam a vida na Terra (2006, Moderna).

[6] Ver o artigo ‘Primórdios do aquecimento global’.

[7] 315,7 ppm significa dizer que, de cada grupo de 1 milhão de moléculas, 315,7 são moléculas de CO2.

[8] Ver o artigo ‘Finda a lenha, eis o carvão: Como foi mesmo que entramos nessa enrascada?’.

[9] Ver o artigo ‘Um balanço do ciclo global do carbono’.

[10] Considere um caso familiar que ilustra bem como a densidade de partículas afeta a temperatura local. Muita gente que já escalou uma montanha sente na pele que a temperatura cai à medida que nós nos deslocamos para altitudes maiores. (A nossa sensação pode ser atrapalhada por alguns fatores, como os ventos. Para evitar o problema, o melhor a fazer é levar um termômetro e fazer medições em condições padronizadas.) Isso decorre do fato de que o ar se torna rarefeito à medida que escalamos. Como a densidade do ar cai com a altitude, cai o número de ziguezagues e o tempo de retenção da radiação. Ora, se a radiação fica retida por menos tempo, a temperatura local também irá cair.

[11] Ver o livro Ecologia, evolução & o valor das pequenas coisas (2ª ed., 2014).

[12] Ver o artigo: ‘Desflorestamento: pausa para o lanche?’.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Reinaldo Azevedo: Deputada democrata desmoraliza canalha golpista em comissão da Câmara dos EUA

 

Da Rádio BandNews FM:

 Pograma O É da coisa...


Programa O É da Coisa

Vida longa para os que fecham os olhos à destruição do meio ambiente. Artigo de Ricardo Noblat

 

O mesmo Congresso que agora se diz horrizado pela tragédia ambiental no RS, porém, por uma das suas casas, o Senado, está para votar um projeto que defende a redução da reserva legal da Amazônia. Por reserva legal, entenda-se o percentual da propriedade que deve ser protegida e preservada. O percentual é de 80%, segundo lei aprovada no governo Fernando Henrique Cardoso.

Do Metrópoles:

2023 foi o ano mais quente da história da humanidade

 atualizado 

desmatamento

Pela maioria de suas vozes, independente de partidos e de tendências políticas, o Congresso mais conservador e de direita que já tivemos desde o fim da ditadura militar de 64 se diz horrorizado com a tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, e disposto a aprovar todas as medidas que a suavizem e permita a reparação dos estragos.

O mesmo Congresso, porém, por uma das suas casas, o Senado, está para votar um projeto que defende a redução da reserva legal da Amazônia. Por reserva legal, entenda-se o percentual da propriedade que deve ser protegida e preservada. O percentual é de 80%, segundo lei aprovada no governo Fernando Henrique Cardoso.

No começo do governo de Jair Bolsonaro, o de triste memória, o senador Márcio Bittar (União-SC) propôs acabar com a reserva legal em todos os biomas. Isto é: pôr abaixo as florestas no Brasil. Apoiada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), a proposta, de tão bizarra, não foi adiante. Mas “Bittar Motosserra” não desistiu dela.

Ele agora é relator e deu parecer favorável a um projeto que estipula: no município onde tiver 50% de área pública preservada, a reserva legal poderá ser reduzida à metade. Sim, foi isso o que você leu. Significa que o proprietário de terras poderá desmatar mais do que desmata hoje. Que lhe parece? Está de acordo? Se não estiver, faça barulho.

Há dois anos, as chuvas mataram 242 pessoas em Petrópolis, no Rio de Janeiro. No ano seguinte, 64 perderam a vida em São Sebastião, em São Paulo. Entre final de 2023 e início de 2024, chuvas no Rio Grande do Sul mataram 110 pessoas, mais do que o total registrado em desastres naturais nas três décadas anteriores.

No dia 25 de abril último, os leitores do Correio do Povo, o mais antigo jornal do Rio Grande do Sul, foram alertados de que algo importante estava à sua disposição on-line. O título da notícia dizia:

“Cenário de perigo: RS terá chuva excessiva semelhante aos extremos de 2023, aponta MetSul.”

E a linha de apoio ao título completava:

“Episódio de instabilidade deve ocorrer entre final de abril e começo de maio.”

Ocorreu, e ainda está longe de terminar. Afeta 401 dos 497 municípios do Estado. Está confirmada a morte de 95 pessoas e o número de desaparecidos ultrapassou a casa dos 130. Há quase 160 mil desalojadas, e 40 mil em abrigos. Porto Alegre é uma cidade isolada por ar e terra. É a maior catástrofe da história do Estado.

O nível do Guaíba, na região do Cais Mauá, em Porto Alegre, alcançava 5m23cm no meio da tarde de ontem. Só deve baixar para os quatro metros na próxima terça-feira (14). Acontece que as previsões indicam mais chuvas no fim de semana, e o nível do Guaíba poderá subir se elas forem intensas.

O governador Eduardo Leite (PSDB) disse, e políticos seus aliados repetem, que não é a hora de apontar responsáveis ou discutir as causas das inundações; é hora de socorrer as vítimas. É uma fala de quem se sente culpado, mas não somente ele. A Prefeitura de Porto Alegre não gastou 1 real na prevenção de enchentes no ano passado.

Dados da Agência Espacial Europeia registram que abril de 2024 teve as temperaturas mais elevadas para esse mês já registradas na série histórica. A média global foi de 15,03°C no período, ficando 0,14°C acima do máximo anterior, de 2016. No mês passado, os termômetros ficaram 0,67°C além da média para abril entre 1991 e 2020.

Feito com base em análises geradas por computador a partir de bilhões de medições de satélites, aeronaves, embarcações e estações meteorológicas, os dados mostram que o planeta segue apresentando uma sequência de novos recordes de calor após 2023, que foi classificado como o ano mais quente da história da humanidade.

Estou muito velho para imaginar que poderei ver o planeta pegar fogo, mas esse é o risco que correm meus netos, e os netos deles com razoável certeza se o mundo não tomar consciência do que o aguarda se nada ou só pouca coisa for feita para evitar o Armagedon. Vida longa para os que se negam acreditar no que está à vista.


Tour bolsonarista nos EUA tem investigados pela PF e foragido. Reportagem de Vinícius Nunes, da coluna de Ricardo Noblat no Metrópoles

 

Congressistas e bolsonaristas extremistas (incluindo Dallagnol, Bia Kicis, Dudu Bananinha, Allan dos Santos e Gustavo Gayer) trabalhando contra o Brasil com os republicanos golpistas trumpistas do congresso americano...


Do Metrópoles:

Congressistas brasileiros bolsonaristas se esforçaram por selfies no Congresso norte-americano
Reprodução Instagram
são seis prints de selfies dos instagram de deltan dallagnol, bia kicis, eduardo bolsonaro, gustavo gayer, filipe barros e eduardo girão

Enquanto a Câmara dos Deputados (aqui do Brasil) se empenhava em articular e aprovar medidas de socorro ao Rio Grande do Sul na terça-feira (07/05), alguns congressistas brasileiros alinhados à extrema-direita estavam em Washington, nos Estados Unidos, para participar de uma audiência no Congresso americano.

Na sessão, que discutia o Brasil, três dos quatro palestrantes afirmaram que o país enfrenta violações da liberdade de expressão semelhantes às de uma ditadura. Entre os presentes na plateia estavam Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF), Gustavo Gayer (PL-GO), Filipe Barros (PL-PR), Eduardo Girão (Novo-CE) e Nikolas Ferreira (PL-MG), além do foragido da Justiça brasileira Allan dos Santos, o influenciador Rodrigo Constantino e o deputado cassado Deltan Dallagnol.

Nenhum dos congressistas demonstrou constrangimento por estar ao lado de Allan dos Santos, condenado a um ano e sete meses de prisão por calúnia e foragido da Justiça desde 2021 no contexto do inquérito das Fake News. Os Estados Unidos se recusaram a extraditar o influenciador porque o delito é considerado crime de opinião, protegido pelo direito à liberdade de expressão no país.

Durante a sessão, Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente e ditador João Figueiredo, foi questionado se repudiava a Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), mas optou por não responder.

Paulo Figueiredo está sob investigação da Polícia Federal (PF) e foi apontado como um agente de “desinformação golpista e antidemocrática” relacionada ao 8 de Janeiro. Segundo mensagens obtidas no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Figueiredo usava sua posição como comentarista na Jovem Pan para incentivar militares a uma tentativa de golpe.

Rodrigo Constantino também está sob investigação no inquérito das Fake News. O economista, que também foi comentarista da Jovem Pan, foi demitido após o Ministério Público Federal abrir uma investigação sobre a conduta da emissora no contexto do ataque às sedes dos Três Poderes.

Enquanto participavam da sessão no Congresso dos EUA, os congressistas bolsonaristas abasteciam suas redes sociais com vídeos e selfies, descrevendo a audiência como um sucesso: “deputados americanos chocados com a perseguição à livre opinião no Brasil”, escreveu o senador Eduardo Girão.

Entretanto, a sessão foi marcada por desinformação. A deputada republicana Maria Salazar chegou a mostrar uma foto do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, sugerindo que ele seria um “fantoche” do presidente “socialista” Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ela foi rebatida pelo professor de estudos brasileiros da Universidade de Oklahoma, Fábio de Sá e Silva, que apresentou uma foto de Vladimir Herzog, morto pela ditadura militar, evidenciando as atrocidades desse regime.

“Isso é o que acontecia com jornalistas brasileiros na ditadura”, destacou Fábio de Sá e Silva.

Politizar a tragédia climática ou apressar o fim do mundo. Artigo de Xico Sá no iclnotícias.com.br

 

Em diálogo com o rock gaúcho, o amigo punk detona o vacilo de Eduardo Leite na pauta ambiental e o bolsonarismo nada moderado do prefeito de Porto Alegre


Do Icl Notícias:

Amigo punk, escute este meu desabafo, peleio ao ritmo da Graforréia Xilarmônica, banda histórica do rock gaúcho. Sinto muito, a chinoca está em lágrimas, a coxilha em dilúvio, o bolicho na desgraça.

Amigo punk, você está certíssimo na atitude, tem que politizar geral o ambiente. Se não pode politizar o fim do mundo, como saberemos quem está a favor ou contra o apocalipse?

Dá para ser solidário, como nas ações diretas e práticas dos sem-terra e dos sem-teto, e discutir política da crise climática ao mesmo tempo.

Mesmo atravessando a nado a Osvaldo Aranha, o amigo punk puxa a treta: como esquecer, na hora trágica, que o governo Eduardo Leite (PSDB) limou ou alterou 480 pontos do Código Ambiental do Rio Grande?

Agora, o camarada roqueiro entra de bote no Parque Farroupilha e bota o dedo na ferida: a gestão do prefeito Sebastião Melo (MDB) não investiu um real, uma pataca sequer, na prevenção a enchentes em Porto Alegre, no ano de 2023.

Típico representante do bolsonarismo moderado? Moderadíssimo na proteção aos habitantes das margens do Guaíba.

Já escuto o gaiteiro puxando o fole, desta vez em uma distópica milonga, donde seguimos para a Lomba do Pinheiro, Vila Sapo é o endereço. De lá veio o cara d´“Os Supridores”, obra-prima da vida porto-alegrense. Repare o que diz o autor José Falero, do seu lugar de fala submerso:

“Alguém diga ao Eduardo Leite que não é necessário ‘politizar’ a tragédia no Rio Grande do Sul: ela é política por si mesma. Resulta de negacionismo climático em razão de lucro e se agrava no péssimo estabelecimento de prioridades para o investimento público — duas notórias propriedades de políticos de direita como ele. Mas quem tem culpa no cartório é sempre o primeiro a dizer que ‘não é hora de apontar culpados’. O curioso é que ele pediu socorro ao Lula, e não à mão invisível do mercado”.

“MAS EM QUE MUNDO TU VIVE?” é o título de outro livro deste baita escritor gaúcho. O título cai qual uma carapuça para toda a extrema direita negacionista (da pandemia ou do clima), como o perdido general e senador Hamilton Mourão (Republicanos) e o deputado Lucas Redecker (PSDB-RS), relator do projeto (PL 364/2019), aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que libera geral o desmatamento de 48 milhões de hectares de “campos nativos”.

Amigo punk, sei que agora queres sestear os seus pelegos, mas ainda te indago, nessa cavalgada: como não politizar o apocalipse?

Outro que rogou para despolitizar o tema, repare só, foi o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em visita a Canoas na comitiva do governo Lula. Logo ele, que tocou fogo na mata ao aprovar, em regime de urgência, o marco temporal (PL 490) louvado pela bancada ruralista.

Como se não bastasse o ataque aos indígenas, a turma de Lira ainda levou ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar as deputadas Célia Xakriabá (PSOL-MG), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Juliana Cardoso (PT-SP). Sobrou para as bravíssimas mulheres, que correram o risco até de cassação dos mandatos.

Como não detonar o hardcore? Como manter a calma da gauderiada no bolicho?

Como não politizar o fim do mundo? Ou vocês preferem botar na conta das pragas do Velho Testamento?

Só ouvindo uma romântica do Nei Lisboa, pra relaxar durante o apocalipse. Quem sabe outra do punk-brega Wander Wlldner, o “Mantra das Possibilidades”. Escute você também, recomendo. E fica um abraço forte a todas as vítimas da enchente no sul do país. O rock gaúcho na causa!

Como a "grande mídia" corporativa atrealada à jogatina do mercado financeiro se une ao fascismo para politizar a catástrofe no RS. Artigo de Tiago Barbosa

 


'A imprensa tradicional e a extrema-direita distorcem a realidade para atrasar socorro e culpar o presidente Lula', escreve o colunista Tiago Barbosa

Lula e enchente no Rio Grande do Sul
Lula e enchente no Rio Grande do Sul (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Gilvan Rocha/Agência Brasil)


247. O jogo do cinismo para emoldurar a tragédia no Rio Grande do Sul entrelaça mídia e extremismo.

A mídia corporativa condena a "politização" do desastre para esconder a omissão da direita.

Dramatiza ao máximo danos e resgates para evitar cobranças sobre a letargia da direita.

Classifica de populismo fiscal o socorro às vítimas para insinuar irresponsabilidade de Lula e proteger o mercado.

Normaliza as ações de Lula para esconder protagonismo e impedir ganho de popularidade.

Atribui ações do governo Lula a subordinados para afastar a associação positiva (quem faz é "a Fab", "o Exército"...).

Amplifica a influência climática para normalizar a inércia da direita frente à força da natureza.

A extrema-direita fabrica fake news em série para culpabilizar Lula pelo desastre.

Distorce a realidade para atrasar socorro e colocar vítimas nas costas do presidente.

Monetiza a dor e o sofrimento através do pix para faturar de forma cretina.

Faz da tragédia trampolim para promover a (falsa) imagem de heroísmo de uma direita omissa e culpada.

Atribui a fatores místicos (castigo divino), para se eximir de culpa, ampliar preconceito e fazer proselitismo religioso.

São espectros complementares unidos para fazer exatamente o que fingem condenar: politizar o desastre pelo viés da omissão, blindar os culpados e manter intactos interesses particulares.

É a tragédia da hipocrisia no ventre do desastre climático.