Do DCM:
O depoimento de Lula a Sergio Moro em Curitiba na quarta, dia 13, repetiu, de certo modo, o primeiro encontro, numa versão mais tensa.
O processo é aquele em que Lula é acusado de receber propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno onde seria instalado o Instituto Lula e de um apartamento.
Ao longo de duas horas, porém, Palocci foi o assunto inevitável. “Ele fez um pacto de sangue com o Ministério Público”, afirmou Lula. “Tenho pena e não raiva dele”.
No capítulo das estocadas, Lula deu uma reprimenda em Moro por usar a palavra “denegrir” e depois ouviu do juiz que deveria parar de chamar a promotora Isabel Cristina Groba Vieira de “querida”.
(O magistrado, no entanto, aparentemente não se incomoda em receber o tratamento de “querido”).
Lula, mais uma vez, sobrou. O negócio dele é falar. É sua área de expertise. A de Moro é calar.
Isso não vai mudar o curso das coisas, mas a defesa que faz de seu legado, expondo seu “julgamento”, é, paradoxalmente, um grande momento da democracia.
Abaixo, os 11 trechos imperdíveis do depoimento:
“Conheço o Palocci bem. O Palocci, se não fosse um ser humano, seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade.”
“O Palocci é médico, é calculista, é frio.”
“Fiquei vendo o Palocci falar. Ele inventou a frase de efeito ‘pacto de sangue’. Ele fez um pacto de sangue com os delatores, com os advogados deles e talvez com o Ministério Público. Porque ele disse exatamente o que o powerpoint queria que ele dissesse.”
“Há muito tempo eu leio, escuto, converso com advogado e fico sabendo: todo mundo que é preso, a primeira pergunta é: E o Lula? Você conhece o Lula? O Lula estava lá? Diga alguma coisa do Lula”.
“Não tenho raiva do Palocci, eu tenho pena dele. Porque o Palocci é um quadro político excepcional, do qual esse país não tem muitos.”
“O instituto tem o meu nome, mas eu não sou diretor. Eu sou presidente de honra. O dia em que o senhor for nomeado presidente de honra de alguma coisa, você vai perceber que não vale nada ser presidente de honra, tá?”
“Vocês do Ministério Público Federal viraram reféns da imprensa. Todo dia tem 20, 30 minutos de noticiário com denúncias infundadas contra mim nos telejornais”.
“O que me deixa pasmo, doutor Moro, é que eu estou sendo acusado do segundo prédio que eu não requeri, que não é meu, que eu não aceitei, como se fosse meu. O MP vai querer encontrar uma rota de fuga, para saber como eles vão sair da encalacrada em que se meteram.”
“Se o senhor lê o jornal O Globo… aliás, o senhor se baseia muito no Globo. O senhor cita o jornal O Globo 15 vezes e não cita… acho que cita cinco testemunhas minhas que vieram aqui”.
“Olha, eu não uso e-mail, porque não uso computador por segurança, tá? Tinha um presidente da República que dizia assim: ‘se você quiser fazer as coisas e não quiser ser bisbilhotado por ninguém, não fale por telefone e não converse em restaurante. Caminhe com a pessoa e vá falando na estrada’.
“Eu vou terminar fazendo uma pergunta ao senhor. Vou chegar em casa amanhã e vou almoçar com oito netos e uma bisneta de seis meses. Eu posso olhar na cara dos meus filhos e dizer que vim a Curitiba prestar depoimento a um juiz imparcial?”
Pano rápido.
Fonte: DCM
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