No
artigo "Preto, pobre, prostituta e petista", Eduardo Guimarães, do
Blog da Cidadania, expressa sua indignação com a prisão de uma das principais
lideranças da esquerda brasileira, José Genoino, que deve acontecer nas próximas
horas; "isso está acontecendo em um país em que um político como Paulo
Maluf, cujas provas de corrupção se avolumam há décadas, jamais foi condenado à
prisão", diz ele, que ilustra seu texto com uma imagem da "mansão de
Genoino". Fonte: Brasil
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14 DE
NOVEMBRO DE 2013 ÀS 12:24
“Num tempo
Página infeliz da nossa história
Passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia
A nossa pátria mãe tão distraída
Sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações”
Vai Passar (Chico Buarque)
Por Eduardo Guimarães, do Blog
da Cidadania
O Brasil amanheceu pior do que ontem. A partir de
agora, torna-se oficial o que, até então, era uma tenebrosa possibilidade:
cidadãos brasileiros estão sendo privados de suas liberdades individuais apenas
pelas ideologias político-partidárias que acalentam.
A “pátria mãe tão distraída” foi “subtraída em
tenebrosas transações” entre grupos políticos partidários e de comunicação e
juízes politiqueiros.
Na foto que ilustra este texto, o leitor pode
conferir o único patrimônio de um político que foi condenado pelos crimes de
“corrupção ativa e formação de quadrilha” pelo Supremo Tribunal Federal em 9 de
outubro de 2012.
Junto com ele, outros políticos ou militantes
políticos filiados ao Partido dos Trabalhadores, todos com evoluções
patrimoniais modestas diante dos cargos que ocupavam na política.
José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e
Henrique Pizzolato tiveram suas prisões decretadas com base em condenações por
uma Corte na qual, ao longo de sua existência secular, jamais políticos de tal
importância foram condenados.
A condenação desses quatro homens, todos de
relevância político-partidária, poderia até ser comemorada. Finalmente,
políticos começariam a responder por seus atos. Afinal, até aqui o STF sempre
foi visto como a principal rota de fuga dos políticos corruptos.
Infelizmente, a única condenação a pena de prisão
que aquela Corte promulgou contra um grupo político foi construída em cima de
uma farsa gigantesca, denunciada até por adversários políticos dos condenados,
como, por exemplo, o jurista Ives Gandra Martins, que, apesar de suas
divergências com o PT, reconheceu que não houve provas para condenar José
Dirceu, ou como o formulador da teoria usada para condenar os réus do mensalão,
o alemão Claus Roxin, que condenou o uso que o STF fez de sua revisão da teoria
do Domínio do Fato.
Dirceu e Genoino foram condenados por “formação de
quadrilha” e “corrupção ativa” apesar de o primeiro ter estado infinitamente
mais distante dos fatos que geraram o “escândalo do mensalão” do que estão
Geraldo Alckmin e José Serra dos escândalos Alston e Siemens, por exemplo.
Acusaram e condenaram Dirceu apesar de, à época dos
fatos do mensalão, estar distante do Partido dos Trabalhadores, por então
integrar o governo Lula. Foi condenado simplesmente porque “teria que saber”
dos fatos delituosos por sua importância no PT.
Por que Dirceu “tinha que saber” das
irregularidades enquanto que Alckmin e Serra não são nem citados pelo
Ministério Público, pela Justiça e pela mídia como tendo responsabilidade
direta sobre os governos nos quais os escândalos supracitados ocorreram?
O caso Genoino é mais grave. Sua vida absolutamente
espartana, seu microscópico patrimônio, sua trajetória ilibada, nada disso
pesou ao ser julgado e condenado como um “corruptor” que teria usado milhões de
reais para “comprar” parlamentares.
O caso João Paulo Cunha é igualmente ridículo, em
termos de sua condenação. Sua mulher foi ao banco sacar, em nome próprio, com
seu próprio CPF, repasse do partido dele para pagar por uma pesquisa eleitoral.
50 mil reais o condenaram por “corrupção passiva, peculato e lavagem de
dinheiro”.
O caso mais doloroso de todos, porém, talvez seja o
de Henrique Pizzolato, funcionário do Banco do Brasil, filiado ao PT e que, por
ter assinado um documento que dezenas de servidores da mesma instituição também
assinaram sem que contra eles pesasse qualquer consequência, foi condenado,
também, por “corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro”.
Isso está acontecendo em um país em que se sabe que
dois governadores do PSDB de São Paulo, apesar de ter ocorrido em suas
administrações uma roubalheira de BILHÕES DE REAIS, não são considerados
responsáveis por nada.
Isso está acontecendo em um país em que um político
como Paulo Maluf, cujas provas de corrupção se avolumam há décadas, jamais foi
condenado à prisão.
Isso está acontecendo em um país em que um
governador como Marconi Perillo, do PSDB, envolveu-se até o pescoço com um
criminoso do porte de Carlinhos Cachoeira, foi gravado em relações promíscuas
com esse criminoso e nem acusado foi pelo Ministério Público.
Isso está acontecendo, finalmente, no mesmo país em
que os ex-prefeitos José Serra e Gilberto Kassab toleraram durante anos
roubalheira dentro da prefeitura e quando essa roubalheira de MEIO BILHÃO de
reais vem à tona, a mídia e o Ministério Público acusam quem mesmo? O PT,
claro.
Já entrou para o imaginário popular, portanto, que,
neste país, cadeia é só para pretos, pobres, prostitutas e, a partir de agora,
petistas.
No Brasil, as pessoas são condenadas com dureza
pela “justiça” se tiverem mais melanina na pele, parcos recursos econômicos, se
venderem o que só pertence a si (o próprio corpo) para sobreviver ou se tiveram
convicções políticas que a elite brasileira não aceita.
A condenação de alguém a perder a liberdade por
suas convicções políticas, porém, é mais grave. É característica das ditaduras,
pois a desigualdade da Justiça com os outros três pês deriva de falta de
recursos para se defender, não de retaliação a um ideário.
Agora, pois, é oficial: você vive em um
país em que se deve ter medo de professar e exercer suas verdadeiras convicções
políticas, pois sabe-se que elas expõem a retaliações ditatoriais como as que
levarão para cadeia homens cuja culpa jamais foi provada.
Compartilho em respeito ao guerrilheiro, José Genuíno, que vi preso, amarrado ao tronco de uma arvore em São Domingos da Latas, hoje denominado São Domingos do Araguaís.
Claro, professor.... Compartilhe enquanto ainda podemos.... as trevas elitistas, como há 500 anos, e há 50, querem impor a deturpação da realidade a tudo custo para que os mesmos velhos vampiros continuem a sugar o povo e os recursos desta terra...
ResponderExcluirTemos sem sombra de dúvidas, a maior máfia do país...com apoio dos que deveriam prende-los...somente a justiça de Deus...e sua força nos permite lutar sempre...
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