segunda-feira, 13 de abril de 2020

Para não trocar Kardec pelo falso Messias Jair, aposentem Divaldo Franco! Por Ana Cláudia Laurindo



Divaldo Franco foi um influenciador de milhares de votos em um governo natimorto do ponto de vista do avanço humanitário do país, pois Jair Bolsonaro nunca apresentou equilíbrio nem sabedoria para ser presidente do Brasil


Do site Repórter Nordeste:




Para não trocar Kardec por Jair: aposentem Divaldo Franco!


Em respeito às memórias de um tempo de relações românticas com o Espiritismo via Federações Espíritas, peço gentilmente, sem fazer qualquer gesto que pareça afronta, que considerem a possibilidade de ocupar Divaldo Franco em ações mais restritas à caridade cotidiana, prática, material ou até mesmo afetiva, desde que o mantenham longe dos meios de comunicação, porque está puxado demais assistir a continuidade de sua participação no breu desse governo brasileiro.
Divaldo Franco foi um influenciador de milhares de votos em um governo natimorto do ponto de vista do avanço humanitário do país, pois Jair Bolsonaro nunca apresentou equilíbrio nem sabedoria para ser presidente do Brasil, e como provas do que digo, remeto o leitor às suas próprias declarações bizarras sobre pessoas e políticas públicas; algumas já sendo colocadas em prática, como a retirada de condições mínimas de sobrevivência para idosos pobres com a reforma da previdência, invasão legalizada de terras indígenas por mineradoras e o culto à ignorância, rasgando as páginas de cartilhas educativas sobre DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) em um momento histórico que contabiliza índices alarmantes de jovens infectados pelo HIV.
Mas, para amortecer as críticas levantadas pela escolha do presidente em postar um vídeo de pornoshow no intuito de atacar o carnaval, que além de festa mundana é expressão cultural que extravasa política pelas ruas do país, o ancião espírita escreveu um texto ruim na coluna de Opinião do Jornal A Tarde, pois o cerne discursivo se voltava a servir de álibi ao libidinoso presidente eleito pelos moralistas religiosos do país.
Divaldo está superado como orador, e pelo visto também como escritor.
E para seus seguidores fanáticos, lamentamos informar que nem mesmo os vendavais do fascismo livrarão a Federação Espírita das críticas que merece ao publicar em sua página um texto com teor discriminatório, ortodoxo, moralista e ainda por cima, homofóbico.
Aquelas linhas que iniciadas criticam o uso das liberdades humanas, são tão ofensivas ao livre-arbítrio que um espírita em processo de iniciação nas obras básicas já evitaria escrever. Pois liberdade é condição sine qua non de evolução.
Quem não extravasa com medo da régua moral alheia não cresce espiritualmente, embora agrade com fingida bonomia a uns tantos encarnados. Contudo, os processos de amadurecimento são pessoais.
Divaldo utiliza falácias encontradas nos sites do MBL e nos vociferantes bolsonarianos, perseguindo artistas e performances, focando o debate nos órgãos genitais e atiçando ojeriza pela já explicada presença de uma criança no evento que para ela era natural, haja vista a própria mãe ser do meio artístico e tê-la criado e educado para conviver com o corpo do outro sem sexualizá-lo. Mas enquanto a sanha pela sexualização da arte é denunciada em contextos difusos e confusos, o país apresenta horrores de violência e fome, abuso de poderes e geração de miseráveis sociais aos borbotões. Alta dos casos de feminicídio após o estímulo presidencial ao uso de armas de fogo pelas famílias, será que isso não sensibiliza Divaldo?
Mas para ganhar aplausos dos carolas, o texto apela para o “crime” da escola de samba Gaviões da Fiel, que tão bem retratou a hipocrisia da fé, enfatizando o simbolismo do ataque do Diabo a Jesus, com um desfecho que confere ao primeiro alguns tipos de vitória sobre aquele apresentado como o salvador da humanidade. Sim, o contexto é correto. O carnaval também leva reflexões profundas para a avenida. E não faltaram teólogos explicando as razões da vitória do Diabo. É a própria sociedade quem garante esse resultado, porque em essência está esvaziada de fé, e cumulada de hábitos, tradições e cartilhas salvacionistas, para além dos exemplos de Jesus, o vitorioso espiritual que nos aconchega em seu regaço adocicado pelos aromas da liberdade de sermos verdadeiros filhos de Deus.
Enfim, a homofobia escorre nos trechos finais, quando a heteronormatividade da fala de Divaldo Franco, afirma que ser gay diminuiria a dignidade de Jesus, e considera homossexualidade  um paradoxo da honradez.
Em um tempo de assombrosos assassinatos cometidos por maridos héteros em relações heteronormativas, chega a ser um gesto de ignorância comparar dignidade com orientação sexual.
Por estar talvez envelhecido para assimilar conceitos progressistas, sugerimos aos que possuem competência para isso que não permitam mais esse espetáculo continuar. Em nome do futuro próximo da assimilação dos ensinamentos Espíritas no Brasil, pois nesta linha de Divaldo, estarão em breves dias sendo confundidos com as teorias fascistas de Bolsonaro.
Trocar Kardec e Jesus por Jair, será mesmo insuportável.
Eis o link do texto de Divaldo:

11 comentários:

  1. Perfeito. Sou uma voz dissonante em meu grupo espírita por ter esse mesmo tipo de posicionamento em relação a esse senhor. Certa vez trouxe a matéria em que Divaldo manifestava de de forma preconceituosa quando referia se a um médium ter dado passagem a um espírito de preto velho, alegando que a "ignorância " da entidade não seria compatível, e em nada poderia contribuir para o trabalho

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  2. Saiba que esse texto retra de forma fiel a realidade deste brasileiro que teve algumas polêmicas na vida, mas que desenvolve uma obra social sem paralelo em Salvador. menos holofots, mais caridade.

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  3. Ess texto expressa a realidade do meu sentimento. Ainda como aprendiz no espiritismo, fiquei chocado com o alinhamento político anticristão de destacados divulgadores do espiritismo, entre eles o Divaldo. Também assisti o palestrante André Luiz Ruiz "ensinar" que quem fosse socialista/esquerdista não poderia ser espírita. Agora o espiritismo só aceita irmão que abrace algum partido da direita, que esta jogando muilhões de brasileiros na miséria absoluta.

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  4. Poxa, isso é uma grande ingratidão para com o maior tribuno espírita; quiçá do mundo. Divaldo Franco é sem favor nenhum o grande embaixador do Espiritismo em todo planeta. Já fez conferências em quase todas as partes do mundo; além de escrever centenas de livros ditados pela benfeitora Joanna De Angelis. Ele pode ter os seus defeitos. Afinal de contas, ele como todos nós; de carne e osso.

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    1. Discordo, com todo o respeito.
      Ninguém está imune à crítica, especialmente quando assume posturas retrógradas e anticivilizatórias, que, só por sê-lo, são (ou deveriam ser) também antiespíritas. Recomenda a ética de Kardec que os erros das pessoas sejam revisados, quem quer que sejam elas.
      O que diz a Ana Cláudia Laurindo é profundamente sério e deveria nos fazer pensar. As ideias propagadas por Divaldo Franco, por estarem eivadas de preconceito e até certa impiedade, não merecem outra coisa senão oposição e crítica, a fim de que a razão espírita prevaleça sobre as opiniões e preconceitos.
      Não se trata de julgar Divaldo, mas de questionar sua postura pública, que desprestigia e prejudica a imagem do espiritismo e dos espíritas.

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  5. Apoiadissimo! Faz tempo qie Divaldo é apenas um orador fascinado.

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  6. Parabéns, Ana Claudia Laurindo.
    Sempre aprendendo e refletindo com você.
    Abraço

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  7. Concordo em gênero, número e grau com o texto!!
    Hoje eu não perco tempo ouvindo palestra de Divaldo. Passei de fase!!

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