Reinado Azevedo, o mesmo articulista de extrema direita da Veja, que o filósofo e teólogo Leonardo Boff comparou ao besouro rola bosta por sua capacidade de deturpar fatos e expressar as ideias mais absurdas em prol do pensamento de direita e do domínio coxinha das elites, está pasmo com a repercussão do escândalo do propinoduto tucano, mais uma faceta do comportamento privatarista dos "iluminados" do PSDB.
A fim de defender este partido e, mais ainda, José Serra, Azevedo parte para o ataque desesperado, como mostra o site Brasil 247, no artigo abaixo:
EM DEFESA DE SERRA, REINALDO SE DESESPERA
Fonte: Brasil 247
No afã de afastar qualquer suspeita de envolvimento do ex-governador José Serra no caso Siemens, Reinaldo Azevedo dispara para todos os lados e acusa meios de comunicação tradicionais a agir como a Mídia Ninja; nem o tucano esperaria tanto
8 DE AGOSTO DE 2013 ÀS 20:13
247 - Quem Reinaldo Azevedo levaria para uma ilha deserta? José Serra é uma boa aposta. Nesta quinta, no afã de defendê-lo, o blogueiro neoconservador de Veja.com dá um piti e acusa a imprensa tradicional de se comportar como Mídia Ninja. Leia abaixo:
Título da manchete da Folha de hoje: “Serra sugeriu que Siemens fizesse acordo, diz e-mail”.
Título da reportagem na página interna: “Executivo afirma que Serra sugeriu acordo em licitação”
Décimo parágrafo dos 17 compõem a reportagem:
“Os documentos examinados pela Folha não contêm indícios de que Serra tenha cometido irregularidades, mas sugerem que o governo estadual acompanhou de perto as negociações entre a Siemens e suas concorrentes.”
“Os documentos examinados pela Folha não contêm indícios de que Serra tenha cometido irregularidades, mas sugerem que o governo estadual acompanhou de perto as negociações entre a Siemens e suas concorrentes.”
Eis a “mídia tradicional” (como “eles” chamam) que o subjornalismo petralha e a Mídia Ninja consideram proteger os tucanos. Ainda que a manchete da capa e da página atribuam a um “e-mail” a acusação contra Serra, é evidente que a abordagem agride a reputação do ex-governador. É preciso que se chegue ao 10º parágrafo — E NÃO SERÁ ELE A SE MULTIPLICAR NAS REDES SOCIAIS — para que se saiba que “os documentos examinados pela Folha não contêm indícios de que Serra tenha cometido irregularidades”.
Os documentos
Um pouquinho a mais de reflexão, e o surrealismo vai se adensando. Que documentos são esses — os que não incriminam Serra, note-se — a que a Folha teve acesso. O nono parágrafo da reportagem explica:
Um pouquinho a mais de reflexão, e o surrealismo vai se adensando. Que documentos são esses — os que não incriminam Serra, note-se — a que a Folha teve acesso. O nono parágrafo da reportagem explica:
“O e-mail examinado pela Folha faz parte da vasta documentação recolhida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Ministério da Justiça, na investigação aberta para examinar a prática de cartel em licitações da CPTM e do Metrô de São Paulo de 1998 a 2008.”
Explicado. O tal e-mail, então, integra a documentação de uma investigação feita pelo Cade — subordinado ao ministro José Eduardo Cardozo — que se dá, atenção!, EM SIGILO. E tanto a coisa é sigilosa que o governo de São Paulo recorreu à Justiça para ter acesso ao material e teve seu pedido recusado.
Corolário: A JUSTIÇA NEGA A SÃO PAULO AQUILO QUE ALGUÉM DO CADE — QUEM? — FORNECE A JORNALISTAS.
Quem acusa?
E quem faz a tal acusação? Um sujeito chamado Nelson Branco Marchetti, então diretor da Siemens, num e-mail a seus superiores. E o que diz a tal mensagem? Reproduzo trecho da reportagem:
A mensagem relata uma conversa que um diretor da Siemens, Nelson Branco Marchetti, diz ter mantido com Serra e seu secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, durante congresso do setor ferroviário em Amsterdã, na Holanda.
Na época, a Siemens disputava com a espanhola CAF uma licitação milionária aberta pela CPTM para aquisição de 40 novos trens, e ameaçava questionar na Justiça o resultado da concorrência se não saísse vitoriosa.
A Siemens apresentou a segunda melhor proposta da licitação, mas esperava ficar com o contrato se conseguisse desqualificar a rival espanhola, que apresentara a proposta com preço mais baixo.
De acordo com a mensagem do executivo da Siemens, Serra avisou que a licitação seria cancelada se a CAF fosse desqualificada, mas disse que ele e Portella “considerariam” outras soluções para evitar que a disputa empresarial provocasse atraso na entrega dos trens.
Segundo o e-mail, uma das saídas discutidas seria a CAF dividir a encomenda com a Siemens, subcontratando a empresa alemã para a execução de 30% do contrato, o equivalente a 12 dos 40 trens previstos. Outra possibilidade seria encomendar à Siemens componentes dos trens.
E quem faz a tal acusação? Um sujeito chamado Nelson Branco Marchetti, então diretor da Siemens, num e-mail a seus superiores. E o que diz a tal mensagem? Reproduzo trecho da reportagem:
A mensagem relata uma conversa que um diretor da Siemens, Nelson Branco Marchetti, diz ter mantido com Serra e seu secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, durante congresso do setor ferroviário em Amsterdã, na Holanda.
Na época, a Siemens disputava com a espanhola CAF uma licitação milionária aberta pela CPTM para aquisição de 40 novos trens, e ameaçava questionar na Justiça o resultado da concorrência se não saísse vitoriosa.
A Siemens apresentou a segunda melhor proposta da licitação, mas esperava ficar com o contrato se conseguisse desqualificar a rival espanhola, que apresentara a proposta com preço mais baixo.
De acordo com a mensagem do executivo da Siemens, Serra avisou que a licitação seria cancelada se a CAF fosse desqualificada, mas disse que ele e Portella “considerariam” outras soluções para evitar que a disputa empresarial provocasse atraso na entrega dos trens.
Segundo o e-mail, uma das saídas discutidas seria a CAF dividir a encomenda com a Siemens, subcontratando a empresa alemã para a execução de 30% do contrato, o equivalente a 12 dos 40 trens previstos. Outra possibilidade seria encomendar à Siemens componentes dos trens.
Retomo
Ao jornal, Serra nega que tenha se reunido com o tal executivo. Ainda que tivesse ameaçado cancelar a licitação, teria, parece, atendido ao interesse público, não? Se a Siemens não oferecia o melhor preço e se conseguisse tirar da disputa quem ofereceu o menor, o prejuízo seria dos cofres públicos. Mas agora vem o fato estupefaciente.
Ao jornal, Serra nega que tenha se reunido com o tal executivo. Ainda que tivesse ameaçado cancelar a licitação, teria, parece, atendido ao interesse público, não? Se a Siemens não oferecia o melhor preço e se conseguisse tirar da disputa quem ofereceu o menor, o prejuízo seria dos cofres públicos. Mas agora vem o fato estupefaciente.
O suposto acordo, como evidenciam os fatos, não aconteceu. A Siemens perdeu mesmo. Recorreu à Justiça e não foi bem-sucedida. Serra ganhou na testa uma manchete em razão de um troço que o próprio jornal admite não apresentar indícios de irregularidade e que remete a um suposto acordo que… não aconteceu. O que é fato, isto sim, é que a Siemens tentou, sem sucesso, melar a disputa.
Surrealismo pouco é bobagem: em outro e-mail, o tal executivo diz que o governo de São Paulo gostaria que a Siemens executasse pelo menos um terço do contrato. E ISSO TAMBÉM NÃO ACONTECEU. Assim, temos uma manchete que confere ares de escândalo ao nada, ao que não houve, ao que não é fato.
Como???
Os e-mails que estão com o Cade foram passados pela própria Siemens, como parte do tal “Acordo de Leniência” (farei um post específico a respeito). A Folha, sei lá por quê, informa que tentou ouvir o Cade. Pra quê? Não está com o processo? E sabem o que respondeu o órgão subordinado a José Eduardo Cardozo? Reproduzo: “Procurado pela Folha, o Cade informou que o caso está sob sigilo e nenhuma informação sobre o assunto poderia ser repassada à imprensa.”
Não é mesmo o requinte do cinismo? A reportagem é feita com peças cuidadosamente selecionadas do processo que está no Cade — e, pois, vazadas por alguém de lá —, mas o órgão afirma que não pode se pronunciar em razão do… sigilo!
Começo a encerrar
A Mídia Ninja, com a sua particular forma de entender o trabalho jornalístico, costuma enfiar câmeras e gravadores na cara dos policiais militares quando estes estão enfrentando manifestantes truculentos. É claro que os PMs acabam sendo retratados como bandidos, e alguns bandidos, como heróis.
A Mídia Ninja, com a sua particular forma de entender o trabalho jornalístico, costuma enfiar câmeras e gravadores na cara dos policiais militares quando estes estão enfrentando manifestantes truculentos. É claro que os PMs acabam sendo retratados como bandidos, e alguns bandidos, como heróis.
A imprensa que os delinquentes chamam “tradicional” começam a mimetizar esses métodos. Um e-mail que relata um fato cuja veracidade é, para dizer pouco, duvidosa — já que aconteceu o contrário do que anuncia — serve para engolfar Serra na voragem de denúncias, embora se admita que os documentos “não contêm indícios de que ele tenha cometido irregularidades”.
Isso vem a público um dia antes de o PT realizar o seu primeiro ato oficial com vistas à disputa pelo governo de São Paulo. Teoria conspiratória? Não! Fato. Uma realidade tão fática quanto a inexistência de qualquer indício contra o ex-governador. E que não se ignore: uma peça dessa natureza é produzida no momento em que se especula a possibilidade de que ele busque uma alternativa para disputar a Presidência da República.
No mundo das trevas em que costuma transitar, o PT está de parabéns! Está conseguindo sair da crise, de braços dados com setores da imprensa, aliados importantes já há muitos anos. E começa a sair do sufoco fazendo aquilo em que é mestre: escandalizando o nada para destruir a reputação alheia. E ainda não acabei.
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