sábado, 30 de janeiro de 2016

A "jihad" nada santa dos Pastores do Congresso...





Como as igrejas evangélicas escolhem seus políticos? Qual o segredo da força da bancada para barrar os avanços sociais e garantir privilégios como a isenção fiscal e a concessão de rádios e TV?

Os Pastores do Congresso

por Andrea Dip - encontrado no Pública e no Contexto Livre


Homens de terno e mulheres de saia com a Bíblia na mão vão enchendo o auditório. Alguém regula o som do violão e dos microfones. A música que celebra “júbilo ao Senhor” estoura nos alto-falantes, e a audiência canta junto. Em um púlpito no palco, os pastores abrem o culto com uma oração fervorosamente acompanhada pelos fiéis.

Uma descrição comum de um culto evangélico não fossem os pastores, deputados, falando de um o púlpito improvisado no Plenário Nereu Ramos da Câmara dos Deputados de um país laico chamado Brasil. E se o (até então) presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), anunciado do púlpito ao entrar no recinto pelos pastores João Campos (PSDB/GO) e Sóstenes Cavalcante (PSD/RJ), não tivesse deixado de lado a agenda oficial para participar da celebração e tirar selfies com pessoas que se amontoavam ao seu redor.

Certamente seria bem menos estranho se logo atrás de mim, no fundo do auditório, assessores de parlamentares não estivessem fazendo piadas de cunho homofóbico e rindo alto durante boa parte do evento, que se tornou show com a chegada da aclamada cantora gospel Aline Barros, vencedora do Grammy Latino 2014 e um dos cachês mais altos do mundo gospel brasileiro. Ela tinha viajado do Rio a Brasília com o marido, o ex-jogador de futebol e hoje pastor e empresário gospel Gilmar Santos, especialmente para cantar e orar naquela manhã de quarta-feira no Congresso. Ao final do culto/evento, todos receberiam um CD promocional de Aline.

Aline Barros entoou alguns de seus sucessos com o auxílio de um playback, antes da pregação do marido. O tema é a luta do profeta Elias contra Jezebel, a princesa fenícia que se casou com o rei de Israel e, uma vez rainha, perseguiu e matou profetas israelitas. A imagem da mulher poderosa de alma cruel é usada por dezenas de sites religiosos, que comparam Jezebel à presidente Dilma Rousseff, ameaçando-a de acabar como a rainha, comida por cães.

“Em Tiago capítulo 5, versículo 17, está escrito que Elias era um homem como nós. Ele orou e durante três anos e meio não choveu. Depois ele orou de novo e Deus manda vir a chuva”, diz o pastor Gilmar, dirigindo-se aos parlamentares. “Muitas vezes a gente tem orado ‘Deus sacode esse país, traz um avivamento, faz algo novo’. Deus está fazendo. Mas a forma que Deus está fazendo nem sempre é do jeito que a gente quer, da nossa maneira. Muitas vezes a gente queria que Deus fizesse chover dinheiro do céu, que fizesse anjo carregar a gente no colo pra levar a gente pra todos os lados e queria pedir pra Deus pra sentar numa rede, pra ele trazer um suco de laranja e operar, trabalhar. ‘Manda fogo, destrói aquele endemoniado, aquele idólatra.’ Mas Deus não faz dessa forma.” Por que Deus escondeu Elias? Por que Deus tem escondido muitos de vocês e ainda não estão nos jornais como sonharam ou não tiveram reconhecimento como sempre sonharam? […] Deus está te escondendo, querido. No momento certo tudo vai acontecer, você vai ser exaltado. Deus sabe como honrar. […] Pode ser o momento mais difícil do seu mandato, mas continua confiando. Muitas pessoas podem estar vivendo uma seca nesse país. Nosso país pode estar vivendo o momento mais seco da história. Vidas secas. Mas o céu nunca vai estar em crise. Nunca tem crise, nunca tem crise.”

Sem crise

O número de evangélicos no Parlamento cresceu, acompanhando o aumento de fiéis. Segundo os últimos dados do IBGE, que são de 2010, o número de evangélicos aumentou 61% na década passada (2000-2010). Por sua vez, a Frente Parlamentar Evangélica (FPE), encabeçada pelo deputado e pastor João Campos, agrega mais de 90 parlamentares, segundo dados atualizados da própria Frente — os números podem variar por causa dos suplentes — o que representa um crescimento de 30% na última legislatura.

A mistura de política e religião é a marca da atuação dos pastores deputados. Campos, por exemplo, é presidente da Frente Parlamentar Evangélica, autor do projeto de lei apelidado de “cura gay” e defensor destacado da redução da maioridade penal, como a maioria da chamada “bancada da bala” — em 2014 ele recebeu R$ 400 mil de uma empresa de segurança para sua campanha. Cavalcante ex-diretor de eventos do pastor Silas Malafaia, seu padrinho na fé e na política, é presidente na Comissão Especial que trata do Estatuto da Família.

Encorajada por Eduardo Cunha, que assumiu a presidência da Câmara dizendo que “Aborto e regulação da mídia só serão votados passando por cima do meu cadáver”, a bancada evangélica tem conseguido levar adiante projetos extremamente conservadores, como o Estatuto da Família (PL 6.583/2013), que reconhece a família apenas como a entidade “formada a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou de união estável, e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus filhos”, que deve seguir para o Senado nos próximos dias. A PEC 171/1993, que usa passagens bíblicas para justificar a redução da maioridade penal, também foi aprovada na Câmara e aguarda análise do Senado, sem previsão de votação. O próprio Eduardo Cunha é autor do PL 5.069/2013, que cria uma série de empecilhos para o direito constitucional das mulheres vítimas de violência sexual realizarem aborto na rede pública de saúde. Esse está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara. Também foi nesta legislatura que a bancada conseguiu barrar o trecho que trata do debate sobre identidade de gênero nas escolas no Plano Nacional de Educação.

Ainda segundo os dados fornecidos pela FPE, a maioria dos parlamentares pertence a igrejas pentecostais: a Assembleia de Deus é a que mais congrega esses fiéis, seguida pela Igreja Universal do Reino de Deus, que tem como figura de destaque o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Também tem representantes no Congresso as igrejas Sara Nossa Terra e a Igreja Quadrangular.

Como acontece com os partidos na política, os membros também trocam de denominação. Eduardo Cunha recentemente trocou a Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus, onde já estavam os colegas João Campos e Marco Feliciano. Entre os membros das protestantes históricas estão Jair Bolsonaro (batista) e Clarissa Garotinho (presbiteriana).

Membros da Frente Parlamentar Evangélica por partido


Andrea Dip
No Pública

Armandinho contra o Preconceito...



quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Pitágoras de Samos, a divina ordem do Cosmos e a busca pela libertação do Homem e sua alma...




"A melhor maneira que tem o homem para aperfeiçoar-se é aproximar-se de Deus".

"A Evolução é a Lei da Vida, o Número, a Lei do Cosmos e a Unidade é a Lei de Deus"

Pitágoras de Samos (570-497 a. C.)

Pitágoras: razão e sensibilidade como asas para a elevação da alma


Texto de Carlos Antonio Fragoso Guimarães

Não há estudante secundarista que não tenha tomado conhecimento do nome de Pitágoras. O famoso “teorema de Pitágoras” tornou-se o fantasma de muitos alunos de matemática e instrumento indispensável de arquitetos, engenheiros, astrônomos e físicos, por séculos. Contudo, a contribuição e importância deste pensador ultrapassam em muito a área da geometria, ainda que uma grande parte de, senão praticamente todo,  seu pensamento esteja, hoje, intricadamente mesclada à material posterior acrescentado ao núcleo original de sua obra, ou invariavelmente perdido.
                Além de geômetra, Pitágoras também era filósofo, músico, místico e político e o impacto de sua presença e ideias atingiu toda a Grécia clássica de fins do século VI a. C. até a ruína do Império Romano do Ocidente. A admiração e importância de sua obra pode ser avaliada pelo respeito que os pitagóricos obtiveram na antiguidade e inícios da era cristã, e que pode ser testemunhada por filósofos e historiadores de porte, como Diógenes Laércio, Platão, Aristóteles, Sêneca e Plotino.

                I – O homem

                Infelizmente, o que sabemos sobre Pitágoras enquanto indivíduo, é bastante fragmentário ou envolto em meio a uma áurea talvez lendária, ao menos em parte. Mas esta “áurea lendária”, por si, já aponta para o fato de que sua vida foi extraordinária e motivo de admiração por parte dos contemporâneos e, ainda mais, de seus discípulos. O movimento pitagórico permaneceu forte a atuante, intelectual e politicamente, por ao menos três séculos após a morte de Pitágoras e seus membros tinham um respeito e devoção quase religiosas por seu mestre. De historicamente concreto podemos ter a certeza de que nasceu em Samos na segunda metade do século VI antes de Cristo, tendo atingido o apogeu de sua vida criativa e de ação por volta do ano 530 a. C, e morrido nas colônias gregas da Itália no início do século V a. C.

                Diógenes Laércio, que foi, provavelmente, o mais conhecido dos biógrafos antigos de Pitágoras – mas não o único -, deixou-nos um resumo de sua vida que é uma pista, em pinceladas robustas, da dimensão do intelecto de Pitágoras e do esforço que este fez, desde muito jovem, em se instruir e aprender, imergindo nas fontes da filosofia, ciência e religião de mistérios gregos (especialmente na escola órfica), de onde obteve estímulo e incentivo para ampliar perspectivas, fazendo-se viajar por muito tempo para além das fronteiras da Grécia.

                Diz-nos Diógenes Laércio que...

                “Jovem e ávido de ciência, deixou a sua pátria e foi iniciado em todos os ritos, escolas e mistérios, tanto gregos como bárbaros. Posteriormente, foi para o Egito... Depois, ainda esteve entre os caldeus e magos do oriente. Posteriormente, em Creta, com Epimênides, adentrou o retiro de Ida, mas no Egito também adentrou nos santuários e muito aprendeu com os segredos da teologia egípcia. Retornou, então, a Samos, mas, como encontrasse sua terra natal sob a tirania de Polícrates, decidiu seguir para a Itália, em Crotona. Ali, fundou uma comunidade e elaborou leis para os italianotas, assim conseguindo grande estima e fama, junto com seus discípulos que, em cerca de trezentos, administravam tão bem a coisa pública que seu governo foi quase uma aristocracia” (adaptado de uma citação de Diógenes Laércio, contida em Reale & Antiseri, 1991, História da Filosofia, Vol. I, p. 39, ed. Paulus, São Paulo).

                Que Pitágoras tenha viajado muito é bem possível, mas se estas viagens tiveram a extensão espacial, temporal  e – mais em especial - em profundidade nas tradições sapienciais do oriente próximo e médio, como citadas por Laércio bem depois dos fatos, é hoje objeto de alguma controvérsia, a depender do posicionamento dos eruditos. Seja como for, é hoje um fato reconhecido que, ao se estabelecer em Crotona, no sul da Itália, o filósofo teve um impacto considerável na comunidade local – impacto que logo se estendeu a outras colônias gregas do Mediterrâneo, em várias áreas, da ciência à política.

                II – As ideias

                Os alunos de Pitágoras, que viviam em comunidade, recebiam um ensino especial do Mestre e eram estimulados a desenvolver em iguais proporções a razão e a sensibilidade. Excesso de razão leva a um racionalismo frio, à arrogância e a meios de justificação dos piores atos ( no que hoje podemos ver no pior da Modernidade Mecanicista, calcada pela razão instrumental e impessoal), enquanto só a sensibilidade exagerada leva ao excesso de sentimentalismo e à complacência extremada.   Razão sensível, voltada ao crescimento pessoa e social, era o foco da comunidade pitagórica. Portanto, o estudo da ciência e da música eram bastante cultivados na comunidade de Crotona, assim como a poesia e – lógico – a filosofia. Este modelo foi posteriormente copiado por Platão em sua Academia, e por Aristóteles, no Liceu.

O ensino cultivado dentro da comunidade era restrito aos discípulos e noviços, sendo exigido sigilo sobre os pontos mais aprofundados dos estudos discutidos. Para os de fora, os discípulos eram instruídos a repassarem princípios simplificados, mais de acordo com o nível ou grau de desenvolvimento cognitivo e intelectual dos leigos (modelo também adotado por Platão e Plotino, séculos depois). O melhor exemplo desta dupla característica do ensino de Pitágoras, esotérica para os iniciados, e exotérica para os leigos, ficou melhor demonstrada no conceito de Reencarnação, adotada por Pitágoras. Enquanto para os iniciados, a doutrina da reencarnação implicava a possibilidade de desenvolvimento da alma – cujo processo seria mais ou menos rápido a depender dos esforços da mesma em cada vida -, parece que o conceito, para ser melhor gravado nas mentalidades mais rasas dos leigos de fora da comunidade, acabou por tomar contornos mais disciplinares. Lembremos que os ensinos da comunidade não eram repassados para os de fora e só muito tempo depois é que alguns discípulos começaram a escrever algo sobre o que se discutia nas reuniões dos alunos com os mestres. 

Assim, a ideia da Reencarnação foi popularizada com uma pintura mais dura no conceito menos avançado de Metempsicose, o conceito segundo o qual as almas – especialmente as mais rudes ou que agiram mal – poderiam reencarnar não apenas em formas humanas (veja-se o destaque) mas, se ainda não aprendessem ou melhorassem, poderiam voltar em corpos de animais. Era uma imagem pesada, mas ajudava as pessoas a se regrarem mais, quando a mera lógica da ética e da ideia de ação e reação não parecia surtir efeito nas mentalidades mais infantis. Seja como for, existem indícios de que Pitágoras dizia lembrar-se de várias vidas anteriores, sempre em formas humanas.  O fato é que para Pitágoras (assim como para o orfismo e várias das religiões do oriente), o objetivo da vida é o aperfeiçoamento da alma até o ponto em que esta não precise mais voltar ao mundo terreno. Neste aperfeiçoamento, o desenvolvimento intelectual, afetivo e moral deve ser harmônico, equilibrado e constante e a melhor maneira para tanto é o estudo, a reflexão e o convívio com seus semelhantes, aprendendo e ensinando, além de partilhando.

Coube também a Pitágoras e seus discípulos o reconhecimento da ordem na natureza ( significado da palavra grega Kósmos). Como vários dos mais importantes fenômenos naturais possuem uma periodicidade (as estações do ano, os ciclos de vida, dia e noite, etc.) e são proporcionais ou possuem relações entre si (dia-noite, claro-escuro, par e ímpar, macho e fêmea, as notas musicais, as relações harmônicas, etc), Pitágoras intuiu que a ordem que vemos segue os parâmetros de uma ordem implicada, mais perfeita (por exemplo, a harmonia entre os corpos celestes, que ele chamava “harmonia das esferas”) e que, como podem ser representadas matematicamente, toda a ordem visível é expressão de uma matemática divina. Daí a ênfase (para nós, bem distante no tempo, aparentemente exagerada) de Pitágoras nas relações numéricas: estas podiam representar a divina proporção oculta (ou nem tanto) nas coisas. Para isso, além da geometria, contribuiu grandemente os estudos de Pitágoras com a música: as notas de uma escala são padrões numéricos e frequências em números precisos (relações entre a oitava, a quarta, a quinta, etc., que estabelecem os graus da escala musical).

O avanço dos discípulos nas comunidades pitagóricas (assim como ocorria também com as órficas) ficou patente quando estes começaram a assumir funções na administração pública, promovendo avanços sociais variados e menos práticas coronelistas. O foco estava no correto agir, não só individualmente, mas também socialmente – objetivo coerente e resultante da filosofia da comunidade de purificação e libertação da alma. Não demorou muito para que – como sempre ocorre quando novas ideias surgem promovendo maior justiça e equidade – a classe tradicional começasse a odiar Pitágoras e seus discípulos. O fato é que alguns “coronéis” e membros da “Casa Grande” tradicional de Crotona, querendo reaver o poder que tinham, acabariam por incendiar a comunidade de Pitágoras. Segundo algumas fontes, fora assim que o Mestre acabou por morrer, assassinado pelos conservadores (imaginem o quanto mais intensa teria sido a perseguição se nesta época houvesse uma mídia com as  suas Globo e a Veja influindo e manipulando acríticos superficiais....), mas outras fontes dizem que Pitágoras teria conseguido escapar à tentativa de assassinato, morrendo algum tempo depois. 



O simbolismo da espiritualidade que surge do escuro lodo em direção à luz, vencendo as trevas, da Flor de Lótus...

lótus azul












  "O significado da flor de lótus começa em suas raízes – literalmente! A flor de lótus é um tipo de lírio d’água, cujas raízes estão fundamentadas em meio à lama e ao lodo de lagoas e lagos. O lótus vai subindo à superfície para florescer com notável beleza. O simbolismo está especialmente nesta capacidade de enfrentar a escuridão e florescer tão limpa, tão bonita e tão especial para tantas pessoas."

Segue texto extraído da Revista Pazes:


Flor De Lótus: Saiba Porque Ela É Um Dos Símbolos Mais Profundos E Antigos Que Existem


Venerada em muitos lugares, desde Índia, China, Japão e Egito, a flor de Lótus durante muito tempo simbolizou a criação, a fertilidade e, sobretudo, a pureza, uma vez que essa bela flor emerge das águas sujas, turvas e estagnadas. Além disso, representa a beleza e o distanciamento pois cresce sem se sujar nas águas que a envolvem (a raiz está na lama, o caule na água e a flor no sol).
Na crença hindu, simboliza a beleza interior: “viver no mundo, sem se ligar com aquilo que o rodeia”.
No Egito, essa flor atípica simboliza a “origem da manifestação”, ou seja, o nascimento e o renascimento visto que ela abre e fecha consoante o movimento solar e, ademais, está relacionada com os deuses Nefertem e Re. Vale lembrar que o lótus azul era venerado pelos faraós do Egito por possuir características sagradas e mágicas associadas ao renascimento.
O significado da flor de lótus começa em suas raízes – literalmente! A flor de lótus é um tipo de lírio d’água, cujas raízes estão fundamentadas em meio à lama e ao lodo de lagoas e lagos. O lótus vai subindo à superfície para florescer com notável beleza. O simbolismo está especialmente nesta capacidade de enfrentar a escuridão e florescer tão limpa, tão bonita e tão especial para tantas pessoas.
lótus 2À noite as pétalas da flor se fecham e a flor mergulha debaixo d’água. Antes de amanhecer, ela levanta-se das profundezas novamente, até ressurgir novamente à superfície, onde abre suas pétalas novamente. Por causa desse ritualismo, os egípcios antigos associavam a flor de lótus com o deus do sol Ra, porque a flor se fecha durante a noite e se abre todas as manhãs com o ressurgimento do sol.
É também a única planta que regula o seu calor interno, mantendo-o por volta dos 35º, isto é, a mesma temperatura do corpo humano. Outra característica peculiar são suas sementes, que podem ficar mais de 5 mil anos sem água, somente esperando a condição ideal de umidade pra germinar.
Lenda da flor de Lótus no budismo
lotusNa lenda do Budismo relata-se que quando o Siddhartha, que mais tarde se tornaria Buda, deu os seus primeiros sete passos na terra, sete flores de lótus brotaram. Assim, cada passo dele representa um degrau no crescimento espiritual.
Os Budas em meditação são representados sentados sobre flores de lótus, e a expansão da visão espiritual na meditação (dhyana) está simbolizada pela abertura das pétalas das flores de lótus, que podem estar totalmente fechadas, semiabertas ou completamente abertas, dependendo do estágio da expansão espiritual.

Lenda da flor de lótus no hinduísmo
Na Índia, uma pequena lenda conta a historia de sua criação: Um dia, reuniram-se para b3acf5ed8dbb10e828dbad7f1b7e0219uma conversa, à beira de um lago tranquilo cercado por belas árvores e coloridas flores, quatro lendários irmãos. Eram eles o Fogo, a Terra, a Água e o Ar.
Como eram raras as oportunidades de estarem todos juntos, comentavam como haviam se tornado presos a seus ofícios, com pouco tempo livre para encontros familiares. Mas a Água lembrou aos irmãos que estavam cumprindo a lei divina, e este era um trabalho que deveria lhes trazer o maior dos prazeres.
Assim, aproveitaram o momento para confraternizar e contar, uns aos outros, o que haviam construído – e destruído – durante o tempo em que não se viam. Estavam todos muito contentes por servirem à criação e poderem dar sua contribuição à vida, trabalhando em belas e úteis formas.
Então se lembraram de como o homem estava sendo ingrato. Construído ele próprio pelo esforço destes irmãos, não dava o devido valor à vida. Os irmãos chegaram a pensar em castigar o homem severamente, deixando de ajudá-lo. Mas, por fim, preferiram pensar em coisas boas e alegres.
Antes de se despedir, decidiram deixar uma recordação ao planeta deste encontro. Queriam criar algo que trouxesse em sua essência a contribuição de cada um dos elementos, combinados com harmonia e beleza. Sentados à beira do lago, vendo suas próprias imagens refletidas, cada um deu sua sugestão e muitas ideias foram trocadas. Até que um deles sugeriu que usassem o próprio lago como origem.
Que tal um ser vivo que surgisse da água e se crescesse em direção ao céu? Uma vegetal, talvez? Decidiram-se, então, por uma planta que tivesse suas raízes rente à terra, crescesse pela água e chegasse à plenitude do ar. Ofereceram, cada um, o seu próprio dom. A Terra disse: “darei o melhor de mim para alimentar suas raízes”.
lótus 3A Água foi a próxima: “Fornecerei a linfa que corre em meus seios, para trazer-lhe força para o crescimento de sua haste”. “E eu lhe cercarei com minhas melhores brisas, dando-lhe minha energia e atraindo sua flor”, disse o Ar. Então o Fogo, para finalizar o projeto, escolheu o que de melhor tinha a oferecer: “ofereço o meu calor, através do sol, trazendo-lhe a beleza das cores e o impulso do desabrochar”.
Juntos, puseram-se a trabalhar, detalhe a detalhe, na sua criação conjunta. Quando finalizaram sua obra, puderam se despedir em alegria, deixando sobre o lago a beleza da flor que se abria para o sol nascente. Assim, em vez de punir o ser humano, os quatro irmãos deixaram-lhe uma lembrança da pureza da criação e da perfeição que o homem pode um dia alcançar.
Lendas egípcias da flor de lótus
A flor de Lótus é uma planta sagrada no Egito Antigo, onde é retratada no interior daspirâmides e nos antigos palácios do Egito. Segundo uma lenda, a flor está relacionada à criação do mundo e o umbigo do Deus Vishnu, onde teria nascido uma brilhante flor de lótus e desta teria surgido outra divindade, o Brahma, o criador do cosmo e dos homens. Outra lenda egípcia diz que o deus do sol Horus, nasceu também de uma flor de Lótus.
A matéria com base nas publicações dos sites: Dicionários de SímbolosJapão em Foco e, especialmente, Conti outra.


Índios tentam resistir heroicamente à violência, aculturação e satanização de pastores pentecostais... Reportagem de Fábio Pannunzio, para a Bandeirantes


Reportagem de Fábio Pannunzio, da Bandeirantes, indicada pela amiga Lene Dann:



“A luta dos índios guaranis no Mato Grosso do Sul para preservarem suas tradições religiosas  necessita de intervenção do governo federal,  suas práticas religiosas estão sendo acintosamente satanizadas pelas seitas pentecostais.”
 Os 25 mil índios que ainda restam na região em que eles foram donos, estão sendo vítimas no momento de um massacre e genocídio cultural. 36 igrejas pentecostais concorrem entre si pelas almas indígenas, somente em uma reserva com 12 mil índios em Dourados.
 Os indígenas já não podem nem mais usar urucum, pois segundo os pastores das igrejas, a tinta  usada pelos indígenas para cobrir seus corpos, é “bosta” do diabo.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Professores e alunos repudiam comentário racista-elitista do ex-porta voz da Ditadura Alexandre Garcia


Redação Pragmatismo






EDUCAÇÃO15/JAN/2016 ÀS 17:11
COMENTÁRIOS

Professores e alunos repudiam comentário racista exibido na Globo 


Comunidade acadêmica e alunos e professores de escola pública repudiam comentário racista 
de Alexandre Garcia, exibido na Globo-DF. Jornalista afirmou que os cotistas que entram na 
Universidade de Brasília (UnB) não possuem méritos e estão lá por "pistolão", muito embora
 estudos comprovem que os cotistas vêm tendo desempenho melhor do que os não cotistas
Alexandre Garcia Globo racismo cotas
Alexandre Garcia (reprodução)




Um comentário do jornalista Alexandre Garcia, ex-porta-voz da ditadura militar, num noticiário local da Globo em Brasília provocou imensa revolta entre alunos e professores da rede pública, bem como na comunidade acadêmica.
Garcia afirmou que os alunos cotistas da Universidade de Brasília entrariam pelas costas na universidade pública, sem ter, na sua avaliação, mérito para estudar nas instituições federais de ensino superior. Estariam lá por “pistolão”, segundo disse o jornalista.
No entanto, diversos estudos do Ministério da Educação já comprovam que os alunos cotistas vêm tendo desempenho acadêmico superior ao de não-cotistas.
“Temos que pensar na qualidade do ensino. Aqui no Brasil ele é todo assim por pistolão, empurrãozinho, ajuda. A tradução disso é cota. Aí põe lá um monte de gente… só 67%, você viu aí, passaram por mérito. Estão aprendendo como é a vida, a concorrência, sem nenhuma humilhação de receber empurrãozinho. O mérito é a base”, disse o jornalista.
No passado, Garcia já havia causado polêmica, ao dizer que o Brasil não era racista até inventarem a Lei de Cotas (relembre aqui). Ele seguia o raciocínio de Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, que escreveu o livro “Não somos racistas”, para tentar evitar que o Brasil adotasse políticas de ação afirmativa, que existem nos Estados Unidos há mais de 50 anos.
Pela tese de Garcia, atrizes da própria Globo, como Thais Araújo e Sheron Menezzes, só sofreram ataques racistas recentemente porque “inventaram” a Lei de Cotas.
O comentário de Garcia provocou indignação e revolta na professora Flávia Helen, que atua na rede pública do Distrito Federal e prepara alunos para o vestibular.
Confira, abaixo, seu desabafo:

Leia, ainda, o artigo do estudante João Marcelo, que estuda na UnB:
A abominação ética em Alexandre Garcia
João Marcelo
Os comentários de Alexandre Garcia nos telejornais da TV Globo são sempre um festival de impropérios, invariavelmente de cunho elitista. Porém, sua declaração recente em que acusa os alunos ingressos à UnB pelo sistema de cotas de “não possuírem méritos para ingressar na Universidade” revela em sua personalidade um pendor de senhor de escravo, um calejamento próprio de uma classe dominante infecunda e profundamente perversa.
A Lei de Cotas nas universidades completou três anos no ano passado. Fruto da mobilização dos movimentos sociais, logrou colaborar no ingresso de mais de 111 mil alunos negros. Ao contrário do propalado pelos intelectuais da Casa Grande, sua efetivação não precarizou o ensino superior público: segundo dados científicos apurados na avaliação dos 10 anos da implementação do sistema de cotas na UnB, o rendimento dos estudantes cotistas é igual ou superior ao registrado pelos alunos do sistema universal. Outras análises, em dezenas de instituições como Uerj e UFG, coadunam com o diagnóstico.
Os argumentos contrários ao sistema de cotas carregam o signo de uma ideologia que fez com que o País vivesse o colonialismo, a escravidão e a própria ditadura. Está no DNA da classe dominante brasileira buscar impedir à emancipação dos oprimidos, por esses constituírem ameaça ao seu domínio. Para esse fim, ocultam os saqueios e opressões que os povos colonizados foram e são submetidos, ao mesmo tempo em que procuram domesticar o imaginário dos oprimidos a partir de mentiras repetidas à exaustão nos meios de comunicação em massa.
Darcy Ribeiro, fundador da UnB e um dos maiores antrópologos brasileiros, teve ocasião de asseverar que o maior problema do Brasil é sua elite. Segundo ele, as elites brasileiras se apropriam unicamente do poder para usurpar à riqueza nacional, condenando seu povo ao atraso e a penúria (ver O livro dos CIEPS, 1986:98). Por isso, carregamos a inglória posição de terceiro país mais desigual do mundo.
Alexandre Garcia é um conhecido bajulador das hostes oficias. Foi aliado de Ernesto Geisel e porta-voz do ditador João Batista Figueiredo. Foi exonerado após postar seminu numa revista masculina. Apoiou a candidatura de Maluf no Colégio Eleitoral. Foi um dos artífices da cobertura global que favoreceu a ascensão de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. É, pois, co-participe da tragédia social, política, econômica e ideológica da sociedade brasileira.
A TV Globo, que abriga essa triste figura, é a principal aliada de todas as causas abomináveis patrocinadas pela elite contra o povo brasileiro. Sustentou o golpe de 1964, franqueou amplo apoio ao regime militar, deu sustentação aos governos conservadores após a redemocratização. Seu jornalismo sempre perseguiu os movimentos sociais e lideranças populares, cuja expressão mais retumbante foi o herói da pátria Leonel de Moura Brizola.
Quando insulta os alunos da rede pública egressos pelo sistema de cotas, o jornalista vê nisso paternalismo e esmola. É compressível. Quem ascendeu na carreira com favores e migalhas dos plutocratas só pode enxergar nos outros os vícios que carrega. Felizmente, o povo brasileiro não permitirá que a direita apátrida coloque suas mãos sujas de sangue em seus direitos mais caros, para a tristeza do jornalista e seus correligionários.

domingo, 24 de janeiro de 2016

O sistema financeiro mundial, sua ideologia neoliberal e suas "crises" são calculados para benefício único de 1% da humanidade

Conselheiro da Oxfam, que denunciou hiper-concentração global de riqueza, sustenta: desigualdade tem sido meticulosamente fabricada, por elite que controla poder ou refugia-se em paraísos fiscais...


Um sistema para o 1%

Texto Mikhail Maslennikov, entrevistado por Elena Llorente, no Página 12 | Tradução: Cepat - Retirado do site Outras Palavras


Opulência e miséria misturam-se em Manila, Filipinas. Uma cena cada vez mais frequente, num mundo dominado por políticas de "austeridade" e  "ajustes fiscais"
Opulência e miséria misturam-se em Manila, Filipinas. Uma cena cada vez mais frequente, num mundo dominado por políticas de “austeridade” e “ajustes fiscais”

O relatório da organização internacional Oxfam sobre a desigualdade no mundoAn economy for the 1% (Uma economia para o 1%”), divulgado nesta semana, mostra que as 62 pessoas mais ricas do mundo – 53 delas homens, com os estadunidenses Bill Gates eWarren Buffet e o mexicano Carlos Slim na liderança – detêm em conjunto a mesma riqueza de 3,6 bilhões de pobres do mundo. Isto equivale dizer que possuem a riqueza de quase a metade da população mundial, que hoje soma pouco mais de 7,3 bilhões.
Os números são apavorantes, caso se acrescente, além disso, que o abismo está crescendo mais rápido do que a própria Oxfam havia predito, há um ano, e que as mulheres são desproporcionalmente atingidas por esta desigualdade. Oxfam – cujo nome deriva de Oxford, Inglaterra, onde foi fundada em 1942, e de ‘famine’ que em inglês significa fome – é uma confederação de 17 organizações não governamentais que trabalha em 94 países para encontrar soluções à pobreza.
Mikhail Maslennikov é um matemático e econometrista que trabalha na Oxfam Itália como conselheiro político sobre temas de desigualdade econômica e justiça fiscal. Eis sua entrevista.
Segundo o relatório da Oxfam, 62 multimilionários tem a mesma riqueza que quase a metade do mundo. Como se chegou a esta conclusão?
Analisamos a distribuição da receita em escala global. A desigualdade é um sintoma de grande mal-estar social tão forte que até mesmo organizações econômicas internacionais como FMIOCDE(Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e Banco Mundial estão sendo obrigadas a levá-la em conta. Porque se as desigualdades econômicas não fossem tão extremas como agora, o crescimento econômico interno em diferentes regiões do mundo haveria sido favorecido. Na Itália, por exemplo, estima-se que a queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 8%, nos úlitmos anos, deu-se também em razão das desigualdades econômicas.
E os governos, que papel têm cumprido em tudo isto?
Em geral, os governos subestimaram o fenômeno e o favoreceram, em certo sentido, com certas decisões em nível de política pública. AOxfam concentrou-se nos efeitos produzidos pelas políticas fiscais, especialmente nos sistemas fiscais nacionais que não são suficientemente progressivos (quanto mais se ganha, mais se paga). Em muitos países – um caso eloquente são os Estados Unidos – as alíquotas fiscais para as receitas mais altas foram reduzidas ao mínimo, nos últimos trinta anos. Isto permitiu a concentração da receita nos setores mais favorecidos da população, que pagaram menos tributos para o Estado. Um exemplo de pouca progressividade em matéria fiscal é a Itália, onde a alíquota paga por uma pessoa que ganha 80.000 e por outra que ganha 8 milhões, ao ano, é a mesma.
Você também mencionou os salários…
Para analisar a desigualdade também observamos a receita do trabalho nos últimos 25 e 30 anos, analisamos a receita global em razão da receita do trabalho. E concluímos que sobre a ampla desigualdade econômica também incidem as variações remunerativas.
O abismo entre os que ocupam cargos de direção e os empregados médios foi ampliada, com o passar dos anos. No relatório, analisamos casos significativos de grandes companhias estadunidenses. Há dados de vários países, como Estados Unidos, Índia e Reino Unido, mas nem todas as companhias têm a obrigação de publicar os salários dos grandes dirigentes. Em outros países, não há qualquer obrigação de torná-los públicos. Nos países em que foi possível analisar, a diferença está se acentuando.
Outros fatores que influíram para aumentar a distância entre ricos e pobres?
Também influíram as políticas econômicas dos últimos 30 anos. Houve uma redução dos investimentos nos serviços públicos essenciais, em geral. Para nós, a desigualdade econômica também é uma demonstração de que este modelo econômico fracassou.
Quanto mais poder econômico se tem, mais riqueza se possui e mais é possível condicionar as decisões em matéria de política econômica por parte dos governos.
Qual foi o papel do dinheiro enviado aos chamados paraísos fiscais?
Quando a concentração da riqueza chega ao pico da pirâmide, tenta-se conservá-la. Uma das formas para isso é defender os privilégios fiscais ou esconder essa riqueza em algum paraíso fiscal. Alguns economistas e a Oxfam têm estimado que cerca de 7,6 trilhões de dólares estão escondidos nos paraísos fiscais. Se fossem pagos os impostos sobre esta riqueza, as receitas fiscais para os governos seriam de 190 bilhões por ano. Além disso, os paraísos fiscais são o ponto de chegada dos lucros transferidos pelas grandes multinacionais, mas também pelos indivíduos, fora das jurisdições fiscais dos países onde realmente fazem sua atividade. O exemplo é o informe 2012 de grandes companhias estadunidenses que declararam receitas nas ilhas Bermudas – um paraíso fiscal – por 80 bilhões de euros. Significa 3,3% de todas as suas receitas globais. No entanto, esse número não reflete a real presença econômica dessas companhias nas Bermudas, onde possuem apenas 0,3% de suas vendas globais e 0,01% do custo trabalhista global.
Nesses dias, acontece o tradicional Foro de Davos, na Suíça, que reúne políticos, economistas e empresários de todo o mundo. O que a Oxfam apresentará lá?
Queremos fazer um chamado às elites e aos governos, lançando a reivindicação de maior justiça fiscal. Queremos também recordar às elites o nível de desigualdade em que vivemos e a responsabilidade que elas têm. Aoxfam demonstrou que das 200 companhias analisadas – entre as quais estão incluídas as 120 maiores do mundo e uns 100 sócios estratégicos do Fórum –, nove em cada dez estão presentes nos paraísos fiscais.
Queremos dizer que o dinheiro enviado para os paraísos fiscais acentua a desigualdade. Ou seja, chamaremos atenção sobre os níveis insustentáveis da desigualdade. Também alertaremos de forma provocadora contra a evasão fiscal das corporações que estejam presentes em Davos.
Em sua opinião, o que cada país deveria fazer para diminuir as diferenças entre ricos e pobres?
Como prioridade, acredito que seria preciso redefinir os sistemas fiscais para que sejam mais progressivos e analisar o impacto de novos sistemas sobre os níveis de desigualdade. Além disso, maiores investimentos em serviços públicos essenciais como Educação e Saúde, e políticas de apoio ao Trabalho. E, em plano internacional, os governos deveriam contribuir para uma reforma da fiscalidade internacional, acabando com os paraísos fiscais.

Somos diferentes e de diferentes maneiras buscamos caminhar em direção ao mesmo Pai...



sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O capitalismo global está destruindo a raça humana





Paul Craig Roberts (*) (fonte: Carta Capital)


Fora as armas nucleares, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já enfrentou.
Ele levou a ganância a um patamar de força determinante da história.




A teoria econômica ensina que os movimentos financeiros a preços e lucros livres garantem que o capitalismo produz o maior bem-estar para o maior número de pessoas. Perdas indicam atividade econômica em que os custos excedem o valor da produção, de modo que investimentos nestas áreas devem ser restritos. 

Lucros indicam atividades em que o valor de produção excede o custo, que fazem o investimento 
crescer. Os preços indicam a escassez relativa e o valor das entradas e saídas, servindo assim para 
organizar a produção mais eficientemente.

Essa teoria nao é o que funciona quando o governo dos EUA socializa custos e privatiza lucros, 
como vem sendo feito com o apoio do Banco Central aos bancos “grandes demais para quebrarem” 
e quando um punhado de instituições financeiras concentram tamanha atividade econômica. Bancos 
“privados” subsidiados não são diferentes das outrora publicamente subsidiadas indústrias da 
Grã Bretanha, França, Itália e dos países então países comunistas. Os bancos impuseram os 
custos de sua incompetência, ganância e corrupção sobre os contribuintes.

Na verdade, as empresas socializadas na Inglaterra e na França eram dirigidas mais eficientemente, 
e nunca ameaçavam as economias nacionais, menos ainda o mundo inteiro de ruína, como os 
bancos privados dos EUA, os “grande demais para quebrar” o fazem. Os ingleses, franceses e os 
comunistas nunca tiveram 1 bilhão de dólares anuais, para salvar um punhado de empresas 
financeiras corruptas e incompetentes.
Isso só ocorre no “capitalismo de livre mercado”, em que capitalsitas, com a aprovação da corrupta 
Suprema Corte dos EUA, pode comprar o governo, que os representa, e não o eleitorado. Assim, a 
tributação e o poder de criação de dinheiro do governo são usados para bancar poucas instituições 
financeiras às custas do resto do país. É isso o que significa “mercados autorregulados”.

Há muitos anos, Ralhp Gomery alertou que os danos para os trabalhadores estadunidenses dos 
empregos no exterior seria superado pela robótica. Gomery me disse que a propriedade de patentes 
tecnológicas é altamente concentrada e que as inovações tornaram os robôs cada vez mais humanos
 em suas capacidades. Consequentemente, a perspectiva para o emprego humano é sombria.

As palavras de Gomory reverberam em mim quando leio o informe da RT, de 15 de fevereiro último,
com especialistas de Harvard que construíram máquinas móveis programadas com com termos
lógicos de auto-organização e capazes de executarem tarefas complexas sem direção central ou
controle remoto.

A RT não entende as implicações. Em vez de levantar uma bandeira vermelha, a RT se entusiasma: 
“as possibilidades são vastas. As máquinas podem ser feitas para construir qualquer estrutura 
tri-dimensional por si sós, e com mínima instrução. Mas o que é realmente impressionante é a sua
 capacidade de adaptação ao seu ambiente de trabalho e a cada um deles; para calcular perdas, 
reorganizar esforços e fazer ajustes. Já está claro que o desenvolvimento fará maravilhas para a 
humanidade no espaço, e em lugares de difícil acesso e em outras situações difíceis”.

Do modo como o mundo está organizado, sob poucos e imensamente poderosos e gananciosos 
interesses privados, a tecnologia nada fará pela humanidade. A tecnologia significa que os humanos 
não serão mais requeridos na força de trabalho e que os exércitos de robôs sem emoção tomarão o 
lugar dos exércitos humanos e não há qualquer remorso quanto a destruir os humanos que os 
desenvolveram. O quadro que emerge é mais ameaçador que as previsões de Alex Jones. Diante 
da pequena demanda por trabalho humano, muito poucos pensadores preveem que os ricos 
pretendem aniquilar a raça humana e viver num ambiente dentre poucos, servidos por seus robôs. 
Se essa história ainda não foi escrita como ficção científica, alguém deveria se dedicar a fazê-lo, 
antes que se torne algo comum da realidade.

Os cientistas de Harvard estão orgulhosos de sua conquista, assim como sem dúvida estavam os 
participantes do Projeto Manhattan, em relação à conquista por terem produzido uma arma nuclear. 
Mas o sucesso dos cientistas do Projeto Manhattan não foi muito bom para os residentes de 
Hiroshima e Nagasaki, e a perspectiva de uma guerra nuclear continua a lançar uma nuvem negra 
sobre o mundo.

A tecnologia de Harvard provará que é inimiga da raça humana. Esse resultado não é necessário, 
mas os ideólogos do livre mercado pensam que qualquer planejamento ou antecipação é uma 
interferência no mercado, que sempre sabe melhor (daí a atual crise financeira e econômica). 
A ideologia do livre mercado alia-se ao controle social e serve a interesses de curto prazo de 
gananciosos grupos privados. Em vez de ser usada para a humanidade, a tecnologia será usada 
para o lucro de um punhado.

Essa é a intenção, mas qual é a realidade? Como pode haver uma economia de consumo se não há 
emprego? Não pode, que é o que estamos aprendendo gradativamente com a exportação de empregos 
pelas corporações globais, para o exterior. Por um período limitado uma economia pode continuar a 
funcionar na base de empregos de meio turno, rebaixamento de salários, cartões de benefícios sociais
 – de segurança alimentar e auxílio-desemprego.

Quando a poupança cai, no entanto, quando os políticos sem coração que demonizam os pobres
 cortam esses benefícios, a economia deixa de produzir mercado para consumir os bens importados 
que as corporações trazem para vender.

Aqui vemos o fracasso total da mão invisível de Adam Smith. Cada corporação em busca de 
vantagens gerenciais maiores, determinadas pelos lucros obtidos em parte pela produção da destruição 
do mercado consumidor dos EUA e da miséria maior de todos.

A economia smithiana aplica-se a economias nas quais os capitalistas têm algum sentido de vida 
comum com outros cidadãos do país, como o tinha Henry Ford.

Algum tipo de pertencimento a um país ou a uma cidade. A globalização destrói esse sentido. 
O capitalismo evoluiu ao ponto em que os interesses econômicos mais poderosos, os interesses que 
controlam o próprio governo, não têm sentido de obrigação com o país nos quais seus negócios estão 
registrados. Fora as armas nucleares, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já teve 
diante de si.

O capitalismo internacional levou a ganância a um patamar de força determinante da história. O capitalismo desregulado e dirigido pela ganância está destruindo as perspectivas de emprego no mundo desenvolvido e no mundo em desenvolvimento, cujas agriculturas se tornaram monoculturas para exportação a serviço dos capitalistas globais, para alimentarem a si mesmos. Quando vier a quebradeira, os capitalistas deixarão “a outra” humanidade à míngua.

Enquanto isso, os capitalistas declaram, em seus encontros de cúpula, “que há muita gente no mundo”.

(*) Diretor do Institute for Political EconomyVersão original do artigo aqui.

(**) Tradução: Louise Antônia León