sexta-feira, 26 de abril de 2024

Portal do José: MORAES FUGIU? BOLSONARISTAS PUBLICAM INSANIDADE! RIDÍCULOS E PERIGOSOS EXTREMISTAS: MUSK NÃO OS SALVARÁ DA CADEIA!

 

Do Portal do José:

26/04/24 É TEMPO DE RESGATARMOS A NORMALIDADE DOS DEBATES PÚBLICOS. Para isso é fundamental que os insanos criminosos ridículos sejam contidos pelo ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. SIGAMOS.




O silêncio de Deus, por Leonardo Boff

 

Vivemos num mundo trágico. Poderemos não ter mais retorno ou, forçados pela situação, recuperaremos a razão sensível e sensata?

(Foto: Divulgação)

O silêncio de Deus


Vivemos globalmente num mundo trágico, cheio de incertezas, de ameaças e de perguntas para as quais não temos respostas que nos satisfaçam. Ninguém nos poderá dizer para onde estamos indo: para o prolongamento do atual modo de habitar a Terra, devastando-a em nome de um maior enriquecimento de poucos. Ou mudaremos de rumo?

No primeiro caso, seguramente a Terra não aguentará a voracidade dos consumistas (já agora precisamos de uma Terra e meia para atender o nível atual de consumo dos países ricos) e nos confrontaremos com crises e mais crise, como o coronavírus e o aquecimento global já irrefreável (lançamos na atmosfera por ano 40 bilhões de toneladas de gazes de efeito estufa). Poderemos não ter mais retorno e iremos ao encontro do pior.

Ou, forçados pela situação, recuperaremos a razão sensível e sensata, pois agora está enlouquecida, definimos um novo rumo mais amigável para com a natureza e a Terra, mais justo e participativo de todos os humanos. Trabalharemos a partir do território, desenhado pela natureza, pois ai pode ser sustentável e criar uma verdadeira participação de todos. Então começará um novo tipo de história com um futuro para o sistema-vida e o sistema-Terra.

Teremos tempo, coragem e sabedoria para esta conversão ecológica? O ser humano é flexível, tem mudado muito e se adaptado aos vários climas. Ademais a história não é linear. De repente surge o inesperado e o impensável (um salto para cima em nossa consciência) que inaugurariam um novo rumo para a história.

Enquanto esperamos, sofremos pelos males que estão ocorrendo na Terra: há 17 lugares de guerra. O Papa Francisco falou muitas vezes que estamos já na terceira guerra mundial aos pedaços. Não é impossível que irrompa um conflito nuclear inteiro e leve a perder toda a humanidade.

Neste contexto nos colocamos no lugar de Jó e clamamos a Deus no meio de tantas mortes de inocentes, de genocídios e de guerras altamente letais.

“Deus, onde estavas naqueles momentos aterradores em que a fúria genocida de Benjamin Netanyahu dizimou 13 mil crianças inocentes e mais de 80 mil pessoas e mães na Faixa de Gaza? Por que não intervistes, se podias fazê-lo? Mais de 500 mil casas, hospitais escolas, universidades, mesquitas e igrejas foram arrasadas. Por que não detiveste aquele abraço assassino? Teu Filho bem-amado, Jesus, saciou cerca de 5 mil pessoas famintas. Por que permites que centenas e centenas morram de sede e de fome?

Onde está a tua piedade? Estas vítimas não são também teus filhos e filhas, especialmente queridos, porque representam teu Filho crucificado.

Recordo com dor as palavras do Papa Bento XVI quando visitou o campo de extermínio de judeus em Auschwitz-Birkenau: “Quantas perguntas surgem neste lugar. Onde estava Deus naqueles dias? Por que Ele silenciou? Como pôde tolerar esse excesso de destruição, este triunfo do mal?”.

Jó tinha razão em reconhecer que”Deus é grande demais para que possamos conhecê-lo” ( 36, 26). Ele pode ser e fazer aquilo que não entendemos, pois somos limitados. Não obstante teimosamente Jó professa sua fé, dizendo a Deus: “Mesmo que me mates, ainda assim creio em ti” ( 15,13)?

Inesquecível é o testemunho do judeu antes de ser exterminado no Gueto de Varsóvia em 1943. Deixou escrito num papelzinho posto dentro de uma garrafa: “Creio no Deus de Israel, mesmo que Ele tenha feito tudo para que não creia nEle. Escondeu seu rosto…Se, um dia, alguém a encontrar esse papelzinho e o lerá, vai entender, talvez, o sentimento de um judeu que morreu abandonado por Deus, esse Deus em quem continuo a crer firmemente”.

Não pretendemos ser juízes de Deus. Mas podemos como o filho do homem no Jardim das Oliveiras e no alto da cruz. Jesus, quase desesperado, clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste (Marcos 15, 34)?

Nossos lamentos não são blasfêmias, mas um grito doloroso e insistente a Deus: “Desperta! Não tolere mais o sofrimento, o desespero e o genocídio de inocentes. Acorda, vem libertar aqueles que criastes no amor. Acorda e venha, Senhor, para salvar-los.

No meio desta melancolia, nossa esperança prevalece, porque pela ressurreição de um irmão nosso, Jesus de Nazaré, se antecipou nosso fim bom. É isso que nos confere algum sentido e de não desesperar face à dramática situação da humanidade e da Terra.

Manifestações estudantis em solidariedade aos palestinos se espalham nas universidades dos EUA

 

Acampamentos em solidariedade com o povo palestino foram montados em instituições de renome mundial como Harvard, Yale, Columbia e Princeton

Estudantes dos EUA protestam contra genocído na Palestina
Estudantes dos EUA protestam contra genocído na Palestina (Foto: Caitlin Ochs/REUTERS)

247De Los Angeles a Nova York, de Austin a Boston, de Chicago a Atlanta, estudantes e membros do corpo docente das principais universidades dos Estados Unidos continuam a se mobilizar em apoio à causa palestina, apesar da repressão policial e das dezenas de prisões em muitas universidades.

Acampamentos em solidariedade com o povo palestino foram montados em instituições de renome mundial como Harvard, Yale, Columbia e Princeton, destaca reportagem da agência de notícias palestina WAFA.

Os estudantes expandiram sua presença erguendo mais barracas nos campi, amplificando sua mensagem para as comunidades locais e os formuladores de políticas em Washington, pedindo intervenção imediata para interromper o genocídio e apoiar os direitos dos palestinos.

Esforços estão em andamento para pressionar a administração dos EUA a desinvestir de Israel e boicotar empresas que apoiam a ocupação da terra palestina, bem como boicotar universidades israelenses cúmplices no genocídio contra os palestinos.

Esses protestos começaram na semana passada na Universidade de Columbia, em Nova York, onde um grupo de estudantes decidiu realizar um acampamento aberto de sentinela no campus, condenando a agressão contra o povo palestino.

Houve quase 550 prisões de manifestantes na última semana nas principais universidades dos EUA, segundo um levantamento da agência de notícias Reuters.

Algumas universidades convocaram a polícia para reprimir as manifestações, resultando em ferimentos e prisões, enquanto outras parecem estar aguardando enquanto o semestre acadêmico entra em seus últimos dias.

Na Emerson College de Boston, 108 manifestantes não violentos foram presos durante a noite pela polícia, que apareceu em um vídeo avançando pela multidão com força, jogando alguns estudantes ao chão.

No campus de Atlanta da Universidade Emory, 28 pessoas foram detidas e o braço local do grupo ativista Jewish Voice For Peace disse que a polícia usou gás lacrimogêneo e tasers nos manifestantes.

Na Universidade de Indiana Bloomington, policiais com escudos e cassetetes avançaram sobre uma linha de manifestantes, prendendo 33 pessoas.

No City College de Nova York, os policiais recuaram dos protestos, para o aplauso das centenas de estudantes reunidos no gramado do campus de Harlem.

Na California State Polytechnic University em Humboldt, os estudantes estão barricados em um prédio do campus desde segunda-feira, com funcionários tentando negociar.

Na Universidade de Connecticut, um manifestante foi preso e barracas foram derrubadas, enquanto os protestos continuavam na Universidade de Stanford e no campus de Princeton, em Nova Jersey.

Na Universidade de Columbia, em Nova York, onde o movimento de protesto começou, as autoridades  da universidade permanecem em um impasse com os estudantes.

Leandro Demori, no Desperta ICL: DOCUMENTO PROVA QUE CRIMINOSOS GOLPISTAS BOLSONARISTAS DERRUBARAM TORRES DE ENERGIA NO 8 DE JANEIRO

 

Do Canal de Leandro Demori:




O almirante branco autoritário e o Almirante Negro heróico e libertário em artigo de Chico Alves

 

Olsen deve achar que heroicos seriam os subordinados negros que aceitassem submissos as chibatadas



Muitos integrantes das Forças Armadas brasileiras não perdem uma oportunidade de mostrar que estão na vanguarda do que há de mais atrasado no país.

O racismo, elitismo, corporativismo, reacionarismo e a aversão ao pensamento crítico, marcas das classes mais abastadas desde o início da história do Brasil, encontram em boa parte dos fardados o terreno fértil para se reproduzir. Tudo sob o surrado discurso de patriotismo e honestidade, como se a turma da caserna tivesse o monopólio da retidão.

Ao menos para isso serviram os anos de Jair Bolsonaro na Presidência, provar que a autoimagem dos militares não corresponde à realidade. Vimos oficiais negociando joias que são patrimônio público e “patriotas” fardados que conspiram contra o próprio país, em tentativa de golpe.

Mesmo aqueles que não são golpistas estão longe do razoável. Aí está o comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, para provar.

Dessa vez, temos o almirante branco destilando em público e sem pudor todo o seu racismo contra o Almirante Negro. Para Olsen, João Cândido, o herói da Revolta da Chibata, que, em 1910, se insurgiu contra os castigos físicos impostos por seus superiores da Marinha, seria um “exemplo reprovável de conduta”.

Ele se manifestou contra a inclusão do nome de João Cândido no “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”. Chamou os marinheiros envolvidos na revolta de abjetos, e disse que os enaltecer significa exaltar atributos que não contribuem para “o pleno estabelecimento e manutenção do verdadeiro Estado democrático de Direito”.

Certamente, Olsen deve achar que heroicos seriam os subordinados negros que aceitassem submissos as chibatadas de seus superiores, brancos como ele. Esse é o seu “Estado democrático” ideal.

A revolta contra os maus tratos, para o comandante da Marinha, foi episódio “vergonhoso” e “deplorável”, apesar de classificar como “inaceitáveis” os atos de violência dos oficiais sobre seus subordinados.

Por esse pensamento, Olsen parece achar que os marinheiros negros deveriam aceitar o inaceitável até que seus superiores brancos chegassem à conclusão de que estavam fazendo algo reprovável.

Estariam apanhando até hoje.

O almirante branco ainda acusa os insurgentes de reivindicar “vantagens corporativistas e ilegítimas”, citando aumento de salários, regime de trabalho menos exigente e exclusão de oficiais.

De vantagens corporativistas e ilegítimas, militares de alta patente como Olsen entendem. Basta olhar os salários e benefícios que recebem atualmente a cúpula das Forças Armadas e comparar com a remuneração dos civis ou mesmo de militares de baixa patente.

O almirante branco, nesse caso, utiliza com o Almirante Negro a tática vil da extrema direita contra os inimigos: acuse-os do que você faz.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Do Portal do José: BOLSONARO E PASTOR EXPOSTOS: RELIGIÃO JÁ ERA! O NEGÓCIO É OUTRO! DIRCEU: DECLARAÇÃO AGITA A POLÍTICA

 

Do Portal do José:

24/04/24 - BRASIL PASSA POR OUTRA PROVA. Manifestação bolsonarista de domingo em Copacabana simplesmente não causou resultado algum, exceto nas mentes perturbadas ou iludidas de extremistas de direita do mundo paralelo. Para eles, Alexandre de Moraes está prestes a sumir do mapa de algum modo. essa visão mistura agouros sinistros, profecias de vigaristas e teorias conspiratórias. Mas nada acontecerá nesses mundos. Cada vez mais os debates político necessitam de reflexões importantes para todos nós. Mas para isso é necessário que haja o debate. Nesse particular o Brasil está sem um contraponto eficaz. Lula está ausente cada vez mais acreditando que fazer um bom governo bastará. Não está certo. Mas se ninguém o chama a atenção, tudo fica mais complicado. Nas próximas semanas teremos a conclusão de inquéritos que colocam o genocida mais próximo da Papuda. Seu pastor segue no discurso de ódio alheio a qualquer mandamento cristão. é a vigarice em seu estado mais puro. Enquanto isso, José Dirceu explica o óbvio para o mundo da política: o governo Lula é de centro-direita e que tem como oposição a extrema direita. Na área econômica Lula segue o modelo neoliberal. Na área social segue o modelo mais próximo da esquerda. É para reclamar ou refletir sobre isso? Sigamos.



O perigoso avanço do discurso e do gestual religioso teocrático fundamentalista de Michelle Bolsonaro

 Discussão com o Professor João Cezar de Castro Rocha, com os comentaristas do ICL, sobre o perigo de um Brasil teocrático evangélico fundamentalista bolsonarista de dextrema direita e as expressões de pseudo-"messiânicas" Michelle Bolsonaro

Do Instituto Conhecimento Liberta:




Tarcísio de Freitas, a mais perigosa expressão do bolsonarismo, por Luís Nassif

 

Tarcísio repetiu a jogada de Paulo Guedes com precatórios, tirando dos pobres para entregar aos ricos


Do Jornal GGN:

Poder 360


O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, é administrativamente medíocre. Mostrou no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), transformando-o em balcão de negócios para empresas ligadas a militares. Mostrou-se no Ministério de Infraestrutura de Bolsonaro, deixando as estradas federais na pior condição em décadas, segundo estudos da Confederação Nacional dos Transportes.

No governo de São Paulo tem colocado em prática o aprendizado com o bolsonarismo.

Primeiro, no campo dos grandes negócios ocultos.

No final do ano passado, repetiu a jogada de Paulo Guedes com precatórios, na melhor prática de como tirar dos pobres e entregar aos ricos. De um lado, deixou atrasar precatórios do estado – em geral precatórios alimentícios. De outro, fez aprovar uma lei permitindo o pagamento de ICMS com precatórios.

O jogo é simples. Apertado, o pequeno titular de precatórios vende seus direitos com enormes deságios – que chegam a 50%. O escritório de advocacia ou instituição financeira adquire e vende, depois, para empresas quitarem seus débitos em ICMS.

Foi o mesmo método adotado pelo ex-Ministro Paulo Guedes: de um lado, atraso no pagamento de precatórios; de outro, abertura para sua utilização em negócios públicos. É uma versão um pouco mais sofisticada da famosa “caixinha de Ademar”, utilizada pelo ex-governador Ademar de Barros.

O segundo ponto é no aparelhamento da Polícia Militar. Em editorial de hoje, após uma abertura elogiando Tarcísio, a Folha trata o fato como se fosse um mero caso de empreguismo na área pública. Não se deu conta que se trata de uma corporação armada, da qual foram expelidos todos os comandantes legalistas e aberto espaço para transformação uma corporação de Estado em uma milícia.

Os massacres de Guarujá precedem a milicialização da PM de São Paulo, da mesma maneira como ocorreu no Rio de Janeiro. E de modo semelhante ao da rebelião da PM do Ceará, contida de modo quase heróico por Cid Gomes.

A reação de Tarcísio às críticas – “não estou nem aí” – ou sua menção ao suposto apoio que recebeu de empresários da baixada santista demonstram claramente sua intenção. Sem controle algum do Ministério Público Estadual, sem limites impostos pela Justiça paulista, o que impedirá setores da PM de se aliarem a organizações criminosas, como ocorre no Rio de Janeiro?

A enorme burrice institucionalizada do país – e da mídia – impede qualquer análise prospectiva, mesmo em temas óbvios. O carro, sem freios, caminha em direção ao abismo, e ficam todos olhando, aparvalhados. Quando despenca é aquele frenesi: como aconteceu?

O terceiro ponto de Tarcísio foi tirar a gratificação de professores que trabalham em áreas críticas e, pior que isso, acabar com o apoio que o Estado dava a alunos com deficiência na rede escolar. Havia uma seleção de apoiadores, com cursos de pedagogia, incumbidos da assistência a todas as crianças com deficiência na sala de aula.

Um dos grandes avanços civilizatórios brasileiros – a educação inclusiva – foi transformado em ação familiar: família que quiser, tem que pagar pela pessoa que irá apoiar seu filho, sem ter a menor orientação sobre quem está apto ou não a apoiar.

Repito o que já disse em outros momentos: Tarcísio é a maior ameaça à democracia, maior até que Bolsonaro. Primeiro, por ser genuinamente oriundo do segmento militar. Depois, por não ter o histrionismo de Bolsonaro. Terceiro, porque terá o apoio de parte da mídia para convencer a população de que ele é dom Sebastião da Terceira Via.

Evangélicos dominam posts de extrema direita (e do discurso de ódio) no Brasil, revela estudo

 

Pesquisa inédita mostra que entre os dez publicadores de extrema direita mais influentes nas redes sociais, oito são evangélicos.

Do Icl Notícias:




Uma pesquisa inédita mostra que entre os dez publicadores de extrema direita mais influentes nas redes sociais, oito são evangélicos.

Realizado por pesquisadores da UFF e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) entre novembro do ano passado e janeiro de 2024, o estudo mapeou a movimentação de extremistas ao longo de três meses. As informação são da Deutsche Welle.

Segundo o trabalho, financiado pela Fundação Heinrich Böll, Santa Catarina e São Paulo são os dois principais centros dessas postagens.

“No universo acompanhado pela pesquisa, os atores que se autodeclaram evangélicos são os que mais postam e os que têm maior alcance junto aos seguidores desse espectro político”, diz Christina Vital, professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e uma das coordenadoras da pesquisa divulgada nesta segunda-feira (22/04), que mapeou perfis e técnicas usadas pela extrema direita.

Os posts são marcados por publicações curtas e conteúdos que exploram sentimentos de ameaça, medo e desconfiança, e pela repetição de palavras negativas e críticas.

“Em muitos casos, as postagens apenas direcionam o leitor para links que induzem à leitura de outros materiais desse ecossistema”, observa Vital, que dividiu a coordenação da pesquisa com Michel Gherman, professor do Programa de Pós-Gradução em História da UFRJ.

O estudo investigou 191 “atores sociais” de extrema direita, divididos em quatro grupos: políticos, influenciadores, blogs ou sites e antidemocráticos. Deste total, 14 eram mulheres, 111 homens e 66 coletivos — como sites de notícias ou comunidades com histórico de publicações de apoio à tentativa de golpe de 8 de janeiro ou ao ex-presidente Jair Bolsonaro, além de agendas associadas ao extremismo.

Na lista dos oito perfis com maior engajamento no campo evangélico, aparecem nomes como os do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro — única mulher a constar no grupo, segundo a pesquisadora.

Entre as quatro redes sociais analisadas, o X (antigo Twitter) — cujo dono, Elon Musk, fez ataques recentes contra o ministro Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes —, aparece disparado como a mídia mais utilizada pelos perfis extremistas mais populares, seguido por Instagram, Facebook e YouTube.

Extrema direita: posts de 8 de janeiro

No último 8 de janeiro, aniversário de um ano dos atos golpistas em Brasília, um fluxo febril de postagens com ataques contra o STF se disseminou desde cedo em perfis de extrema direita nas redes sociais. Havia também muitas mensagens favoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Nas postagens, eles tentavam separar a manifestação do vandalismo, e imputar a desordem ao atual governo. Para esses influenciadores extremistas, o STF é o verdadeiro inimigo da democracia. É a chamada ‘retorsão’ do argumento”, explica Vital.

Também no X, uma postagem do perfil Movimento sem Picanha chamou atenção da pesquisadora. A publicação dizia que o 8 de janeiro foi o “dia da traição dos patriotas” e trazia uma imagem das Forças Armadas criada por inteligência artificial, que retratava seus integrantes como melancias, abaixados no chão e pintando faixas no asfalto.

“No linguajar do militarismo, a melancia é associada aos traidores — com o verde por fora, vinculado ao Exército, e o vermelho por dentro, vinculado à esquerda e ao comunismo. Seria mais um indício de que um golpe estava sendo armado, mas foi esvaziado no último minuto pelas Forças Armadas?”, indaga a pesquisadora.

A coleta de dados, feita com um software de inteligência artificial, alcançou 50 milhões de pessoas por dia.

“Em sua maioria, os atores mais atuantes e com maior alcance são homens, brancos, influenciadores, políticos e lideranças religiosas”, diz Vital.

Para o cientista político e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Joanildo Burity, o resultado da pesquisa confirma o potencial de mobilização dos evangélicos de extrema direita no Brasil — apesar de o segmento ser minoritário no país.

Projeções de institutos de pesquisa indicam que cerca de 30% da população brasileira, estimada em 230 milhões de habitantes, se identifica como evangélica.

“Em termos numéricos, o segmento de extrema direita não deve ser maior do que 10% da população evangélica. Mas é um grupo militante, com muito acesso à mídia, recursos financeiros e conexões internacionais, o que faz com que tenha uma capacidade de projeção muito maior do que o seu tamanho”, diz o pesquisador.

Estigmatizada por sua associação com a ditadura militar, com os skinheads e com grupos pró-nazismo, a extrema direita não tinha popularidade, nem bases sociais no país, observa Burity. E foi exatamente isso que a militância religiosa trouxe.

“Os evangélicos deram uma base social de massas para o movimento de extrema direita. Se você tirar essa militância religiosa da extrema direita, ela se reduz ao que sempre foi: grupelhos de intelectuais, de empresários, de militares, muito coesos, mas capazes de reunir bem pouca gente”.

As conexões internacionais da extrema direita

Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, conectou extrema direita brasileira com estrangeira (/Elizabeth Frantz/Reuters)

Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, conectou extrema direita brasileira com estrangeira. Foto: Elizabeth Frantz/ Reuters

Para Burity, essa projeção dos evangélicos nas redes não é casual. Ela é facilitada pela formação que eles recebem tradicionalmente nas igrejas para “comandarem a palavra” — o que traz vantagens do ponto de vista da comunicação pública.

Também é resultado de um processo deliberado de mobilização política — inclusive internacional. Apesar de majoritariamente conservadores, do ponto de vista político e moral, os evangélicos não tinham, até pouco tempo, uma posição de extrema direita, muito menos militante, diz o pesquisador.

Essa vinculação foi se construindo: “desde 2017, mais ou menos, começou a haver uma aproximação entre a família Bolsonaro e o Steve Bannon [ex-estrategista de Donald Trump], nos EUA.

O Bannon resolveu investir em um braço do seu movimento, o seu The Movement, no Brasil. E o Eduardo Bolsonaro [deputado federal pelo PL-SP] foi o contato. Eles organizaram eventos, atividades, investiram recursos”.
Além disso, houve uma intensificação da atuação de think thanks de extrema direita americanos no Brasil.

“Não foi algo voltado especificamente para os evangélicos, mas para mobilizar certos segmentos — sobretudo os mais jovens, nesse campo”.

O pesquisador cita ainda uma série de articulações entre evangélicos brasileiros e grupos da extrema direita americana, que envolvem, por exemplo, o Tea Party, ala ultraconservadora do Partido Republicano, e o grupo Capitol Ministries, ligado à direita cristã nos Estados Unidos, que chegou a ter acesso direto à Casa Branca no governo Trump.

O impacto desse segmento hoje pode ser explicado também pela atuação coordenada de pastores, políticos, empresários, teólogos e leigos, que começou há cerca de uma década no Brasil.

“Assim se formou o discurso de alinhamento desses evangélicos em relação a posições altamente reacionárias”.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Causas da crise sistêmica: erosão da ética e asfixia da espiritualidade. Texto de Leonardo Boff

 


A dimensão espiritual de nossa natureza foi sufocada por nossa cultura que venera mais o dinheiro que a natureza


Do iclnotícias:

Causas da crise sistêmica: erosão da ética e asfixia da espiritualidade

Por Leonardo Boff

Seguramente vigora um complexo de causas que subjazem à atual crise sistêmica. Ela tomou todo o planeta e nos colocou numa encruzilhada: ou seguimos o caminho inaugurado pela modernidade a partir do século 17/18 com o advento do espírito científico que modificou a face da Terra e trouxe-nos incontáveis benefícios para a vida.

Mas ao mesmo tempo deu-se a si mesma os meios de sua autodestruição. Vamos mais longe: a forma como decidimos habitar o planeta e organizar nossas sociedades com custos altíssimos para os ecossistemas e para as relações sociais, brutalmente desiguais, nos fizeram tocar nos limites da Terra.

A seguir esse caminho, um abismo aterrador se apresenta à nossa frente. A Terra viva pode não nos querer mais sobre sua superfície por sermos demasiadamente violentos e destrutivos. Podemos sucumbir pelo antropoceno, pelo necroceno, pelo virusceno e, por fim, pelo piroceno, ocasionados por nós mesmos e também pela reação da própria Terra viva, ferida e vitalmente enfraquecida, que reage desta forma.

Ou então, num momento de aguda consciência face ao possível desaparecimento da espécie, o ser humano dê um salto quântico em seu nível de consciência, cai em si, dá-se conta de que pode realmente chegar ao fim de sua aventura planetária e mudar, forçosamente e definir um novo rumo.

Certamente não se fará sem uma fenomenal crise que pode levar porções significativas da humanidade, começando pelos mais vulneráveis mas não poupando nem os mais apetrechados. Assim ocorreu em tempos pré-históricos do planeta, nos quais até 70% da carga biótica desapareceu definitivamente.

Qual será o rumo? Estimo que nem sábios, nem cientistas, nem mestres espirituais saibam apontar a direção. A humanidade, agora unida pelo medo e pelo pavor, mais do que pelo amor ao futuro, perceberá que poderá ter chegado ao fim do caminho andado. Olhará ao redor e descobrirá uma senda a ser percorrida e construída pelo andar de todos.

“Caminante, no hay camino, se hace camino al andar” nos ensinou um poeta desesperado espanhol, fugido da perseguição franquista. De dentro de nossa essência humana teremos que tirar as inspirações e os sonhos que nos consolidam o novo caminho.

Vale a frase de Einstein: a ideia que criou a crise atual não pode ser a mesma que nos vai sair dela. Temos que sonhar, criar, projetar utopias viáveis e abrir caminhos novos. As ciências da vida nos confirmaram que somos seres de amor, de solidariedade, de cuidado, apesar de uma sombra sempre nos acompanhar e que devemos colocá-la sob vigilância.

Mas antes nos interroguemos: por que chegamos a este ponto crítico global? Aqui, mais que um saber científico, socorre-nos um pensamento filosofante.

Entre outras causas, considero duas fundamentais: a erosão da ética e a asfixia da espiritualidade.

Recuperemos o sentido clássico de “Ethos” dos gregos, pois nos iluminam ainda hoje. “Ethos” escrito em maiúsculo significa a casa humana. Vale dizer, separamos uma parte da natureza, a trabalhamos de forma a ser o espaço de viver bem.

A outra forma é o “ethos” em minúsculo, que são as formas como organizamos a casa para que nos sintamos bem nela e possamos dar hospitalidade a quem nos visitar: enfeitar a sala, colocar corretamente as mesas, cuidar da cozinha, alimentar o fogo sempre aceso, manter a despensa abastecida e os quartos decentemente arrumados. São as virtudes éticas que dão concreção ao Ethos. Mas não só, pertence ao Ethos zelar pelo entorno da casa, do jardim, de estátuas de divindades. Só assim o Ethos (viver bem) ganha forma concreta (ethos).

Hoje o Ethos é a Casa Comum, o planeta Terra. Por séculos alimentou a humanidade. Mas, com o advento da ciência e da técnica, temos explorado de forma ilimitada e irresponsável seus bens e serviços de forma que, hoje, ultrapassamos sua capacidade de suporte (The Earth Overshoot), a assim chamada Sobrecarga da Terra. Ela é finita e não suporta o projeto da modernidade de um crescimento infinito.

O Ethos (viver bem na casa) e o ethos, as formas de organizá-la desestruturou tudo o que é importante para viver bem: poluímos as águas, sobrecarregamos os alimentos com agrotóxicos, envenenamos os solos, contaminamos dos ares a ponto de afetar o sistema da vida natural e da vida humana.

Assistimos à erosão geral do Ethos, do ethos e da ética. A Casa Comum deixa de ser comum, e é apropriada por elites que detêm terras, poder, dinheiro e a condução da política do mundo. Elas se transformaram no Satã da Terra.

Tão grave quanto a erosão do Ethos, do ethos e da ética em geral é a asfixia da espiritualidade humana. Deixemos claro: espiritualidade não é sinônimo de religiosidade, embora a religiosidade possa potenciar a espiritualidade. A espiritualidade nasce de outra fonte: do profundo do ser humano. A espiritualidade é parte essencial do ser humano, como a corporalidade, a psiqué, a inteligência, a vontade e a afetividade.

Neurolinguistas, os novos biólogos e eminentes cosmólogos como Brian Swimme, Bohm e outros reconhecem que a espiritualidade é da essência humana. Somos naturalmente seres espirituais, mesmo não sendo explicitamente religiosos.

Essa porção espiritual em nós se revela pela capacidade de solidariedade, de cooperação, de compaixão, de comunhão e de uma total abertura ao outro, à natureza, ao universo, numa palavra ao Infinito. A espiritualidade faz o ser humano intuir que, por detrás de todas as coisas, há uma Energia poderosa e amorosa que tudo sustenta e a mantém aberta a novas formas no processo da evolução.

Alguns neurólogos identificaram um fenômeno excepcional. Sempre que se aborda existencialmente o Sagrado, a experiência de pertença a um Todo maior, verifica-se numa parte do cérebro forte aceleração dos neurônios. Eles, não os teólogos, o chamaram de “ponto Deus no cérebro”.

Como temos órgãos exteriores pelos quais captamos a realidade circundante, temos um órgão interior que é nossa vantagem evolutiva, de perceber Aquele Ser que faz ser todos os seres, aquela Energia misteriosa que penetra todos os seres e os vivifica.

Essa dimensão espiritual de nossa natureza foi sufocada por nossa cultura que venera mais o dinheiro que a natureza, o consumo individual que a repartição, que é mais competitiva que cooperativa, prefere o uso da violência do que o diálogo para resolver conflitos e criou a guerra nuclear e biológica como dissuasão, ameaça e eventual utilização, o que significaria o fim do sistema-vida e do sistema-humano. A violência e as guerras implicam a asfixia da espiritualidade, intrínseca à nossa essência.

Atualmente a eclipse da ética e a negação da espiritualidade humana poderão levar-nos a situações dramáticas, não excluindo tragicamente a extinção da espécie homo depois de alguns milhões de anos, amados, nutridos pela Magna Mater que não soubemos retribuir-lhe cuidado, reverência e amor.

Nem por isso nos desesperamos. O universo guarda surpresas e o ser humano é um projeto infinito, capaz de criar soluções para erros que ele mesmo cometeu.

Mercado "religioso": Entre o fanatismo e a autoajuda, por Dora Incontri

 

Autoajuda, com ou sem narrativas espirituais, quase sempre é discurso ralo, com doses consideráveis de pensamento mágico

Depositphotos

Entre o fanatismo e a autoajuda

por Dora Incontri, no Jornal GGN

Como tudo no capitalismo é monetizado, passando pelo valor supremo do dinheiro, assim também se faz nas religiões e nas espiritualidades não diretamente vinculadas a uma tradição. Não falarei hoje de dízimos e de explorações financeiras feitas desde as indulgências vendidas na Idade Média, contra as quais se rebelou Lutero, e nem de pastores atuais, que acumulam impérios na mesma toada. Refiro-me aqui a transformar o tema da espiritualidade em objeto mercadológico, adotando o tom da autoajuda. Há padres católicos, médiuns espíritas, monges budistas e outros tantos praticando tal disparate. Explico-me por que considero detestável tal atitude.

Autoajuda, com ou sem narrativas espirituais, quase sempre é discurso ralo, com doses consideráveis de pensamento mágico (pensar positivo cura câncer, fazer tal ou qual mantra vai promover sucesso financeiro e outros que tais). Trata-se de receituário rápido e sem consistência para uma paz sem solidez. E, como se diz por aí, ajuda muito sim – o autor e a editora, no caso de livros!

Ao passo que religião séria, espiritualidade com envergadura (ou qualquer empreendimento com conteúdo, seja mesmo uma terapia ou uma análise) demanda estudo, comprometimento, prática. Não basta tangenciar assuntos profundos com frases bem-feitas. Qualquer caminhada que deva nos levar a algum lugar tem que ser bem pavimentada. Tudo isso, porém, é tão distante de nossa cultura de redes sociais e influencers que tantas vezes não têm nenhum conteúdo coerente, com que poderiam de fato influenciar positivamente milhões de seguidores hipnotizados!

Por outro lado, quando a religião pende para o fanatismo fundamentalista, então incha-se de regras, de pressões e opressões, que tornam a vida um fardo. Se a espiritualidade light, gratiluz (que tem sido inclusive chamada de positividade tóxica) nada provoca em transformação profunda e em engajamento real, a religião em sua faceta fundamentalista violenta a alma, coíbe a liberdade e interioriza culpas e medos, que depois podem se reproduzir indefinidamente com o próximo, com a família, e finalmente com a imposição à sociedade de valores extremistas.

Nas autoajudas, a alienação social é patente. Claro, sendo um produto do mercado, não pode fazer uma leitura crítica a essa mercantilização de todas as coisas, que é a tônica do capital. E ainda, o pensamento de superfície não tem instrumentais críticos para ler a realidade. Padece de ignorância teórica e empobrecimento de linguagem. 

Já entre os extremistas do fundamentalismo, há um pensamento crítico aparente, falsificado. Porque é um discurso que se opõe à vida, à sua fruição, à liberdade, e ao próprio pensamento crítico que anseia por mudar o mundo. Então, torna-se furiosamente crítico, de tudo o que é livre e progressista. O fanatismo quer a manutenção e mesmo o endurecimento do status quo e não a emancipação humana e a realização da justiça neste mundo.

Como se pode ver, porém, esses dois polos da maneira como nos aproximamos de adesões a religiões e espiritualidades, servem muito adequadamente ao espírito do capitalismo. A autoajuda espiritual movimenta milhões no mercado editorial internacional, em lives, retiros, workshops, liderados por sacerdotes, monges, médiuns, gurus, coachs… Uma festa para o mercado, num processo de ilusão coletiva.

Por outro lado, o fundamentalismo se alia, (como já demonstrei aqui), aos movimentos de retrocesso político e social, com o avanço de direita nazifascista – que, como sabemos, é um momento que sempre se consolida, em momentos de crise, dentro do próprio sistema capitalista e suas supostas democracias.

Religião e espiritualidade de verdade não pode ser essa água morna que anestesia o ser humano e movimenta dinheiro sem utilidade social, arrancando a lucidez para que ele enxergue os problemas concretos do mundo e se empenhe para consertá-los. Mas também não pode ser esse retrocesso de fanatismo medieval, que amarre o adepto com mil cordas e contribua para a violência, a discriminação, o endurecimento político e social, estabelecendo verdadeiros pesadelos, toda vez que se instala.

Religiosidade legítima pode ser confortadora, mas não conformista. Pode ser leve e alegre, sem superficialidade anestésica. Para embarcarmos numa proposta espiritual de vida, pelo menos devemos nos comprometer com a transformação de nós mesmos e do mundo.

Dora Incontri – Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Mestre e doutora em História e Filosofia da Educação pela USP (Universidade de São Paulo). Pós-doutora em Filosofia da Educação pela USP. Coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita e do Pampédia Educação. Diretora da Editora Comenius. Coordena a Universidade Livre Pamédia. Mais de trinta livros publicados com o tema de educação, espiritualidade, filosofia e espiritismo, pela Editora Comenius, Ática, Scipione, entre outros.

Extermínio palestino será uma das mais trágicas heranças da dominação imperial dos EUA. Artigo de Jeferson Miola

 

"Dramaticamente, esta tragédia tem todas as condições de acontecer antes da chegada do fim deste poder imperial, que está em curso", escreve Jeferson Miola

Joe Biden e Gaza destruída por bobardeios de Israel
Joe Biden e Gaza destruída por bobardeios de Israel (Foto: Reuters)

A Administração Biden vetou no Conselho de Segurança [18/4] a admissão da Palestina como membro pleno da ONU. A medida desrespeita a Resolução 181 de 29/11/1947 da própria ONU, aquela que arbitrariamente criou dois Estados às custas da partilha da Palestina.

Na prática, esta decisão significa que, do ponto de vista legal e formal, a Palestina continuará não existindo como um país soberano, e continuará sendo não-membro observador das Nações Unidas.

Esta condição absurda retira dos palestinos o poder de participar de instâncias relevantes da ONU, como o Conselho de Segurança, e de exercer prerrogativas legais, como votar e propor resoluções. E é, obviamente, algo totalmente kafkiano.

Além da Palestina, só o Vaticano tem o status de não-membro observador da ONU. Com a diferença, contudo, de que ao contrário da cidade-sede da Igreja Católica, os palestinos possuem uma população permanente e reconhecida étnica, histórica e culturalmente enquanto povo.

Os palestinos também possuem seu território milenar, que foi permanentemente espoliado e roubado pelos sionistas no marco da estratégia colonialista, em especial a partir dos anos 1920 do século passado. Os palestinos também elegem seus governos, que são desrespeitados por Israel. Além disso, são reconhecidos como Nação legítima e soberana por mais de 140 países.

O vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, abusou da hipocrisia. Ao explicar o inexplicável, ele argumentou que os EUA não se opõem à criação de um Estado palestino, mas “apenas” defendem que o reconhecimento da Palestina deverá vir “de negociações diretas entre as partes”, ou seja, da concordância que nunca acontecerá do regime nazi-sionista de Israel, que neste exato momento está empenhado em executar a “solução final” de limpeza étnica com a inteira devastação dos territórios palestinos.

Dois dias depois do veto na ONU, em pleno sábado [20/4] o Congresso estadunidense aprovou a liberação de mais 26 bilhões de dólares para Israel acelerar o genocídio do povo palestino confinado no Gueto de Rafah.

bestialidade israelense que já assassinou pelo menos 41 mil pessoas e deixou feridas mais de 76 mil, a imensa maioria delas crianças, mulheres e idosas, não poupa hospitais, escolas, igrejas, mesquitas, escritórios da ONU, ambulâncias, comboios de ajuda humanitária e residências das famílias.

Nem mesmo a memória arquitetônica é preservada, pois tudo deve ser inteiramente destruído. A ideia é fazer terra arrasada; apagar os mínimos resquícios da memória palestina; exterminar todos e quaisquer traços e reminiscências da “raça inferior”.

Neste empreendimento genocida, terrorista e criminoso, Israel conta com a solidariedade, o apoio e a cumplicidade integral do establishment estadunidense.

Os EUA não permitem a adoção de nenhuma solução política, negociada ou pacífica para superar esta terrível realidade, assim como vetam todas tentativas de cessar-fogo e de socorro humanitário aos palestinos.

O império estadunidense é responsável pelas maiores tragédias da humanidade, a começar pelo uso extemporâneo criminoso da bomba nuclear, detonada para afirmar seu poder mundial já quando não se fazia necessário; e, depois, nas sucessivas guerras, massacres e ataques a vários povos considerados inimigos ao redor do mundo.

O extermínio do povo palestino será uma das mais trágicas heranças do poder imperial que os EUA exercem no mundo. Dramaticamente, esta tragédia tem todas as condições de acontecer antes da chegada do fim deste poder imperial, que está em curso.


O Brasil não é do “senhor Jesus” neopentecostal, nem de Malafaia, nem de Michelle e nem de Bolsonaro

 

"Já passou da hora de arriar a lona do circo neopentecostal bolsonarista", defende Ricardo Nêggo Tom



Até quando nós vamos continuar assistindo passivamente ao exercício de pura desonestidade intelectual e vagabundagem moral, sob a máscara da liberdade de expressão, que vem sendo praticado pelo bolsonarismo e suas vertentes diabólicas? Se fosse apenas a sonoplastia esdrúxula e a reunião de milhares de celerados no mesmo espaço vivendo a mesma distopia e aplaudindo um discurso em inglês feito por um deputado patriota em homenagem ao seu novo salvador estrangeiro, nós riríamos e seguiríamos em frente. Porém, o que existe por trás dessas estúpidas manifestações bolsonaristas é o puro suco do fascismo político, econômico e religioso. Uma ode à insanidade cognitiva e um réquiem da dignidade existencial humana. Estamos morrendo mais um pouco como sociedade, a cada ato em favor de uma figura que representou o que houve de pior na história da política brasileira. A marcha para o diabo, 2ª edição, cumpriu o que prometia. Embora o público tenha ficado abaixo das expectativas, as falas das ilustres lideranças presentes ao evento não decepcionaram e mais uma vez justificaram o porquê de os bolsonaristas condenarem o uso do órgão excretor para relações sexuais. Eles utilizam os seus para formularem ideias e verbalizá-las.

Sei que o título do artigo irá gerar polêmicas e críticas de fundamentalistas e de não fundamentalistas também. Isto porque quando se fala o nome de Jesus, ainda que ele esteja sendo pronunciado por bocas fétidas como as de Silas Malafaia e Michelle Bolsonaro, faz surgir em nosso imaginário a ideia de que o evangelho de Cristo está sendo louvado. No entanto, quando dizemos que o Brasil é do senhor Jesus ou que Deus está no controle de tudo, estamos atribuindo a eles todas as injustiças, desigualdades e violências cometidas sobre a terra. Afinal, se ele está no controle e não muda essa realidade, é porque ele entende que assim deve ser. Ou seja, legitima o discurso político-religioso excludente que tenta nos convencer de que quem é próspero materialmente é abençoado por Deus, e os mais pobres precisam se contentar com a opressão imposta porque essa é a vontade de Deus para eles. E muitos evangélicos e católicos do campo progressista acreditam que Deus está no controle de tudo, o que, de certa forma, acaba isentando o Estado de responsabilidade sobre o caos social que ele promove sob estruturação.

Um caos que tem tudo para se ampliar após o deputado Nikolas Ferreira dizer ao público que “o país não precisa de mais projetos de lei, mas de homens com testosterona”, o que soa como um apelo desesperado de alguém cujo referido hormônio está em baixa quantidade. Um pedido de socorro aos homens deste país, mediante a insignificância e fragilidade da sua própria masculinidade. Um apelo coerente com as atitudes de alguém que vestiu uma peruca loira e subiu à tribuna da Câmara para atacar mulheres trans. Além do machismo e misoginia da declaração, que foi aplaudida pelas mulheres bolsonaristas presentes, em grande parte, senhoras idosas. Talvez, a maioria não saiba o que é testosterona, assim como não sabiam que Israel não é um país cristão. Israel que foi citado na fala de Jezabel Bolsonaro como a terra santa abençoada por Deus. Observem como o deus do bolsonarismo adoram os poderosos e os opressores. Michelle dessa vez não falou tanto. Quem sabe, por ter menos testosterona do que a maioria dos presentes no palanque. Mas como sempre invocou o sobrenatural e reforçou a conclamação da luta contra o mal, feita no evento da Paulista.

A profetisa do inferno bolsonarista parece que está ficando sem repertório e corre o risco de ter o seu blefe de mulher religiosamente virtuosa desmascarado. Não basta usar uma camisa escrito “o Brasil é do senhor Jesus” e repetir que os inimigos tremem diante da palavra do seu deus. Talvez seja a hora de ela discursar em línguas estranhas, como fez o deputado Gustavo Gayer, que falou em inglês para que o mundo inteiro saiba que Elon Musk é o novo senhor e salvador da pátria brasileira. Aliás, o bilionário com sobrenome que exala cheiro de testículo de bode foi glorificado por diversas vezes durante a manifestação. Bolsonaro foi o mais entusiasmado em louvar o novo mito da extrema-direita. Só não arriscou fazê-lo em inglês, porque a patriotada seria épica. Com seu mal e porco português, ele disse que o dono do “X” é o homem que luta por liberdade para todo o mundo e pediu uma forte salva de palmas para o seu novo dono. Uma subserviência mítica que fez o gado mugir em honra ao homem mais desprovido de caráter dos dias atuais.

Bolsonaro também incitou os seus ruminantes apoiadores a combaterem Alexandre de Moraes, o atual governo e a lutarem pela liberdade que está em risco. Um discurso que ainda reverbera entre a sua claque, que é composta por pessoas que acreditam que serem racistas, machistas, homofóbicas, intolerantes, preconceituosas e violentas, é um direito que a liberdade de expressão lhes confere. Não é não! E o judiciário precisa fazer com que eles aceitem isso, ou vai doer mais em suas “liberdades” O ex-presidente ainda tentou dar um último tom messiânico a sua presença no ato, dizendo ao povo, digo, ao gado, que “se algo ruim acontecer comigo, não desanimem”, evocando a suposta facada em Juiz de Fora e vaticinando um novo atentado contra si. O messias dos violentos tentando se fazer ideologicamente imortal diante do seu séquito. Séquito esse que ele já divide o comando com Silas Malafaia, que também se apresenta como candidato a Jesus na frase que Michelle exibia em sua camisa.

Malafaia atacou abertamente o STF sem nenhum pudor, repetindo que o Estado de direito no Brasil está em perigo e que Alexandre de Moraes é um ditador de toga. Mais um apelo à própria prisão que não deveria ficar sem uma justa resposta por parte do judiciário brasileiro. Sinceramente, apenas o dever jornalístico me obriga a ouvir a voz do empresário da fé Silas Malafaia, que representa o que há de mais pernóstico e sorrateiro na linguagem evangélica brasileira. Um ser nauseante do chifre à ponta do rabo. Um ungido do senhor imperialismo que segue usando a religião e a fé das pessoas para manipulá-las em defesa de seus interesses pessoais e financeiros.  Como ele mesmo disse em entrevista à influenciadora bolsonarista Antonia Fontenelle, “tocar em um líder religioso não é uma coisa fácil”, acrescentando que ele é líder de uma religião que representa 35% do povo brasileiro. Concluindo que “isso é um negócio gigante” e que o STF não se atreveria a prendê-lo ou a mexer com ele.

Esse é o Brasil que líderes evangélicos como Malafaia, entre tantos outros, desejam. Esse seria o Brasil que pertence ao “senhor Jesus” estampado na camisa de Michelle. Um Brasil fundamentalmente fascista e fascinantemente fundamentalista. Esse é o Brasil que seria a Israel dos trópicos. A terra santa que Bolsonaro louvou em seu discurso, e que teria sido prometida pelo deus que ele representa ao seu gado rancoroso, alienado e ruminante. O dia em que o Brasil pertencer ao senhor de Michelle, Malafaia e Bolsonaro, estaremos num inferno sem precedentes, onde só haverá choro e ranger de dentes para aqueles que não dobrarem o seu joelho diante do rei dos picaretas da fé. Um rei que é mutante e transitório, segundo as conveniências da salvação a ser defendida. No momento, Elon Musk é o libertador enviado por Deus para salvar a pátria. Nada, absolutamente nada é mais diabólico do que se utilizar do nome de Deus para impor domínio. Em nome do Estado laico, eu determino que o Brasil nunca será um evangelistão. Nunca! Tá repreendido, em nome da Constituição! O Sangue da democracia tem poder! Deus nos livre desse inferno!