domingo, 29 de março de 2020

A nudez da Elite hipócrita frente à quarentena de seus trabalhadores, por Wilson Ramos Filho



A burguesia enfaduada enfim percebeu que o capital imobilizado em máquinas, equipamentos, estoques e sistemas de computador não gera riqueza. Sem o trabalho dos empregados o capital é inútil.


Hieronymos Bosch

Nudez

por Wilson Ramos Filho (Xixo)

Desde ontem o capitalismo brasileiro ficou nu. Em muitas cidades houve carreatas repetindo a homicida exortação de que o Brasil não pode parar.
Os burgueses, protegidos dentro dos carrões, exigem que seus empregados voltem a trabalhar para gerar riqueza.
Bingo! Epifania! Revelação! O que gera riqueza não é o capital. É o trabalho!
A burguesia enfim percebeu que o capital imobilizado em máquinas, equipamentos, estoques e sistemas de computador não gera riqueza. Sem o trabalho dos empregados o capital é inútil. Tanto quanto os capitalistas, essa classe parasitária que – sem nada produzir – vive da exploração dos trabalhadores.
Só há riqueza porque houve exploração do trabalho de alguém. O que gera o acúmulo de capital é a parcela não paga sobre o trabalho humano. Essa parte não remunerada do trabalho dos empregados (mais-valia) é acumulada pelos empregadores sob a forma de capital.
Os que desfilaram buzinando fizeram verdadeiro striptease ideológico. Descortinaram para todos como funciona o capitalismo. Exigiram que os governos assegurem e garantam o que entendem ser seu direito, o direito a explorar, o direito a ficar com a mais-valia produzida por seus empregados.
Morrerão milhares de pessoas? Certamente sim. Mas isso está dentro das regras de um jogo chamado capitalismo. Existe um exército de reserva a ser mobilizado para ocupar as vagas dos que fenecerem. O que não admitem – vampiros – é que seus lucros e capital sejam comprometidos por decisões estatais que imponham o isolamento social. Entendem ter o direito de sugar até a última gota de sangue dos trabalhadores, antes que morram ou se tornem inúteis para a exploração.
Para a parcela da burguesia que nelas buzinou histericamente ou que apoiou as carreatas, os trabalhadores são descartáveis, substituíveis, como peças de uma diabólica máquina de moer pessoas, para gerar excedentes
financeiros a quem os explora. O Brasil não pode parar, assim, constitui-se em eufemismo para a exploração do trabalho humano, prestado sob subordinação, que não poderia ser interrompida.
O capitalismo brasileiro está nu. Uma feia, obscena, depravada, nudez. Necrófilos buzinaram, perversos, excitados – e não foram poucos – em defesa de seus privilégios, de seus interesses de classe. São classe exploradora em-si e para-si. Desnudaram-se, deixaram à mostra, impudicos, suas obesidades, reais e metafóricas, em defesa do direito a explorar o trabalho alheio. Pretendem que os trabalhadores se apinhem nos insalubres transportes coletivos, contaminando-se, para produzir os excedentes que engordará ainda mais o capitalismo brasileiro. Os flácidos organizadores das carreatas orientaram os participantes a não saírem de seus veículos. Não são bestas. Temiam a contaminação. Mas não se importam se seus empregados se expuserem. O nome do jogo é capitalismo.
Ficou evidente, com as carreatas, o desejo dos proprietários dos meios de produção e da quase-classe que, sem deles ser proprietária (a classe média), apoia o sistema de exploração vigente. Esperemos que a classe trabalhadora, estarrecida com a nua desfaçatez dos exploradores tome consciência do poder que por óbvio tem, durante e, principalmente, depois de controlada a pandemia.
Wilson Ramos Filho (Xixo), doutor em direito, professor na UFPR, integra o Instituto Defesa da Classe Trabalhadora.

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Xadrez do novo período, em que a hiena desorientada Bolsonaro não mais governa, por Luis Nassif



Haverá inevitavelmente o choque final, no qual os Bolsonaro tentarão envolver bases das Polícias Militares, os caminhoneiros ligados a ele (que não são maioria na classe) e mais grupos aliados, já esvaziados. Tem-se, agora, uma hiena desdentada. Quanto menos poder institucional, maior gritaria.

Os sinais de que Jair Bolsonaro não mais governa estão nítidos. É um fato que muda totalmente o jogo político.

Peça 1 – o poder militar

No dia seguinte ao pronunciamento de Bolsonaro, conclamando o fim da quarentena, o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, falou para a tropa, recomendando a quarentena e enfatizando que respondia ao Ministro da Defesa e às autoridades da Saúde.
Ecos de Brasília, através de alguns jornalistas com fontes militares, mostraram a indignação dentro do Palácio, sustentando que não iriam participar de semelhante massacre.
Há muito chute no ar, de jornalistas que exercitam probabilidades como se fossem informações objetivas. De objetivo tem-se o descontentamento do Alto Comando com Bolsonaro.

Peça 2 – o grupo da saúde

A reação do Ministério da Saúde foi nítida. Antes de ontem, o grupo de técnicos que toca a guerra contra o coronavirus divulgou um manifesto reiterando a ordem para manter a quarentena.
Veja bem: o presidente da República decreta o fim da quarentena; e os técnicos da saúde reiteram a ordem de mantê-la.  Não foi nem a título de recomendação. Foi ordem mesmo. Foi o sinal mais nítido do fim do comando de Bolsonaro sobre o governo.
Ontem, o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fez longa apresentação pela Internet, onde reiterou todas as recomendações iniciais, de manter a quarentena para permitir o movimento das pessoas trabalhando em atividades essenciais.
Desqualificou as declarações sobre gripezinhas e mortes de poucos mil, mostrando o efeito sobre a rede do SUS e as consequências posteriores. Condenou as carreatas visando acabar com a quarentena.
Em suma, desdisse ponto por ponto as tolices do presidente da República. No final, em um jogo claro de “engana-o-bobo”, fez um ataque desnecessário à imprensa, mas necessário para manter o louco sob controle.
Há informações fidedignas de que qualquer movimento de Bolsonaro, visando inibir os trabalhos de prevenção, será respondido com renúncia coletiva de toda a turma da saúde.

Peça 3 – o grupo da economia

A economia nunca foi a praia de Bolsonaro e, agora, menos ainda. É curioso que Paulo Guedes, sem dimensão pública, sem noção das estratégias necessárias de combate à depressão, tem compensado a falta de ousadia com discursos de solidariedade e de apoio aos mais fracos. É um mero recurso retórico, para compensar a falta de medidas mais substantivas. Mas é curioso que seja utilizado pelo tecnocrata, enquanto o presidente se limita a gracejos, tipo o brasileiro entra em esgoto e não fica doente.
Aliás, Guedes é o mais assustado com o coronavirus, a ponto de se ausentar de todos os eventos do governo.
No meio empresarial, acabou definitivamente qualquer veleidade em relação a Bolsonaro. Sabe-se que, ficando ou saindo, não terá mais a menor influência sobre reformas, nenhuma interlocução com o Congresso, nenhum respeito do Supremo, nenhuma ascendência sobre a área econômica.

Peça 4 – a direita virtual

A aposta na minimização do coronavirus minou amplamente sua ascendência sobre grupos de direita. É um fenômeno similar ao que está ocorrendo nos Estados Unidos.
No âmbito da grande mídia, cessou a época dos influenciadores negacionistas. Esta semana, foi demitida uma das principais âncoras da Fox News – a empresa que descobriu o público de direita e explorou até o limite os fake News políticos -, devido ao fato de ter minimizado a epidemia e atribuído as estatísticas a uma conspiração para derrubar Donald Trump. Esse mesmo processo vai se dar na mídia tradicional brasileira.
Pesquisas feitas logo após os últimos pronunciamentos de Bolsonaro mostraram uma ampla queda entre eleitores de direita. Hoje em dia, o bolsonarismo está restrito a um grupo minoritário de terraplanistas, sem massa crítica para grandes manifestações. Tanto que as carreatas deste final de semana se tornaram um rotundo fracasso.

Peça 5 – o Judiciário

Até agora, majoritariamente o Judiciário e o Ministério Púbico se alinhavam com o bolsonarismo. Aparentemente, o noivado foi rompido. Houve sentenças em vários estados proibindo as carreatas. E uma sentença da Justiça Federal em Brasília proibindo a veiculação da campanha da Secom estimulando a quebra da quarentena.
Comprovando o enfraquecimento final de Bolsonaro, a Secom voltou atrás a ponto de negar que tivesse planejado a campanha.

Peça 6 – a queda de braço com os governadores

Outra derrota foi para os governadores, em sua tentativa de quebrar o isolamento para enfrentar o coronavirus. A maioria dos governos relevantes manteve sua posição de não quebrar o isolamento. E as capitais mostraram que a maioria da população acatou a ordem de não se juntar em grandes aglomerados.
Completou o ciclo a fala de Mandetta, fortalecendo a posição dos governadores, recomendando que não alterem sua estratégia.
A frente dos governadores, de enfrentamento do coronavirus, não é unânime apenas devido a alguns personagens extremamente medíocres, como Romeu Zema, governador de Minas.

Peça 7 – o papel de Rodrigo Maia

Nesse vácuo de poder, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se fortalece definitivamente como o grande interlocutor do mundo político, das empresas e dos partidos políticos em geral.

Peça 8 – próximos passos

Stricto sensu, Jair Bolsonaro tem os seguintes instrumentos de exercício do poder de Presidente:
  1. O acesso a rede nacional para pronunciamentos.
  2. A rede de fake News do gabinete do ódio.
  3. Os resmungos do general Alberto Heleno, provavelmente o mais inepto militar que já passou pela área pública.
Haverá mais dois movimentos previsíveis.
Do lado dos Bolsonaro, o inconformismo resultando em novos crimes virtuais. Do lado dos órgãos de investigação, a aceleração dos inquéritos sobre seus filhos.
Fosse um grupo minimamente racional, os Bolsonaros recolheriam as armas e tentariam se recompor para um novo confronto mais adiante. Mas são toscos demais. Acuados, tenderão a dobrar a aposta.
Haverá inevitavelmente o choque final, no qual os Bolsonaro tentarão envolver bases das Polícias Militares, os caminhoneiros ligados a ele (que não são maioria na classe) e mais grupos aliados, já esvaziados. Tem-se, agora, uma hiena desdentada.
Quanto menos poder institucional, maior gritaria.
O que irá acontecer daqui para diante tem uma certeza e uma incógnita. A certeza é do fim de seu poder como presidente. A incógnita é a maneira como será tirado do poder.
Saindo, é questão de tempo para que ele e a família sejam julgados por tribunais nacionais e cortes internacionais e se faça Justiça com algumas décadas de atraso: ele deveria ter sido preso no momento em que foi expulso do Exército.

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sábado, 28 de março de 2020

A Bolsa dos especuladores ou A Vida de todos, por Fernando Nogueira da Costa



A Bolsa ou A Vida, por Fernando Nogueira da Costa

Errar é humano. Repetir erro é bolsonarismo!

A Bolsa ou A Vida

por Fernando Nogueira da Costa - Jornal GGN

A Grande Guerra (1914-1918), a Grande Depressão (1929-1939) e a ascensão do nazi fascismo (1919 e 1939) foram consequências diretas das tentativas de organizar a economia global com base no liberalismo de mercado. Esta hipótese foi defendida por Karl Polanyi (1886-1964) em seu livro clássico “A Grande Transformação” (1944).
O neofascismo tupiniquim não tem sido também uma reação política de parcela inculta da população às lamentáveis consequências socioeconômicas da volta do neoliberalismo desde 2015? Paradoxalmente, resultou em uma aliança oportunista entre a casta dos militares e a dos mercadores. Daí o preposto atuante como “Posto Ipiranga”, centralizador de tudo sob seu ministério da Economia, com o propósito de tornar o Estado mínimo e O Mercado autorregular a si e também a sociedade!
Karl Polanyi destacava, ao longo da história, sempre a economia esteve incrustada na sociedade. Criticava qualquer espécie de determinismo econômico.
Rejeitava, em consequência, a concepção da economia como sistema autossuficiente de relacionamentos entre mercados capazes de ajustarem entre si a oferta e a procura através do mecanismo dos preços relativos. Economistas ortodoxos ainda adotam essa ideia do modelo de equilíbrio geral. Não reconhecem, exceto na crise, a necessidade do auxílio dos governos para superar as falhas do funcionamento do livre-mercado.
Em lugar da subordinação histórica da economia à sociedade, os pregadores de mercados autorregulados defendem a subordinação da sociedade à lógica do mercado. No entanto, nunca puderam alcançar esse objetivo, face à reação social. Esta nasce porque um mercado com processo de retroalimentação de alta especulativa de preços é incapaz de se auto ajustar sem impor uma crise catastrófica para a sociedade.
Em uma economia de mercado inteiramente autorregulada os seres humanos e o meio natural são convertidos em meras mercadorias. Provoca a destruição tanto da coesão social como do meio ambiente. É um erro tratar as pessoas e a natureza como fossem “mercadorias reais”, cujos preços seriam determinados pelo mercado. Ambas “mercadorias fictícias” têm autonomia ou capacidade de se autogovernar.
Os participantes do Mercado, em épocas de crise sistêmica, como a vivenciada atualmente, clamam por ações de resistência, tomadas pelo Estado com o apoio da Comunidade, contra a incerteza e as flutuações gestadas pela autorregulação dos mercados. Empreendedores querem estabilidade e previsibilidade. Emerge, então, um contra movimento de resistência à tentativa de desincrustar a economia, defendida pelos adeptos ideológicos do laissez-faire, em busca de expansão do mercado desregulado. Esta crise talvez seja a pá-de-cal no neoliberalismo!
Errar é humano. Repetir erro é bolsonarismo!
A ação agressiva dos defensores do liberalismo de mercado produz uma massiva reação de proteger a sociedade frente ao livre mercado. São questionadas as instituições governantes da economia global, destacadamente, o câmbio flexível em relação ao dólar como moeda hegemônica e lastro dos Treasuries. Os Títulos do Tesouro dos Estados Unidos são o “porto-seguro” em conjuntura de crise sistêmica: mesmo com juro zerado o capital os busca. Em conjunto com o protecionismo nacionalista, adotado pelos Estados Unidos com grande déficit comercial, cria tensões crescentes entre as nações.
Para Polanyi, essa tentativa do livre-mercado se impor não ocorreu nas sociedades humanas historicamente conhecidas até ao século XIX. Sempre a economia de trocas de mercadorias esteve incrustada na sociedade. Devido a essa “incrustação”, a economia não é autônoma, como um sistema complexo à parte. Está subordinada à ação de outros componentes como a política, a religião e as relações sociais em um sistema maior.
Este sistema complexo emerge ou se configura a partir das interconexões entre todos seus componentes, inclusive a própria atividade econômica. As transações no mercado dependem da confiança mútua entre os agentes econômicos e/ou da imposição jurídica dos contratos para a diminuição da incerteza do futuro.
Outra tese polanyiana diz respeito ao “duplo movimento”. As sociedades contemporâneas seriam configuradas por dois movimentos opostos: o movimento do laissez-faire, buscando expandir o âmbito do mercado, e o contra movimento social de proteção, emergente como resistência a desincrustar a economia da sociedade.
Espelha bem esse conflito o debate atual entre os responsáveis pela saúde pública, em defesa da quarentena, e os irresponsáveis quanto à consequente expansão da mortandade por conta da liberalização, defendendo o “livre-mercado” voltar a funcionar. O negacionista anticientífico só enxerga e defende os interesses mesquinhos da sobra de sua base eleitoral. Esta gente como os donos da Havan, Riachuelo, Centauro, Madero, o ex-Giraffa, entre outros obscuros, só quer lucro com o apoio ao capetão.
O líder religioso Silas Malafaia é um dos maiores influenciadores políticos no meio evangélico. Arrebanha cerca de 600 pastores para conduzir o rebanho de mais de 100 mil fiéis pagadores de dízimos das 140 igrejas da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, espalhadas por nove Estados do país. No competitivo “mercado da fé”, inclusive com editora, sua folha de pagamentos não é paga com seu dinheiro. Solicita capital de giro.
Um dos maiores apoiadores de sua eleição, Malafaia tem defendido as posições de negação obtusa do desqualificado ocupante do cargo presidencial. Este já chamou a covid-19 de “gripezinha” e fez pronunciamento, em rádio e TV, pedindo o fim das medidas de restrição e a volta à “normalidade”. Em recompensa pelo apoio, o pastor teve uma de suas demandas atendidas ao messias eleito permitir o funcionamento normal de igrejas. Isto apesar das recomendações médicas de evitar aglomerações, para não transformar crentes em transmissores de vírus satânico. O decreto presidencial classificou as atividades nos templos religiosos como “serviços essenciais”! Mas Ele Não! A Justiça mais uma vez o colocou como “Rainha da Inglaterra”: reina, mas não governa!
Outro contrassenso é a mentalidade de contabilista fiscal impregnada no Congresso. Estimula o corte de salários de servidores públicos em busca de compensar a ruptura com a austeridade fiscal. Esta medida inconstitucional, ao arbitrar perdas nas contas a receber de famílias com os compromissos prévios em contas a pagar, vai contra a medida necessária ao momento: evitar a queda maior da demanda dos consumidores.
Estado não é família nem empresa. Falta de dinheiro não é problema para o emissor da moeda nacional. O momento é o anunciado pela Moderna Teoria da Moeda (MMT): impostos impõem o uso da moeda emitida pelo Estado nacional por seus cidadãos. Com ela pagam também todos os contratos com trabalhadores, fornecedores, credores, etc., em transações domésticas. Depois, o Estado a recolherá via arrecadação de impostos.
No atual processo deflacionário – ao desinflar a alavancagem financeira –, a inflação permanece baixa, ainda mais com a demanda interrompida e a queda de preço de commodity como o petróleo. Apenas uma “inflação verdadeira”, isto é, com demanda acima da capacidade produtiva, fixaria limites ao gasto governamental. Ela está ociosa.
Todos os gastos governamentais tomam a forma de créditos do Banco Central para reservas bancárias privadas. Com eles, os bancos receptores creditam as contas de depósito dos destinatários dos gastos do governo. Posteriormente, todos os pagamentos de impostos assumem a forma de débitos do Banco Central em reservas bancárias privadas, com os bancos privados debitando os depósitos dos contribuintes.
Durante um período de demanda privada retraída, seja pelo fechamento das lojas comerciais, seja pelo pessimismo generalizado, com desaceleração profunda da economia, um governo soberano tem de agir para contrabalançar os efeitos recessivos dessa desalavancagem financeira privada. Pode gastar, não só na área prioritária da Saúde Pública, mas também a fim de sustentar a demanda durante nova Grande Depressão. Nesta situação, o afrouxamento monetário não provocará inflação.
O Estado se financia de três maneiras. Primeira, com arrecadação fiscal – a hora é de posterga-la pela carência de fluxos de entrada de caixa de empresas não-financeiras. A segunda é com endividamento público. Com o juro real praticamente zerado, títulos de dívida pública pós-fixados não estão atrativos e os demais têm risco de marcação-a-mercado se não forem carregados até o vencimento em longo prazo.
Resta a terceira opção: emissão monetária eletrônica por meio do Banco Central do Brasil. Por exemplo, a linha emergencial de financiamento para financiar meses de folha de pagamento, abertura de crédito extraordinário, criação de um fundo operacionalizado pelo BNDES, fiscalizado e supervisionado pelo Banco Central e com aporte de recursos do Tesouro Nacional, etc.
Como afirma um manifesto de economistas da UNICAMP, “não se trata apenas de uma medida anticíclica de recuperação dos níveis de investimento e, em consequência, do crescimento da renda e do emprego. Trata-se de manter os fluxos de renda (salários, alugueis, juros e lucros) por um período de duração imprevista em quarentena. Esses fluxos têm de ser assegurados para quem não tem reservas financeiras. Sua interrupção fraturará as cadeias produtivas, comerciais e financeiras com perverso efeito multiplicador sobre todo o sistema.”
Fernando Nogueira da Costa – Professor Titular do IE-UNICAMP. Autor de “Capital e Dívida: Dinâmica do Sistema” (2020; download gratuito em http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/). E-mail: fernandonogueiracosta@gmail.com

CNBB, OAB e ABI acusam o néscio e perigoso Bolsonaro de ameaçar saúde da população


As organizações se reuniram virtualmente nesta sexta-feira, após o governo federal anunciar uma campanha publicitária contra as medidas de isolamento social que tentam conter o coronavírus.


Do Blog da Cidadania, de Eduardo Guimarães, citando O Globo:



Em rara nota conjunta, seis entidades da sociedade civil acusam o presidente Jair Bolsonaro de promover uma “campanha de desinformação” e criar uma “grave ameaça à saúde de todos os brasileiros”.
As organizações se reuniram virtualmente nesta sexta-feira, após o governo federal anunciar uma campanha publicitária contra as medidas de isolamento social que tentam conter o coronavírus.
A nota é encabeçada pelo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo. O documento pede que a população continue em casa, “respeitando as recomendações da ciência, dos profissionais de saúde e da experiência internacional”.
“A campanha de desinformação desenvolvida pelo presidente da República, conclamando a população a ir para a rua, é uma grave ameaça à saúde de todos os brasileiros”, afirma o texto.
Além da CNBB, assinam a nota os presidentes das seguintes entidades: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Asssociação Brasileira de Impernsa (ABI), Academia Brasileira de Ciências (ABC), Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Comissão Arns.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Evangelismo ultra-conservador e fundamentalista lançou o Brasil em uma nova Idade Média. Artigo de Rui Martins, publicado no Observatório da Imprensa


   Ao contrário de todos os cientistas do mundo, alguns pastores evangélicos, entre eles Silas Malafaia e Edir Macedo, garantem não haver nenhum risco de transmissão do coronavírus nos seus templos, durante as pregações bíblicas, cantos de hinos religiosos e testemunhos de fé. Como ninguém irá conferir os nomes dos mortos ou das pessoas internadas por coronavírus com os dos membros dessas igrejas evangélicas, o risco de um desmentido é remoto.


Do Jornal GGN:


Evangelismo lançou o Brasil numa nova Idade Média, por Rui Martins

Brasil está destruído pela crendice fundamentalista bíblica, pela mentira levada ao povo e pelas ações dos vendilhões do templo
Por Rui Martins
Ao contrário de todos os cientistas do mundo, alguns pastores evangélicos, entre eles Silas Malafaia e Edir Macedo, garantem não haver nenhum risco de transmissão do coronavírus nos seus templos, durante as pregações bíblicas, cantos de hinos religiosos e testemunhos de fé. Como ninguém irá conferir os nomes dos mortos ou das pessoas internadas por coronavírus com os dos membros dessas igrejas evangélicas, o risco de um desmentido é remoto.
Como se não bastasse essa afirmação mentirosa, a Justiça também parece compartilhar dessa crença e oferece sua ajuda. Foi assim que, na semana passada, contra tudo e contra todos, um juiz do Rio de Janeiro decidiu ignorar a recomendação de confinamento da Organização Mundial da Saúde e de todos os países do mundo. O pastor evangélico Malafaia tinha sido autorizado pelo juiz, contra decisão do governador do Rio de Janeiro, a continuar reunindo os fiéis em suas igrejas, certo de que Deus os protegeria do coronavírus. Diante da má repercussão dessa vitória judicial, foi o próprio pastor quem recuou, afirmando ficarem abertos os templos, mas sem realização de cultos coletivos. O episódio mostra que o Brasil descobriu a máquina do tempo e decidiu retornar à Idade Média.
O recuo do pastor Malafaia evitou um certo caos, pois a exceção jurídica brasileira iria incentivar outras igrejas, não só evangélicas, a desejar se beneficiar da mesma decisão judicial para suas comunidades terem livre ingresso em seus templos e cultos, missas e sessões. Sem medo do vírus, porque seriam protegidas por Deus, dentro das mesmas crendices medievalescas com resultado danoso para a Europa, cuja população morria como moscas mesmo com o uso de água benta.
E, nessa altura, qual deverá ser a nossa atitude? De um lado, um presidente que convocou o povo para se manifestar nas ruas com o risco de contrair coronavírus, cuja irresponsabilidade justifica um impeachment. E agora, na sequência, um pastor pretensamente protegido por Deus, que insistia em reunir seu rebanho de fiéis incautos em cultos de centenas de pessoas, entre as quais haveria contaminados pelo vírus, sujeitos a internação e mesmo com risco de morte. Nos dois casos, é inquietante a irresponsabilidade. Ambos seriam punidos em qualquer outro país.
O fanatismo dos evangélicos
O Brasil vive hoje em plena Idade Média. Piores do que o coronavírus são a ignorância, o cheiro fétido do beatismo, o charlatanismo e a enganação pregada e propagada pelos chamados pastores evangélicos. Uma versão moderna de Deus e o Diabo na Terra do Sol, que deixaria apoplético Glauber Rocha – o ranço imanente dessa versão bíblica evangélica tirada dos porões do Mayflower, trazida ao Brasil e implantada à força de cantos e gritos histéricos na nossa cultura.
Deus acima de tudo – acima da ciência, da inteligência, da lógica, do saber, da literatura, da história. Mas que Deus? O Deus das fogueiras da Idade Média, das inquisições, das teorias imbecis, do céu, da salvação das almas e do medo do inferno. O Deus dos espertos que se aproveitam dos ignorantes, dos simples e pobres de espírito.
Nas análises do Brasil de hoje de Bolsonaro (econômicas, sociais, políticas e outras tantas), falta este ângulo resultante da nefasta influência evangélica – o de um Brasil destruído pela crendice bíblica, pela mentira levada ao povo e pelas ações dos vendilhões do templo.
Enquanto o mundo inteiro se preparava para enfrentar esse novo vírus, capaz de relançar o clima de medo, da morte e da peste que enlutou a Europa durante 400 anos anos, um presidente cego ria do perigo, no qual lançava seus fanáticos seguidores.
Quatro dias depois, o mesmo presidente – apostando na idiotice desses seguidores desmemoriados – reapareceu de máscara mal colocada no rosto, reconhecendo o risco do vírus.
Tarde demais: no domingo em que a irresponsabilidade do presidente levou às ruas cegos seguidores em mais de 200 cidades, num fenômeno de infecção coletiva, milhares contraíram o vírus do qual desdenhavam e em cuja existência não acreditavam. Logo veremos as dramáticas consequências.
Um presidente que expõe sua gente ao risco de morte não é digno do cargo e está merecendo um impeachment imediato por motivo de saúde pública.
Porém, isso dificilmente ocorrerá. Em torno dele, protegendo-o, estão os sacerdotes da mentira e da morte, iguais àqueles vestidos de preto e cheirando enxofre da Idade Média; aproveitando-se do nome de Cristo, eles continuarão suas rendosas pregações.
Seus pobres fiéis explorados não percebem, mas seus pastores são, sem dúvida, as Bestas do Apocalipse.
Enquanto o planeta (ou será que a Terra é plana, como diz o guru do presidente?) pede para todos evitarem sair às ruas para se proteger contra a nova peste, Silas Malafaia, o nome de um deles, reagiu contra a exigência de as igrejas fecharem suas portas para evitar aglomerações.
Finalmente aceitou cancelar os cultos, mas as igrejas permanecerão abertas, prestando assistência religiosa individual.. Malafaia deve ter uma oração secreta contra o coronavírus, enviada por Satanás, se não for ele próprio o Capeta…
E o autoproclamado bispo Edir Macedo é outro que desdenha do risco mortal do vírus. O grande antídoto contra todos os vírus seriam a Bíblia e o Evangelho, versão Igreja Universal, exatamente como diziam os sacerdotes na época da peste negra, faz sete séculos; eram os anunciadores da morte.
Ora, essa mesma Bíblia, no Livro das Revelações, ou Apocalipse, tem um versículo destinado a todos quantos se enriquecem e enganam o povo com religiões: “Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas” (Apocalipse 18:4).
Sou ateu, creio na capacidade do homem para vencer obstáculos como os vírus e vencer principalmente os enganadores que se aproveitam da ignorância para lançar seu manto de trevas, como na Idade Média.
***
Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de LisboaCorreio do Brasil e RFI.

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quinta-feira, 26 de março de 2020

Do Meteoro Brasil: A Aliança pelo Vírus (e por ele mesmo) de Bolsonaro



Do Canal Meteoro Brasil:



  Neste vídeo lista-se alguns posicionamentos de Bolsonaro e algumas medidas de seu governo que não deixam dúvida: no Brasil da pandemia, é cada um por si e o presidente contra todos. Se você ainda o apoia, esta pode ser a última chamada para fazer uma revisão de seus conceitos.

Que Jesus queremos? por Dora Incontri


Somos espíritos, filhos das estrelas, cidadãos do universo, onde Deus habita e somos nós mesmos habitados por Ele.

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Jesus ocupa uma centralidade no espiritismo proposto por Kardec, porém de maneira diferente da visão do cristianismo tradicional – leia-se das Igrejas católica e protestante. Tão diferente que muitas vezes católicos e protestantes não aceitam que os espíritas sejam cristãos e mesmo alguns espíritas negam essa adjetivação. Mas Kardec a usou sim e escreveu o Evangelho segundo o Espiritismo, lançado em 1864.
Que visão, entretanto, ele oferece a respeito de Jesus? Em primeiro lugar, nega a condição de Deus encarnado. A concepção espírita de Deus, que se situa num plano cósmico e infinito, como causa primária de todas as coisas, não se coaduna com a ideia de uma encarnação divina nesse quadrante insignificante de um sistema solar numa das bilhões de galáxias que povoam o universo. Já no século XIX, Kardec falava de outros mundos habitados, fugindo definitivamente de uma teodiceia geocêntrica. Somos espíritos, filhos das estrelas, cidadãos do universo, onde Deus habita e somos nós mesmos habitados por Ele.
Então, quem é Jesus?  – um ser humano excepcional, elevado, iluminado, que passou no mundo com o propósito não de nos salvar (porque a ideia de salvação também não faz parte da cosmovisão espírita), mas para contribuir em nosso processo de evolução, de educação espiritual, mostrando caminhos de amor, fraternidade e paz. Exemplo, mestre, guia, irmão mais avançado na senda do progresso, que todos os seres humanos percorrerão. Nessa visão, o espiritismo de Kardec admite que houve outros grandes mestres, como Buda, Confúcio, Lao Tsé, Maomé, Francisco de Assis…em qualquer época, em qualquer lugar do planeta encarnaram-se grandes orientadores espirituais, para inspirar a ascensão humana. Mas nascido numa cultura greco-judaico-cristã, o espiritismo kardecista se conecta com o modelo de Jesus e segue sua trilha.
Nessa concepção, Jesus se humaniza, mas não perde sua posição de veneração. Porque se humaniza, torna-se mais óbvio que devemos imitá-lo. Muito mais difícil seria, para não dizer impossível, imitar um Deus. Mas ele disse que somos deuses e poderíamos fazer tudo o que ele fez e ainda mais, desde que tivéssemos fé.
E o que ele fez? O que até hoje poucos cristãos fazem, de qualquer denominação que sejam. Ele tratou todos os seres humanos com amor acolhedor e reverente, incluiu os marginalizados, se relacionou com respeito e amizade com as mulheres, que então eram mera propriedade dos homens e ainda hoje continuam sendo violentadas e abusadas; valorizou a presença das crianças; curou doentes; caminhou ao lado dos mais simples e dos mais pobres; não condenou a conduta sexual de ninguém (ao invés chocou os preconceitos da época ao andar com “pecadores”e prostitutas). Não fez diferença entre judeus e pagãos, entre homens e mulheres, entre adultos e crianças…
Mas contra um tipo de gente, Jesus se insurgiu, se rebelou e usou do chicote e de palavras duras: os exploradores da fé, os fariseus, os hipócritas moralistas que oprimiam as massas com o rigorismo de regras sem sentido, arrancando-lhes a dinheiro e submissão. “Sepulcros caiados” é o mínimo com que Jesus os trata.
Mas também foi duro com os ricos, com as “açambarcadores do pão material” – para usar uma expressão que está no Evangelho segundo o Espiritismo– e disse que eles não poderiam entrar no Reino dos Céus com suas riquezas, a menos que a elas renunciassem. Disse mais, que os que tinham fome e sede de justiça seriam saciados. E como estamos famintos!
Ora, esse Jesus humano, amoroso, próximo de nós, descrito nos Evangelhos e reafirmado por Kardec foi golpeado ainda no tempo em que o mestre vivia, por um advogado de Bordeaux, um tal de Roustaing. Ele dizia ter recebido através de uma única médium (Kardec trabalhava em suas pesquisas com inúmeros médiuns de diversos países) os Quatro Evangelhosrescritos pelos evangelistas em espírito e anunciava pretensiosamente que esses livros eram a “revelação das revelações”. Numa linguagem indigesta, empolada, em páginas e páginas sem fim, reaparece a figura de um Jesus caricato, já rejeitado pelos primeiros cristãos, ao combaterem a heresia dos docetistas: a ideia de que Jesus sequer tinha se encarnado num corpo físico. Portanto, seu nascimento, sua convivência humana conosco, suas dores, seu sacrifício e sua morte – tudo isso não passaria de uma encenação. De um Jesus humano e puro, que Kardec nos apresentava, aparecia um Jesus caricato, fantasmagórico. Desse livro, derivava toda uma visão de mundo contrastante com a proposta racional, evolucionista, emancipatória de Kardec. Aparecem ideias de anjos caídos, de gravidez psicológica de Maria, de entidades míticas… em suma, era a antítese do que queria Kardec, que era tomar o cristianismo em seu aspecto ético e entender Jesus em sua dimensão humana.
Ora, isso poderia ter passado como um incidente sem importância, porque o próprio Kardec, em sua última obra A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo, refutou a ideia de Roustaing (embora sem citar-lhe o nome) e procurou explicar ainda de forma mais racional alguns aspectos da vida de Jesus, como seus milagres e profecias.
O roustainguismo porém virou um problema no movimento espírita que se sucedeu à morte de Kardec e ainda hoje é um espinho entre nós. Uma das pessoas que ficou à frente do movimento, inclusive da Revista Espírita, Gaëtan Leymarie, não tardou a abrir as portas do espiritismo a toda espécie de misticismo e… ao próprio roustainguismo, financiado por um milionário discípulo do advogado de Bordeaux. Foi feita uma edição adulterada da Gênese, perdeu-se o critério de criticidade e transparência que Kardec imprimiu à sua obra. Todo o caso está brilhantemente pesquisado por Simone Privato, em seu livro lançado no ano passado, O Legado de Kardec.
Esse espiritismo maculado chegou ao Brasil e instalou-se desde cedo na Federação Espírita Brasileira, que até hoje tem como cláusula pétrea de seu estatuto o quê?… justamente o roustainguismo.
Muitos poderiam pensar (e pensam), que tudo isso não passa de um debate teológico irrelevante, que cada um acredita no que quiser e que nada disso importa aos espíritas e, muito menos, aos não-espíritas.
Mas não é assim. Por isso, intelectuais espíritas como Herculano Pires em São Paulo, dedicaram-se a criticar esse desvio. Acontece que acompanhada dessa visão de mundo mítica, igrejeira, catolicizante (no que o catolicismo teve de pior e não em suas versões mais progressistas), vem toda uma tendência conservadora, reacionária. O vigor crítico, emancipatório de Kardec se perde. O espiritismo envereda pela estagnação e o Jesus que deveria trazer justiça e igualdade, amor e solidariedade, se torna um nome usado em palavras mansas e vazias, para justificar poderes e o status quo.
Isso tem sido uma constante na história do cristianismo. Jesus trouxe uma mensagem transformadora, profética, poética, vigorosa, de um amor enérgico e não de um pieguismo submisso e teimam em adorá-lo como um rei, como uma imagem, sem a corporeidade da ação e da presença em nós e no mundo.
As instituições religiosas hierarquizadas, donas de domínio financeiro, têm todo o interesse em entronizar um Jesus amorfo, melado, que fica nas nuvens etéreas e não desce ao barro do mundo, para fecundá-lo. Colocam-no longe de nós, porque se o tivermos lado a lado e dentro do coração, nos sobrará forças para lutar contra a injustiça, amar a humanidade e clamar pelo Reino de Deus, na terra – e já! – denunciando aqueles que a ele se opõem, inclusive e principalmente os que o fazem em nome de Jesus.

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