Mulher é sinônimo de luta, que nunca a deixaram ser campo florido. Luta na família, no trabalho, na escola, nas ruas. Mulher é fruto de seu tempo, agredida por se permitir brotar em uma infinidade de certezas.
Não me interessa o rótulo, o que eu quero é respeito
por Lourdes Nassif
O Dia Internacional da Mulher chegando. Na portinha do acontecimento que divide o ‘ainnn uma rosa’ do ‘a luta é conjunta’. Mulheres divididas entre o ser eternamente Cinderela e o ser senhora de si. Luta boa de viver.
Sou de uma época em que as coisas não eram tão claras. As feministas ainda eram pouco conhecidas no meu mundinho, embora já fizessem história no mundão de meu deus. Fui criada com algumas certezas que iam de um lado a outro do espelho. E dá-lhe ‘espelho meu’ nas demandas diárias da vida.
Mas o que é ser mulher? Ser mulher é ser feminista, oras!, que não dá para separar a luta da luta, pois que são lutas idênticas. Consegue imaginar a mulher sem ser profissional? Ou será que ela é só enfeite de vitrine?
E o tema é extenso, que mulheres são múltiplas. São mães se quiserem, são especialistas se quiserem, são donas de seus respectivos narizes. E são políticas, são civis, são do seu mundo sem fronteiras de machos machucados com sua condição de par.
Mulheres são ímpares, que seus pares precisam aprender a partilhar. São fadinhas com a varinha de condão em punho e decretando que tudo o que não é bom ‘é merda’, e se assim o é não serve para sua vida.
Mas mulheres também são mortas. São agredidas pelos parceiros e são desovadas nas páginas que a nossa história não quer ler, nem resolver. São montilhos de dor e de esperança, que se juntam no derradeiro gesto em busca da paz. Paz no corpo, na alma, na vida.
Mulher é sinônimo de luta, que nunca a deixaram ser campo florido. Luta na família, no trabalho, na escola, nas ruas. Mulher é fruto de seu tempo, agredida por se permitir brotar em uma infinidade de certezas.
E eu as admiro no todo, na vida, na lida, no destemor, na empáfia, na linha de frente da batalha. E que venha o dia 8 de março, e sem festa, que a luta é na rua, com punho erguido, exigindo o que é de direito nesta terra.
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