Não há o que discutir no mérito (ou na falta dele) sobre a decisão de afastar Renan Calheiros da Presidência do Senado, tomada agora há pouco pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF.
Mas é curioso que um processo que se arrastava há nove anos, de repente, tome o impulso de um foguete e, em cinco dias, saia da mais absoluta paralisia para uma decisão de afastamento do presidente de um poder da República, o Congresso Nacional.
Mais ainda que se deem os dois passos na antevéspera de uma das manifestações de hostilidade – de novo, com todo o merecimento – ao parlamento (aquele mesmo que cassou o voto popular) e no dia seguinte de uma manifestação que o chamava de rato.
E com um pedido que foi apresentado hoje mesmo!
Estranha a Justiça brasileira que dorme o sono dos séculos e, de repente, na hora certa, acorda rápida como The Flash.
Uma espécie de moralidade de despertador: pula da cama bem na hora em que interessa, não antes.
Renan, como Cunha, já estava careca, malgrado os implantes, de estar sendo processado no momento do impeachment, sem que isso fosse alegado para impedir o exercício de seu poder.
Foi se meter a votar a lei do abuso de autoridade de suas excelências e – zapt! – cortaram-lhe a cabeça.
Os nossos altos magistrados não recordam, por certo, da lição de Pinheiro Machado, há mais de um século, diante de hostilidades de partidários de Nilo Peçanha disse ao cocheiro que saísse ” “nem tão devagar que pareça afronta, nem tão depressa que pareça medo”.
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