do NOCAUTE
de Fernando Morais
Curso de Níu Júrnalism em poucas lições. Patrocínio da Folha de S. Paulo. Lição 4.
Até as rãs que coaxam nas águas mefíticas do rio Tietê já sabiam que a popularidade do Postiço vem descendo a ladeira desde o dia em que ele se instalou no Palácio do Planalto, com a ajuda do escrete formado por Boca Mole, Todo Feio, Gripado, Ferrari e Corredor; Missa, Justiça e Angorá; Babel, Caranguejo e Misericórdia.
Até os gaviões que comem as rãs e as ratazanas do rio Tietê sabem que a economia brasileira também vem desabando vertiginosamente depois que o Postiço Temer tomou o poder sem para isso ter obtido um só, um único, solitário voto.
A Folha de S. Paulo colocou na rua os pesquisadores do Datafolha e descobriu o que rãs, ratazanas e gaviões já estavam carecas de saber: a popularidade do Postiço desabou e a economia, sob a batuta dele, encruou.
O levantamento do Datafolha, porém, traz uma notícia: 63% da população querem que o Postiço renuncie já, ainda este ano, e que sejam convocadas eleições diretas para a Presidência da República.
Ladina, a Folha dá em manchete o que todo mundo já sabia (queda da popularidade + desastre econômico) e publica numa chamadinha o que todo mundo queria saber: o Brasil quer a renúncia do Postiço ainda este ano e convocação de eleições diretas já.
Gay Talese, o grande repórter gringo, já disse que o jornalismo é a arte de sujar os sapatos. Ao contrário dele, alguém também já disse que o jornalismo é a arte de separar o joio do trigo – e publicar o joio.
Em vez de sujar os sapatos, a Folha parece preferir sujar as mãos: separa o joio do trigo e publica o joio.
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