sábado, 24 de dezembro de 2016

Glenn Greenwald sobre a série de crítica social em uma sociedade engolfada pelo consumismo técnico: Black Mirror



Black Mirror
Netflix
A série do Netflix “Black Mirror” é um dos comentários sociais mais provocativos, reflexivos e perturbadores sobre os perigos da tecnologia presentes em qualquer meio. Cada episódio deslocará seus confortáveis conceitos sobre a internet, as mídias sociais e a tecnologia digital, desorientando-o e forçando-o a questionar uma ampla gama de conceitos que você provavelmente já adotou sem pensar criticamente sobre. Neste sentido, a série desempenha um dos mais valiosos papéis que qualquer obra de arte pode assumir.
Originalmente transmitido no Canal 4 do Reino Unido, a série migrou para o Netflix em 2013, onde todos os episódios podem ser vistos com legendas em português. Com a transferência, a série se tornou ainda mais ousada e complexa. É difícil escolher um episódio favorito, mas um deles em particular – “Nosedive” – ficou em minha mente com uma intensidade distinta. Ele apresenta uma sociedade obcecada com as avaliações das redes sociais e a gratificação imediata ou punição que cada um recebe através do julgamento digital dos outros. Eu percebi quão relevante isso era quando flagrei minha atenção voltada para o Twitter, monitorando a reação a algo que eu havia postado, ao invés de assistir à série: adotando precisamente o comportamento que a série critica tão densamente.
De fato, o faz desta série tão poderosa é que a maioria dos episódios acontecem em um futuro nada distante. Ela parece sutilmente fictícia porque as tecnologias apresentadas ainda não estão totalmente apresentadas ao público, mas elas estão tão perto disso que a distopia parece mais próxima e inevitável que distante e impossível. Talvez o maior elogio seja dizer que é impossível assistir a vários episódios em sequência: cada episódio é tão intenso e perturbador que o espectador tem uma sobrecarga moral e intelectual quando tenta assistir mais de um capítulo de uma vez. – Glenn Greenwald - The Intercept (extrato)

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