domingo, 20 de março de 2016

Golpe do Pato: a face absurda da cena política brasileira

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Da Fiesp à Praça da Paz, agora com os olhos abertos (Autoria desconhecida)
Fiesp criou o pato cego para protestar contra aumento de impostos; mas ele já faz parte da paisagem do golpismo; o pato é nosso ensaio sobre a cegueira política
Por Alceu Luís Castilho (@alceucastilho) - Blog do Castilho
Quem disse que o golpe de 2016 – em plena execução – não tem um símbolo?
O papel da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) esteve claro em 1964 e está claro em 2016. Como observamos aqui no blog – sobre o fator Fiesp – e como observou o jurista Fábio Konder Comparato, em ato pela legalidade na Faculdade de Direito da USP. Falta ainda esmiuçar o papel do pato: o símbolo utilizado pela entidade patronal nos protestos na Avenida Paulista. Como em tantos outros casos, o humor se adianta à análise política. E percebe que se trata de um símbolo e tanto. Estamos vivendo o desenrolar do que podemos chamar de um Golpe do Pato.
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Mas o que representa o pato cego da Fiesp, afinal? Originalmente, uma campanha contra o aumento de impostos, mais especificamente a volta da CPMF. Desde o ano passado ele foi incorporado às manifestações antigoverno. Não é exatamente fofo, com esse olho cego que pode ser lido de várias formas (esse “pato falho”), nenhuma delas registrando alguma qualidade estética. É amarelo, é inflável. Rima com 64. E já se tornou o símbolo da movimentação golpista. O pato é nosso ensaio sobre a cegueira política. Saramago com Camus: o pato e a peste.
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O ausente: ninguém fala de Cunha, ninguém viu (Ilustração: Aroeira)
“Um Pato que não é só um Pato”, escreveram em dezembro a jornalista Joana Monteleone e o ex-deputado Adriano Diogo, relembrando o papel da Fiesp durante a ditadura. “Todos os dias a Fiesp, contrariando a lei da cidade limpa, faz propaganda contra o governo federal, num show de luzes brega montado no próprio prédio pelo senhor Paulo Skaf. Prédio este, aliás, erguido com muitas facilidades governamentais na década de 1970, os anos mais sanguinários do regime militar”.
Paulo Skaf: protagonista do golpismo (Foto: Ayrton Vignola/Fiesp)
E lá vem o golpe, golpe aqui, golpe acolá.

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