Jornal GGN - "Por que se deve permitir a Lula disputar a Presidência", é o título do artigo de Jorge G. Castañeda, ex-ministro de Relações Exteriores do México, para o The New York Times, publicado nesta terça-feira (21) [acesse aqui].
"As acusações contra ele são muito frágeis, o pretenso crime tão insignificante (até agora), a sentença tão descaradamente desproporcional e as apostas tão altas que, na América Latina de hoje, a democracia deveria trunfar no estado de direito. Em um mundo ideal, os dois caminham juntos e certamente não se chocam. Mas no Brasil, democracia e estado de direito colidem", concluiu o professor da Universidade de New York.
Na coluna, o articulista do jornal norte-americano, um dos mais reconhecidos no mundo, lembrou que as eleições no próximo dia 7 de outubro será a terceira para os brasileiros elegerem o presidente da República, desde o retorno à democracia em 1985.
Nesse sentido, destacou a importância destas eleições para a democracia e para o Estado de Direito, com "eleições livres e justas e o devido processo legal". Assim, não permitir a Lula participar dessa disputa democrática, destaca Castañeda, é cenário de "contradição".
Após indicar os pontos a favor e contra a elegibilidade do ex-presidente, com base no sistema legal brasileiro, o articulista concluiu que "não há uma boa solução para esse dilema, especialmente em um país que tem uma elite política terrivelmente desacreditada e que mal está emergindo da pior recessão econômica em décadas".
"Permitir que Lula disputa as eleições seria apaziguar seus apoiadores, que são muitos, ao mesmo tempo enfraquecendo severamente a sensação de que após quase dois séculos de privilégios, corrupção, ausência de leis igualitárias e a derrubada dos altos e poderosos, o Brasil estava finalmente entrando na modernidade, conquistando o domínio do qual o país e os seus vizinhos sempre falharam: o estado de direito. Mas, ao negar a dezenas de milhões de eleitores de Lula a possibilidade de que seu ídolo fosse devolvido ao Palácio do Planalto implicaria em privá-los de direitos", continuou.
Junto à comunidade internacional, vem aumentando a cada dia o apelo pela liberdade de Lula ou pela simples possibilidade de que ele consiga, enquanto alvo de julgamento, participar das eleições. Como exemplo, Castañeda citou dezenas de membros do Congresso norte-americano, incluindo o senador Bernie Sanders, que escreveu uma carta ao embaixador do Brasil em Washington, pedindo a soltura do ex-presidente.
Ao mencionar Fernando Haddad como o "plano B" do PT, o colunista afirmou que as possibilidades baixas de vencer em segundo turno do ex-prefeito podem ocasionar "desafios esmagadores para o Brasil".
Do ponto de vista da América Latina, o ex-ministro do México citou casos da Nicarágua, Venezuela e do próprio México em que a candidatos foram proibidos ou desencorajados de concorrer a cargos eleitorais. Entre as duas categorias: de desqualificação por razões "válidas ou legais" e vítimas de inquestionável perseguição política, Castañeda aposta que Lula vive o segundo.
"Por fim, embora eu acredite que o escândalo da Lava Jato, assim como a diligência de juízes como o Sr. Moro, tenham servido bem ao Brasil e à América Latina, prefiro ver Lula nas urnas do que na cadeia", defendeu.
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