quinta-feira, 18 de junho de 2015

Bob Fernandes sobre a hipocrisia e obscurantismo evangélicos - Intolerâncias em alta: Kayllane, 11 anos, apedrejada por ser do candomblé




Há uma semana, na Câmara, dezenas de deputados suspenderam uma sessão, rezaram o Pai-Nosso e deram vivas a Jesus dentro do plenário. 
Isso na presença do presidente da Câmara. Ele, Eduardo Cunha, defende urgência na votação de lei que pune com até 8 anos de cadeia algo definido como "Cristofobia". 
O que têm a dizer tal e tais deputados, sempre tão ativos, sobre insultos e pedra atirados contra a menina Kailane e sua avó por elas serem do candomblé?

 Segue vídeo onde o analista politico Bob Fernandes discorre sobre a violência que a intolerância religiosa evangélica vem instituindo no Brasil, nas ruas e no Congresso:



Vila da Penha, Rio de Janeiro. Kailane, de 11 anos, está voltando do candomblé com um grupo de pessoas e a avó, Kátia, que é mãe de santo. De repente, insultos partem de dois homens. A avó conta:

-Eles levantaram a Bíblia e começaram a chamar de 'diabo', ' macumbeira' e gritar 'vai para o inferno', 'Jesus está voltando'.

Uma pedra atirada pelos agressores atingiu a cabeça da menina Kailane Campos. Que disse ao jornal Extra:

-Continuo na minha religião, minha fé, mas não saio mais de branco... Tenho medo de morrer.
Esse não foi um ato isolado. A antropóloga Sonia Giacomini e a historiadora Denisi Pini Fonseca publicaram estudo de 20 meses com 840 terreiros de religiões de origem africana.

No livro "A Presença do Axé- Mapeando Terreiros no Rio de Janeiro" se informa: 430 dos 840 terreiros, pouco mais da metade, já foram alvo de agressões.

São agressões verbais e físicas, apedrejamentos, ameaças de expulsão do bairro, destruição de imagens e até incêndios.

O secretario de segurança do Rio, José Mariano Beltrame, definiu o ataque a Kailane Campos e avó: "É intolerância religiosa e isso não podemos aceitar".

Intolerância que têm se repetido há mais de duas décadas. No Rio, na Bahia, São Paulo, Pernambuco, Maranhão, Minas, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul... Brasil afora.

Criado em 2011, o Serviço "Disque 100" da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República já recebeu centenas de denúncias a respeito de casos de intolerância religiosa e agressões.
Há uma semana, na Câmara, dezenas de deputados suspenderam uma sessão, rezaram o Pai-Nosso e deram vivas a Jesus dentro do plenário.

Isso na presença do presidente da Câmara. Ele, Eduardo Cunha, defende urgência na votação de lei que pune com até 8 anos de cadeia algo definido como "Cristofobia".

O que têm a dizer tal e tais deputados, sempre tão ativos, sobre insultos e pedra atirados contra a menina Kailane e sua avó por elas serem do candomblé?

Qual o significado profundo disso diante da onda crescente de agressões e intolerâncias várias e muitas?

Façam uma campanha a favor da liberdade religiosa


Kayllane Campos, 11 anos, Rio de Janeiro, Brasil

Tenho apenas 11 anos e já sou vítima da intolerância religiosa. Como o Brasil inteiro viu, nos jornais, TV e pelas redes sociais, fui atingida por uma pedra na cabeça ao sair de um culto de candomblé. O machucado foi forte, mas a maior dificuldade será esquecer a sensação de que eu poderia morrer. Não quero que mais ninguém passe por esta situação. Por isso, criei este abaixo-assinado, para que o ministro de Direitos Humanos, Pepe Vargas, providencie uma campanha a favor da liberdade religiosa.

No Brasil, já temos uma lei muito importante contra a intolerância religiosa, que tem as mesmas medidas contra o racismo. Mas a grande maioria das pessoas não conhecem. O país já teve muitas campanhas contra o racismo, contra a homofobia e contra a violência contra a mulher. Isso é ótimo! Chegou a hora de termos também uma campanha contra a intolerância religiosa.

Peço que você assine e compartilhe este abaixo-assinado. Ele é a nossa força para transformar este ato de violência em algo bom, algo que vai fazer as pessoas serem mais solidárias e tolerantes.

Kayllane Campos
(com apoio de sua família)
Assine em Change.org

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