Os contrariados com a impugnação da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são mais milhões do que a soma dos milhões que apoiam os colocados, conforme o Datafolha, em segundo, terceiro, quarto e quinto lugares na preferência dos eleitores. Mas, a começar do próprio atingido, a contrariedade não veio do inesperado. Sua fonte é a confirmação do previsto.
Se a contrariedade se manterá nos limites da manifestação eleitoral, nos próximos meses, é um componente a mais da zona de sombra em que o país transita — se a atravessa, é duvidoso.
É possível que o desempenho de Fernando Haddad, ou de quem seja o substituto de Lula, funcione como uma compensação para a contrariedade.
No escasso tempo de que dispõe a campanha do substituto, porém, o desempenho e seus efeitos dependem pouco do candidato e muito das disposições dos contrariados.
Não por acaso, o sentimento de injustiça e perseguição incide sobre uma parte da população já exasperada pela crise, com o desemprego, a criminalidade, a ação policial indiscriminada, a vida em tudo mais difícil. Até agora, a perspectiva das eleições não atenuou a tensão.
Para os petistas e, de modo mais geral, para os movimentos sociais, até a acirrou. Em outros níveis econômicos, Bolsonaro como indicador de clima não muito diferente: em um condomínio da Barra da Tijuca, se não em mais de um, rojões comemoravam suas respostas rombudas a entrevistadores de TV.
Escrevo enquanto o julgamento da candidatura de Lula se desenvolve, e sobre isso os comentários vão se desdobrar por dias. Ou mais. O desfecho com impugnação é, tudo indica, mais uma etapa de um ciclo.
O que ficou bem evidente no que disse, depois de visita a Lula na quinta-feira, o líder do SPD, partido da centro-esquerda alemã que dá sustentação à brava sensatez de Angela Merkel. Martin Schulz: “Não comento o Judiciário brasileiro, mas as circunstâncias do processo contra Lula despertam dúvidas”.
Isso a impugnação não resolve.
Autores
Desde as leis trabalhistas de Getúlio, ainda ditador, o empresariado graúdo quis esvaziá-las dos direitos mais defensivos dos assalariados.
Com a “reforma trabalhista” do governo Temer e da maioria do Congresso, uma parte desses direitos foi afinal excluída. Com a terceirização irrestrita, agora aprovada por sete a quatro ministros do Supremo Tribunal Federal — os que decidem até quanto devem ganhar dos cofres públicos — a exclusão se completou.
Os dirigentes sindicais reclamam. É um disfarce necessário para sua responsabilidade.
O fortalecimento do sindicalismo foi sempre evitado por esses dirigentes: exigiria a sindicalização maciça, com risco do proveitoso domínio dessas imposturas dominantes. Paulinho da Força (a dele, só) que o diga. Os dirigentes sindicais são os mais culpados pelo que criticam.
Escola
Bolsonaro tem prometido a “militarização das escolas”. Não haverá dificuldade para fazê-lo, se eleito. O modelo dessa concepção de ensino, único em grande dimensão, ele encontra em livros sobre a “Juventude Hitlerista”.
Janio de Freitas
No folha
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