sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Do The New York Times: com o Golp impeachment, Brasil se torna vergonha mundial

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Editorial desta quinta-feira 1º do The New York Times, um dos jornais mais influentes do mundo, é dedicado ao processo de impeachment de Dilma Rousseff; "Será uma vergonha se a História mostrar que ela estava certa", diz o texto, que lembra que muitos senadores que votaram 'sim' pelo afastamento são alvos de investigação; o NYT também relembra os avanços no País com o PT no poder, mas destaca erros de Dilma, como a nomeação de Lula para a Casa Civil; sobre Michel Temer, diz que ele não deve se colocar entre as investigações da Lava Jato, rejeitando "iniciativas do legislativo com o objetivo de minar o trabalho dos promotores"; e o aconselha a respeitar a plataforma aprovada pelos brasileiros no pleito de 2014, tomando cuidado com cortes em programas sociais.


247 - O The New York Times, um dos jornais mais influentes do mundo, dedicou um de seus editoriais desta quinta-feira 1º para o cenário político brasileiro. "Será uma vergonha se a História mostrar que ela estava certa", diz o texto, em referência a Dilma Rousseff, afastada por 61 votos a 20 pelo Senado nesta quarta-feira.

O jornal lembra que muitos senadores que votaram 'sim' pelo afastamento da petista são alvos de investigação por corrupção. O NYT também relembra a trajetória do PT e "um transformando período de 13 anos" do partido no governo, mas também recorda o que considera erros de Dilma, como a nomeação do ex-presidente Lula para o ministério da Casa Civil.
Sobre Michel Temer, o jornal recomenda que ele não deve se colocar entre as investigações da Lava Jato, rejeitando "iniciativas do legislativo com o objetivo de minar o trabalho dos promotores". E aconselha o peemedebista a respeitar a plataforma aprovada pelos brasileiros no pleito de 2014, tomando cuidado com cortes do ajuste fiscal e redução em programas sociais.
Leia abaixo a íntegra do editorial, em português:
A presidente brasileira deposta
O Brasil teve quatro presidentes eleitos desde que a democracia foi restaurada, em 1985. Dois deles cumpriram seus mandatos. Na quarta-feira (31), Dilma Rousseff foi a segunda a ser deposta enquanto no cargo, em meio a um turbilhão político e denúncias de malfeitos.
Os senadores votaram por larga maioria no impeachment de Rousseff pelo uso de fundos de bancos estatais para sustentar o orçamento do governo antes de sua reeleição em 2014, o que eles consideraram um crime; alguns de seus antecessores usaram truques orçamentários semelhantes. A saída de Rousseff marca o fim de um regime transformador de 13 anos do Partido dos Trabalhadores, de esquerda, que usou as receitas do Estado geradas por um apogeu das matérias-primas para tirar milhões de pessoas da pobreza, mas perdeu o apoio quando a economia entrou em recessão nos últimos anos.
Rousseff denunciou o processo como um golpe de adversários políticos que a consideravam uma ameaça porque não impediu um inquérito sobre corrupção que envolvia dezenas de membros da classe governante do país. Rousseff comparou o caso contra ela com o período do regime militar, quando foi uma das centenas de pessoas detidas e torturadas.
"Hoje o Senado tomou uma decisão que entrará para a história como uma grande injustiça", disse ela em um discurso desafiador, depois que os legisladores votaram por 61 a 20 por seu impeachment. "Sessenta e um senadores reverteram a vontade expressa por 54,5 milhões de votos."
Rousseff prometeu combater o que ela descreveu como a tentativa de uma coalizão de políticos homens de direita, eles mesmos manchados por denúncias de corrupção, para sequestrar o processo político. "O projeto nacional progressista, inclusivo e democrático que represento está sendo interrompido por uma poderosa força conservadora e reacionária", disse ela.
Será uma vergonha se a história provar que ela tem razão. Mas o legado de Rousseff, e os fatos que levaram a sua queda, são mais complexos do que ela admite. Rousseff tornou-se profundamente impopular quando a recessão se instalou e ela não conseguiu criar a coalizão necessária para governar com eficácia. Quando investigadores da corrupção se concentraram em seu antecessor na Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ela abusou de sua autoridade ao lhe dar um cargo de ministro, para protegê-lo de um processo.
Há passos concretos que o governo pode dar para começar a restaurar a fé dos brasileiros em sua elite política assolada por escândalos. Michel Temer, que se tornou presidente interino em maio quando Rousseff foi afastada, deve permitir que continuem as investigações de corrupção e rejeitar as iniciativas legislativas destinadas a enfraquecer os promotores.
Desde que ele assumiu o cargo, a economia do Brasil melhorou modestamente, conforme os mercados reagiram positivamente a seus planos econômicos, que incluem a privatização de companhias estatais e a reforma do inchado sistema de aposentadorias do país. Equilibrar o orçamento exigirá cortes dolorosos, mas Temer deve ser judicioso ao reescalonar os programas sociais que deram popularidade ao Partido dos Trabalhadores. Até que os brasileiros possam eleger um novo presidente, em 2018, ele poderia honrar o processo democrático do país ao permanecer razoavelmente fiel à plataforma que eles aprovaram na última vez.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves, via UOL

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