quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Aliados de Temer já pensam em descartá-lo "utilmente" pós o Reveillon, em nome de nova modalidade golpista-legalista: eleições indiretas em 2017. Por José Cássio

Muy amigos
Muy amigos

Os protestos contra Michel Temer se intensificam por todo o país à medida que a debilidade do seu governo, e a sua em particular, vai ficando mais evidente.
Neste próximo domingo, 18, por exemplo, as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo voltam à avenida Paulista numa manifestação que promete ser maior que a da semana passada – reuniu 60 mil pessoas e consolidou a tese de que os jovens estão mesmo dispostos a se manter na rua contra o que consideram um golpe contra a democracia.
A impopularidade é apenas uma das facetas de Temer.
Além de sua perversa trajetória rumo ao poder e sua postura retrógrada, que são os principais pontos levantados nos protestos, o atual ocupante do Alvorada também tem o nome citado na Lava Jato.
Temer é acusado, entre outras coisas, de solicitar R$ 1,5 milhão em propina para a empreiteira Queiroz Galvão. O dinheiro seria usado para financiar a campanha de um aliado nas eleições em 2012.
Já sabíamos que o presidente não era nenhum santo, mas agora as evidências concretas estão colocadas na mesa, na forma de processo criminal.
Não bastassem as citações, Temer está apavorado com o desfecho da cassação de seu amigo, e também alvo da Lava Jato, Eduardo Cunha.
Temer sempre atuou nos escaninhos do poder.
Foi assim, nas sombras, como na vez em que se encontrou com Cunha na calada da noite de um domingo, que consolidou sua carreira política. Por isso não surpreende a sua inépcia em lidar com assuntos, seja ele qual for, que se relacionem à opinião pública.
O vice decorativo que o Brasil passou a conhecer, a se considerar o seu ministério machista, o gestual brega e, principalmente, a agenda conservadora e antipopular, se revelou um homem arcaico. Um típico fora de moda. E, convenhamos, aos 76 anos não lhe resta mais tempo, tampouco disposição, para se reciclar.
Não surpreenderia, portanto, se fosse descartado pelos próprios aliados.
E fazer isso acontecer é mais simples do que você pode imaginar. 
De acordo com o artigo 81 da Constituição Federal, diante da vacância do presidente e de seu vice nos dois últimos anos do mandato presidencial, a eleição para ambos os cargos deve ser indireta e comandada por deputados e senadores.
Significa que, para o Congresso ter a prerrogativa de eleger um novo mandatário de forma indireta, basta cozinhar Temer em banho-maria até o réveillon – ou seja, mantê-lo na presidência por mais alguns meses até que ele se inviabilize por si só. 
É uma tese que começa a ganhar corpo e que tem tudo para se consolidar. Inclusive porque há duas importantes frentes, o PSDB e o empresariado, que podem se interessar por uma saída nesta direção. 
Para os tucanos, seria a forma de legitimar o impeachment de Dilma, minimizando a vergonha alheia no exterior e, na melhor das hipóteses, apostando na possibilidade de indicar um “salvador da pátria” – Serra ou Aécio, para ficar em apenas dois nomes. 
Já os representantes do mercado, que têm interesse no ministro da Economia, Henrique Meirelles, poderiam finalmente colocar em prática as reformas que Temer prometeu, mas que não está conseguindo entregar.
Com Eduardo Cunha ameaçado de prisão, a temperatura tende a se elevar. E se tem uma coisa que Temer está mostrando que sabe fazer bem feito é se atrapalhar nos momentos difíceis. 
Enquanto isso, nas ruas o bloco dos descontentes só aumenta: neste domingo mesmo os protestos ganham o apoio institucional do PSTU – o presidente nacional do partido, Zé Maria, garantiu que estará lá pessoalmente para incentivar a Greve Geral a partir do final do mês. 
Dois outros importantes adversários na disputa pela prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad e Luiza Erundina, já estão discursando de mãos dadas pela saída do que consideram o “usurpador e golpista”. 
Temer está virando o único que pode trazer o que tanto prega: a pacificação e a unificação do país. 
Só que não com ele no papel de presidente.
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Jose Cassio
Sobre o Autor
JC é jornalista com formação política pela Escola de Governo de São Paulo

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