quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O que seria de Jesus e sua mensagem radical de igualdade e fraternidade no Brasil dos coxinhas e fundamentalistas de hoje?




Texto de Eduardo Guimarães, Blog da Cidadania

É raro encontrar pesquisador histórico que discorde de que Jesus existiu, mesmo à falta de consenso sobre a precisão dos Evangelhos. Em um ponto, porém, a maioria dos cientistas históricos concorda: Jesus foi um pregador judeu que, por suas ideias sobre igualdade, foi considerado ameaça pelas elites e pelo Império Romano, e condenado a uma execução lancinante para servir de exemplo a outros revolucionários.
Os acadêmicos construíram vários perfis do Jesus histórico que geralmente o retratam em um ou mais dos seguintes papéis: o líder de um movimento apocalíptico, o Messias, um curandeiro carismático, um sábio e filósofo, um reformista igualitário.
O reformismo pregado por Jesus, suas pregações, levaram os poderosos de dois milênios atrás a se preocuparem com uma revolução que pretendesse distribuir riquezas de forma igualitária entre os povos.
Tomemos como exemplo a parábola sobre o jovem rico, episódio da vida de Jesus que trata da vida eterna e que pode ser encontrado nos três evangelhos sinópticos: Mateus 19:16-30, Marcos 10:17-31 e Lucas 18:18-30.
Nesse episódio, Jesus prega sobre “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas, pois mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus” (Lucas 18:24-25).
E Jesus expulsando os vendilhões do Templo? Eis um dos eventos do ministério de Jesus, narrado nos quatro evangelhos canônicos do Novo Testamento, que não deixa dúvidas sobre a ideologia política do “filho de Deus”.
Nesse episódio, Jesus e seus discípulos viajam a Jerusalém para a Pessach (a Páscoa judaica) e, uma vez lá, Ele expulsa os cambistas do Templo de Jerusalém (o Templo de Herodes ou “Segundo Templo”), acusando-os de tornar o local sagrado numa cova de atividades comerciais.
A narrativa ocorre perto do final dos evangelhos sinóticos (em Marcos 11:15-19; Mateus 21:12-17 e Lucas 19:45-48) e perto do início do Evangelho de João (em João 2:13-16).
Esse é um relato evangélico sobre Jesus utilizando a força física; sim, Jesus promovia uma revolução socialista, o que o levou a uma morte horrível, imposta por uma elite que queria deixar bem claro que ideias sobre igualdade entre os homens não seriam toleradas.
Pregar contra os ricos?
Pregar distribuição de renda?
Pregar igualdade?
Muitas vezes foi feita essa analogia, mas vale revivê-la porque ganha um significado todo especial neste país em um momento no qual ideias como as de Jesus Cristo são tratadas pelos impérios de comunicação e por grupos político-ideológicos quase que como perversões.
Imaginemos, pois, Jesus Cristo caminhando pela avenida Paulista, com um megafone à mão, pedindo distribuição de renda, igualdade, fraternidade, solidariedade. Não é difícil imaginar quanto tempo demoraria até que uma súcia de fanáticos de ultradireita se aglomerasse em torno Dele e berrasse a principal palavra de ordem do fascismo contemporâneo tupiniquim: “Vai pra Cuba, petralha!”
É Natal. Em vez de se atirar nos ritos pagãos que ironicamente usurparam a comemoração do nascimento do maior socialista da história, molde seu pensamento ao de Jesus Cristo.
Extremistas de direita e ratos de igreja, deixem de ser hipócritas. Ao combater ideias de igualdade entre os homens enquanto aproveitam a celebração máxima do cristianismo para se deliciarem com bugigangas e iguarias que o dinheiro pode comprar, sejam cristãos de verdade. Defendam as ideias socialistas pelas quais Jesus Cristo deu a vida.

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