quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Marcelo Auler sobre a incoerência do playboy que tentou ofender Chico Buarque de Hollanda

Charge de Vítor Teixeira mostrando a diferença de estatura moral e intelectual entre Chico e os mimados coxinhas

A esta altura, na internet, já “viralizou” o vídeo que a Glamurama, de Joyce Pascowitch, postou com o bate-boce entre Chico Buarque e os jovens Alvaro Garnero Filho e Tulio Dek, em mais uma clara demonstração de intolerância política com quem pensa diferente. É óbvio, que nos dias atuais de radicalismo à flor da pele, haverá sempre quem defenda um ou outro. Dependerá da ideologia política de cada um. A questão, porém, passa por outra discussão comum nos dias atuais: a incoerência.

Ela veio de um dos jovens que cobraram do compositor, cantor e, escritor o fato dele “morar em Paris” com base, certamente, como disse o próprio Chico, na leitura deVeja.

Erraram, pois, é público que ele mora no Rio, onde anda diariamente pelas ruas e passa por centenas de pessoas sem ser importunado como ocorreu na noite de segunda-feira, na saída de um restaurante.

O importunaram e ainda filmaram a provocação, na expectativa de posarem de heróis — da direita xiita — por alguns momentos nas redes sociais.

Mas, enquanto Chico não faz de seu imóvel na cidade luz e de suas temporadas de recolhimento por lá um trampolim para as páginas de jornais e menos ainda colunas sociais, o mesmo não se pode falar de um dos rapazes que o provocaram com base em informação errada: “Para quem mora em Paris é fácil, não? Você mora em Paris”.

Álvaro Garnero Filho, assim como o pai, é figurinha fácil nas colunas de fofoca e futilidades. Basta googlar seu nome que logo aparecem fotos das quais deve ser orgulhar. Afinal, há gosto para tudo.

Não se sabe se os familiares de Alvarinho, forma como Lu Lacerda o trata em sua coluna social, possui imóveis no exterior. Certamente sim, pois seu bisavô era Joaquim Monteiro de Carvalho, que entre outros feitos trouxe para o Brasil empresas como a Volkswagen, a Peugeot e a Moët & Chandon. Já o avô, Mario Garnero, é o dono do Brasilinvest, um banco de negócios que em 1985 foi liquidado extrajudicialmente pelo Banco Central.

Alvarinho pode até não dispor de imóveis da família em outros países, nem por isso, porém, deixa de desfrutar “.La Doce Vita”. E isto está mais registrado nas colunas de fofoca do que as visitas de Chico Buarque a Paris.

Alvarinho e Álvaro Garnero com o DJ Jach E em Saint-Tropez férias com o filho 29.07.2013
Alvarinho e Álvaro Garnero com o DJ
Jach E em Saint-Tropez férias com
o filho 29.07.2013

Em julho de 2013, por exemplo, a coluna de Lu Lacerda registrava o curioso ingresso do Alvaro Garnero pai no mundo político. Ele assinou a ficha de filiação ao Partido Republicano Brasileiro (PRB) do senador “Marcelo Crivella (RJ) que, na época, ocupava o Ministério da Pesca, por conta de seus conhecimentos em piscicultura.

Pois, enquanto o pai se filiou ao partido cujo político maior ocupou um ministério do governo Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, o fiçlho e seus amigos classificam os petistas e seus apoiadores, como Chico Buarque de “merdas”.

A nota do anúncio da filiação tinha como ilustração uma foto de pai e filho. Não estavam em nenhum evento político. Muito menos em uma atividade produtiva. Mas ao lado do do DJ Jack-E em uma boite em Saint Tropez, uma pequena comuna francesa, localizada na região de Provence-Alpes-Côte d’Azur, no departamento de Var, na definição da enciclopédia livre Wikipédia.

Um ano depois, Alvaro Garnero Filho voltou não apenas a uma, mas a algumas colunas sociais. Foi em agosto de 2014. Todas registravam, com louvor o grande feito do jovem, então com 18 anos, estava “pegando”, ops!, namorando a socialite, atriz, cantora, empresária, escritora, estilista de moda, modelo, compositora e produtora norte americana, Paris Hilton, quinze anos mais velha.

Na coluna de Brfuno Astuto, de Época, o registro da pegação de Alvarinho com Paris Hilton. Namoro aprovado pelo pai.
Na coluna de Brfuno Astuto, de Época,
o registro da pegação de Alvarinho com
Paris Hilton.Namoro aprovado pelo pai.
As fotos do casalzinho enamorado foram feitas em Ibiza, na Espanha, lugar frequentado pelos mais endinheirados e badalados. Aliás, vale aqui repetir o que o colunista da revista Época — ele não lê apenas Veja, viu Chico Buarque! — registrou na nota:

“O verão europeu, mais precisamente em Ibiza, na Espanha, é o palco de um novo casal jet setter que tem dado o que falar: a socialite Paris Hilton e o estudante brasileiro Álvaro Garnero, conhecido entre os endinheirados paulistas como Alvarinho, filho do empresário e apresentador homônimo, que mora em St Moritz, na Suíça. “Estive com a Paris em Mônaco e ela é supersimpática, engraçada e bonita”, diz Álvaro pai, que aprovou o novo affair do rebento, de apenas 18 anos. “Ele tem 1,98 m de altura, é bonito de doer, gente boa, esportista e onde passa a mulherada fica louca. Eles estão empolgados, mas ele mora na Europa e ela nos Estados Unidos. Só com o tempo para saber se vai dar certo”

Descobre-se então que Alvarinho mora (ou morou) na Europa. Quem diria, logo ele que foi questionar Chico Buarque por ter um apartamento em Paris, pelo menos em agosto do ano passado, morava em St Moritz, na Suíça.

Estava na Suíça, namorando a atriz famosa e posando para colunas sociais enquanto no Brasil se desenrolava a eleição mais disputadas para a presidência da República. Nela, seu pai que chegou a se inscrever como candidato a deputado federal por São Paulo, fazendo uma previsão de gasto de R$ 6 milhões, acabou renunciando à candidatura.

Já Chico Buarque, como todos sabem, participou da campanha eleitoral, coerentemente, apoiando partidos e políticos em que sempre confiou, por motivos que nunca escondeu.

Abaixo, reproduzimos o vídeo postado pela Glamurama, da discussão de Alvaro Garnero e Túlio Deck com Chico Buarque na noite de segunda-feira (21/12) no Leblon. Mesmo aqueles que já o assistiram, vale a pena ver de novo, sabendo destes pequenos detalhes sobre o jovem Alvarinho. Mas, por favor, não cobrem coerência dele.

Folha e Estadão reproduzem vídeo sem xingamento e “culpam” a vítima:



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