terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Enquanto outros países da América Latina que sofreram golpes militares entre os anos 60 e 70 fizeram justiça contra arbitrariedades e torturas, o que o Brasil faz com o que houve após a tragédia de 64?




   Tortura é crime hediondo contra a humanidade e não prescreve.... O erros, os desmandos e as arbitrariedades do passado devem ser conhecidas para que jamais sejam repetidas, no entanto, no Brasil, a força das mesmas elites que incentivaram o mal de 64 ajudam seus agentes a acobertarem os crimes cometidos durante a ditadura. Por quê, se os crimes dos militares da Argentina, do Uruguai e do Chile já foram passados à limpo e vários dos criminosos ou indo para a cadeia ou tendo seus nomes registrados na lista de criminosos?

  Há links para dois importantes filmes sobre este período negro da América Latina e do Brasil: o premiado Estado de Sítio, de Costa Gravas e o excelente O Dia que durou 21 anos, de Flávio Tavares, demonstrando que os golpes foram concebidos e patrocinados pelo governos dos Estados Unidos.

    Segue, adiante, texto de Miguel do Rosário, extraído do site Tijolaço:


50 anos do golpe: o que faremos sobre isso?


Em 2014, o Brasil viverá a mais dolorosa efeméride de sua história: 50 anos do golpe de Estado.
O que está sendo preparado pelo governo, pelos partidos, pelas organizações civis e pela mídia para que o passado não seja esquecido?

A coincidência com ano eleitoral, Copa do Mundo, e prováveis protestos de rua, nos dá a chance de forçarmos o Brasil a fazer o que até hoje nunca fez: politizar o debate sobre o golpe de 64. Por que ele aconteceu? Quem se beneficiou? Quem são os herdeiros do golpe?

Seria um belíssimo presente à democracia brasileira, por exemplo, se a Lei da Anistia fosse revista. Não para prender velhinhos, mas para darmos uma satisfação política a nós mesmos, enquanto povo.

Não se anistia tortura. Não se anistia golpe.

Sobretudo, é preciso lembrar à sociedade que o que vivemos não foi nenhuma “ditabranda”. Vivemos um período de ruptura democrática, truculento e sinistro, que abortou o sonho de milhões de brasileiros. O golpe serviu para ampliar a desigualdade de renda, achatar o salário dos trabalhadores, e esmagar as esperanças de setores organizados de construir um país mais justo.

Não há nada de brando no esmagamento do sonho de centenas de milhões de cidadãos e na violação da normalidade democrática, com a instalação de um regime militar de exceção que, paulatinamente, aniquilou todas as liberdades no país.

Não há nada de brando na ruptura brutal de toda uma série de estudos e pesquisas acadêmicas e científicas em curso no país, nas universidades, quase todas abandonadas por causa de uma repressão estúpida e paranóica.

O Brasil, especialmente a nossa juventude, precisa ser melhor informado sobre o que aconteceu. A ditadura trouxe corrupção, miséria e degradação institucional. A origem do sucateamento dos serviços públicos está na ditadura. O problema da corrupção política também tem raízes no período de exceção, porque era um tempo sem liberdade de imprensa, sem instituições de controle e com chefes políticos exercendo cargos administrativos importantes de maneira quase totalitária. Quem ousaria acusar o diretor de uma estatal de corrupção, sendo o mesmo um coronel ou general com poder de mandar prender o acusador por “subversão”?

Precisamos conhecer melhor a história da construção do golpe. Como ele foi gestado, como foi a campanha midiática que o preparou? As passeatas que antecederam o golpe também merecem ser objeto de mais estudo, até porque a mídia, a mesma mídia que apoiou o golpe, prossegue até hoje tentando organizar protestos “espontâneos” para derrubar forças populares.

 Segue, agora, texto de Elio Gaspari de seu site Arquivos da Ditadura:

Pouco antes de seu assassinato, Kennedy discutiu ação militar para tirar Jango da Presidência

Presidente dos Estados Unidos debateu situação do Brasil e do Vietnã na Casa Branca

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