CPI dos bolsonaristas e grandes ruralistas contra o MST como palco de desinformação e vingança da extrema direita
A primeira sessão da CPI do MST serviu para revelar o desconhecimento de deputados sobre o movimento social e a tentativa de criminalização e virou palco de baixaria.
Jornal GGN. - Nesta terça-feira (23), foi realizada a primeira sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), para apresentação do plano de trabalho. No entanto, no decorrer das três horas de duração, houve apenas trocas de acusações, discursos para gerar cortes nas redes sociais, cerceamento de deputadas do PSOL e acusações a Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Relator da CPI, Ricardo Salles (Novo-SP) leu o plano de trabalho, para que no prazo de 120 dias a comissão “investigue invasões de propriedades e depredação de patrimônio público e privado e crimes correlatos”. Também haverá a apuração de denúncias relacionadas ao tema, identificação de organizados e financiadores do movimento, além de autoridades que se estejam se omitindo ou prevaricando.
Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP), após a leitura do plano de trabalho, questionaram se o objetivo principal da CPI foi desvirtuado e alegaram a falta de um fato determinado para a instalação da CPI por parte do relator.
Presidente sob investigação da PF
A sessão foi presidida pelo deputado Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), que durante os trabalhos, recebeu a notícia de que Alexandre de Moraes encaminhou à Polícia Federal a autorização para a retomada das investigações envolvendo o presidente da CPI.
Zucco será investigado por suposto “patrocínio e incentivo” a atos antidemocráticos, como os bloqueios de estradas após a vitória do presidente Lula, por conta de publicações nas redes sociais do deputado. O caso foi encaminhado ao STF por conta do foro privilegiado de Zucco.
Acusações ao poder judiciário
Marcel Van Hattem (Novo-SP), em sua fala como líder do partido, utilizou seu tempo para defender Zucco do que ele chama de “ato de intimidação”, além de questionar a integridade do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Marcel Vam Hattem, deputado federal
“Eu quero acreditar infelizmente na incompetência de Alexandre de Moraes. Quero acreditar na incompetência do Supremo Tribunal Federal e das autoridades investigativas federais, pelo tanto de casos que têm nas suas mãos, muitos deles completamente desarrazoadamente conduzidos. Porque se eu não acreditar em competência, eu preciso acreditar na má fé, eu preciso acreditar que foi por pura perseguição política.”
Condução arbitrária
A líder do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim, sofreu inúmeras interrupções em sua fala e chegou a ter o microfone cortado por Kim Kataguiri (União-SP), membro do MBL e vice-presidente da comissão, enquanto ela lia a notícia sobre a decisão de Moraes em retomar as investigações contra Zucco.
Com base no regimento, Kataguiri pediu questão de ordem, acatada por Zucco, retirando a fala e o tempo de Sâmia. Salira (PSOL-RJ) também foi calada durante a sessão por citar a mesma notícia, sob a justificativa de que as deputadas do PSol fugiram do assunto em pauta.
Palco de desinformação
Em contrapartida, os apoiadores da CPI, membros do PL e ruralistas, usaram o tempo para chamar integrantes do MST de bandidos e assassinos.
Um dos deputados, Delegado Eder Mauro (PL-PA), utilizou de seu tempo de oito minutos para acusar Orlando Silva (PCdoB-SP) de tentar aprovar lei que “libera pais de casarem com as filhas e terem relações sexuais”, referindo-se ao Projeto de Lei 3.669 de 2015. Em nenhum momento, o presidente da comissão paralisou a fala por fugir do tema em questão.
O PL de Orlando Silva, porém, a proposta visa ampliar o reconhecimento de famílias pelo estado, visando a inclusão, como casais homossexuais, por exemplo. E não legalizar o incesto como alegou Eder Mauro.
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