Do Jornal GGN:
Em mensagens, eles falam em dar ordens a comandos militares para mobilizar "1.500 homens" e instaurar o golpe criminoso de estado
O coronel Elcio Franco, ex-assessor especial da Casa Civil de Jair Bolsonaro e um dos braços direitos do ex-mandatário, estava envolvido nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. É o que mostram mensagens de áudio, divulgadas pela CNN, nesta segunda-feira (08).
Elcio Franco já havia se tornado pivô de diversas polêmicas do ex-governo, durante a pandemia, por atuar com omissão e em benefício da vacina indiana Covaxin, enquanto era secretário do Ministério da Saúde, braço direito de Eduardo Pazuello (relembre mais abaixo).
Agora, mensagens obtidas pela Polícia Federal nas apurações dos atos de 8 de janeiro revelam que ele não só sabia das intenções golpistas, como também sugeriu ao ex-major Ailton Barros, que está preso, mobilizar 1500 homens para a ação.
Tentativa de alinhar plano com comandante do Exército
A conversa revela o planejamento de Elcio Franco e de Ailton Barros nos atos golpistas, mostrando ainda a resistência e preocupação do então comandante do Exército, Freire Gomes, de ser responsabilizado pela tentativa de golpe.
“O Freire [Gomes] não vai [acatar ao plano golpista]. Você não vai esperar dele que ele tome à frente nesse assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem. Ele vai dizer: morrer de pé junto, porque ele tá mostrando [receio]. Ele tá com medo das consequências, pô.”
Em outro momento, Elcio fala que ao conversar com o ex-comandante do Exército, Freire Gomes traça a hipótese de receber algum tipo de “ordem por escrito”, ao que o trecho indica, do próprio Jair Bolsonaro, para atuar:
“Eu falei, ó, eu, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, pô, falei que não, não deveria fazer [supostamente uma tentativa de golpe], que não deveria fazer, que não deveria fazer e pronto. Vai pro Tribunal de Nurenberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu, comandante da Força, tive que cumprir”, disse Elcio, simulando a justificativa que o comandante do Exército precisaria ter para aderir ao golpe.
Dar a liderança a Brigada de Operações Especiais
Em resposta a Elcio, Ailton Barros fala que precisaria convencer “o general Pimental”: “Esse alto comando de m* que não quer fazer as p*, é preciso convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia [Carlos Alberto Rodrigues] a prender o Alexandre de Moraes [ministro do STF]. Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens.”
Depois, Barros combina com Elcio de que “até sexta-feira”, às vésperas do 8 de janeiro, ou o comandante do Exército, Freire Gomes ou o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro precisariam “fazer um pronunciamento” para mobilizar militares para atuar no golpe.
Planejam decreto de golpe e prender Moraes
“Então, o que que nós temos que fazer? Então até sexta-feira, até amanhã à tarde, então, fazer um pronunciamento. Ou o Freire Gomes ou o Bolsonaro, né? De preferência, o Freire Gomes. Aí será tudo dentro das quatro linhas. Não o sendo, vai ser fora das quatro linhas mesmo. Nós já estamos no limite longo da ZL. Não vamos ter mais como lançar [o plano de golpe]. Vamos ter que dar passagem perdida. E aí? Como é que vai ficar o Brasil? Entendeu?”.
O plano deles de supostamente atuar “dentro da quatro linhas [da legalidade da Constituição]” seria assinar decretos ou portarias para dar ordem ao comandante da Brigada de Operações Especiais de “prender o Alexandre de Moraes no domingo, na casa dele”.
“E aí, na segunda-feira, ser lida a portaria ou as portarias, o decreto ou os decretos de garantia da lei e da ordem, e botar as Forças Armadas, cujo comandante supremo é o Presidente da República para agir”, continuava Ailton Barros, no plano com o coronel da reserva Elcio Franco.
Elcio Franco na CPI da Covid
Em 2021, a CPI da Covid levantou informações de que enquanto era secretário na pasta da Saúde, ele atuou a favor da Precisa Medicamentos para a venda da vacina indiana Covaxin a clínicas privadas.
Ele também determinou a retirada da vacina de parceria do Brasil com a China, a Coronavac, produzida pelo Butantan, do primeiro Programa Nacional de Imunizações (PNI), apresentado pelo então ministro Eduardo Pazuello. Élcio também atuou com omissão nas primeiras tentativas da Pfizer de vender vacinas para o país.
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