Artigo de Mauro Lopes, no site Caminho pra Casa
A CNBB, a entidade dos religiosos (CRB), franciscanos, jesuítas e a Arquidiocese de Londrina posicionam-se contra a “reforma” da Previdência em termos duros. Do site Previdência, Mitos e Verdades
Cresceram nos últimos dias e chegaram ao auge na quarta (15) as manifestações de segmentos da Igreja Católica no Brasil contra a “reforma” da Previdência. Leigos de comunidades das periferias, seminaristas, religiosos, padres e freiras participaram das manifestações em diversas cidades do país.
Frei Fidêncio Vanboemmel, OFM, superior da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, que reúne mais de 400 franciscanos nos Estados de SP, Rio, ES, PR e SC, lançou uma nota na manhã de quarta (15) na qual anuncia um “posicionamento frontalmente contrário à Reforma da Previdência Social”. O posicionamento, segundo Vanboemmel, é “baseado na realidade que nossos confrades encontram nos ambientes onde vivem e convivem e no compromisso com a Justiça, exigência irrenunciável do Evangelho”. Ele qualificou a emenda da Previdência de “ato de covardia com os mais pobres”.
A nota franciscana apresenta um retrato pungente dos efeitos da “reforma” sobre os mais pobres: “Basta olharmos para a luta diária de nossos irmãos agricultores, especialmente nas áreas rurais em que estamos presentes nos estados do PR (especialmente a Região Sudoeste), SC (Alto Vale do Itajaí, Planalto Central e Oeste) e ES (especialmente a região de Colatina), ou para a dureza da vida dos operários nas periferias urbanas do Rio de Janeiro (Baixada Fluminense) e São Paulo para percebermos o grau de insanidade presente em exigir que estes trabalhadores braçais se desdobrem em quase 50 anos de trabalho para, depois, receberem migalhas que mal custeiam os remédios que se fazem necessários depois de uma vida de trabalho intenso e extenuante.”
Um grupo de animadores vocacionais franciscanos reunidos em Bacabal (MA) distribuiu uma foto contra a “reforma” que circulou intensamente nas redes sociais (no alto deste post).
A Companhia de Jesus, ordem a que pertence o Papa Francisco e que reúne mais de 16 mil jesuítas ao redor do mundo, emitiu um comunicado em nome de todos os seus líderes que estavam reunidos no dia 15 em São Leopoldo (RS) afirmou olhas com “esperança de que mobilizações como a de hoje ajudem a sensibilizar os nossos governantes e congressistas a rever seus posicionamentos”.
Dezenas de integrantes do grupo de base Igreja Povo de Deus em Movimento (IPDM), da zona leste de São Paulo, estiveram na avenida Paulista, com a presença do padre Paulo Sérgio Bezerra, pároco de Itaquera e um dos fundadores do movimento. Eles carregavam um cartaz que informava: “IPDM contra a reforma da Previdência: Temer sai, Previdência fica”.
No Dia Internacional da Mulher, a Conferência dos Religiosos do Brasil, que reúne mais de 35 mil religiosos e religiosas de congregações, havia se posicionado em termos duros contra o projeto do governo. Sua presidente, irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, distribuiu uma carta na qual expressou-se “com o coração entristecido por, mais uma vez, ver os interesses de poucos solaparem os direitos de muitos, especialmente das crianças e jovens mais pobres e vulneráveis. Literalmente querem nos tirar as migalhas.” A freira convocou a mobilização de todos os religiosos e religiosas: “Ou nós nos mobilizamos e defendemos o direito das nossas instituições e dos pobres, ou mais uma vez pagaremos a conta dos desmandos palacianos”.
O apoio à mobilização contra o pacote do governo deu o tom da nota de dom Manoel João Francisco, administrador apostólico da Arquidiocese de Londrina: “comprometemo-nos com toda e qualquer iniciativa da classe trabalhadora e suas organizações que venham questionar e exigir o respeito aos direitos já conquistados e digam não a qualquer ameaça de uma suposta reforma que venha anular os direitos já adquiridos.”
O posicionamento de diversas instituições católicas nos últimos dias está alinhado com a posição da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Em outubro, a Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da entidade já havia se posicionado contra o “cenário de retrocessos dos direitos sociais em curso no Brasil.” -a íntegra da nota aqui.
Ontem (15), o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) distribuiu um parecer de sua assessoria jurídica apontando a inconstitucionalidade e perversidade dos efeitos da “reforma” contra os povos originários do país (aqui).
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