O Papa Francisco reconheceu pela primeira vez que “há corrupção no Vaticano”, numa reunião a portas fechadas, em 25 de novembro, com 140 superiores de ordens e congregações religiosas. O diálogo será publicado na revista dos jesuítas, a Civilta Cattolica, que chega à edição 4.000. A declaração atinge diretamente os conservadores, que governaram a Cúria romana nos últimos 35 anos, durante os papados de João Paulo II e Bento XVI. No mesmo encontro, Francisco voltou a criticar duramente o clericalismo e disse que é preciso destruir o “ambiente nefasto” da “atmosfera mundana e principesca” de algumas estruturas eclesiásticas.
Na reunião, Bergoglio admitiu que nas estruturas da Igreja “pode ser encontrada uma atmosfera mundana e principesca.” É a primeira vez que o Papa apontou diretamente a presença de corrupção no interior das muralhas do Vaticano e admitiu que esta questão foi um dos temas de sua eleição: “Em conversas pré-conclave falamos de reformas. Todos as queriam, porque há corrupção no Vaticano, mas eu vivo em paz.”
Durante a conversa com os religiosos, Francisco afirmou a necessidade “algum pacifismo” para continuar a trabalhar apesar das críticas “mas nunca lavando as mãos dos problemas”, completando: “na Igreja há muitos Pôncio Pilatos que lavam as mãos para sua tranquilidade, e um superior [das congregações] que lava as mãos não é pai, não ajuda”.
Sobre as críticas que sofre, o Papa respondeu que “a vida é cheia de mal-entendidos e tensões, e quando as críticas servem para crescer, as aceito e respondo”. Diante da “atmosfera mundana e principesca” de algumas estruturas eclesiásticas, Francisco afirma a necessidade de “destruir esse ambiente nefasto.” Ele advertiu: “Não há necessidade de se tornarem cardeais para acreditarem-se príncipes; basta ser clericais Isto é o pior na organização da Igreja …”
O Papa também foi especialmente duro a respeito do abuso de crianças, a ponto de afirmar que, por trás dos abusos do clero “está presente o diabo, que destrói a obra de Jesus através teria que teria que anunciá-la”. Francisco, no entanto, apontou que a pederastia “é uma doença” e sublinhou que “tudo indica que dois de cada quatro abusadores sofreram abusos na infância. Isso é devastador.”
O Papa pediu aos superiores religiosos “atenção para os que recebem candidatos à formação religiosa sem verificar a maturidade afetiva adequada “. E continuou: “Por exemplo, nunca recebam na vida religiosa ou na dioceses candidatos que tenham sido rejeitados em outra sem pedir informações detalhadas sobre as razões do afastamento anterior”.
Finalmente, Francis lembrou de como, ao entrar no noviciado jesuíta, “deram-me o cilício. Tudo bem, mas atenção: isto não serve para me ajudar a provar que sou bom e forte A verdadeira ascese tem de fazer-me mais livre.”
[Com Religion Digital e agências] Fonte: Outras Palavras
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