segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Em resposta ao neoliberalismo, o Comum. Por quais caminhos? Artigo de Antônio Martins baseado em Geroge Mobiot, jornalista britânico


170209-Comum

George Monbiot aposta em redes adensadas, autônomas em relação ao Estado. Mas como promover a redistribuição e as políticas públicas?
Por Antonio Martins - no Outras Palavras
O escritor e jornalista britânico George Monbiot, que iniciou em dezembro passado uma série de artigos sobre o Comum acaba de publicar um novo texto a respeito do tema. Trata dos caminhos para construir e manter *redes comunitárias*.
Elas são essenciais, diz Monbiot, porque o neoliberalismo destruiu e dispersou, “como poeira lançada ao vento”, os antigos laços de sociabilidade, baseados em emprego duradouro, família, religião. O sistema atomizou as sociedades. E — avança o texto — atomizados e amedrontados, os seres humanos são incapazes de cultivar valores como a empatia, a conectividade e a generosidade. Buscam, ao contrário, poder individual, riqueza, status: é a lei da selva.
A reconstrução de comunidades, provoca Monbiot, não pode partir do Estado (nisso, ele parece se aproximar de Negri e Hart). Do contrário, elas serão sempre frágeis e sujeitas a reviravoltas na política institucional. É preciso “começar de baixo”.
Mas ao invés de se limitar a repetir este chavão, o jornalista sonda, com exemplos muito concretos, caminhos para evitar que os novos laços comunitários se dissolvam, como é tão comum ocorrer. Ele busca respostas em estudos acadêmicos e experiências concretas. Constroi, por exemplo, o conceito de “redes adensadas”. que surgem quando, num dado território, diversas iniciativas de congregação das pessoas por interesses específicos começam a interagir umas com as outras, reforçando-se reciprocamente. Monbiot refere-se a experiências importantes, em cidades europeias como Rotterdan ou Zaragoza.
Muito importante, no debate atualíssimo sobre a recriação da esquerda (leia também Tatiana Roque, o texto, porem, não avança numa questão decisiva. Como ir além do local? Como criar, sem o Estado, redes que construam, por sua própria existência, mudanças nas relações sociais em âmbito mais amplo? Como promover, por exemplo, a redistribuição de riquezas?
Uma combinação de redes adensadas e autônomas com políticas públicas radicais, como a Renda Cidadã Universal e a desmercantilização dos bens imateriais indispensáveis? É preciso aprofundar o debate. O texto de Monbiot (em inglês) está aqui:

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