O principal ponto de fortalecimento da China, dizem eles, está na sua tradição diplomática, em contraste com o clima bélico da Rússia e dos Estados Unidos.
Um dos grandes enigmas do momento é sobre a posição da China após a guerra da Ucrânia.
Um artigo assinado por Stephen S. Roach, Paul De Grauwe, Sergei Guriev, Estranho Arne Westad traz subsídios interessantes, Roach é professor de Yale e ex-presidente do Morgan Stanley Asia; Grawe é presidente do Instituto Europeu da London School; Guriev é ex-economista-chefe do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento; e Westad é professor de História da Universidade de Yale.
O principal ponto de fortalecimento da China, dizem eles, está na sua tradição diplomática, em contraste com o clima bélico da Rússia e dos Estados Unidos.
A China está em posição única para suspender a guerra, devido a duas vantagens críticas.
A primeira, seus próprios princípios fundamentais. Desde o período de Zhou Enlai, na década de 1950, a política externa da China tem sido guiada pelos “Cinco Princípios da Coexistência Pacífica”. Entre eles, o respeito mútuo pela soberania e integridade territorial.=, a não agressão e a não interferência nos assuntos internos de outros países.
A segunda vantagem é a parceria com a Rússia. No dia 4 de fevereiro, Xi e Putin assinaram um acordo amplo, enfatizaram a importância da cooperação entre as grandes potências.
Com a guerra da Ucrânia, o quadro muda. Há um rápido enfraquecimento da economia da Rússia, isolada do mundo e dependendo cada vez mais da China.
Essa dependência reforça a influência da China para conseguir encerrar a guerra. E também é uma oportunidade mundial de olhar atentamente o fenômeno chinês, dizem os autores.
O país deve aproveitar a oportunidade, liderando em três frentes:
O primeiro passo será convocar uma cúpula de emergência dos líderes do G20, visando um cessar-fogo imediato e incondicional e desenvolver uma agenda para uma paz negociada.
Os autores enfatizam a relevância do G20, que chegou à maturidade no final de 2008 – sob liderança do Brasil (observação minha). Essa nesta articulação poderia ser repetida.
O segundo passo será a China assumir a liderança na contribuição para a assistência humanitária. Especialmente quando se sabe que pelo menos metade dos mais de três milhões de refugiados da Ucrânia são crianças. A China deverá fazer uma doação incondicional ‘a UNICEF, a maior agência de ajuda humanitária para crianças.
O terceiro passo será a China assumir a liderança no apoio à reconstrução ucraniana. O bombardeio indiscriminado da Rússia destruiu parte significativa da infraestrutura urbana. O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) estima a necessidade de US$ 100 bilhões para a reconstrução.
Segundo os autores, a China deverá usar seu foco inigualável em infraestrutura moderna para fornecer parte considerável da reconstrução pós-conflito, mas não restrita à Ucrânia. O apoio deverá se dar no bojo da Iniciativa do Cinturão e Rota, da qual a Ucrânia é membro desde 2017. Deverá ter o mesmo papel que os Estados Unidos tiveram no pós-guerra com o Plano Marshall.
Concluem os autores:
“À medida que a terrível guerra de Putin se arrasta, levando o mundo mais perto do abismo, a China tem uma oportunidade única e urgente de demonstrar liderança global. O querido sonho chinês de Xi e os sonhos de todos nós estão em jogo. Precisamos de líderes que defendam a globalização, a paz mundial e a humanidade”.
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