segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Livrai-nos da nossa violência! Por Ana Cláudia Laurindo

 Que nossa evolução possa nos livrar da força bruta de tudo poder falar, sem nada conseguir ouvir. Pois este exercício do qual a maioria de nós carece nos revelará horizontes mais amplos para nossos espíritos se perceberem partes de um movimento que a todos contempla, que é o próprio existir.



Texto de Ana Cláudia Laurindo, publicado no Repórter Nordeste

E livrai-nos da violência nossa de cada dia!

Senti desejo de começar uma prece pelo fim, como se a consciência pudesse (quiçá) ser mais tocada pela voz da verdade reconhecida, feito mal ainda encravado em nossa forma de viver. O reconhecimento pessoal da violência que interpretamos como força, razão, sabedoria e poder.

Que nossa evolução possa nos livrar da força bruta de tudo poder falar, sem nada conseguir ouvir. Pois este exercício do qual a maioria de nós carece nos revelará horizontes mais amplos para nossos espíritos se perceberem partes de um movimento que a todos contempla, que é o próprio existir.

Que este dia, com seus ventos e movimentos nos ajude a controlar a violência que distribuímos em nome da razão, e que por isso nos tem convencido sobre a justa postura de assim fazer, sem levar em conta nossos sistemas de crença e suas influências ideológicas calcadas em interesses que não contemplam a todos, e por isso mesmo não podem ser impostos naturalmente, como possamos compreender.

Esta prece nos revele o quanto temos julgado sabedoria apenas aquilo que contempla nossas próprias sensações de completude, segurança e conforto; para que percebamos o quanto isso tem ocorrido em detrimento das carências impostas aos que se encontram no entorno. Sabedoria nos contemple em gestos mais libertadores!

Por fim, para que o petitório não se alongue, seja nossa voz o entoar da esperança despida de pretensões, nos protegendo das violentas conjugações de vozes esticadas, duras em dialogar, para que as pontes não caiam e as margens não nos isolem em certezas, como peões de um jogo infinito de poder.

Sejamos enfim, amorosos em nossas formas de agir a expressar a paciência no jeito de crer.

De nossas bocas não saiam escarpas, e todo pronunciar eleve a razão de libertar, mesmo quando os sacrifícios estejam servidos na mesa das experiências.

A cada dia, no passo a passo entre a luz e a sombra, a consciência nos livre de produzir violências, e assim sejamos mais aproximados da beleza, em forma humano/poética/espiritual.

Amemos! Assim sejamos!

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