terça-feira, 23 de abril de 2019

Sigilo em torno da PEC da Previdência visa esconder barbárie contra trabalhadores, mas mostra índole totalitária do governo. Artigo de Jeferson Miola


  "A decretação de sigilo sobre os estudos e pareceres técnicos que embasaram a PEC 6/2019 tem duplo significado. Por um lado, deixa cristalina a índole totalitária do governo militar. De outra parte, sinaliza que Bolsonaro e Guedes pretendem ocultar ao máximo as mentiras construídas para perpetrar toda sorte de barbárie contra os trabalhadores." 


Do Contexto Livre:


A decretação de sigilo sobre os estudos e pareceres técnicos que embasaram a PEC 6/2019 tem duplo significado.

Por um lado, deixa cristalina a índole totalitária do governo militar. De outra parte, sinaliza que Bolsonaro e Guedes pretendem ocultar ao máximo as mentiras construídas para perpetrar toda sorte de barbárie contra os trabalhadores.

É fundamental o pleno esclarecimento sobre os pressupostos que levaram o governo a apresentar a PEC da Previdência. Esse esclarecimento é essencial, porque a PEC afetará diretamente – seja no presente, seja no futuro – a vida dos 210 milhões de brasileiros.

É preciso conhecer-se nos pormenores os alardeados “privilégios” do Regime Geral que o governo promete eliminar, assim como é preciso saber de onde virá o R$ 1 trilhão que Paulo Guedes e Wall Street pretendem desviar para o capital financeiro em 10 anos – que, sabe-se, será roubado dos pobres, dos beneficiários do BPC e dos idosos.

É impossível para o governo Bolsonaro responder a essas indagações básicas. E é por isso que ele ataca a obrigação republicana de ter de mostrar os argumentos que, na sua ótica, justificariam esta medida que afetará para pior a vida do povo brasileiro.

Se não quiser ser esmagado, o Congresso Nacional tem de colocar freios na escalada totalitária do governo.

O Congresso não tem outra saída que não seja a de exigir a imediata exposição dos cálculos e estudos que consubstanciaram a falaciosa tese do R$ 1 trilhão do Paulo Guedes/Wall Street.

Ou, caso contrário, na eventualidade do governo não oferecer ao Parlamento razões aceitáveis para a admissibilidade da proposta, o Congresso não terá outra alternativa que não o arquivamento; a incineração da vergonhosa PEC 6/2019.

Uma deliberação parlamentar fraudada por informações falsas que são postas em sigilo exatamente por esse motivo, é um atentado mortal ao pouco que ainda resta do Estado de Direito mesmo no contexto do regime de exceção vigente.

Caso o Congresso não corresponda à sua função institucional neste contexto histórico dramático, o governo se sentirá autorizado a dar um passo mais largo para transformar o regime civil em regime militar.

Qual será o próximo passo, caso falte a resistência congressual para deter o avanço totalitário do regime?

Vão usar o instituto do Decreto-Lei, como costumam usar nas suas ditaduras, para criar o paraíso do rentismo às custas do sacrifício e do genocídio dos trabalhadores?

A omissão ou a dubiedade do Congresso a essa excrescência autoritária, nesse momento, poderá acelerar a evolução do processo de militarização do Estado brasileiro

É um ciclo trágico que a Nação e o povo brasileiro não merecem viver.

Obs.: É incrível que hoje, no Brasil, a única “instituição” com certezas totais quanto à razoabilidade da PEC 6/2019 é a Rede Globo. A família Marinho não esconde sua impressionante convicção pró-PEC da Previdência. Nisso o confirmam seus submissos empregados do cada vez mais nojento Jornal das 10 da Globo News, que repetem diariamente os surrados mantras pró-mercado. Para ser justo, é preciso reconhecer que as emissoras concorrentes da Rede Globo não deixam a desejar no discurso hegemônico pró-mercado e, portanto, pró-genocídio.

Jeferson Miola

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