Do Canal da TV GGN:
Como o Atlantic City - também ligada à Lava Jato - criou a indústria do anti-fake news objetivando implantar a censura contra mídias independentes. Leia também, abaixo, o artigo de Patrícia Faermann sobre o tema:
O que é e quem está por trás da agência dos EUA que "combate desinformação"
Por Patrícia Faermann, no GGN
Jornal GGN - A construção da informação nos Estados Unidos nos jornais e imprensa sempre esteve atrelado ao interesse do país no mercado mundial: em parceria com o Departamento de Justiça, esquemas de corrupção envolvendo empresas norte-americanas eram abafados e mantidos em sigilo, enquanto casos envolvendo multinacionais de outros países são escancarados nos holofotes da mídia.
Em meio a este modelo de domínio em busca de favorecer os interesses comerciais do país e na era das chamadas Fake News, ou notícias falsas, a construção da informação foi se adaptando. Agora, na massificação de informações sem controle, agências de checking news aparecem como os novos porta-vozes da verdade, rebatendo ou "desmentindo" outras notícias, em uma guerra em que grandes controladores da imprensa saem favorecidos frente às tentativas de blogs e mídias alternativas.
Mas da mesma forma como os donos e interesses por trás dos grandes jornais foram, aos poucos, sendo revelados ao público, estas agências de checking news também vão sendo descontruídas. É o caso da Atlantic Council, que se apresenta como uma "think tank" norte-americana e, após organizar eventos em que membros da Operação Lava Jato aparecem como estrelas mediadoras, criou agora um site para "combater a desinformação russa".
Convidados e linha editorial da Atlantic Council
No dia 19 de julho do último ano, a instituição preparou uma palestra denominada "Lições do Brasil: Lutando contra a Corrupção em meio à Turbulência Política". Além do teor do evento já ressaltado pela coluna "Xadrez do jogo político dos fake news", de Luis Nassif, trazendo entre os oradores o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o então diretor da Polícia Federal Maurício Valeixo, e representantes da Justiça dos EUA, personagens da tradicional imprensa brasileira foram os mediadores do evento.
Em março, o GGN trouxe os detalhes na reportagem "Janot admitiu cooperação com Estados Unidos para Lava Jato avançar e condenar Lula". A moderadora da palestra foi a ex-correspondente da Folha de S.Paulo e que hoje atua como vice-diretora do gabinete da América Latina da filantrópica estadunidense Adrienne Arsht, Andrea Murta, que também escreve para o próprio Atlantic Council, e enalteceu as atuações da Lava Jato e de Sérgio Moro.
Outra convidada, a jornalista Alana Rizzo, que já foi diretora da Abraji e passou pelas revistas Época, Veja e Correio Braziliense, e segue escrevendo para os jornais da velha imprensa, como o Estado de S.Paulo. Atua hoje em uma consultoria dos EUA para "oferecer análise e suporte políticos" a clientes.
Também esteve na equipe selecionada, e supostamente imparcial daquela palestra, o jornalista Fernando Mello, que já escreveu para a Veja e para a Folha de S.Paulo, foi colunista do El País América e hoje está no JOTA, parceiro da Folha.
A mira política da agência: Rússia
Um ano após o episódio envolvendo a Atlantic Council criado para valorizar o polêmico modus operandi da Lava Jato, neste mês a instituição anunciou o lançamento do site DisinfoPortal.org, descrito por eles como "um guia online interativo para ratrear as campanhas de desinformação do Kremlin no exterior, referindo-se à fortaleza russa em Moscou.
Mais uma vez sem a preocupação de diluir os interesses geopolíticos das iniciativas da instituição, segundo comunicado da própria Atlantic, a página tem como alvo alimentar "jornalistas, governos e formuladores de políticas". "O portal reúne 23 das principais organizações e mais de 80 especialistas que combatem a desinformação russa nos Estados Unidos e na Europa, e é uma iniciativa do Centro Eurásia do Atlantic Council", divulgou.
Na linha de se apresentar porta-voz da verdade ou da crebilidade frente a um público convencido de uma instabilidade geral de Fake News nas informações onlines, os 80 especialistas foram escolhidos pela instituição que carrega em seu histórico, como demonstrado pelo GGN, uma postura editorial e política definida. E afirmam ser capazes de "explicar as operações de influência da Rússia", ainda que não evidenciando quem são as organizações membros e seus autores.
"O DisinfoPortal.org é um portal online interativo e guia para a guerra de informações do Kremlin", diz o vídeo de introdução.
"É hora de parar de 'admirar o problema' da desinformação russa e começar a reagir, usando as ferramentas das sociedades democráticas para combater o manual do autocrata. A rede lançada hoje é uma ferramenta para todos aqueles que estão prontos para avançar nessa luta, sejam eles jornalistas do Mundo Livre ou ativistas sob ameaça de autoritários", afirmou o embaixador Daniel Fried.
"Como a OTAN, os EUA e a UE devem reagir à desinformação e à guerra política russa?", questiona outro vídeo.
De acordo com informações do DoJ, Fried praticamente começou sua carreira em plena Guerra Fria, no Escritório de Assuntos Soviéticos do Departamento de Estado entre os anos de 1985 a 1987. E seguiu em embaixadas dos EUA na Polônia, durante a saída do país sobre a influência da política russa. Depois, chegou a atuar em outros países europeus, sempre com a defesa dos EUA contra o sistema político da Rússia. Em 2011, foi enviado ao Iraque para manter influência no campo de refugiados de opositores irarianos em Ashraf, e também foi para Guantánamo como Assessor Especial.
Ele é um dos membros do Atlantic Council e uma das cabeças da criação dessa página anti-russa. Entre os relatórios já produzidos pelo portal, títulos como "Não é apenas o Facebook: contra a ofensiva da mídia social russa", "Propaganda Anti-Ocidente, 2017", "Imagem dos países europeus na TV russa", "Cavalos de Tróia do Kremlin", entre outros meios, como os vídeos "O que a OTAN deve fazer sobre a desinformação russa?" e "O que há no kit de desinformação do Kremlin?".
"O Congresso dos EUA promulgou a Lei de Registro de Agentes Estrangeiros de 1938 para garantir que o povo americano soubesse quando governos estrangeiros financiavam fontes de mídia. Na época, suas preocupações se concentravam no regime nazista na Alemanha. Hoje, esta questão ressurgiu com preocupações sobre a tomada de propaganda russa RT (antiga Russia Hoje)", descreve um dos artigos [acesse abaixo].
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