terça-feira, 12 de junho de 2018

Em mais uma amostra clara do persecutório estado de exceção imposto por Moro a pedido dos EUA, Juan Grabois, consultor do Papa Francisco, é impedido de visitar Lula


Grabois disse que sua visita à carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, foi barrada por “razões políticas”. 

Do Diário do Centro do Mundo:


Francisco e Grabois
Nesta segunda, dia 11, Lula ganhou um rosário enviado pelo papa Francisco através do advogado argentino Juan Grabois. 

Grabois disse que sua visita à carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, foi barrada por “razões políticas”. 
Em 2016, quando foi nomeado consultor do papa, o Vatican Insiderfez um perfil dele. Ecce homo:
Ele tem 33 anos e é discreto. O Papa o estima e estima seu trabalho com os excluídos. Foi o verdadeiro artífice dos dois encontros mundiais dos movimentos populares dos quais Francisco participou. E há poucos dias externou, na Argentina, o mal-estar do Pontífice com a imprevista doação do governo de Mauricio Macri à Fundação Scholas Occurrentes. Chama-se Juan Grabois e no último sábado foi nomeado por Bergoglio consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz do Vaticano.
A notícia foi dada pela Sala de Imprensa da Santa Sé com um breve comunicado no qual detalhou que, entre outras coisas, ele é “cofundador do Movimento dos Trabalhadores Excluídos e da Confederação da Economia Popular”. E precisou que “é professor de Teoria do Estado e de prática profissional, respectivamente, na Universidade de Buenos Aires e na Universidade Católica Argentina”.
A nomeação não faz mais que certificar o apreço do líder católico pelo advogado, filho de um histórico dirigente peronista argentino Roberto “Pajarito” Grabois. Um jovem empreendedor, de trato direto e assíduo com o Papa em Roma. Seu objetivo? Organizar e estruturar os trabalhadores que se encontram à margem dos tradicionais sindicatos, alheios aos direitos trabalhistas básicos: empregados ambulantes, carrinheiros, trabalhadores por conta própria e camponeses.
Uma iniciativa que a imprensa chama de “CGT dos precários”, uma referência à Confederação Geral do Trabalho, a histórica sigla da representatividade sindical na Argentina, embora o próprio Grabois seja muito crítico ao gremialismo organizado que, na sua visão, deu as costas aos trabalhadores. Portanto, sua confederação já conta com mais de 80 mil filiados entre os quais se encontram vendedores, operários de fábricas recuperadas, motoqueiros, camponeses, entregadores de folhetos e beneficiários do Plano Argentina Trabalha.

Agora mora no sul da Argentina, em San Martín de los Andes, onde trabalha em uma escola de formação para militantes. Mas segundo ele mesmo contou em julho de 2014, sua relação com o Papa nasceu em 2005, durante uma missa presidida pelo então arcebispo de Buenos Aires na catedral em meio a um conflito envolvendo crianças que trabalham na coleta de lixo, os “papeleiros”, como são conhecidos no país sul-americano.
No governo da capital argentina destacam em Grabois sua capacidade de gestão e sua colaboração para evitar maior conflitividade com esse setor. Além disso, a imprensa atribui a ele a responsabilidade de ter conseguido que o Governo da cidade reconhecesse os carrinheiros durante a administração local do hoje presidente, Mauricio Macri.
No começo de 2007, o advogado ouviu várias homilias de Bergoglio sobre os pobres e os excluídos, e sentiu-se representado. Então decidiu convidá-lo para participar de um ato de 1º de maio. O arcebispo respondeu que não podia, mas o convidou para ir até seu escritório. Desse diálogo surgiu uma iniciativa concreta. Em 2008, o cardeal celebrou uma missa pública com carrinheiros e precários com o lema “Por uma pátria sem escravos nem excluídos”. A cerimônia repetiu-se ano após ano ininterruptamente até 2012.
O vínculo manteve-se entre Grabois e o novo Papa. Dessa maneira foi se gestando um encontro inédito, o primeiro Encontro Mundial de Movimentos Populares realizado em outubro de 2014 no Vaticano. Um evento que convocou representantes de dezenas de países e que terminou com um forte discurso do papa centrado em três palavras que já são um lema do pontificado: terra, teto e trabalho.
Um segundo encontro aconteceu em Santa Cruz de la Sierra em julho de 2015 durante a viagem apostólica de Francisco ao Equador, Bolívia e Paraguai. Em março passado, o advogado foi um dos oradores na assembleia plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina do Vaticano. Foi convidado por uma específica solicitude do Papa para um encontro que versou sobre o papel dos leigos na Igreja.
Dois dias atrás, Juan Grabois apareceu na imprensa argentina para comentar a surpresa do Papa diante da milionária doação feita pelo governo do presidente Macri à fundação pontifícia Scholas Occurrentes, uma rede de escolas para o encontro impulsionada pelo próprio líder católico.
“Quem pensa que por dar dinheiro, especialmente recursos públicos, a uma fundação, escola, ONG, cooperativa ou movimento popular pelo simples fato de estar direta ou indiretamente vinculado ao Papa está fazendo um ‘gesto a Francisco’ é realmente um imbecil, além de corrupto e prevaricador”, disse, seco, o advogado ao jornal Página/12.
E não teve dúvidas em apontar: “Se o Estado financia uma organização deve ser por sua capacidade de melhorar a realidade do povo da Nação. A Scholas faz uma tarefa enorme na Argentina e em todo o mundo e é por isso que merece o acompanhamento do Estado. Mas apresentá-la como um favor ao Papa é uma barbaridade e algo que de modo algum ele aceitaria nesses termos. Vê-se que não conhecem Francisco”.


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