sexta-feira, 1 de junho de 2018

Importante mensagem de Charlie Chaplin em tempos sombrios de imbecilidade, midiotia e manifestações acéfalas de quem abusa de liberdade para pedir de volta a Ditadura de Militares

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Segue vídeo (e sua transcrição) especialmente montado com imagens atuais a partir do discurso em prol da Democracia feito por Charlie Chaplin ao final de seu filme crítico ao fascismo, "O Grande Ditador", de 1940:



Desculpem, mas eu não quero ser um imperador. Isso não é do meu interesse... Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. 

Gostaria de ajudar – se possível – a judeus, gentios... negros... brancos.

Todos nós desejamos no íntimo ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para a sua miséria. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser de liberdade e da beleza, porém nós nos perdemos no caminho. 


A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e colocou-nos em marcha para a miséria e a destruição de vidas. 

Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem ironicamente nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos cínicos; nossa inteligência, duros e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. 

Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de fria violência e tudo será perdido.

O avião e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à fundamental bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. 


Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! 


No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas de todos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

Charles Chaplin - 1940

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