Este caso absurdo, bem ao gosto fascista e dos "esclarecidos" coxinhas, é descrita abaixo por Eduardo Guimarães (extraído do Blog da Cidadania):
Cadeirante é agredido por eleitores de Aécio por usar estrela do PT
Não são (apenas) os skinheads ou neonazistas que, nas “jornadas de junho”, agrediam todo aquele que usava uma camisa vermelha, mesmo sem símbolos do PT. São estudantes, donas-de-casa, homens maduros e engravatados e até pobres oprimidos por uma elite fascista, golpista, racista e pela mídia que a representa.
Ao final da noite de ontem, uma história escabrosa se somou a vários relatos de pessoas que estão sendo agredidas em São Paulo por usarem símbolos do PT e, em alguns casos, por usarem uma mísera camisa vermelha. Antes do relato, porém, algumas considerações.
No dia 5 de outubro, a mulher deste que escreve vestiu-se toda de vermelho e foi dar seu voto a Dilma Rousseff. Sua manifestação foi silenciosa e legal. Porém, dentro da universidade em que vota, foi insultada por outra mulher, que se julgou no direito de reprimir a minha por sua ousadia de se vestir com a cor que bem quis.
Em São Paulo, adesivos de Aécio Neves ou do PSDB ou com “fora Dilma” são comuns, estão em toda parte, principalmente nas indefectíveis SUV’s importadas e outros carrões de luxo. Mas ninguém vê adesivos do PT ou de Dilma em carros, apesar de cerca de 1/3 dos paulistanos votar em Dilma.
Eleitores do PT que ousaram pôr adesivos do partido ou de sua candidata a presidente nos próprios carros relatam que estes foram depredados – em maior ou menor grau. Pode ser um simples risco com prego ou chave na lataria ou uma depredação maior.
Foi nesse quadro que o blogueiro Enio Barroso Filho sofreu uma agressão covarde ao impensável na última terça-feira (14).
Enio, vale dizer, faz parte do movimento de blogueiros progressistas e é petista histórico. Na foto no alto da página, pode-se vê-lo com um amigo que tem grande apreço por si, o ex-presidente Lula.
O blogueiro em questão é cadeirante; sofre de enfermidade progressiva que está lhe deformando o corpo passo a passo. Dolorosamente. Enio, porém, não perde o bom humor. Lutando contra a doença, reserva grande parte de seu tempo à militância política na internet e ao vivo.
Já vi Enio preso em locais de debates ou atos públicos por falta de acessibilidade. Não raro, tem que ser carregado com cadeira e tudo para dentro ou para fora de locais públicos que são construídos sem pensar em quem usa cadeira-de-rodas. Mas ele não desiste. E nunca reclama da doença que o fustiga.
Leia agora, abaixo, relato que o blogueiro-cadeirante postou no Facebook.
“(…) Terça-feira saí de casa para participar do ‘Churrascão da Gente Desinformada’, na Praça Roosevelt, à noite. Vesti minha camisa vermelha, paramentei-a com adesivos pró Dilma acompanhados da minha velha estrelinha de metal do PT que ostento com orgulho e de cabeça erguida desde Fevereiro de 1980, data da fundação do PT.
Saltei na estação República do Metrô e, como não havia nenhum elevador funcionando, (muitas estações estão assim depois da eleição do 1º turno), funcionários me levaram pela escada rolante e saí pela Rua do Arouche.
Estava escuro e ermo como quase todo o centro de São Paulo nas noites de hoje. Nisso, um carro (acho que era Pajero) encostou na calçada e seus ocupantes começaram a me xingar pedindo que eu tirasse a camisa.
Respondi que não e lhes disse:
– É Dilma!!
Um deles disse:
–Te conheço da internet, petralha do caralho! Estamos de olho!
E outro anunciou:
– Não é porque você é um aleijado comunista que não mereça uma surra pra te endireitar
Mandei irem à merda e os três brutamontes carecas e bombados (menos o motorista) desceram e começaram a chacoalhar a minha cadeira tentando me derrubar. Gritavam muito e um deles me deu um tapa na cabeça.
Pareciam drogados, enfurecidos. Não tive medo, já que isso não é novidade para mim. Na ditadura militar enfrentava soldados armados por quem fui preso quatro vezes, mas NUNCA por civis.
Muitas pessoas viram, mas nada fizeram a não ser uma moça do outro lado da rua que gritou “Polícia !!!”.
Foi aí que eles me deixaram, entraram no carro e seguiram sem pressa.
Evidente que não pude anotar a placa devido as circunstâncias. Só notei adesivos no carro: “CHIC”, “AÉCIO 45″ e aquele conhecido “FORA DILMA e leve o PT junto”. Mas os rostos dos elementos enfurecidos, não esquecerei jamais.
Segui meu caminho na direção da Pça. Roosevelt e, encontrando uma dupla de PMs, contei o ocorrido. Um dos PMs disse que como não anotei a placa do veículo nada poderia fazer. E me ‘orientou’ a não andar por aí com ‘esse tipo de estrelinha e esse tipo de adesivo’, pois isso, nestas épocas, seria ‘muito perigoso’ (…)”
Quem tem a mais tênue noção do que seja fascismo, se for paulista e, sobretudo, paulistano sabe que há uma epidemia fascista em SP. Pode até haver casos parecidos em outros Estados, mas em SP, e sobretudo na capital, o problema já saiu de controle.
A mídia corporativa, todinha alinhada ao PSDB, trata de esconder. Pouco fala dos sucessivos casos de repressão fascista ao pensamento divergente da maioria. E muito menos que esse fenômeno, em São Paulo, já está ficando generalizado.
Resta saber como o país vai sair dessa. Sobretudo se a direita tucano-midiática vencer a eleição. Em São Paulo, diante do torturante racionamento de água que sobrevirá logo após a eleição, não dá para prever o que pode acontecer.
O governador Geraldo Alckmin é bem capaz de atribuir sua incúria quanto ao abastecimento de água ao “demônio petista”. Seja qual for o resultado da eleição, o ódio político ameaça causar uma guerra civil no Estado mais rico da Federação. Cadáveres são questão de tempo.
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