quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

A Destruição da pista do Aeroclube da Paraíba: Um ano de um ato arbitrário por parte de uma prefeitura comprometida




Carlos Antonio Fragoso Guimarães

  Hoje, dia 22 de fevereiro, faz um ano que um ato de aribtrariedade, calculado, ficou nacionalmente conhecido: a destruição da pista de pousa e decolagem do Aeroclube da Paraíba, entidade Civil sem fins lucrativos e de interesse da União.

  Neste mesmo dia, há um ano, pela manhã, máqunias e tratores da Prefeitura de João Pessoa, sob o comando do prefeito não eleito Luciano Agra, e sob as bênçãos e orientações do controverso governador Ricardo Coutinho, ambos do PSDB, se posicionavam ao lado do Aeroclube esperando, eles já o sabiam, uma liminar que deveria ser provisória de um juiz estadual - portanto, incompetente para julgar o caso, que já havia sido levado para o juizo federal, já que a pista e o próprio Aeroclube, com seus mais de 70 anos de história, são igualmente de interesse da União.

  Com os tratores e policias prontos, estava montada a farsa da arbitrariedade, pois Agra já sabia que receberia uma liminar, ainda que ilegal, lhe dando posse da instituição. Assim que recebeu a liminar provisória (e que não  dava poderes para a destruição do equipamento do Aeroclube e que, exatamente por se provisória, poderia ser anulada, como de fato o foi horas depois) e estando o presidente do Aeroclube em Brasília justamente para debater a obsessão do prefeito em desapropriar o Aeroclube, Agra deu sinal verde para que usassem de violência e força bruta (em uma imitação do que fazia o próprio Coutinho quando prefeito junto a camelôs e outros trabalhadores informais ) para destruir arbitrariamente a pista da citada entidade, ao cair da noite, como fazem os bandidos, prendendo em terra várias aeronaves, inclusive federais e de socorro médico, em uma ação estúpida que correu o mundo, especialmente na área da aviação civil. Foi uma verdadeira atitude de guerra, das mais traiçoeiras, o que levou a aviação nacional a dizer que o dia 22 de fevereiro foi "o dia da infâmia". Foi esta ação surreal o retrato perfeito da arrogância impositiva de um coletivo de egoístas hipócritas focados, no caso, na ação de um prefeito fantoche (hoje mais isolado de seu mentor). Como pode os interesses de uma minoria, que inclui políticos e especuladores imobiliários, passar por cima da Lei e da História???

  O Aeroclube, histórico em seus 71 anos de bons serviços, é a escola de formação de pilotos e paraquedistas, uns e outros, pelo trabalho que desempenham, de utilidade pública, tanto formando profissionais para a aviação civil como formando pessoal apto para, em caso de urgência nacional, atuarem em benefício da coletividade. Também forma jovens aeromodelistas que se interessam tanto por aviação quanto por ciências e sua pista serve de base para aviões e helicópteros tanto para as forças armadas quanto para apoio de aeronaves de utilidade pública, como UTIs aéreas e de transporte de medicamentos. Serve igualmente de alternativa para o aeroporto Castro Pinto pois, em caso de emergência, sua pista pode receber pousos de aviões de médio porte e possui um dos poucos postos de gasolina de aviação do estado.

  A absurda e incompetente liminar, de antemão conhecida e utilizada por Agra para sua ação de vandalismo, foi derrubada pelo próprio presidente do Tribunal de Justiça do Estado, na mesma noite do dia 22, com os motores dos tratores ainda quentes, interdição esta que que foi reforçada com a outorga de tutela antecipada dada novamente ao Aeroclube em ação ratificada pela Justiça Federal, na manhã seguinte, dia 23 de fevereiro de 2011. Desde então, Agra vem perdendo vergonhosamente e merecidamente na justiça todos os recursos impetrados para retomar o Aeroclube. Mas o estrago já estava feito e a Prefeitura não reconstituiu a pista. A violência praticada foi objeto de reportagens de telejornais da Rede Globo e da Rede Bandeirantes, fora as matérias impressas em jornais de todo o Brasil.

  O caso, contudo, desnudou, além das práticas selvagens, truculentas e ilegais do Coletivo RC (como é chamado a equipe do PSB que pretende dominar a capital e o estado sobre o comando soberano de Ricardo Coutinho), o leque de interesses por trás da ação: os interesses da especulação imobiliária sobre a área do Aeroclube e do super poderoso empresário, dono do, atualmente, maior Shopping Center da cidade. Ambas as partes exercem extraordinária força entre os políticos do estado, e a especulação imobiliária, em João Pessoa, tem promovido uma modelação de mentalidades e destruição tremenda do meio ambiente, erguendo edifícios sem o mínimo de preocupação com o impacto causado, em um boom imobiliário que raia ao surreal, com apartamentos no valor de milhões de reais sendo oferecidos e, pasmem, comprados em uma cidade cujo grosso da população trabalha ou no funcionalismo público ou no comércio.  A cidade, antes reconhecida por sua beleza e desenho de belas casas, se enche de espigões mecanicistas, especialmente junto à orla marítima, em um crescendo desorganizado e ambientalmente problemático. Apesar da pobreza do Estado e da cidade, esta especulação se mostra muito lucrativa, a níveis valorativos absurdos. Mas como? Haverá, então, nisso, lavagem de dinheiro? É o que muita gente acha...

  Pouco importa às poderosas construturas e especuladores imobiliários, bem como ao mega empresário do Shopping, se, neste processo,  casas são destruídas ou se o fluxo de ar e de rios são comprometidos. Na verdade, eles podem, com o poder que têm, "construir" problemas outros para desviar a tenção daqueles sociais e ambientais. Hoje existem bolsões de áreas quentes em bairros verticalizados, de até 5 graus acima do de áreas ainda não verticalizadas. Com tudo isso, que é abafado pelo poder econômico das construtoras e especuladores, eles exercem grande pressão publicitária no sentido de considerar casas como modalidades supérfluas de habitação, os corretores são treinados a seduzir compradores apenas para apartamentos e o jogo especulativo adquire contornos cada vez mais irracionais. Não é à toa que a imerecidamente famosa "Luiza, que está no Canadá" o foi não por conta de alguma realização notável, mas graças a um bordão que inicialmente se fez como sátira ao esnobismo do pai da garota que dizia a frase na propaganda de lançamento de mais um edifício, o que ganhou o espaço virtual inicialmente como gozação, mas infelizmente se transformando em outra coisa que não mais uma sátira, transformação esta modelada e capitalizada tanto pela construtura do prédio quanto pelo oportunismo exibicionista do pai da menina, um superficial colunista social. É este o poder do capitalismo em destruir e transformar tudo de acordo com seus interesses, o que o vandalismo oficioso da pista do histórico Aeroclube da Paraíba, infelizmente, muito bem demonstrou....

  Hoje, o prefeito fantoche não é mais candidato oficial do Coletivo RC, mas uma das personagens desta farsa para com o Aeroclube o é, e há grande pressão e financiamento do governo por sobre a mídia e os jornais para tentar fazer esquecer ou desvencilhar a figura desta personagem da ação estúpida da qual participou, em um dos dias de maior infâmia contra a história da Aviação do Brasil.... Agra sai da política mas recebe de herança vários processos na justiça envolvendo sua administração (embora os culpados reais, em alguns casos, possam estar localizados mais em cima na hierarquia política), processos que lhe perseguiriam enquanto homem por váriios anos. O caso da arbitrariedade sobre o Aeroclube foi só mais uma ao lado de outros escândalos nacionalmente conhecidos, como o da merenda escolar, a do gari que virou empresário, a fazenda Cuiá... Pobre Brasil em que boa parte da classe política se constitui de hipócritas e farsantes...

5 comentários:

  1. Em nome do Aeroclube da Paraíba agradecemos a lisura do texto e a forma direta de esclarecer a todos um dos maiores atos de violência praticado na Paraíba nos últimos tempos!
    Só um esclarecimento! Enquanto Presidente, não fui notificado pelo Oficial de Justiça no malfadado dia 22/02/2011, pois me encontrava em Brasília-DF, portanto a posse só poderia ter sido dada a Prefeitura após a minha assinatura ou publicação de Edital... Um absurdo!

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    1. Prezado Rômulo, agradeço o contato e o seu esclarecimento sobre mais uma das faltas feita por Agra, ao não poder invadir sem que houvesse sua assinatura na ordem de posse. Continue a ser um baluarte contra este mar de arbitrária arrogância do coletivo RC em nossa cidade.

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    2. Carlos vc está de parabens, falou tudo, não é necessário acrescentar nada - mais uma vez parabens

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  2. http://toputo.weebly.com/index.html

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  3. Carlos Antonio vc está de parabéns pelo texto, não é necessário acrescentar nada vc já falou tudo.

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