"A gravidade foi subestimada", diz Dom Walmor Azevedo, ressaltando que "o momento exige o coro dos lúcidos"
Ao comentar a atuação de Jair Bolsonaro frente à pandemia, o presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo disse que a “gravidade foi subestimada” e ressaltou a importância de um programa de vacinação para superar “desgovernos e politização abomináveis”.
“A gravidade foi subestimada, e medidas adotadas pelas instâncias governamentais ignoraram as preciosas contribuições do campo científico. Esse descompasso repercutiu na população, contribuindo para que muitos não cumprissem as medidas de prevenção. Sem generalizado senso de corresponsabilidade, o país sofreu com explosões de casos e aumento da pobreza, pois o descontrole da pandemia agrava suas consequências na economia. Considera-se a necessidade de um consistente programa de vacinação, exigindo superação de desgovernos e politização abomináveis. O momento exige o coro dos lúcidos”, afirmou o líder católico em entrevista à Folha de S.Paulo.
Dom Walmor ainda afirmou que poderia ter ocorrido “mais diálogo” com o governo, para “uma contribuição que é alicerçada no Evangelho de Jesus Cristo, sem partidarismos, sem defesa de interesses mesquinhos”, e que a CNBB está atenta a ataques de seguidores de Jair Bolsonaro, como o youtuber Bernardo Küster, que chama a congregação de “comunista”.
“Há irrestrito respeito à liberdade de cada um. Ao mesmo tempo, a CNBB está atenta a situações que se configuram crimes. Ninguém tem o direito de ofender outra pessoa impunemente, dedicar-se a calúnias, espalhar mentiras. Há uma equipe, formada por teólogos, comunicadores e juristas, mobilizada para essa tarefa. Em casos extremos, ela busca meios legais para coibir crimes e punir seus autores. Infelizmente, algumas pessoas se dedicam a caluniar e a agir com agressividade, adotando um jeito de ser incoerente com a fraternidade cristã”, disse.
Segundo Dom Walmor, a CNBB conta 21 mortes e 415 infecções de padres e bispos por Covid-19 no Brasil, mas ele acredita que esse número seja maior.
“A Comissão Nacional de Presbíteros, vinculada à CNBB, contabilizou 415 padres que adoeceram até agosto e 21 mortes. Mas esses números certamente são maiores, considerando os missionários das comunidades religiosas e a complexidade da Igreja, presente em todo o território. Lembro que a ação missionária da Igreja entre os pobres não foi interrompida. Ao invés disso, se intensificou. Assim, mesmo com a adoção das medidas de segurança, muitos católicos adoeceram a serviço da fé”.
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