"Por mais terríveis que sejam as ortodoxias religiosas, as ortodoxias científicas são muito mais terríveis."
Miguel de Unamuno
Nossa civilização se orgulha de sua tecnologia e de seu conhecimento. Não percebe que um e outro perdem a razão de ser se aplicados apenas à exploração e ao domínio, seja do próprio homem, seja da natureza.
A ciência que se financia para o lucro, maquiada de ciência pura, não existe enquanto capacidade de se estar ciente de suas conseqüências... Transforma-se em cientismo ou cientificismo, algo perigoso se não leva em conta as conseqüências sociais de suas pesquisas, de suas produções, em um mecanismo de defesa que racionaliza o negativo destacando o pretensamente positivo.
Nesse sentido, ensina ainda o poeta e filósofo espanho Miguel de Unamuno (1864-1936): "A ciência tira a sabedoria das pessoas e costuma convertê-las em fantasmas carregados de conhecimentos."
A razão puramente instrumental é utilizada muitas vezes como arma, como meio de previsão e controle, como "bem de consumo", como mais um meio de produção (para benefício de alguns), como mercadoria cujos cérebros produtores podem ser comprados. A ela devem-se juntar o pensamento crítico, a educação para a autonomia, a responsabilidade sócio-ambiental e a sensibilidade poética, se quisermos ainda ser gente...
Tanto quanto o excesso de informação - com os quais somos bombardeados pela mídia comercial, estimulando-nos à compra de supérfluos nocivos ou de tranqueiras que poluem, quanto para a modelagem do comportamento político -, o excesso de tecnologia é muitas vezes prejudicial se apenas feito para o mercado, por explorar demais, por poluir de mais, por destruir demais, por isolar demais, por iludir demais...
Pensem um pouco nisso...
Carlos Antonio Fragoso Guimarães
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