Carlos Antonio Fragoso Guimarães
A vitória de Barack Obama sobre o cartel famigerado dos planos de saúde, nos EUA, que transformam o atendimento à saúde em privilégio de uma minoria, marca mais um sinal do fim da era do distanciamento do governo ao bem-estar dos cidadãos, iniciado com Reagan, o fantoche financiado e manipulado por Wall Street e que, junto com Margaret Teatcher - a antiga Dama de Ferro hoje quase esquecida e esclerosada -, deu início à era do Neoliberalismo cujos sinais cancerígenos levaram a economia para a UTI em 2008.
Contudo, a resistência anti-progresso para a maiora tem mexido com os dogmas preconceituosos da Direita americana, bem definida no partido Republicado de Nixon, Reagan e dos dois Bushs, sempre enxarcados de membros de Wall Street que desenharam e implementram não só a destruição do Estado de Bem-Estar Social pondo em seu lugar o terrível Neoliberalismo de Mercado (que no Brasil foi amplamente implementado pelo retrocesso dos 80 anos em 8 de FHC), que tem por ideal o "individualismo" e os "lucros", e já agora 13 estados governados por títeres republicanos se movimentam para turvar a vitória de Obama. Em ano de eleições para o Senado americano, a Direita sórdida está apavorada. E se a moda do Bem-Estar Social volta a pegar? Como ficam as grandes clínicas, os lucrativos Planos de Saúde e, com eles, o financimento dos Republicanos? Não são eles que chamam Obama de "Comunista", tentando a todo custo implantar um clima de terror ao estilo Regina Duarte e falsa defesa dos "interesses" do "povo", quando na verdade querem é cuidado do sistema lucrativo de direita das grandes empresas?
Aqui, como lá, os poderosos apelam para a estratégia do Medo se alguém ousa governar para o povo e não para eles mesmos. Como bem escreve o professor Joaqui Falcão, da FGV, no Blog do Noblat:
A oposição pretende deslegitimar o governo. De várias maneiras. Acusações sistemáticas de que Obama é socialista. Obama é antiamericano. Esta a nova forma de racismo político. Acusações que caem no terreno fértil do medo congênito do americano médio. O medo como deslegitimação.
Não é por menos que Obama acabou seu discurso de ontem de madrugada ao povo americano dizendo: “NÓS NÃO TEMEMOS O NOSSO FUTURO, NÓS O CONSTRUÍMOS”. O medo é o tema.
Um instrumento desta estratégia é a aliança entre o partido republicano que vota monoliticamente contra programas de governo e a importante rede de televisão de Rupert Murdoch, a FOX NEWS, que como diz o próprio Obama, não é mais um órgão de imprensa. Mas um ativo partido político em si.
Para ser um órgão de imprensa Fox News teria de ter um mínimo de pluralismo político. Não tem. Não informa, pois o eleitor. Converteu-se num pregador. Pesquisas mostram que quanto mais o telespectador assiste FOX News mais se restringe a assistir somente Fox News. Fica impermeável a outros pontos de vista.
Comporta-se como membro de uma seita cada dia com mais fé e menos diálogo. Quase um processo de crescente fundamentalismo televisivo.
Acaso isso lembra algo parecido no Brasil? Acho que não, afinal, aqui a mídia é humilde e equilibrada, sem setores dominantes e com pleno interesse pela educação e bem-estar das pessoas, especialmente os telespectadores...
Mas, voltando a falar sério, no Brasil, a classe média recorre aos planos de saúde muitas para o desespero de atendimentos adiados e inúmeras queixas de exploração. Alguns médicos (muitos formados em Universidades Públicas) adoram fazer comércio de seus serviços, formando clpinicas elitistas e carteis de planos de saúde, como a Unimed.
Empresas gigantescas são formadas para ajudar, por meio de lobbies junto ao Congresso, a sucatear ainda mais a saúde pública, levando as pessoas a aderirem a planos economicamente vampirescos, chamando a isso de "progresso".
Até arautos do neoliberalismo, como Miam Leitão, da Globo, percebem que o sistema, do jeito que está, é complicado e potencialmente destrutivo. Ela mesma afirma que "hoje, existem no país 54 milhões de segurados, mas destes só 20% são de pessoas físicas. O resto está nos planos das grandes empresas. Destes, alguns como Bradesco e SulAmérica simplesmente abandonaram o segmento pessoa física, expulsando segurados que estavam anos pagando o plano". Esta a é herança dos governos militares e do desgoverno neoliberal de FHC... Tudo para a "livre-iniciativa" e o povo que se exploda!
Mesmo a ultra-direitista Editora Abril, da sujíssima Revista Veja (royalties ao grande jornalista Héliio Fernandes!), teve de encarar os fatos para ter o mínimo de credibilidade, e escreveu:
A lei, depois de sancionada (por Obama), ampliará o número de americanos cobertos por um sistema de saúde, contribuirá para o barateamento da assistência médica e ajudará a impor regras mais rígidas às seguradoras.
Reforma - O presidente Barack Obama defendeu a reforma do sistema de saúde por causa de um dado que não condiz com a posição econômica do país: os Estados Unidos são a única nação desenvolvida que não oferece uma cobertura médica ampla à população. Atualmente, cerca de 50 milhões de americanos não possuem qualquer plano de assistência médica.
Embora o projeto de lei não ofereça cobertura total, a reforma beneficia 95% dos americanos que não têm plano de saúde.
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