Carlos Antonio Fragoso Guimarães
O filme de Daniel Filho, Chico Xavier, baseado nas pesquisas do jornalista Marcel Souto Maior - autor dos livros "As Vidas de Chico Xavier" e "Por Trás do Véu de Ísis" - e em entrevistas dadas pelo médium no decorrer de décadas antes de sua morte em 2002, especialmente no programa "Pinga Fogo" da extinta Rede Tupi, no início dos anos 70 do século passado, ainda nem entrou em cartaz (previsto para a primeira semana de abril de 2010) e já despertou reações apaixonadas.
Desde ataques histéricos de evangélicos fundamentalistas que, à exemplo dos adventistas (os defensores da "verdade", igual àquela muito certa que tinham de que o mundo se acabaria em 1843 e em que nada aconteceu), desde 2009 se mobilizam para fazer uma cruzada contra o filme, passando pelos ceticismo de materialistas convictos, pela admiração de milhões espíritas ou não, pela simpatia de muitos outros pela figura humana de Chico e pela defesa enfática de suas obras literáritas pelos espíritas, o filme na verdade tenta retratar a vida de uma das mais intrigantes figuras da história nacional recente. Mesmo mantendo-se uma certa indiferença ante aos aspectos ditos transcendentais que envolvem sua vida - polêmicas sempre estiveram atrelados à Francisco Cândido Xavier (1910-2002) e ainda permanecerão por décadas -, é fora de dúvida que seu modo de ser e seu trabalho exerceram profunda influência em milhões de famílias pelo Brasil à fora. Muitas casas de caridade e diversos estudos sobre mediunidade foram iniciadas tendo o médium mineiro como inspiração.
No filme, temos uma panorâmica sobre a vida sofrida de Chico desde à infância até seus últimos anos. Matheus Costa faz o papel do Chico menino, Ângelo Antônio o chico jovem adulto e Nelson Xavier o Chico da maturidade. Cada uma destas fases é iniciada a partir de relatos de Chico no programa "Pinga Fogo" da Tupi (disponível em uma série de DVDs pela Versátil Video).
O foco do filme está na conduta humana de Chico calcada, bem ou mal, no que ele acreditava e vivenciava. Vida simples, sofrida, humilde e bastante bisbilhotada pelo público, tanto por admiradores quanto por inimigos gratuitos. Pode-se, com toda a liberdade, não se levar em conta ou consideração a questão da mediunidade, mas, pelo que se sabe, não se pode duvidar da coerência e da conduta moral do homem retratado no filme. Do órfão forçado a servir de criado pela madrasta aos ataques de religiosos fundamentalistas que o viam como uma ameaça ao poder das Igrejas, o homem Chico Xavier jamais se furtou a uma palavra amiga mesmo aos que os caluniavam (e continuam a fazê-lo ainda hoje, no retorno das trevas fundamentalistas).
A ser lançado no ano de seu centenário de nascimento o filme Chico Xavier - que tem a participação da hollywoodiana produtora Sony - promete, ao menos, ser um sucesso de bilheteria. Em setembro um outro filme ligado a Chico, baseado no seu livro "Nosso Lar", também será lançado, desta vez com a participação da Fox Filmes (clique aqui para se ter um gostinho dos efeitos especiais deste filme). Este último será a adaptação do livro que conta os primeiros contatos de um médico ao adentrar no mundo espiritual.
Esperemos que estes filmes permitam uma pausa para a reflexão num mundo que parece não querer pensar. Que, de algum modo, parte do povo possa sair da modorra em que se encontra, alienado do pensar por uma política econômica corrupta de um sistema que lucra quanto mais hedonista, materialista e vulgar se tornam as atitudes e modismos, na ilusão de que o acumular bens é sinônimo de felicidade, e possa-se perceber que se pode ter uma vida digna sem se atrelar a tantas coisas e preocupações pueris.
Em uma era em que promessas não cumpridas de um progresso material libertador possibilitou o avanço de fundamentalismos religiosos imbecilizantes e de um esquecimento dos avanços arejadores do Concílio Vaticano II e da Teologia da Libertação, da leitura instrutiva de autores realmente importantes, como Leonardo Boff e Frei Betto, por um retorno do conservadorismo adesista mais estéril ao estilo dos carismáticos e de midiáticos pastores e padres cantores sem-voz e de sucesso e aparência fabricadas, quem sabe o exemplo de quem foi coerente sem buscar o estrelado e nunca afirmar ter a verdade nem querer se impor a ninguém possa fazer que ver que diferentes pontos de vista, como o espírita, refletindo filosofias e ensinos milenares, dos antigos gregos à filosofia oriental, passando pelo misticismo hebráico, mas atualizado pelas reflexões de Allan Kardec, são tão ou mais válidos que de recentes seitas pentencostais midiáticas que se arvoram em detentoras de verdades bem estreitas e infantilmente maniqueístas, a serem sustentadas por mensalidades e dízimos que constituem, certamente, um grande negócio...
Veja um documentário da Globo News sobre Chico Xavier, clicando aqui.
Ou clique nestes links:
"O Médium Chico Xavier", 1º Parte.
"O Médium Chico Xavier", 2º Parte
"O Médium Chico Xavier", 3º Parte
Visite também o site oficias dos filmes aqui citados, clicando em Chico Xavier, em Making of Chico Xavier e Nosso Lar
João Pessoa, 14/03/2010
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