segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Após o sórdido caso do ex-almirante Almir Garnier e o apoio ao golpe de Bolsonaro, a Marinha agora chama a sociedade civil que a sustnta de vagabunda e ameaça Lula

 

Da Revista Fórum:

Marinha faz ameaça velada ao governo Lula

Peça publicitária da força armada usa o Dia do Marinheiro para mandar recado de tom político

Militares da Marinha com uniformes camuflados em treinamento
Marinha divulga vídeo publicitário com ameaça velada ao governo Lula.Mili


Um vídeo divulgado neste domingo (1) pelos perfis oficiais da Marinha do Brasil nas redes sociais vem sendo interpretado por internautas como uma ameaça velada ao governo Lula

Trata-se de uma peça publicitária que faria parte das comemorações do Dia do Marinheiro. Acontece que a data é celebrada apenas em 13 de dezembro e o vídeo em questão passa um recado de que os membros da Marinha não aceitarão perder "privilégios"

Em 1 minuto e 16 segundos, o vídeo em questão intercala imagens de civis em atividades "normais", como compartilhando momentos com a família, fazendo festas ou viajando, com cenas de militares da Marinha em treinamentos ou operações oficiais.

A ideia é passar a mensagem de que os militares viveriam um cotidiano difícil ou arriscado, enquanto as pessoas que não compõem a força armada teriam vidas mais "confortáveis". Isso tudo com uma música de suspense ao fundo e a sugestão de que quem teria privilégios seria a sociedade civil, e não os militares 

Ao final do vídeo, uma jovem militar pergunta em tom irônico: "Privilégios? Vem pra Marinha". Assista abaixo: 

A peça publicitária vem sendo interpretada como uma ameaça ao governo Lula pois foi divulgada apenas dois dias após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentar o pacote de medidas que visam cortar gastos e que prevê cortes no orçamento das Forças Armadas e alterações nos regimes de previdência e pensão dos militares

Nos bastidores, comandantes das Forças Armadas têm se mostrado insatisfeito com o fato de Lula propor cortes nos privilégios de militares e o vídeo deixa claro que a Marinha não está disposta a ceder.

A Marinha e os "tanques prontos" para o golpe 

Em nota à imprensa divulgada na última quarta-feira (27), a Marinha do Brasil negou que tenha disponibilizado "tanques prontos" para atuar em um possível golpe de Estado articulado por Jair Bolsonaro no dia 4 de janeiro de 2023. A informação aparece em um diálogo entre o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o tenente-coronel Sergio Ricardo Cavaliere interceptado pela Polícia Federal e revelado no relatório sobre o planejamento golpista, tornado público nesta terça-feira (26).

"As mensagens encaminhadas pelo contato RIVA ainda confirmam a adesão do Almirante ALMIR GARNIER ao intento golpista. RIVA diz: 'O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos'. Em resposta, o interlocutor diz que o '01', referindo-se a JAIR BOLSONARO, deveria ter 'rompido' com a Marinha (MB), que o Exército e a Aeronáutica iriam atrás", diz a PF sobre capturas de tela (prints) encaminhadas por Cavaliere a Mauro Cid.

Ex-comandante da Marinha, Almir Garnier é um dos militares de alta patente indiciados na OrCrim golpista de Bolsonaro. No entanto, no dia 4 de janeiro de 2023, a Força Naval já estava sob o comando de Marcos Sampaio Olsen, nomeado por Lula após indicação articulada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.

Na nota, a Marinha nega que tenha preparado veículos e tropas para a tentativa de golpe.

"Em relação às matérias veiculadas na mídia que mencionam "tanques na rua prontos para o golpe", a Marinha do Brasil (MB) afiança que em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito", diz o comunicado.

"Sublinha-se que a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais", emenda a nota divulga pela assessoria de imprensa.

Por fim, a Marinha afirma que "assegura que seus atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência".

"Ademais, a MB encontra-se à disposição dos órgãos competentes para prestar as informações que se fizerem necessárias para o inteiro esclarecimento dos fatos, reiterando o compromisso com a verdade e com a justiça", conclui.

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