Governo aciona agência de inteligência para "acompanhar" a Igreja Católica como ameaça de "esquerda"
Por Cíntia Alves, no GGN:
Jornal GGN – Os militares do governo Bolsonaro acreditam que o Sínodo que será promovido pelo Vaticano em outubro próximo discutirá “pautas de esquerda”, representando uma “interferência indevida” em assuntos do Estado brasileiro. Na pauta: Amazônia, povos indígenas, quilombolas e aquecimento global.
Numa reação contra essa suposta “interferência” na política brasileira, o Itamaraty decidiu pedir ao governo Italiano que “interceda” junto ao Vaticano para “impedir” que o encontro mundial – que envolve 250 bispos de todas as nacionalidades – ataque diretamente os planos de Bolsonaro para o meio ambiente e a Amazônia. É o que informa o portal Uol, nesta segunda (11).
No domingo (10), o Estadão revelou que os militares no governo usam a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para espionar o que a Igreja Católica anda discutindo a respeito das políticas de Bolsonaro. Na visão deles, os cardeais tendem a falar mal dos projetos do Planalto. O general Augusto Heleno quer impedir que isso aconteça.
“Estamos preocupados e queremos neutralizar isso aí”, disse o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que comanda a contraofensiva. “O trabalho do governo de neutralizar impactos do encontro vai apenas fortalecer a soberania brasileira e impedir que interesses estranhos acabem prevalecendo na Amazônia. (…) A questão vai ser objeto de estudo cuidadoso pelo GSI. Vamos entrar a fundo nisso”, acrescentou.
A Abin tem feito relatórios sobre os “recentes encontros de cardeais brasileiros com o papa Francisco, no Vaticano, para discutir a realização do Sínodo sobre Amazônia, que reunirá em Roma, em outubro, bispos de todos os continentes.”
Agentes em Manaus, Belém, Marabá e Boa Vista estão acompanhando “reuniões preparatórios para o Sínodo em paróquias e dioceses’. Em paralelo, o Itamaraty foi mobilizado para buscar uma solução no Vaticano e o Ministério do Meio Ambiente está ocupado tentando descobrir se haverá ONGs e outras instituições participando do Sínodo.
“Com base nos relatórios de inteligência, o governo federal vai procurar governadores, prefeitos e até autoridades eclesiásticas que mantêm boas relações com os quartéis, especialmente nas regiões de fronteira, para reforçar sua tentativa de neutralizar o Sínodo”, aponta o Estadão.
A reportagem afirma que, na visão do governo, “a Igreja é uma tradicional aliada do PT e está se articulando para influenciar debates antes protagonizados pelo partido no interior do País e nas periferias.”
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