quinta-feira, 14 de maio de 2015

O estranho cristianismo de ódio, segregação e exclusivismo e a estranha imagem de um Jesus capitalista produzida por televangelistas




Carlos Antonio Fragoso Guimarães

 Será que alguém com o mínimo de bom senso e uma base de conhecimento dos evangelhos pensar em um Jesus que faça distinção de pessoas, condenando-as por participarem ou não participarem de uma religião X, por discordarem de um pensamento, de terem determinada orientação sexual ou simplesmente por buscarem a Deus em uma forma mais espiritualizada, menos literalista, do que em antigos preceitos de outros tempos e ainda de querer se impor à base de ameaças de danação a todos os povos que não concordarem com ele e ainda cobrar de todos dízimos, exaltação de líderes e uma militância insana por novos fieis? 

 Pois bem, por mais absurdo que parece este quadro, é este exatamente os traços do Cristo apresentado e defendido por certas igrejas ditas evangélicas, em especial as telemidiáticas cujas raízes estão no fundamentalismo neocalvinista de seitas norte-americanas. Esta forma de "cristianismo" de mercado vem trazendo em seu rastro uma série de situações sociais anti-humanistas e anti-cristãs.
  Todos conhecemos o discurso de ódio aos homossexuais, adeptos de cultos afro-brasileiros, aos espíritas, aos ateus, aos budistas e aos católicos que pastores como Edir Macedo, Marco Feliciano e Silas Malafaia divulgam abertamente em seus canais e redes de televisão, tanto quanto à ênfase destes no pagamento de dízimos e na "necessidade" de que pastores tenham uma vida de riquezas. Grande parte do poder que eles exercem sobre as pessoas advém exatamente da associação entre fé-provas-de-fé-show e riquezas, conhecida como "teologia da prosperidade", uma forma de materialismo e egoísmo travestido de religiosidade que nada tem  a ver com a mensagem original de Jesus porém mais próxima do comportamento de um Judas, que foi o primeiro a trocar o Cristo por dinheiro. 

 Pior ainda, esta forma de "cristianismo" é extremamente concorde com o capitalismo, em especial na forma imperialista do capitalismo global assentada na política norte-americana, onde a mensagem e a figura do próprio Cristo foi manipulada para parecer sustentar tanto uma ideologia de exploração e exclusão quanto de intervencionismo, xenofobia e patriarcalismo belicoso (o cineasta Michael Moore faz uma crítica inteligente desta espúria apropriação dos capitalistas no documentário "Capitalismo, uma história de amor"). Diante disto, é de se espantar que jovens que tem o tempo todo a imagem deste Jesus capitalista e opressor acabem por se distanciarem do Jesus de Nazaré real que dizia para não acumular tesouros na terra, dividir tudo, amar os inimigos mas que é encoberto por um tal "Sr. Jesus" a anotar implacavelmente erros, entre eles, o de não se pagar dízimos aos pastores (ele que n verdade nunca cobrou nada)? Não sem razão o grupo de rock americano Bad Religion fez uma canção crítica intitulada "American Jesus", que mostra o quanto a mensagem humanista de Jesus de Nazaré foi substituída pela de um construído "Jesus" americano, de traços exclusivistas, capitalistas, racistas, bairristas, agressivos, sexistas e até mesmo fascista, como no caso da sórdida Ku Klux Klan, uma aberração evangélica oriunda dos batistas do sul racista dos EUA.
  Veja o videoclipe do Bad Religion com a canção crítica "American Jesus", legendado, abaixo:


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