Ao contrário do que dizem certos Coxinhas golpistas que, no protesto orquestrado do dia 12 de abril apresentaram cartazes dizendo, entre outras pérolas, que "Sonegação não é Crime", pessoas civilizadas dizem exatamente o oposto: Sonegação é sim CRIME! Aprendam! O Brasil ocupa o 4º lugar entre os sonegadores do HSBC, envolvendo gente de mídia e donos da grande imprensa, além de empresários e políticos, e a mesma grande mídia, comprometida, mantém silêncio obsequioso... Vejamos como agem as pessoas daquele "primeiro mundo" que eles tanto admiram diante de fatos assim:
Edgar Morin integra frente de intelectuais franceses contra a 'barbárie da sonegação'
'Devemos resistir a uma forma de barbárie que é gelada: a barbárie do cálculo e dos juros. Sou contra a sonegação e os procedimentos do HSBC'
Antoine Peillon, do La Croix
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Desde o dia 12 de fevereiro, o inquérito sobre o "furto coletivo" de oito cadeiras da agência do HSBC em Bayonne (na parte francesa do País basco) enfrenta dificuldades aparentemente intransponíveis.
No dia 18 de fevereiro, três destas cadeiras foram encontradas durante uma ação de busca e apreensão na sede da organização ambientalista Bizi ("Viver" em basco).
A associação havia realizado, em plena luz do dia e com rostos descobertos, uma "requisição cidadã" de móveis daquela agência em protesto contra o esquema de evasão fiscal organizada pelo banco HSBC, no montante de 180 bilhões de euros – o crime financeiro revelado alguns dias antes, no chamado caso Swissleaks.
Até hoje, cinco das cadeiras ainda não foram encontradas, apesar dos esforços da polícia: ativistas do Bizi foram intimados, sofreram duros interrogatórios e tiveram que fazer exames de DNA.
“Recursos inacreditáveis” para encontrar as cadeiras (ou toda a proteção aos bancos)
Em 31 de março, Txetx Etcheverry, um dos fundadores da associação basca, foi ouvido pela terceira vez pela polícia sobre a ocultação das cinco cadeiras, de que são acusados outros militantes como Thomas Coutrot, co-presidente da associação Attac, Florent Compain, presidente dos Amigos da Terra, Vincent Drezet, secretário-geral do sindicato Solidárias Finanças Públicas (primeiro sindicato da direção geral das finanças públicas) e Patrick Viveret, presidente do Movimento SOL - "por uma apropriação cidadã do dinheiro".
No depoimento, o militante basco declarou:
"Os inacreditáveis recursos utilizados na busca das cinco cadeiras torna ainda mais cínica e escandalosa a falta de medidas para recuperar os muitos bilhões de euros sonegados a cada ano dos cofres europeus, de acordo com o ex-comissário europeu Michel Barnier”.
A partir de então, a causa e a ação da Associação Bizi ganharam o apoio de um grande número de associações. E atraíram a atenção de algumas personalidades, que decidiram declarar publicamente sua "cumplicidade" com os ambientalistas bascos.
No dia 8 de abril, Patrick Viveret, filósofo, ex-auditor do Tribunal de Contas e ex-assessor do ex-primeiro ministro Michel Rocard, organizou uma reunião em Paris, na casa do sociólogo Alain Caillé. Estiveram presentes, entre outros, o filósofo e ex-membro da Resistência francesa Edgar Morin, o financista e também antigo resistente Claude Alphandéry e a ensaísta franco-americana Susan George. Todos fizeram questão de se sentar na cadeira do HSBC levada por Patrick Viveret.
"Resistir contra duas barbáries"
Edgar Morin, feliz e cheio de energia aos 93 anos, comentou que tanto ele quanto seu amigo Claude Alphandéry estavam presentes com o mesmo espírito que os levou à Resistência francesa durante a Segunda Guerra, "mas também de outras resistências bem menos perigosas, mas que nos mobilizam da mesma forma".
"Contra o que devemos resistir hoje? Há duas formas de barbárie. Aquela que todos conhecemos, cometida pelo Estado Islâmico e por diversos grupos fanáticos. Mas também há outra barbárie, que é fria, gelada: é a barbárie do cálculo, do dinheiro e dos juros. Devemos resistir a ambas", afirmou, com entusiasmo.
Descrevendo sua solidariedade com a associação Bizi de "ato de resistência", Morin completou: "Quando éramos contra a ocupação nazista, era em nome da liberdade. Hoje, pelo bem da França e o bem-estar dos franceses, sou contra a sonegação e os procedimentos de bancos como o HSBC”.
(Tradução de Clarisse Meireles)
Brasil ocupa 4º lugar entre sonegadores do HSBC e a mídia segue em silêncio
Os 8.667 de Pindorama: Brasil detém um honroso quarto lugar no campeonato mundial de potenciais sonegadores clientes do HSBC. Longe de combater a corrupção, a imprensa brasileira é parte dela
Luiz Gonzaga Belluzo, CartaCapital
Bancos como o HSBC criaram um sistema para seu próprio enriquecimento à custa da sociedade, ao promover a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro, disse Hervé Falciani, o funcionário que vazou as informações.
No Painel do Leitor de 17 de fevereiro, a Folha de S.Paulo exibiu a opinião de Celso Balotti. O leitor do prestigioso matutino disparou: “Talvez o colunista Ricardo Melo ainda não tenha percebido que a pouca repercussão do escândalo financeiro mundial (as contas secretas no HSBC da Suíça) na imprensa brasileira se deva ao fato de que, longe de combater a corrupção, a imprensa brasileira é parte dela… Quem se surpreenderia se muitos dos sujeitos que aparecem todos os dias gritando ‘pega ladrão’ estivesse na lista do HSBC”. O colunista da Folha Ricardo Melo teve o desassombro de apontar a omissão da mídia diante do escândalo global do HSBC.
O International Consortium of Investigative Journalists (Icij) teve acesso a uma lista de 106 mil clientes de 203 países. Esses cidadãos do mundo descansaram suas patacas de 100 bilhões de dólares nas contas secretas do private bank do HSBC suíço. Entre o total de depósitos, há indícios de uma quantia parruda de grana mal havida ou em esperta manobra para fraudar o Fisco dos países de origem. Certamente, algumas contas são legais.
O Brasil contribuiu com 8.667 depositantes, um honroso quarto lugar no campeonato mundial de potenciais sonegadores. Se o valor total das contas (7 bilhões de dólares) for o critério de classificação, caímos para nono lugar.
O leitor Balotti, imagino, empregou a palavra corrupção em seu sentido amplo, ao atribuir essa prática à imprensa do País do Carnaval. Interpreto as palavras do missivista como uma denúncia de omissão. Omissão regada à cumplicidade com as camadas sociais useiras e vezeiras em sambar ao som das picaretagens financeiras e ao ritmo do descumprimento de suas obrigações com o Fisco. É a mesma turma que proclama O Fim do Brasil. Enquanto fazem das suas, gritam “pega ladrão” diante das patifarias – vou repetir, patifarias – dos vizinhos-adversários.
Não creio, sinceramente, que os senhores da mídia nativa tenham sucumbido às mesmas tentações que levaram o grupo do jornal argentino Clarín, a enfiar a mão na cumbuca, engrossando o ervanário do HSBC. Prefiro entender o silêncio midiático como uma manifestação das muitas obsessões oligárquicas que assolam os senhores de Pindorama: nas sinapses dos patrícios da Pátria, sobrevive a hierarquia “natural” que organiza a sociedade brasileira desde os tempos da escravidão. Nem mesmo os corruptos e a corrupção conseguem escapar da fúria classificatória e classista.
Em meio às folias e algazarras de Momo, entreguei-me à leitura dos documentos do Icij, sem, no entanto, descurar das interessantes opiniões que circulam na página Tendências e Debates da Folha. No mesmo dia e na mesma página, o economista Marcos Cintra sentou a pua na turma do andar de baixo:
“O corporativismo, a cultura do direito conquistado, a demagogia, o populismo e a ditadura do politicamente correto transformaram o Brasil na república dos coitadinhos, onde os que são considerados vulneráveis julgam ser detentores de privilégios a ponto de desafiarem as autoridades constituídas para conquistarem suas metas.”
O senhor Cintra exibe uma visão do mundo elaborada a quatro mãos por Átila, o rei dos hunos, e Al Capone. As engenharias fiscais e cambiais dos amigos da finança antissocial e predatória surripiaram, só no private bank suíço, 7 bilhões de dólares do Tesouro. É justo imaginar que há mais bufunfa circulando em outros paraísos. Sendo assim, diante da resistência dos “vulneráveis”, o ajuste fiscal deveria completar o trabalho, lançando a multidão dos “coitadinhos” penhasco abaixo.
Lembro aqui o fiasco do Fisco nos trabalhos que buscavam investigar os protagonistas da avalanche de grana enviada para paraísos fiscais e contas suíças no caso Banestado. A investigação iniciada pelo procurador federal Celso Três naufragou no “Acordão” costurado na CPI do Banestado e vazou para os subterrâneos, filtrada entre as decisões e acórdãos do “novo” Judiciário brasileiro. Os nomes dos transgressores estavam gravados no então famoso “disco rígido”, cujo acesso foi bloqueado pelo Supremo Tribunal Federal.
Devo relembrar a frase do finado e saudoso Stanislaw Ponte Preta: “Restaure-se a moralidade ou nos locupletemos todos”. Por aqui, a moralidade proclamada por quem se pretende Bom e Bonito perde de goleada para os princípios que regem suas práticas, aquelas dos Feios, Sujos e Malvados. À falta de Stanislaw, o Brasil estaria melhor com Ettore Scola.
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