terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Datafolha, e a própria Folha de São Paulo, sonhando com a volta da Ditadura

A Datafolha e a  própria Folha sonhando com a volta da Ditadura



Extraído do Tijolaço  (abaixo, o link para o questionário da pesquisa Datafolha)

Demorou mais do que a chuva no Sudeste, mas finalmente o Datafolha registrou no TSE uma pesquisa eleitoral em todo o Brasil.
O eleitoral é o de sempre: A disputa para valer, entre Dilma, Aécio e Eduardo campos e as especulações com Lula, Marina e Joaquim Barbosa candidatos.
Mas o mais interessante são as perguntas que vem depois da opção eleitoral.

Vá seguindo, na ordem:

Você é a favor ou contra a realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil?
Você é a favor ou contra os protestos que estão ocorrendo em várias cidades brasileiras desde junho do ano passado?
E você é a favor ou contra que ocorram protestos de rua DURANTE a Copa do Mundo que será realizada no Brasil?

Calma, vem mais, tem o momento Sheherazade:
A tortura é ou não aceitável “se for a única forma de obter provas e punir criminosos” ?
Movimentos sociais precisam ou não respeitar a lei e a ordem para reivindicar seus direitos?
Os direitos humanos devem ou não valer para criminosos?

Uma pausa para um momento Higienópolis, para saber do “voto diferenciado”:
Analfabeto pode votar?

Uma pitada de ameaça do totalitarismo comunista:
O melhor para a sociedade é que as pessoas sejam vigiadas ou não?

E agora, o penúltimo ato, o “que saudades da ditabranda”…
É melhor ou pior a democracia que a ditadura, ou tanto faz?
Há alguma chance de ocorrer uma nova ditadura no Brasil?
A Ditadura Militar que governou o país de 1964 a 1985 deixou mais realizações positivas do que realizações negativas para o Brasil ou deixou mais realizações negativas do que realizações positivas para o Brasil?
Você diria que os principais responsáveis pelos problemas econômicos e sociais que o Brasil enfrenta hoje são os governos militares ou os governos civis que vieram depois?

Mas não acabou. tem mais, e tem pior ainda.

Bem, devidamente controlados os engulhos que o post anterior provocou, vamos ao gran finale da pesquisa Ditafolha, digo, Datafolha.

Como o enojado leitor e a repugnada leitora perceberam, a pesquisa “vai levando” o entrevistado  pelos círculos do inferno e chega, afinal, aonde quer.
Veja o que o Datafolha sugere ao eleitor:

Você concorda ou discorda que o governo brasileiro deva ter o direito de:
Proibir greves?
 Intervir nos sindicatos? 
 Proibir a existência de algum partido? 
Censurar jornais, TV e rádio? 
Fechar o Congresso Nacional? 
Prender suspeitos de crimes sem a autorização da Justiça?
Torturar suspeitos para tentar obter confissões ou informações?

Claro que, além do simples sim ou não, o questionário oferece a opção “ditabranda” ao gosto da Folha, com uma resposta de “sim, parcialmente“.

O que, afinal, significa isso senão “pesquisar” a implantação de uma ditadura?

Mesmo que sejam 15, 20, ou 25% as respostas positivas a estas perguntas, isso é ou não combustível para legitimar os grupos autoritários que, à sombra do “coxismo” de direita e do blackbloquismoselvagem e estúpido de uns idiotas (levei uma bronca hoje por chamá-los de idiotas, mas vou teimar)?

Alguém ainda acha que se exagera quando se diz que se estavam abrindo caminhos para o autoritarismo?
Nenhum destes quesitos oferecidos como “ações de governo” jamais esteve, nem de longe, na pauta do governo.
Estará na pauta de quem, das manifestações do “padrão Fifa” , do combate à corrupção,  do #naovaiterCopa ou, ao menos, as acompanhará como uma sombra sinistra.

Há outras baboseiras facistóides na pesquisa, como a de criticar as indenizações aos presos, perseguidos, torturados e mortos na ditadura e, claro, a de que sejam também julgados os militantes das organizações que resistiram ao regime fascista. Aquela linha, sabe, que teria levado a Nuremberg também o pessoal da Resistência Francesa que, afinal, também pegou em armas.
Mas o essencial, o grave, o inaceitável é que se trata de um levantamento de encomenda para reacender o apetite autoritário, que é a fome que dá na barriga de quem não tem voto.



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